My Little Elf - ChenSung

Par angel_faiiry

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'Não saia da trilha Quando pela floresta passar, Pois entre belezas escondidas Um mal espera para atacar...' ... Plus

Book Trailer - My Little Elf
I
II
III
IV
V
VI
VII
VIII
IX
X
XI
XII
XIII
XIV
XV
XVI
XVII
XVIII
XIX
XX
XXII
XXIII
XXIV
XXV
XXVI
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XVIII
XXIX
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XXXI

XXI

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Par angel_faiiry

Mark Lee

A neve caía forte àquela noite, o frio que entrava pela janela chegava a doer na minha pele. Mas eu não fechei a janela.

Depois daquele sonho, qualquer tentativa de voltar a dormir foi frustrada. Milhões de pensamentos e dúvidas e sentimentos rondavam minha mente.

Afinal, quem era aquele garoto de cabelos negros molhados beijando tão apaixonadamente o elfo de cabelos cor de fogo? Por que eu sonhei com algo assim? Era real? Por que isso estava me incomodando?

O vento congelante não tinha resposta para nenhuma dessas perguntas.

Eu não tinha ideia de como não morri por conta do tempo, mas quando deixei meu devaneio percebi que o dia já começava a nascer. Raios tímidos do sol se misturava a neve que já cobria todo o chão.

É… era oficialmente inverno em seu mais alto clímax.

~•~

— Mark, tira os cotovelos da mesa! Onde está com a cabeça? Distraído, como sempre — minha tia balançou a cabeça em negação.

Era a quinta vez que ela corrigia algo que eu fazia. E eu não podia fazer nada além de permanecer em silêncio.

Eu teria voltado hoje para casa, mas meus pais mandaram um recado, avisando que precisaram fazer uma viagem de última hora, então me disseram para ficar ali mais alguns dias.

"Divirta-se", meu pai escreveu no final da pequena carta.

Claro! O que poderia ser mais divertido do que passar o dia com minha tia perfeccionista e meu tio que estava sempre lendo um livro ou jornal, alheio ao que acontecia ao redor.

"Claro, querida" deveria ser a única frase que eu já ouvi sair da boca dele.

— Mark, eu chamei seu professor particular. A aula começa logo após o almoço.

— Acho que estou meio indisposto — era uma meia verdade. Não estava com a mínima vontade de passar a tarde estudando números e melhores estratégias de vendas.

— Sem desculpas, rapaz — ela me encarou com expressão dura. — Não acordou com febre, já está melhor, então não tem motivo para perder tempo.

— Mas…

— Sem mas, Mark — ela me interrompeu. — Apenas obedeça. O que está acontecendo com você ultimamente? Costumava ser tão obediente…

Me lançou um olhar de reprovação, o que fez com que eu me sentisse péssimo. Estava decepcionando minha família de novo. Não conseguia ser bom o suficiente, não importava o quanto tentasse.

Por que não conseguia fazer nada direito? Eu era um inútil.

Era culpa daquele elfo, que mexia com minha cabeça e me tirava toda a atenção.

Eu não sabia se queria chorar ou gritar de raiva.

Para alguns, talvez isso parecesse dramático ao extremo. Mas ninguém teve que passar toda uma vida tendo que ouvir outros dizerem o que fazer, quando e como fazer. Sem poder questionar. Sem vontade própria.

— Está me ouvindo, Mark? — A voz elevada da minha tia me trouxe de volta ao tempo presente. — É disso que estou falando. Está com a cabeça na lua o tempo todo! O que tem de errado com você, garoto?!

Um bolo se formou em minha garganta. A raiva e a tristeza se misturaram e subiram a cabeça. Outra vez.

É só engolir e ignorar…

Mas daquela vez…

— É tão difícil assim fazer alguma coisa certa para variar…?

Me ergui enfurecido, batendo a mão na mesa com força exagerada, fazendo os pratos e talheres chacoalharem. Minha tia me encarou com surpresa e susto, assim como meu tio, que levantou os olhos do jornal. Para variar.

— Quer saber o que tem de errado comigo?! — Perguntei em cólera. — O problema é que, desde que me conheço por gente, sou cobrado por tudo o que faço. Não posso sequer vestir uma roupa sem que todos verifiquem até o mínimo de detalhes!Cada pequena coisinha que eu faça é criticada, principalmente por você. Lamento se eu sou uma grande decepção, sinto muito por não ser perfeito e atender a todas as suas expectativas. Mas eu não posso ser o que não sou! — Nem percebia que gritava, até sentir minha garganta doer com o esforço. Respirei fundo e disse: — Vou sair para respirar. Essa casa está me sufocando.

