Fallin' All in You

By KahMonteiro

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Emily Clark sempre acreditou no tempo exato das coisas, como quando você consegue chegar a tempo no ponto de... More

No princípio era uma proposta.
Não tome decisões no calor do álcool
A ressaca, a aceitação e o esbarrão.
A garota da porta vermelha.
Pedaço de coragem num papel.
O roubo do guarda chuva.
Talvez sejamos como Alpacas.
Fogos de artifício, Danny Zuko e Polaroides.
Porque não existe ninguém como Emily.
Elefante branco na sala de estar.
Shawn tem um presente.
Rotina solitária de um compositor.
Canção de hotel.
Moletom, galochas e uma playlist especial.
Terapia de banheira.
Café com sabor de laranja.
Dilemas de um irmão mais velho.
Um café, discos velhos e despedidas.
Terapia do plástico bolha.
O monstrinho verde do ciúmes.
Fritei sua cuca, então você cozinhou meu coração.
A epifania de Emily Clark.
Tempo, tempo, tempo, tempo.
O vôo do passarinho.
Para onde vão os corações partidos?

Alta dose de dopamina.

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By KahMonteiro


"Garota, eu quero ser o que te mantém acordada a noite

Jogando e girando, cabeça girando como se estivesse tonta de vinho tinto

Oh, eu quero te beijar até que eu não possa sair da sua mente

Garota, eu quero ser o que te mantém acordada a noite."



Duas segundas-feiras após o não almoço com Richard e eu já me sentia melhor, a verdade é que nunca fui dada a dramas excessivos, sempre achei que a melhor forma de lidar com os problemas é seguindo com a vida e dando atenção para o que realmente importa. Quando a sexta feira chegou, eu já tinha um rascunho e algumas notas do que eu queria fazer com a matéria, e isso me deu um gás extra para jogar meu pai em algum baú lá no fundo, isso somado aos meus amigos que sabiam o momento exato de não tocar em determinados assuntos e a, eu odeio admitir, saudade que eu estava sentindo do Shawn.

Nós nos falávamos algumas vezes, menos do que eu gostaria, mas o suficiente para manter uma rotina. Eu não queria atrapalhá-lo com seu trabalho, eu sabia que esse era um momento dele e de sua equipe para focar totalmente na música, então eu apenas me assegurava de que ele estivesse bem e garantia para ele que eu estava bebendo água, ele contava rapidamente sobre o seu dia e eu lhe informava algo sobre o meu, e então eu o deixava livre para criar, mesmo querendo muito me manter horas pendurada no telefone apenas rindo de coisas aleatórias com ele.

̶  Alô, terra chamando a Ema. – pisquei, voltando a minha realidade. – Você está meio aérea hoje ou é impressão minha? – Mike perguntou depois de abanar uma mão na frente do meu rosto.

̶  Ah, eu só estou um pouco cansada.

̶  Eu diria que daria uma sobremesa pelos seus pensamentos, se eu não soubesse que você está com eles num certo moreno, alto com voz de anjo. – a voz casual de Adam não escondia nem um pouco o seu sarcasmo. Hoje era um daqueles raros dias em que conseguíamos combinar nossos horários e almoçar juntos.

̶  Eu não sei do que você está falando, é apenas sono. – afirmei mesmo sabendo que eles não acreditariam nem por um segundo.

̶  Aham, deve ter passado a noite sonhando com o que não devia e agora está aí toda aérea. – eu já falei que eu odeio o Mike? Pois eu o odeio na mesma proporção que eu o amo e na mesma velocidade em que eu senti minhas bochechas esquentarem. – Conta para a gente, Ema, foi um sonho erótico?

̶  MIKE! – quase engasguei enquanto ouvia a gargalhada dos dois estourando no ar. – Vocês dois. – apontei de um para o outro. – Vocês dois não prestam e se merecem.

