PÉTALAS SOLTAS

By _meninadojardim

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[❀ CONCLUÍDA] Chame de poesia, chame de poema, chame de conto ou chame do que for. A verdade é que as palavra... More

❀ Prêmio Poetize
❝ despetalar... ❞
❝ ficar ❞
❝ ser ❞
❝ completar ❞
❝ olhar ❞
❝ descansar ❞
❝ colorir ❞
❝ falhar ❞
❝ harmonizar ❞
❝ perder ❞
❝ verbalizar ❞
❝ superar ❞
❝ amarrar ❞
❝ vibrar ❞
❝ felicitar ❞
❝ enxergar ❞
❝ colecionar ❞
❝ buscar ❞
❝ confessar ❞
❝ atuar ❞
❝ (re)tornar ❞
❝ (para)frasear ❞
❝ (des)equilibrar ❞
❝ perscrutar ❞
❝ escrever ❞
❝ traçar ❞
❝ estrelar ❞
❝ ilhar ❞
❝ (re)clamar ❞
❝ luzir ❞
❝ temporizar ❞
❝ crer ❞
❝ findar ❞
❝ epistolar ❞
❝ enjoar ❞
❝ maternizar ❞
❝ politizar ❞
❝ arder ❞
❝ bombe(ar) ❞
❝ des(confiar) ❞
❝ ESCURAR ❞
❝ INCOMODAR ❞
❝ DESFIGURAR ❞
❝ INCRIMINAR ❞
❝ TANGER ❞
❝ AZAR ❞
❝ ISOLAR ❞
❝ AMIGAR ❞
❝ AUTENTICAR ❞
❝ experimentar ❞
❝ temperar ❞
❝ embriagar ❞
❝ cristalizar ❞
❝ rechear ❞
❝ adocicar ❞
❝ saborear ❞
❝ ...brotar ❞

❝ FEMINILIZAR ❞

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By _meninadojardim

Escrever para quem não sabe interpretar é uma tarefa árdua, pois as palavras exigem dedicação para serem compreendidas. Entretanto, não posso evitar o bater de asas do meu coração, o qual anseia por ser ouvido, por contar de uma vez por todas a nossa história, rompendo o casulo de dor em que nos guardei, com medo de admitir para mim mesma o quão significativo foi o "nada" que nos envolveu. Então, recontarei a você, o mau interpretador.

Desde o início, quando nos conhecemos, eu logo percebi que você era demasiado diferente de mim e das outras pessoas com as quais eu costumava conviver. Nosso círculo social era distinto demais e eu não considerei tal fato como algo ruim, inclusive, achei interessante que estivéssemos trocando experiências. Achei que poderíamos acrescentar um nas lacunas do outro, como a melhor face de um clichê no qual os opostos se atraem, sabe? Porém, ao mesmo tempo em que você insistia em me mostrar apenas a sua versão machucada, que havia desligado todos os sentimentos em relação às pessoas (ligando apenas o "dar de ombros" para o mundo), eu só conseguia notar o quanto você estava se utilizando de uma casca montada pelo seu instinto de proteção para omitir quem você realmente era. Eu vi além do que você se permitia mostrar, entende? Além do que você se esforçava para parecer. Eu enxerguei você de verdade.

Mesmo agora, você não aceita mais ser alguém sensível, empático e altruísta, porque não quer mais que essas características tornem-se armas nas mãos de pessoas maldosas. Você não quer mais ser magoado por causa de quem é e eu sinto muito por tudo o que você já passou, sério. Entretanto, eu só queria que você entendesse que eu não sou nenhuma das outras pessoas que já passaram pela sua vida.

Eu jamais me utilizaria das suas fraquezas para vê-lo sofrer ou se humilhar. Eu não sou esse estereótipo ambulante que você insiste em me moldar. A criação que tive não me permite ser menos do que o melhor que eu possa ser para as pessoas. Está certo que eu sou péssima comigo mesma, tenho incontáveis defeitos, como você bem sabe, mas, de novo, eu não sou nenhuma das outras pessoas que já passaram pela sua vida. Não tenho intenção nenhuma de ser alguém que machuque você. Logo, não mereço ser tratada como se eu fosse a culpada por algum dos seus traumas ou dores porque, na verdade, tudo o que eu tentei fazer, desde o início, foi estender a minha mão para você.

