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Por Caio
Assim que entro em casa, vejo a pequena Lara correndo atrás de Mutano. Ela está com dois anos e se parece demais com a mãe, é uma versão pequena de Marlee e tão meiga como ela.
- Oi pequena.- ela corre para mim e a pego no colo- Que linda!- beijo o seu rosto e ela toca meus cabelos.
- Rosa, eu quelo.- sorrio e beijo sua bochecha mais uma vez.
- Fica mais velha e vamos assustar seu pai.- sorrio com a ideia.
Jordan ainda odeia meus cabelos coloridos e como um grande castigo do destino, Lara adora e sempre pede para pintar seus cabelos também. Eu vou rir demais quando esse dia chegar.
- Onde está seu pai?- ela aponta para o escritório- Trabalhando?- ela não responde, já que só tem dois anos e deve nem me entender direito.
- Ele está em reunião com suas amigas.- quem responde é Marlee, parada na entrada que leva a cozinha.
- Que amigas?- devolvo Lara ao chão.
- As casadas.- ela responde sem lembrar o nome delas, a entendo, tenho muitas amigas.
- Ariela e Cris, por que estão em reunião com ele?- ela dá de ombros, sem resposta.
- Ligaram para ele ontem, querendo o serviço dele para algo. Chegamos hoje a tarde e elas vieram com outra mulher, não sei bem quem é. Só sei que estão em reunião, Jordan ativou seu modo advogado muito focado.- agora sim fiquei mais do que curioso.
- Seria sem noção da minha parte entrar lá para saber o assunto?- ela ri.
- Jord te mataria caso fizesse isso.- ela responde- Vem lanchar algo e deixa seu irmão trabalhar.- concordo a contra gosto e a sigo para a cozinha- Cadê Nick? Ele não deveria estar com você?
- Ele foi para a casa da Mel, aqueles dois não se desgrudam.- ela me serve uma fatia de bolo. Acho engraçado, já que eu moro aqui e não ela, mas ok, deixo me servir.
- Eles são tão fofos juntos, você acha que futuramente pode haver algo entre eles?- ela serve uma fatia para Lara, que se sentou ao meu lado.
- Acho que não, não sei. Só consigo enxerga-los como melhores amigos, ou melhores amigos do mundo, como Mel vive dizendo.- dou de ombros.
Eles não se olham do mesmo jeito que Henry olha para a pequena Érica, Henry na idade deles, já demonstrava sentimentos pela ruivinha, já Nick e Mel não parecem nada mais do que bons amigos. Não que eu me importe deles ficarem juntos, se futuramente surgir esse sentimento, acharei interessante. Imagina ter minha Melzinha como nora, ela me chamaria de tio ou sogro?
- Isso é legal, já que geralmente as pessoas sempre romantizam amizades de sexo oposto. Se eles ficarem só na amizade, será bom para mostrar que existe sim amizade entre homem e mulher, nada mais do que uma boa amizade.- concordo com ela.
- Eu sou melhor amigo da mãe dela e nunca tivemos nada, Emma é melhor amiga de Misha e nunca tiveram nada, ela e Sarah também são loucas por Marco, nosso amigo colombiano e nunca passou de uma amizade. Então, eu posso dizer por mim mesmo, que existe sim amizade entre sexos opostos.
- Nunca tive um amigo homem, o mais próximo disso foi Jord e pouco tempo depois, já estávamos namorando.- ela ri- Deve ser legal receber conselhos amorosos de um homem.- rimos os dois.
- Não é uma vida muito fácil viu, tive que assistir alguns filmes que olha, quem visse, juraria que eu era gay.- ela gargalha.
- O cabelo colorido no fim ajudaria nessas suposições.- paramos de rir assim que Jord e as meninas entram na cozinha.
- Oi.- me levanto para receber um abraço de Cris, já Ariela me cumprimenta com um aceno- Algum problema?- pergunto olhando delas para Jord que nega.
- Viemos aqui com uma assistente social, para conversamos com um advogado sobre adoção.- Cris responde e sorri quando volto a olha-la- Encontramos dois irmãos e queremos adota-los.
- Dois?- pergunto surpreso e elas assentem.
- Jordan vai cuidar do caso junto com a assistente, vão procurar a ficha das crianças e descobrirem como foram parar no abrigo, se ainda tem família em algum lugar no mundo.- Ariela explica e olho para meu irmão.
- E se eles tiverem?- pergunto diretamente a ele.
- Há casos de crianças irem parar em abrigos por não terem encontrado familiares deles a tempo, então eles passam um tempo neles até encontrarem. Se esse parente, distante ou não, quiser a guarda da criança, eles não entram na lista de adoções.- ele explica.
- Isso pode soar egoísta, mas desejo do fundo do meu coração que eles não tenham parentes, queremos ser as mães deles.- Ariela diz emocionada e puxo a ogra da minha amiga para um abraço.
- Já gostei deles, a deixaram menos ogra, acho que nunca te vi chorando.- ela ri baixinho com o rosto escondido entre minha camisa- Irmãos?- ela assente e se afasta do abraço.
- Heitor, de quatro anos e Higor, de dois anos e meio.- sorrio.
- Lindos nomes.- as duas trocam um sorriso, um sorriso típicos de mães orgulhosas.
- Eles sabem que os querem?- Marlee pergunta.
- Não, não contamos nada a eles. Temos que saber se eles estão disponíveis para a adoção, não queremos dar esperanças vazias á eles.- Cris se senta na cadeira onde estava e seu semblante se torna triste- Lá não é um bom lugar, Heitor, o mais velho estava machucado. Algumas crianças bateram nele, porque defendeu o irmão.- seus olhos se enchem de lágrimas.
- Por quê?- volto a me sentar, Ariela e Jordan fazem o mesmo, e olhamos para Cris que acaricia os cabelos claros de Lara, que ainda está bem entretida com sua fatia de bolo.
- Higor gosta de brincar com boneca.- ela responde e volta a nos olhar, agora com lágrimas escorrendo por seu rosto- Queriam bater numa criancinha na idade da Lara, só porque ele gosta de brinquedos de menina.
- Que monstrinhos.- Marlee está em choque.
- O pior é que essas crianças nem tem culpa, elas não tem alguém para ensina-las, ampara-las e mostrar-lhes que as diferenças não é algo feio, é só algo diferente do comum. Confesso que na hora senti raiva daquelas crianças, mas quando me acalmei, percebi que todas elas não passam de vítimas.- ela seca suas lágrimas e minha atenção vai para Ariela, que está com um olhar perdido, de quem não sabe o que fazer.
Me surpreendo por enxergar que elas já amam esses irmãos, elas os conheceram ontem e já os amam como filhos e as entendo, aconteceu o mesmo comigo. Nick me ganhou de imediato e não demorei muito para enxergar isso.
Para ser filho, não precisa ter seu DNA, basta ter amor. Eu amo Nicolas como amo Noah, meu filho biológico e isso não muda nada, são meus filhos, os dois, meus filhos e os amo com tudo que tenho. E sei que Ariela e Cris já amam esses irmãos e cuidarão deles com o maior cuidado do mundo, elas são incríveis para esse papel.
- O mais velho foi machucado e ninguém fez nada?- Marlee pergunta e Cris ri amargamente.
- Outro motivo de termos procurado Jordan, queremos processar ou pelo menos demitir algumas pessoas dali, a coordenadora de lá por exemplo. As crianças são vitimas, mas ela não. Ela viu, as inspetoras viram o rosto machucado de Heitor e não fizeram nada, elas simplesmente não se importam. Não digo que são todas, algumas tem carinho pelas crianças, outras já agem como se estivessem lá obrigadas.
- Cris gritou com elas, foi assustador.- fico surpreso quando Ariela diz isso- É sério, ela que fez cena, não eu, o papel dessa vez foi invertido, acredita que eu falei "amor se controla"?- começo a rir quando escuto isso.
- Não acredito!- elas acabam rindo comigo, mesmo que ainda estejam chorando.
- Amor?- escuto a voz distante da minha Sol e sei que ela chegou, finalmente.
- Cozinha.- grito para ela ouvir e ela logo aparece.
Minha Maju está tão linda, acho que nunca a vi tão feliz como agora. Não tem um único dia que não a vejo sorrindo ou até mesmo rindo, ela sempre se diverte com minha falta de modéstia, sempre ri das piadinhas de Nick, mesmo das que não tem a mínima graça e sempre sorri quando se olha no espelho, ela ama estar grávida, ama ter outro filho e ama saber que dessa vez terá uma mão segurando a sua quando chegar a hora de trazer nosso bebê ao mundo.
- Nossa, não esperava por visitas.- Marlee se levanta e corre para abraça-la. Pensa numas cunhadas que se amam!
Maju depois de cumprimentar todos e beijar o rosto da pequena Lara, ela vem para perto de mim e senta em meu colo, aproveito a oportunidade para beija-la e depois beijar sua barriga, já ansioso para o dia que poderei beijar o rostinho do nosso Noah.
Ela estranha as meninas estarem aqui, já que não somos de se reunir muito aqui na mansão, geralmente sempre é na casa de Olívia e as meninas explicam para ela o motivo, ela se emociona quando contam sobre os meninos e se irrita quando elas conta do estado em que eles vivem.
- Quando você vai procurar a ficha deles?- ela pergunta especialmente a Jordan.
- Helena, a assistente social já está vendo isso, se ela não encontrar nada ou demorar, eu mesmo procurarei, verei isso amanhã mesmo.- ele garante as meninas- Se eles estiverem na lista de adoção, vai demorar um pouco para conseguirem a guarda, mas posso tentar uma petição que os permita passar uns dias com vocês, um final de semana talvez, para irem se acostumando a viverem juntos.- elas sorriem.
- Isso séria ótimo.- Cris se emociona mais uma vez e Jord se levanta de sua cadeira.
- Vou agora mesmo pesquisar um pouco sobre isso. Fiquem calmas, se eles tiverem disponíveis para adoção, é noventa por cento de chances de ganharem a guarda deles, ainda mais se eles quiserem ficar com vocês.- ele as assegura.
- Não podemos dar a certeza que eles querem, porque não conversamos sobre isso. Mas não sei explicar, eu sinto que eles vão nos querer como mães deles.- Ariela está confiante e isso me deixa tão orgulhoso dela.
Ariela e Cris são um ano mais novas do que eu, sempre as vi como meninas, mesmo que na maioria das vezes demonstrem ser mais adultas do que eu, Ariela há controvérsias. Mesmo assim me sinto orgulhoso de vê-las tão fortes e decididas há terem dois garotinhos que mais precisam de amor e carinho, algo que tenho certeza que elas os darão em dobro.
Jordan volta para o escritório e elas decidem ir para casa, nos despedimos e depois Marlee sobe para o quarto com Lara e Mutano ao encalço delas, ele ama ter alguma criança para brincar com ele, então ele sempre a segue quando ela está por aqui. Volto para a cozinha e encontro minha esposa tomando um copo gigantesco de suco de laranja, ela bebe com muita sede e sorri assim que termina de beber tudo.
- Aleluia, acho que tive meu primeiro desejo.- ela comemora.
- Demorou hein, Emma vive com desejo.- ela ri.
- Pode ter certeza que cinquenta por cento desses desejos dela são invenções, só para Bran deixa-la comer.- concordo com ela, isso é bem típico daquela ridícula.
Me aproximo de onde ela está e a envolvo em meus braços, sua barriga causa um certo empecilho para a aproximação e sorrimos os dois por isso, Maju me envolve pelo pescoço e beijo seus lábios.
- Como foi as aulas? Cansativas?- ela assente.
- Estou para enlouquecer com tantas aulas por dia, mas é necessário, quero ter tempo de sobra para o nosso Noah.- faço um carinho em seu rosto.
- Vamos deitar um pouco, precisa colocar essas pernas pra cima.- ela concorda comigo.
- Preciso demais, meus pés estão um pouco inchados.- ela diz assim que saímos da cozinha e por ouvir isso, decido pega-la no colo do que deixa-la subir esse tanto de degraus com os pés doendo.
Ela se abraça a mim e apoia a cabeça em meu peito, a coloco na cama assim que entro no quarto e ela me puxa para deitar ao seu lado, ela se abraça a mim enquanto fica me olhando, beijo mais uma vez seus lábios e ela sorri.
- Onde está nosso filho? Sem ser esse aqui, esse eu sei onde está.- Maju faz um carinho na barriga.
- Adivinha? Como sempre na cola da Mel, Ron mais tarde trás ele.- ela sorri.
- Acho engraçado que a cada ano que passa, mais Melinda fica maluca com ele. Imagina quando ela ficar mocinha? É capaz dela cometer um homicídio.- rimos os dois.
Melinda esses anos que se passaram se mostrou ser uma garotinha de temperamento forte, ela se estressa fácil e Nicolas aproveita disso para irrita-la sempre que pode. A amizade deles é a mais divertida que tem, sempre me fazem rir quando a vejo correndo atrás de Nick para "mata-lo" por algo que ele fez a ela.
- Eles são hilários.- ela concorda comigo rindo provavelmente de alguma lembrança engraçada dos dois.
- E meus sogros, como estão na viagem, falou com eles hoje?- assinto.
- Estão bem, estão adorando conhecer a Ilha de Santorini e já deixaram claro que trarão vários presentes.- ela sorri.
Meus pais decidiram viajar por algumas semanas, em comemoração aos trinta e seis anos de casados. Eles decidiram conhecer a linda e encantadora Ilha de Santorini, na Grécia e mandam diariamente umas mil fotos de cada coisa de lá, até fotos de talheres mamãe já mandou.
Tem presentes para todos nós, mas sei que as crianças -- Nicolas, Lara e Noah -- ganharão o dobro que todos nós, pensa numas crianças bem mimadas pelos avôs e olha que Noah nem nasceu ainda!
- Amor, eu preciso terminar um trabalho. Pega o notebook para mim?- nego seu pedido.
- Não senhora, você vai descansar agora, isso sim. Se mais tarde quiser, te ajudo com o trabalho.- minha baiana arretada até tenta reclamar, mas não dou espaço para isso e por fim ela aceita, fechando os olhos para um pequeno cochilo- Amo você, minha Sol Maju.- ela sorri, ainda de olhos fechados.
- Amo você, meu Anjo.- sorrio e beijo seus lábios, e ela finalmente se deixa descansar e logo está dormindo em meus braços.
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Estamos muito próximos do fim e já digo que tem dois capítulos prontos da história do Henry. (E olha que nem terminei de escrever esse)
Eu fiquei empolgada demais com a história dele e já sai escrevendo mesmo sem terminar esse, alguém me segura que tô ansiosa demaaaaaais!!
Quem quer spoiler??
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Beijão e até logo. ❤❤❤