̶  Vamos lá, Ema, como foi a noite com o Shawn no seu sonho? Ele transava bem? – revirei os olhos para o Mike e bebi um gole do meu suco, tentando fingir que estava nem aí. Não, eu nunca tive um sonho erótico com o Shawn e eu não estava entendendo o porquê da minha reação as piadas dos meus amigos, eu não deveria me sentir envergonhada. Ou talvez fosse o meu inconsciente me acusando de no fundo querer tanto quanto eles saber a resposta para a pergunta do Mike. Eu só posso estar ficando louca.

̶  Amor, deixe a Emily em paz, ou ela vai explodir a qualquer momento, veja como ela está vermelha. – Adam apontou e eu agradeci internamente por não estar me vendo naquele momento. – Pelo menos, a prova real de que ele beija bem, você tem.

̶  Adam, alguém já te disse que você é pior que o Mike?

̶  É o que costumam dizer, os mais calados são sempre os piores. – ele piscou para mim. – E os mais safados, se é que me entende.

̶  O Shawn é calado, Ema?

̶  Vocês não vão esquecer esse beijo tão cedo, não é? – suspirei derrotada, pois se eu bem conhecia os amigos que eu tenho, eles ainda tirariam muito sarro com a minha cara. Mike deu de ombros enquanto Adam apenas bebeu sua água.

O resto do almoço foi intercalado entre conversas aleatórias e eles fazendo piadas sobre a desconhecida desenvoltura sexual do Shawn. Adam ainda me contou que eles teriam um jantar com os avós dele que ao contrário dos seus pais, aceitavam muito bem o relacionamento do neto e adoravam o Mike.

Quando o fim do meu expediente chegou, eu tinha decidido ir até o restaurante da Rachel apenas para tomar o caldo de frutos do mar do senhor Lima e jogar um pouco de conversa fora, eu não queria ir para casa e me pegar pensando nas piadas e comentários dos meus amigos a respeito do Shawn, ou pior, ficar pensando no meu pai. Eu não queria dar asas a minha imaginação com algo que não deveria me interessar. Minha preguiça de esperar um ônibus me fez puxar o celular e chamar um táxi, hoje eu me daria ao luxo.

"Hey, você já saiu da redação?"

A mensagem acendeu na tela do meu celular.

"Você por acaso sente quando alguém está pensando em você?"

Enviei enquanto entrava no carro que parou para mim.

"Você estava pensando em mim, Lily?"

Sorri, imaginando o sorriso sacana que ele teria deixado escorregar pelo canto dos lábios.

"Por que eu sinto como se tivesse tido um dejavu aqui?"

Eu me referia a nossa conversa na noite de natal quando ele apareceu bem enquanto eu estava pensando nele. Eu ainda acho que o infeliz tem alguma bola de cristal ou poder de premonição.

̶  Para onde deseja ir, senhora? – o motorista perguntou, mas justo quando eu ia responder, meu celular começou a tocar, piscando o nome dele na tela. Fiz sinal pedindo que o motorista esperasse um pouco enquanto atendia.

̶  Você, por acaso, tem uma bola de cristal? – ouvi o sorriso dele com a minha frase.

"Um bruxo nunca revela seus feitiços."

̶  Você não é um bruxo, pare de esperar sua cartinha de Hogwarts, meu bem.

"outch." – eu não podia ver, mas tenho certeza que ele pôs a mão no peito. – "Você sabe mesmo como partir o coração de um cara."

̶  Falando a verdade?! – sorri para ninguém em especifico.

"Eu só liguei, porque estou de volta à cidade e queria saber se você não está a fim de vir pra cá. Os caras estão aqui com suas namoradas, nós vamos comemorar que o primeiro processo de criação foi concluído, o Mike vai cozinhar e eu não queria ficar de vela."

̶  O Mike? – franzi as sobrancelhas mesmo sabendo que ele não podia me ver. – Mas o Mike vai jantar nos avós do Adam.

"Não o seu Mike, Lily, o meu." – ele falou e eu pude ouvir sua risada esganiçada. Era tão fofa.

̶  Oh, verdade, você tem um Mike também.

"E então, você vem?" – mordi a almofada do dedão ponderando minhas opções, eu podia ficar em casa sozinha depois de tomar um pouco de sopa ou poderia ir socializar com os amigos do Shawn. – "Emily, você está aí?"

̶  Ah oi. – voltei a prestar atenção na ligação. – Tudo bem, deixe um pouco de vinho para mim.

"Sempre." – ele falou e logo nos despedimos, encerrando a chamada.

̶  Moço, vamos para o outro lado da cidade. – avisei, explicando o endereço do Shawn para o homem.

Assim que o táxi estacionou em frente ao prédio, eu paguei a corrida, saltando para fora o mais rápido que pude. Eu me sentia eufórica por algum motivo que eu desconhecia no momento, ouvir a voz do Shawn por telefone me fez perceber que eu sentia mais falta dele do que imaginei, como se um click tivesse sido acionado em mim, e agora eu estava ansiosa para vê-lo.

Minha entrada já tinha sido liberada na portaria e eu batia a sola da minha bota no chão enquanto esperava impaciente o elevador fazer seu percurso. Quando ele finalmente chegou à cobertura, eu respirei fundo estalando os dedos enquanto ia em direção à única porta daquele andar. Só foi preciso que eu tocasse a campainha uma vez.

̶  Olá estranha. – não me leve a mal, eu nunca fui dada a demonstrações públicas de afeto e já tinha saído da adolescência para soltar gritinhos animados, mas encarar aquele sorriso perfeito acompanhado dos olhos brilhantes que me encaravam, fez algo saltar dentro de mim e quando eu percebi, já estava me jogando nos braços do Shawn, o envolvendo num abraço desajeitado. – Wou. – ele cambaleou um pouco para trás, se segurando a parede antes de retribuir meu abraço. – Eu também senti sua falta, Lily. – enterrei minha cabeça em seu pescoço, absorvendo seu cheiro já tão conhecido por mim. Senti um braço rodear minha cintura enquanto sua mão espalmava minhas costas subindo até o meu cabelo num carinho gostoso. Ele pareceu inalar o perfume dos meus cabelos, apertando-me mais dentro do abraço, ficamos assim ainda por algum tempo até eu levantar meus olhos e notar a plateia particular ali.

Não foi preciso mais que dois segundos para que eu o soltasse, como se de repente ele tivesse me passado uma descarga elétrica. Esfreguei as palmas das minhas mãos na minha calça, me sentindo ridícula por ter partido pra cima dele do nada. Os olhos curiosos dos amigos do Shawn ainda nos encaravam, alguns tinham sorrisos insinuativos nos lábios, outros apenas riram da situação, enquanto eu já podia sentir todo o meu sangue ser bombeado para o meu rosto.

̶  Pessoal essa é a Emily. – Shawn se virou para a nossa pequena plateia, ignorando totalmente o meu constrangimento. – Podem todos ficar tranquilos que ela não vai cumprimentar vocês com essa mesma euforia. – ótimo, agora eu só queria um buraco para me enfiar e não sair de lá até o próximo século.

̶  Cristo, eu estou morrendo de vergonha. – esfreguei meu rosto ouvindo algumas risadas pela sala.

̶  Fique tranquila, Lily, ninguém aqui está te julgando.

̶  Na verdade, eu estou. – um dos caras falou, ele tinha os olhos claros e era alguns centímetros mais alto que eu, seu rosto não me era estranho. – Caso você não lembre, eu sou o Mike, a gente dançou junto no ano novo. – ele sorriu estendendo a mão, parecia descontraído.

̶  Ah oi, claro que eu me lembro de você, Mike. – apertei a mão do homem. – Lembro totalmente. – menti na maior cara de pau, pois eu não lembrava que tinha dançado com ele ou com ninguém.

̶  Vou fingir que acredito em você. – ele deu uma piscadinha me fazendo rir.

Shawn saiu me arrastando pela sala, enquanto me apresentava uma por uma às pessoas ali, desde os caras da banda a alguns de seus amigos que eu não tive a oportunidade de conhecer na festa de ano novo. Acabei conhecendo algumas pessoas de sua equipe também, todo mundo parecia muito simpático e eu estava me sentindo confortável na companhia daquelas pessoas, o que me surpreendeu. Shawn tinha ido pegar uma cerveja enquanto eu fui guardar minha bolsa e meu casaco no armário e indo na direção do sofá que um dia eu ainda roubaria para mim.

Fiquei ali sentada, apenas vendo as pessoas conversando entre si, uma música de algum cantor local tocava num volume baixo e agradável, algumas pessoas apenas comiam petiscos, outras bebericavam suas bebidas enquanto riam e conversavam. Não tinha tanta gente, era apenas colegas de trabalho reunidos para comemorar o sucesso do ofício, a diferença é que trocaram o happy hour num bar pelo apartamento do Shawn. Falando nele, o vi escorado na parede próximo a entrada da cozinha, conversando com o Dave, mas não demorou até o seu olhar me achar e ele sorrir para mim, sinalizando algo que eu não entendi. Sorri de volta não tendo ideia do que ele estava falando, então ele desistiu, cochichou algo com o amigo e veio até mim.

̶  O que você está fazendo aí, sozinha num canto?

̶  Eu não estou sozinha num canto, estou sentada no seu sofá perfeito, bebendo sua cerveja perfeita enquanto observo seus amigos perfeitos. – ergui minha garrafa como que para comprovar o que eu havia falado.

̶  Como eu disse; sozinha num canto. – revirei os olhos para ele. – Você está se sentindo desconfortável ou entediada?

̶  Por mais incrível que pareça, não. – e era verdade, o fato de eu estar sozinha não me fazia sentir deslocada, eu só estava apreciando tudo.

̶  O Mike ta fazendo talharim e o cheiro está muito bom na cozinha, eu acho que você vai gostar.

̶  Eu amo comida, Shawn, provavelmente vou querer trocar de Mike com você até o fim da noite. – brinquei o fazendo gargalhar.

̶  Eu senti tanto a sua falta. – ele pegou na minha mão, brincando com os meus anéis.

̶  Sério? Eu nem percebi sua ausência, acredita?

̶  Não foi o que aquele abraço pareceu. – ele debochou e eu estapeei seu peito.

̶  Tudo bem, talvez eu tenha sentido só um pouquinho. – Shawn apertou os olhos, me encarando com descrença. – Não é a mesma coisa falar por chamada.

̶  Não, não é. – ele me encarou e ficamos assim por um tempo, apenas nos olhando enquanto ele brincava com a minha mão. As lembranças do dia do beijo voltando a minha mente me fez encarar os lábios dele por alguns segundos, senti minha boca secar com a remota possibilidade de prová-los outra vez, pareciam tão convidativos. Mas que droga, o que eu estou fazendo? Voltei a olhar para os olhos do meu amigo e me surpreendi quando o flagrei com os olhos nos meus lábios, deixando claro que ele também estava se recordando daquela noite na minha casa. Empertiguei meu corpo, tomando uma distância discreta do rosto do Shawn, o clima ficou estranho de repente, constrangedor até, mas antes que qualquer um de nós pudesse falar qualquer coisa, Josiah apareceu em nossa frente, falando que a comida estava pronta e que o Mike estava chamando todo mundo. Shawn parecia sem graça quando olhou para mim, de repente eu me sentia desanimada, porque tudo o que eu não queria era esse clima entre nós, ele era meu amigo e eu estava adorando que estivéssemos retomando nossa amizade, ele me fazia bem demais. Suspirei sabendo que não tinha nada que eu pudesse fazer para mudar isso, não por agora.

O jantar estava realmente delicioso, estávamos todos jogados na sala, enquanto riamos de alguns filmes que o Josiah fez dos meninos em estúdio, era bonito ver o Shawn trabalhando, ele era tão concentrado e apaixonado pelo o que fazia. Em alguns momentos a imagem apenas focava em seu rosto e sua expressão era admirável, ele mal percebia que estava sendo filmado, e ainda assim parecia namorar a câmera.

̶  Espera, você filmou o Shawn dormindo? – Tom perguntou rindo. – Cara, quando você fez isso?

̶  No mesmo dia que eu filmei isso. – o fotografo apontou para a TV e todo mundo riu da cena que passava, Tom babava na própria mão enquanto cochilava.

̶  Josiah, você é um perigo com a câmera na mão. – Shawn acusou, divertido.

̶  Eu acho que você devia documentar isso. – falei mais por diversão de ver o pavor no rosto dos meninos. – Acho que você ganharia bastante dinheiro com imagens constrangedoras do garotão aqui. – bati de leve no peito do meu amigo.

̶  Como eu não pensei nisso antes? Você é genial. – ele sorriu para mim e eu tive vontade de apertar as bochechas do homem que mais parecia um ursinho de pelúcia. – Brow, eu gosto dela.

̶  Eu gosto dela também. – Mike apontou enquanto rodeava o pescoço da namorada.

̶  Eu também. – Dave gritou enquanto ia até a cozinha buscar mais bebida.

̶  Acho que você conquistou minha banda. – ele sorriu.

̶  Acho que sim. – dei de ombros me sentindo envergonhada pelo excesso de atenção. – Mas falando sério, eu acho que você tem algo bom nas mãos, Josiah.

̶  Eu vou olhar tudo com calma depois, prometo. – ele ergueu a garrafa de cerveja e eu devolvi o gesto com a minha taça de vinho, num brinde mudo.

Depois de algum tempo com os meninos se zoando por conta dos vídeos, a namorada de um deles deu a ideia de fazermos uma competição de karaokê, no meu estado normal eu provavelmente recusaria com todas as forças do meu consciente, mas eu não sei por qual motivo a minha versão alcoolizada amava uma vergonha gratuita, sobretudo no karaokê. Eu não estava bêbada, mas uma cerveja e duas taças de vinho eram o suficiente para mandar toda a minha inibição para o espaço, então não é de se surpreender que eu tenha dado total apoio a essa ideia.

Algumas pessoas já estavam indo embora, ficando apenas os caras da banda, suas respectivas namoradas, Josiah e o Tom, então como estávamos em número par, nos dividimos em dupla, indo um por vez, a dupla vencedora ficaria com o pote de sorvete fechado.

̶  Eu acho muito injusto a Emily ficar como dupla do único cantor aqui. – Tom protestou fingindo aborrecimento.

̶  Não se preocupe, ela desafina por nós dois, vocês vão ver. – Shawn falou com a mão na boca como se estivesse contando um segredo, ele só não esperava pela almofada voadora que acertou em cheio sua cabeça. – Ai Lily.

̶  Experimenta dizer que eu desafino de novo. – sorri amarelo.

A primeira dupla foi Mike e a namorada, eles cantaram firework de uma forma tão desafinada que eu agradeci aos céus o fato do apartamento do Shawn ser na cobertura e ter isolamento acústico, do contrário, todos os vizinhos estariam batendo aqui para reclamar. Eles marcaram 67 pontos, o que fez Josiah e Tom debochar e afirmar que se sairiam melhor, o que claro não passava de uma mentira. Eles assassinaram o grunge do nirvana e ainda saíram com a maior cara de fodões por marcarem 71 pontos. Quando os meus ouvidos já estavam desesperados, finalmente Dave e a namorada nos deram algo mais afinado, eles estavam cantando alguma música que eu reconheci como sendo da Selena Gomez e até que estava legal.

̶  Ei, posso falar com você rapidinho? – Shawn tocou meu braço, tirando a minha atenção do casal.

̶  É sobre a nossa música? Você pode escolher desde que seja uma que eu saiba cantar.

̶  Eu só queria dizer que eu não quero que fique um clima estranho entre nós dois. – ele coçou a cabeça parecendo realmente sem graça. – Quer dizer, nós nem conversamos sobre o... Você sabe.

̶  Sim, digo, somos amigos, certo? Não tem o porquê ficar um clima estranho, já foi. – eu estava me sentindo nervosa com aquela conversa.

̶  Exatamente, não tem porquê, já foi.

̶  Só... Vamos esquecer. – sorri não tendo certeza se tinha passado toda a confiança que eu desejei ter

̶  Claro, vamos esquecer. – ele me olhou parecendo meio frustrado, como se não tivesse certo das próprias palavras.

̶  Ei vocês dois, é a vez de vocês. – Mike chamou. – Quero só ver como você vai se sair, Emily, estou apostando em você, então não seja desafinada, por favor. – Mike fez graça.

̶  Prometo tentar não ofuscar o Shawn. – entrei na brincadeira.

Depois de quase dez minutos discutindo qual música iríamos cantar, Shawn e eu chegamos a um consenso e escolhemos love story da Taylor Swift, eu amava essa música, era a minha música de lavar o cabelo, então talvez, e só talvez, eu tenha me empolgado um pouco enquanto cantava a plenos pulmões, cada nota crescente eu cantava mais alto, o que me fez desafinar e todo mundo rir da minha empolgação exagerada. No fim, nós pontuamos menos que o Dave e a namorada, e eles acabaram ficando com o pote de sorvete. Me juntei ao Josiah e nós cantamos mais um pouco, revezado com algumas das meninas, o que foi bastante divertido.

Já passava das onze quando nos despedimos de todos, a noite tinha sido mais divertida do que eu imaginava, os amigos do Shawn eram divertidos e entusiasmados, eu já gostava deles. Como eu não tinha trazido nada para o jantar, eu resolvi ficar mais um pouco e ajudar a limpar a bagunça.

̶  Eu me diverti muito hoje, Shawn, obrigada pelo convite.

̶  Disponha. – ele sorriu me passando o último prato. – Quer mais vinho? – Shawn perguntou quando terminamos de guardar a louça.

̶  Sim, por favor. – estendi minha taça para ele que a encheu com cuidado.

̶  Você parece cansada. – ele tombou a cabeça, me olhando com mais atenção. – Está tudo bem?

̶  Sim, eu tenho trabalhado bastante esses dias, desde que o chefe da revista apareceu por lá, parece que todo mundo está correndo para ver quem mostra mais serviço.

̶  Tem certeza que é só isso? Você parece desanimada.

̶  Você está vendo coisas onde não tem, eu estou ótima. Juro. – bebi um pouco do meu vinho, tentando não encará-lo demais. Eu odiava o fato de ser tão transparente com meu humor.

̶  De qualquer forma, foi bom ver você se divertindo hoje, você parecia extravasar enquanto cantava com o Josiah.

̶  E eu estava mesmo, adoro cantar em karaokê. – confessei.

̶  Você estava falando sério quando disse ao Josiah para documentar aquelas imagens?

̶  Claro que eu estava brincando a respeito dele mostrar você roncando, mas acredito que ele tem um bom material que bem selecionado pode te render, quem sabe, um documentário.

̶  Parece uma ideia boa. – ele sorriu de um jeito tão fofo que eu até pude ouvir algo dentro de mim suspirar. – Eu estou indo para a Jamaica em alguns dias.

̶  Que demais, Shawn, eu ouvi dizer que lá é lindo. – ele concordou com um gesto de cabeça, parecendo empolgado com esse assunto. – Você está indo a trabalho?

̶  Sim, lá tem um estúdio de pós produção e eu estou indo com os caras para trabalhar no álbum.

̶  Pergunta. - ele sorriu, se ajeitando no sofá e eu fiz o mesmo, soltando minha taça na mesinha de centro e cruzando as pernas em posição de índio.

̶  Manda.

̶  Você já viajou para vários lugares do mundo, já conheceu várias culturas e até me contou algumas histórias engraçadas, mas você já parou realmente para conhecer algum desses lugares?

̶  Não. Quando eu estou viajando a trabalho, é tudo muito corrido. – ele confessou com um ar pesaroso. – Dois dias para cada cidade, com sorte três, então às vezes rola de eu ir a uma praia ou algo assim, mas eu nunca tive a oportunidade de explorar realmente.

̶  Então eu acho que você deveria aproveitar a Jamaica, digo, saia para andar na cidade, vá a algum restaurante e coma algo inusitado, faça uma trilha, sei lá. Se divirta, Shawn.

̶  Eu gostaria que você pudesse vir comigo, acho que nos divertiríamos bastante desbravando as belezas da Jamaica. Já imaginou, Lily, eu, você, nossas mochilas, meu violão e seu notebook. Você escreveria matérias incríveis e eu comporia músicas igualmente incríveis, então nós sairíamos para conhecer os lugares e as pessoas, nos perderíamos em algum ponto da cidade e acabaríamos com uma história de aventura para contar.

̶  Eu adoraria. – sorri com o jeito como ele nos imaginava numa aventura pelo mundo, era tão adorável como ele realmente estava empenhado em fazer nossa amizade acontecer, mas ao mesmo tempo parecia tão romântico a forma como ele descrevia tudo.

̶  Sabe, eu amo o que eu faço, amo de verdade, mas às vezes eu gostaria de ter o privilégio do anonimato, poder sair nas ruas sem ser reconhecido, fazer coisas normais que um cara de dezenove anos faz, sem me preocupar com o que vão falar de mim no dia seguinte, porque ninguém se importa com o que eu faço. – ele ficou aéreo de repente, como se estivesse pensando sobre algo, perdido nos próprios pensamentos. Alisei seu braço para trazê-lo de volta a conversa.

̶  Oi. – sorri sem mostrar os dentes. – Tudo bem?

̶  Sim, quer um pouco mais de vinho?

̶  Você está tentando me embebedar? - fingi indignação.

̶  Talvez eu goste mais da sua versão desinibida. – ele piscou e eu pude sentir o efeito imediato de seu charme em vários pontos do meu corpo. – Vem, vamos buscar mais.

̶  Espera, ainda tem vinho na minha taça... Shawn. – Levantamos ao mesmo tempo, no movimento que eu fiz para trazer a taça para perto acabei esbarrando com ele e derrubando todo o líquido escuro em sua camisa branca. Observei boquiaberta, o tecido ser tingido, enquanto a umidade deixava os músculos definido do abdômen amostra, era uma visão sensual e tentadora. Senti minha boca secar e precisei me concentrar para não acompanhar a gota de vinho que escorreu sob a pele branca assim que ele puxou a peça de roupa para cima, retirando pela cabeça. Meus olhos acompanharam cada pedaço de pele exposta. Voltei a minha realidade, sentindo vontade de me estapear. – Minha nossa, eu sou tão desastrada, Shawn, me desculpa?

̶  Está tudo bem, Lily, foi um acidente.

̶  Olha, eu posso limpar, posso mandar para uma lavanderia e tenho certeza de que ela volta limpinha em folha. – passei a mão no tecido, tentando de alguma forma melhorar a situação, mas tudo só me deixava mais ridícula. Voltei a encarar o homem a minha frente e novamente os meus olhos me traíram, dessa vez caindo até o cós de sua calça de lavagem escura, reconhecendo sua cicatriz no pé da barriga. Até mesmo ela era sexy.

̶  An... Eu vou me trocar e já volto. – Shawn estava com as maçãs do rosto vermelhas de constrangimento e eu não devia estar diferente.

Observei ele atravessar a sala indo em direção ao quarto e esperei até que ele sumisse por completo para enfim me jogar no sofá, soltando um suspiro constrangido. Olhei pela janela da sala, sentindo uma grande necessidade de respirar ar puro. Caminhei até o terraço, me escorando no parapeito e inalando o máximo de ar que consegui enquanto admirava aquela vista privilegiada, estava se tornado rotineiro vir até aqui depois do trabalho apenas para beber algumas taças de vinho e comer algo enquanto jogávamos conversa fora, sem perceber eu estava encaixando-o na minha rotina. Traguei o ar gelado da cidade, fechando meus olhos e apenas aproveitando a sensação de leveza causada pela brisa e talvez pelo vinho, a imagem de Shawn sem camisa não saia da minha cabeça, eu podia visualizar com detalhe cada pedaço da sua pele branca, cada definição dos músculos. Tinha sido um acidente, eu havia derramado vinho em sua camisa e num ato automático ele a puxou para cima, só quando nossos olhos se bateram é que a ficha pareceu cair, ele se desculpou indo para o quarto buscar uma peça limpa de roupa e cá estou eu sem conseguir arrancar a imagem da minha mente. Shawn é lindo e isso não chega a ser uma novidade, mas antes sua beleza parecia automática para mim, eu tinha consciência dela, mas não chegava a me afetar, pelo menos não até aquele beijo. O sorriso jocoso preso no canto dos lábios nunca me pareceu tão sexy ou provocativo, como se ele sempre tivesse uma sacanagem pronta para ser sussurrada ao pé do ouvido. O olhar dele me parecia tão insinuativo. As mãos... Nunca antes desejei saber como seria ser tocada por elas. O corpo, céus, eu poderia me perder com facilidade por todo ele. Abri meus olhos sentindo o baque da realidade me afetar.

̶  Eu o desejo. – dizem que quando a gente verbaliza um pensamento, ele se torna real instantaneamente, quem disse isso estava assustadoramente certo. – Meu deus, eu só posso está ficando louca.

̶  Lily? – ouvi sua voz me chamando pelo apelido só piorou tudo, quando isso ficou tão sexy? – Está tudo bem?

̶  Não. – me virei para olhá-lo, péssima ideia. Shawn estava vestindo uma camisa preta de mangas longas, o que só ressaltava sua beleza gloriosa. – Quer dizer, sim, é que eu... Eu preciso ir embora. – falei toda desajeitada, passando a mão na calça para enxugar o suor nervoso.

̶  Mas você tinha dito ao pessoal que ficaria mais um pouco, não entendo. – ele contra argumentou. – É por causa da camisa? Está tudo bem, ela não era especial e eu já estou com uma limpa, olha só. – ele apontou para si próprio com um sorriso fraco, mas esse se desfez assim que ele voltou a me encarar. – Não é por causa da camisa, não é?

̶  Não. – respirei fundo ainda sem quebrar o contato visual com Shawn, nos mantendo presos naquela guerra de perguntas mudas presas nos olhos um do outro. Eu não era idiota, sabia que desde o beijo na minha sala, nós vínhamos agindo estranho, enquanto o Shawn esteve fora, eram apenas pensamentos, mas desde que eu precisei lidar com sua presença, tinha um constrangimento misturado com essa maldita vontade de provar aquele beijo novamente e com o medo de descobrir de onde vinha essa vontade. O brilho do entendimento acendeu nos olhos de Shawn, ele me encarou enquanto o sorriso ia se suavizando até seus lábios estarem apenas entreabertos. Com uma calma absurda, ele caminhou até mim e eu juro que não tinha visão mais sensual nesse momento que Shawn Mendes caminhando na minha direção, isso me fez prender a respiração. Suas duas mãos foram parar uma de cada lado do meu rosto, seu polegar direito fazendo um movimento circular na minha bochecha. Era tão bom. – Shawn... – as palavras pareciam presas na minha garganta, eu já podia sentir a respiração quente dele e isso parecia nublar minha mente, porque eu já não estava raciocinando.

̶  Eu quero... – ele colou nossas testas – Eu quero beijar você. – ele estava lançando suas cartas e pondo tudo em minhas mãos, era o seu jeito de dizer que só dependia de mim. Repousei minhas mãos nas laterais de sua cintura erguendo meu rosto para encostar nossos lábios. Sentir seus lábios novamente fez as borboletas dançarem no meu estomago, não demorou muito para sua língua invadir a minha e eu esquecer completamente de tudo. Naquele momento não existia o mundo lá fora, não existia a matéria sobre o Shawn Mendes, não existia fãs, não existia o fato de sermos amigos de infância. Era apenas Shawn e eu, envolvidos num beijo intenso. O beijo dele era lento, não tinha selvageria ou brutalidade, apenas parecia querer aproveitar cada fração de segundo daquele momento, era cálido e torturante. Senti meu lábio inferior ser sugado e seus dentes rasparam a carne encerrando o ato. Me mantive de olhos fechados por alguns segundos, apenas saboreando o formigamento bom que os seus lábios deixaram, eu não queria abrir os olhos, não ainda. