ITÁLIA, SICÍLIA
VALENTINA MONTANARI
CINCO ANOS ATRÁS.
E eu fico sozinha sem você
E eu não posso seguir em frente
E eu fico sozinha sem você
Eu não posso seguir em frente
Ir em frente [...]
Don't forget me | cloves.
Daqui do meu quarto posso ver toda a organização do meu casamento, tudo detalhadamente escolhido por mim. Cada flor, cada cor delas. Afinal, é o melhor dia da minha vida.
Finalmente tudo que sempre sonhei estava acontecendo. Vou me casar com o homem da minha vida e poder ser feliz.
Só de imaginar poder acordar todos os dias ao lado dele é como um sonho que sempre idealizei e julgava ser impossível de acontecer.
Daqui, vejo minha mãe dando ordens.
Ela está feliz por eu ter um final feliz.
Um final onde me casarei por amor e não forçada. Me casarei com o cara que rouba meus pensamentos, meu coração e domina meu corpo.
Não o vejo fazem dois dias, nos falamos ontem por ligação, que foi muito rápida até mamma chegar e tomar meu celular de minha mão. Era uma tradição idiota da máfia. Os noivos passarem dois dias sem contato algum. O que obviamente não cumprimos, eu ele nunca seguimos as regras. Amo isso.
Não preciso dizer que minha mãe ficou puta quando me viu na ligação. A cara de decepção dela, quase me deixou arrependida. Mas como eu disse. Quase.
Agora estou aqui, tentando ligar para ele do celular de Lina, que é minha parceira em tudo. E está na porta olhando se minha mãe está vindo com o batalhão de maquiadoras.
Infelizmente o celular só chama, mas ninguém atende. Ele deve está fazendo algo importante. Mas logo no dia do nosso casamento? Tinha que ser o Petrus. Sempre preocupado com tudo.
Desisto de ligar quando Lina vem correndo avisar que minha mãe está vindo.
Chega a ser engraçado minha mãe me privando de falar com meu quase marido.
×××
Foram horas dentro desse quarto, eu estou quase surtando se olhar mais uma vez para algumas dessas mulheres. Quero poder finalmente ir até o altar e dizer sim para ele. Do jeito que sempre sonhei.
O que estou mais estranhando é que Alina sumiu, e quando voltou, voltou toda estranha. Mal estava falando. Mas não liguei muito para isso, as vezes ela é meio bipolar mesmo.
Quando elas finalmente dizem que estou pronta e que já posso ir colocar o vestido. Suspiro de felicidade.
Nunca fui uma obcecada por maquiagem, mas como hoje é meu dia, permiti que passassem horas me maquiando.
Quando vou até a janela novamente, vejo o jardim completamente lotado, já é noite.
Deve está perto da hora de acontecer.
Tento procurar por ele no meio das pessoas, ele já deve está por aqui.
Sinto quando alguém toca em meu braço.
Viro de frente para a pessoa e vejo que é meu pai. Ele está com um semblante estranho, o mesmo que vi no rosto de Lina.
— Princepessa, sua mãe mandou eu vim avisar para você se arrumar. Eu não queria vim, mas ela praticamente me obrigou a isso — ele diz, tentando por humor em sua voz, o que não consegue demonstrar muito.
— Está tudo bem pai? Você está estranho. Aconteceu alguma coisa? — pergunto a ele que acena dizendo que não.
Beija minha testa me mandando me vestir e sai.
Eu vejo e sinto que tem algo de errado acontecendo. Não faço ideia do que pode ser.
Não deve ser nada grave demais.
Faço o que ele mandou. Vou para meu closet e pego meu vestido, tão lindo, ficou do jeito que eu desenhei. Perfeito.
Cravejado com diamantes, um formato de coração no colo, que deixa bem a mostra meus seios. Fiz pensando nele.
Com uma calda grande e todo rodado.
Tudo perfeito.
Quando estava pronta, finalizo colocando o colar que ele me deu. Desde que o recebi, nunca o tirei do meu corpo. É como se sentisse ele perto de mim. O tempo todo.