Sabia que eu hesitava em todas as mensagens que eu o enviava? Apesar de ter sentido que tínhamos uma conexão especial (o que percebi ser unilateral), eu simplesmente não conseguia escrever sem, antes, pensar várias vezes em quais seriam as suas respostas secas ou indiferentes para mim. Eu sei, eu sei, você já me disse que fazia algumas coisas para me despertar e para me ajudar. Contudo, havia momentos em que eu só queria me sentir uma garota comum com você, sem que você me visse como um projeto que precisava ser lapidado durante incansáveis vinte e quatro horas. Afinal, uau, na sua concepção, eu tinha muito o que melhorar, não é?

Não estou reclamando da sua boa vontade, por favor, não me entenda errado, gostei de saber que você se "preocupava" comigo (pelo menos, em algum mísero momento daquela mentira toda). Porém, não queria que você se esquecesse de que eu continuo sendo uma pessoa sensível a qual também teve experiências horríveis na vida (como todo mundo).

Eu repetia para mim mesma que você só me tratava de certas formas porque já havia sido muito magoado no passado, então, eu continuava aceitando todos os seus julgamentos e atitudes dolorosas sem me lembrar de que cada caso é um caso e de que cada pessoa é um ser único. Ou seja, o que funcionou para você pode não funcionar para mim (mesmo que as suas intenções tenham sido "boas") e, de fato, todas aquelas grosserias não me foram úteis.

Não é sendo rígido e insensível que você não vai repetir com o próximo o que fizeram com você. Talvez, você esteja no momento da vida em que discursa "agora eu é quem estou no controle, eu é quem vou magoar, não o contrário", talvez, você tenha sido amoroso e carinhoso até o dia anterior em que nos conhecemos e, por algum mistério do universo, eu não tenha podido vislumbrar o seu lado doce na íntegra (pelo qual eu tenho certeza de que me encantaria), mas não há razões plausíveis para os inocentes sofrerem pelos verdadeiros culpados.

Mesmo que você me diga que prefere a forma como está agora, a sua essência iluminada nunca vai mudar e foi por ela que eu insisti, que eu almejei. Não vou mentir e afirmar que não doía quando eu escutava você se referindo ao meu jeito como uma espécie de "doença asquerosa", cuspindo flechas cheias de veneno como "eu já fui como você, ainda bem que não sou mais", no entanto, eu ainda preferia (e prefiro) guardar a minha dor e compreender a sua (a de qualquer outra pessoa).

Eu queria poder sentir que, em uma conversa, nós dois tínhamos a mesma importância um para o outro, como uma via de mão dupla. Mas eu só escutava você falar incansavelmente das coisas que não gostava em mim e em como eu deveria mudar. As suas risadas debochadas ainda ecoam pelo meu cérebro todas as vezes em que a insegurança resolve me fazer uma visita.

Eu nunca entendi esse tratamento diferente que você me deu, desde a primeira troca de palavras. Eu já me questionei diversas vezes se eu sou mesmo tão horrível quanto você me fez parecer ou sentir e, no fim, o que descobri foi pior do que eu poderia imaginar: você estava morto por dentro e gostava de machucar as pessoas. Você me avisou sobre ser instável e sobre mudar de um dia para o outro, o que me causou a constante aflição de que, a qualquer momento, você poderia se decidir sozinho de que queria sumir da minha vida, sem ligar para o que eu sentia. Foi tudo tão injusto! Você queria que eu confiasse em você, que eu lhe entregasse uma parte minha apenas pelo tempo que fosse pertinente a você e, um dia, quando o clima estivesse deprimente, deixando-o ranzinza, você jogasse tudo pela janela.

Desculpe-me se, apesar de tudo, eu ainda gosto das pessoas e vejo esperança nelas. Desculpe-me se eu me importei com você mais do que deveria. Desculpe-me se eu só conseguia vê-lo por meio dos meus olhos bobos, os quais insistiam em me mostrar o quanto você poderia ser incrível, apesar de estar com medo de colocar o pé para fora da sua fortaleza de proteção. Apenas não me desculpo por ser eu mesma e por escolher continuar sendo.

Eu entendi a sua decisão de ser "alguém frio" e me lembro de tê-lo alertado a respeito de você ter muito mais a perder do que ganhar... E você perdeu. Continua perdendo. Aliás, já que você tomou a liberdade de me dizer incontáveis coisas sobre a minha personalidade fraca e retraída, quero dizer que a sua mãe está completamente certa quando diz que você é arrogante. Você sai jorrando tudo o que bem entende em cima das pessoas e, para não sair por baixo na situação, preferiu manter o discurso de que eu não era "mulher suficiente", preferiu se manter como o dono da razão e não falar o que realmente estava pensando (como você mesmo me revelou mais tarde, tarde demais), só para não mostrar que da sua boca saíam asneiras incontroláveis, fazendo jus ao seu título de babaca.

Céus, ouvir de você, justo de você, o quanto eu não sou suficiente como mulher e ser humano, depois de tudo o que compartilhamos um com o outro, do que vivemos, foi como levar uma facada no coração, literalmente. Não é como se eu precisasse que você ou qualquer outra pessoa reafirmasse quem eu sou (eu sei que quem deve saber do meu interior sou eu), mas, se você parar para refletir (o que eu duvido muito que você faça), ninguém gostaria de saber que tais pensamentos inferiores são o que o definem para alguém especial, alguém que é considerado importante.

Realmente não fui o tipo de garota que você esperava conhecer nessa nova fase da sua vida, já que você prefere pessoas com outros ares, com outras formas de ser e de pensar. Confesso que eu não sou nada boa em lidar comigo mesma e, lutando contra toda a resistência dentro de mim, admiti que precisava de ajuda pela primeira vez, sobre essa questão, para você. Por outro lado, eu me considero boa em lidar com as pessoas, em entendê-las e aconselhá-las. Sinto que você é o oposto, prepotente demais para descer do pedestal e ter empatia por outra história que não seja a sua.

Saiba que fazer piadas das suas dores e transformar toda a seriedade das situações em "festa" não quer dizer que você as superou ou que seja a maneira adequada de lidar com elas. Não adianta odiar a sua essência e se culpar por ser alguém que ainda acredita no amor e no brilho das coisas. Você não tem que apagar a sua luz ou, pior, apagar a luz dos outros, só porque encontrou pessoas obscuras no meio do caminho.

O primeiro texto que eu escrevi para você teve totalmente outro tema, então, é estranho que eu esteja escrevendo algo tão contrastante nesse momento, para a mesma pessoa. Isso só prova o quanto o tempo passa rápido e o quanto somos vítimas de suas incertezas. Gosto de pensar que tudo o que você me disse foi uma autodefesa do seu subconsciente (que sentiu que estávamos nos aproximando demais e que isso poderia magoá-lo como todas as outras vezes). Torço para que, um dia, você perceba que eu não estava fingindo ou mentindo sobre nada, mesmo que tudo o que consiga fazer a seu respeito seja especular, pois você é ambíguo em cada milímetro de si, no que diz e faz.

Você mesmo me disse que eu não preciso estar ao lado de alguém que não me dá valor, que eu devo ser completa, e, seguindo esse conselho maravilhoso (o único vindo de você que deu para aproveitar), sua participação na minha vida se encerra aqui, nessas palavras as quais você, mais uma vez, não conseguirá interpretar com profundidade, porque é individualista demais para enxergar alguém além de si mesmo. Acredite, estou rindo pela secura da situação. Afinal, você me disse para sermos sinceros um com o outro e, lhe concedendo uma última fresta da mulher que sou e que você nunca mais terá a chance de vislumbrar, estou sendo muito sincera quando digo que despertei para nunca mais deixar alguém me (des)feminilizar.




Ser autossuficiente é coerente, uma metamorfose dolorosa, de dentro para fora.

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