Deixei a mesa e fui em direção a porta da frente, parando apenas para pegar meu sobretudo no cabide.

— Mark! Eu lhe proíbo de sair! Vá agora mesmo para o seu quarto! — Ouvi minha tia falar com voz autoritária.

Nem me dei ao trabalho de encará-la.

— Me deixa em paz — foi tudo o que eu falei.

— Mark, eu estou lhe avisando…

Fechei a porta atrás de mim com força, lhe ignorando. Meus olhos ardiam com o esforço para não chorar e eu só queria me afastar dali.

Então, eu só continuei andando. Estava pouco me importando com o frio de doer a pele. Ou com o fato de estar no meio de um bosque sozinho. Eu só queria não ter que voltar para lá.

Minha mãe mente dizia que eu estava sendo infantil, que tinha que voltar e pedir perdão. Ser um bom menino e obedecer. Mas eu não aguentava mais ficar em silêncio, fingir que estava tudo certo.

Nada estava certo. Estava tudo um caos. Um caos com orelhas pontudas e cabelos em chamas.

— Argh! Por que diabos eu estou pensando nisso agora? — Perguntei a mim mesmo, passando a mão pelos cabelos, bagunçando-os. — Que se dane!

— É justo, já que eu falei primeiro — uma voz familiar me fez ter um sobressalto.

— Ah, era apenas isso que me faltava mesmo! — Dei um riso cheio de humor negro. — Me deixa em paz.

— Eu não sabia que estava aqui. Eu juro — completou HaeChan quando lhe olhei inexpressivo.

— Estou pouco me importando. Apenas suma daqui.

Não, fique. Coração idiota!

— Eu queria falar com você…

! Agora você quer falar? Não me faça rir…

Continuei andando, o passo apressado. Para que lado ficava a casa dos meus tios mesmo?

— Eu entendo que você não quer ter nada haver comigo, mas…

— Nem chegou perto do que eu quero — murmurei, assustando a mim mesmo com o significado das minhas palavras.

— O quê?

— Nada.

O que eu estava pensando?

— Está perdido?

— Não — movi a cabeça para os lados, tentando me localizar. Onde diabos eu estava?

— Se estiver precisando de ajuda, pode pedir — ele deu um sorriso pequeno.

— Prefiro morrer congelado — eu disse.

— Não vai ser difícil. Vocês, humanos, são tão frágeis…

— Qual o seu problema? Por que fala "humanos" como se fosse uma coisa repugnante?!

— Porque eles nunca me deram motivos para pensar o contrário — torceu o nariz.

— Eu estou incluído no "eles"? — fiz aspas com os dedos, torcendo para que todo o meu sarcasmo fosse evidente.

Ele nem se dignou a responder.

Ah, mais que filho da…

Parei de andar, me virando para o elfo que me seguia. Sua expressão não revelava nada o que ele estava pensando naquele momento.

— Se pensa assim, o que ainda faz aqui?

— Você está perdido. Posso te levar de volta para casa.

— Você nem sabe onde é — eu parei um instante para pensar. — A menos que você saiba…

Outra vez, silêncio. E isso já me dizia muito sobre o elfo ali presente.

— Vai embora — eu disse, nem esperando resposta.

— Será que pode parar de agir como uma criança só por um momento? — HaeChan me seguiu com passos apressados.

Dei um risada cheia escárnio.

— Oh, me desculpe. Eu tinha esquecido que fui eu que agi como uma criança da primeira e última vez que nos encontramos — revirei os olhos.

— Em minha defesa, eu não estava tendo um dia muito bom… 

— É, com certeza foi terrível — imagens daquele sonho encheram minha mente.

— Como?

— HaeChan — era estranho o modo como seu nome soava aos meus ouvidos, tão familiar. — Fala de uma vez o que você quer.

— Eu já disse. Quero que fale comigo.

Parei outra vez, enfiando as mãos nos bolsos do meu sobretudo.

— Mas não temos nada para falar — eu disse com firmeza.

— Discordo, temos muito o que…

— Não, você não entendeu — me aproximei alguns passos dele. — Não temos nada para conversar, porque da última vez você deixou bem claro que não queria saber nada do "seu Akai Ito humano". Não foi assim que você se referiu a mim?

— Eu estava irritado… — tentou se explicar, mas eu realmente não estava com paciência para aquilo.

— E agora quem está irritado sou eu. Então, por que não faz como da última vez e vai embora batendo o pé como uma criancinha mimada? Você parece fazer isso tão bem — ironizei, com um sorriso maldoso no canto da boca.

Seu olhar em minha direção foi tão estreito que era quase impossível ver suas íris.

— Seu…

— O quê, hein? Tá irritadinho agora? Coitado do bebê, quer docinho?

— Cala a boca — HaeChan avançou até ficarmos há apenas alguns centímetros um do outro.

— Acha que eu tenho medo de você, seu bastardo? — Eu tentei empurrá-lo, mas o desgraçado nem se mexeu.

Pelo visto não é só o cérebro que é feito de pedra…

— Na verdade, estou admirado por alguém tão fraco ter tanta coragem assim — seu olhar me analisou, percorrendo meu rosto e meu corpo até os pés, erguendo o olhar a seguir outra vez.

— Por que não pega a sua admiração e mete ela naquele lugar?

Dito isso, passei por ele decidido a ir embora. Estava pouco me lixando se morreria congelado no meio daquele bosque. Talvez fosse melhor até.

— Aonde pensa que vai? — HaeChan perguntou.

Eu nem precisava olhar para saber se ele estava me seguindo. De novo.

— Desde quando devo satisfação da minha vida para você? — Resmunguei.

— Talvez desde que eu tenha decidido me importar — ele disse.

— Meio tarde para isso…

— Eu não acho. E será que dá para parar de andar enquanto eu falo. Isso é chato.

— Tem uma solução ótima para isso: cala a boca e para de me seguir.

Ouvi ele grunhir. O que é isso? Além de idiota, ainda era um animal?

— Sua língua é pior do que um galho cheio de espinhos — ele agarrou meu braço, me fazendo parar de andar com um solavanco.

— Me solta, seu… Ignorante!

Sério isso, Mark?! Ignorante?! É o melhor que consegue?

HaeChan parecia pensar o mesmo, já que o canto do seu lábio tremeu.

— Eu sou seu Akai Ito, Mark. E você, o meu. Eu só quero tentar fazer direito — suas sobrancelhas se abaixaram minimamente.

— E eu só quero que você vá para o inferno! — Tentei lhe empurrar, mas foi um esforço vão.

Diabos, o que esse traste come? 

Para o desespero de meu pobre coração, HaeChan, sem que eu esperasse, me girou e me prensou contra uma árvore que eu nem tinha visto ali perto. Meu sangue gelou. E não foi pelo tronco coberto de neve.

— Escute aqui, seu tigrinho — disse HaeChan em um sussurro. — Eu tenho zero paciência para qualquer coisa, mas você está pedindo para que eu perca a linha a cada palavra debochada que sai da sua boca. Então, é melhor você recolher essas suas garras quando falar comigo.

Quem ele pensava que era para me dar ordens?

— Nem aqui nem no inferno — lhe desafiei com o olhar carregado de desprezo.

Tentei afastar suas mãos que apertavam meus braços, me imobilizando. Estava prestes a lhe presentear com um belo tapa na cara, mas HaeChan agarrou meu pulso no meio do ato.

Foi então que nossos olhares se encontraram. E eu vi que nós dois compartilhavámos dos mesmos sentimentos: raiva, teimosia, talvez um pouco de insegurança. Embora nossos motivos com certeza fossem totalmente diferentes.

Meu peito queimou, mas era uma sensação tão confortável. Então, seus lábios pousaram sobre os meus, e eles eram quentes, me lembrando lareiras em noites de nevasca. Quando a vida era tão mais fácil.

Nossos lábios se moviam com lentidão, como se qualquer movimento brusco pudesse colocar tudo a perder. HaeChan envolveu seus braços ao redor da minha cintura, aproximando nossos corpos. Um suspiro abafado me escapou.

Mas então, fragmentos daquele sonho tão estranho da noite passada obscureceram minha mente e eu empurrei HaeChan, me afastando alguns passos com a mão na boca.

— O que foi?

Balancei a cabeça.

— Fica longe de mim — eu disse quando ele levantou a mão para tocar meu braço.

— Qual o problema?

— Você! Você é o problema! — Eu disse, gritando. — Você e toda essa história de Akai Ito e magia, elfos e dragões! Tudo o que tem haver com tudo!

— Mas o que…

— Quem é ele? — Perguntei mudando de assunto, fazendo HaeChan me encarar em confusão.

— Ele quem?

— Eu tenho tido sonhos… Sonhos estranhos — Passei os dedos pelo cabelo. — E… E-eu vi… Você com um garoto… Em uma cachoeira… E vocês… Vocês estavam…

Não sei o que me aconteceu, mas parecia que minha garganta estava se fechando a cada palavra dita, me desesperando. O calor das lágrimas escorrendo me assustou, principalmente quando foram acompanhadas por um soluço.

Meu Deus… O que estava acontecendo comigo?

— Eu… Eu não entendo o que estou sentindo… Eu não consigo controlar minhas próprias atitudes… Nem me reconheço mais. Eu sempre tive tudo sobre controle e… De repente… Você aparece do nada e bagunça tudo… Me confunde, me irrita e me faz ter vontade de te matar e abraçar ao mesmo tempo — cobri meu rosto com ambas as mãos, acabando por cair sentado no chão coberto de neve. — Eu não quero você por perto, não quero me envolver. Mas apenas a ideia de você estar longe me machuca. E eu não sei o que é isso! Eu só quero que isso pare — murmurei, pendendo a cabeça entre meus joelhos.

Tudo que ouvi por longos minutos foram meus próprios soluços. O elfo não disse nada e eu não me atrevi a erguer a cabeça para saber se ele pelo menos continuava ali.

Tanta comoção me fez esquecer o frio ao redor, e apenas quando uma brisa soprou na minha direção, senti meu corpo estremecer e me abracei.

Senti um calor repentino, afastando o gélido clima, e ergui a cabeça, meio amedrontado. A minha frente, apoiado em um dos joelhos, HaeChan possuía uma pequena chama flutuando e dançando na palma de sua mão. Diversas cores se mesclavam naquela pequena forma.

Fascínio me invadiu, quase me fazendo esquecer de quem ela se originava. Levantei o olhar para encarar os olhos amarelo âmbar — como eu conhecia essa cor? Parecia que tinha visto aquela cor durante toda a minha vida e seu nome estivesse sempre na ponta da língua.

Por que essas sensações tão confusas?

— Eu entendo você, Mark. Eu também sinto tudo isso — ele mordeu o lábio inferior. — Eu sei o quanto dói. Antes eu não fazia ideia e, quando via como ChenLe ficava aflito e distante quando não estava com JiSung, pensava que era apenas bobagens da cabeça dele. Mas depois que… Nos encontramos… Eu entendi. Realmente, machuca — murmurou, sempre me olhando nos olhos. — É como passar anos sem ver o sol…

— E de repente ser ofuscado pela claridade — completei, surpreendendo a mim mesmo e HaeChan. De onde veio aquilo?

No entanto, HaeChan apenas balançou a cabeça.

—  Nenhum de nós dois pediu por isso.

— É… — apenas concordei.

— Mas mesmo assim, aconteceu. Não foi uma escolha. Mas tentar ignorar não é uma escolha agora.

— Acha que eu não sei? — Suspirei profundamente. — E, para falar a verdade, eu não estava tentando ignorar. Não poderia mesmo que eu quisesse. Estava tentando fugir.

— É, eu também — riu soprano.

— Mas não funcionou — continuei.

— Nunca funciona — concordou ele. — Acredite, já tentei diversas vezes.

— Então… — joguei alguns fios do meu cabelo para trás. — O que fazemos agora?

— Talvez parar de fugir seja um bom começo.

Então, ele se inclinou levemente em minha direção e me beijou outra vez. Meus olhos se fecharam quase que imediatamente.



















×°×°××°×°×°×°×°×°×°×°×°×°×°×°×°×°×°×

Pois é, né, galeruos!
Mais um capítulo do nosso segundo (ou primeiro, né, vai de cada um) casal favorito <3<3

Uhuuuuuu quem apoia MarkHyuk comenta #EntreTapas&Beijos. Porque essa música define nosso lindo casal, né?

Poisé.

Beijos e abraços <3<3<3

P. S.: É, eu vou fingir que não demorei um século pra postar. A egípcia aqui tá forte.

Eu vou responder os comentários, tá? Paciência com o anjo de vcs aqui <3

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