Meu coração está apertado, porque vou novamente a janela e vejo todos lá embaixo, rindo e se divertindo. Tudo do jeito que deveria estar. Mas sinto que tem algo de errado.
Vejo meu pai conversando com alguns seguranças e não estou achando sua aparência nada boa.
Que não tenha acontecido nada com meu Petrus... Por favor!
Eu procuro por ele em todo lugar mas não consigo vê-lo.
Eu espero de verdade que ele esteja em algum lugar dessa casa.
Meu coração está descompassado. Eu só posso estar ficando nervosa atoa. Deve ser isso.
Minha vontade é de descer lá embaixo e ver o que está acontecendo.
Fico andando de um lado para o outro sem parar.
Queria meu celular, para poder ligar para ele e ouvir sua linda voz e assim perceber que tudo é coisa da minha cabeça.
Escuto um barulho perto da porta e logo em seguida vejo mamma entrar no quarto com um olhar de pena para mim.
Eu espero estar errada. Mas é o que vejo.
— Filha... Eu preciso te dizer algo. Preciso que fique calma minha princesinha. — ela diz, com uma voz carinhosa vindo em minha direção. E tudo que consigo pensar é que algo aconteceu com ele.
— Mamma, o que aconteceu? Foi algo com Petrus? — pergunto, ficando nervosa e esperando de verdade que sua resposta seja não.
Mas tudo que vejo em seus olhos é pena e compaixão.
Não pode ter acontecido nada com ele.
Não pode.
Não pode.
Não pode.
Fico repetindo isso em minha mente como um mantra, quando escuto a pior frase da minha vida.
E aí me dou conta de algo... O melhor dia da minha vida se tornou o pior deles.
— Filha... O carro que estava trazendo Petrus e Adam para cá desapareceu dos radares. Desde hoje à tarde... — ela diz, vindo em minha direção e me abraçando logo em seguida. Sinto seus braços ao redor do meu corpo. Mas parece que não estou aqui. — O carro foi encontrado agora pouco e só Adam foi levado ao hospital...— ela não termina de falar, porque já consigo ligar os fatos.
Não! Isso não pode está acontecendo.
Sempre ouvi as pessoas falarem que quando se estamos em um momento como esse, toda sua vida passa como um filme, e é isso que acontece. Relembro cada momento que passamos juntos, cada beijo, cada toque, cada sorriso e principalmente, cada palavra dita. Tudo.
Eu parecia estar vendo tudo acontecer em câmera lenta.
Vejo por cima das lágrimas meu pai entrando em meu quarto junto com Alina, ele vem em minha direção tentando me abraçar, mas não deixo ele terminar o ato.
Me levanto do chão não acreditando.
— É mentira! Ele está bem, ele está vivo. Ele não faria isso comigo... — falo entre um soluço e outro. Minha voz ficando cada vez mais falha.
— Filha...
— Saiam daqui. Saiam! eu quero ficar sozinha. — falo, gritando em desespero, quero sentir minha dor sozinha.
Quando eles saem do meu quarto, ainda me olhando, minha mãe tenta ficar mas fecho a porta com força e caio no chão frio, chorando copiosamente.
Eu estou sentindo uma dor insuportável, estou sentindo meu coração se partir em pedacinhos.
Ele não pode ter feito isso comigo. Ele me prometeu. Me prometeu que seríamos felizes. Penso enquanto seguro fortemente o colar que ele me deu.
Meu peito parece está se rasgando ao meio.
A dor de saber que não vou ver mais os seus lindos olhos, nem sentir seus lábios me fazem chorar mais ainda.
Ontem estávamos conversando sobre nossa lua de mel e hoje tudo se transformou em nada. Em apenas sonhos.
A vida realmente é uma grande roda gigante. Um dia estamos por cima, felizes, e no outro, estamos por baixo, completamente destruídos.
A única diferença é que eu nunca mais irei subir. Porque a minha vida foi totalmente destruída.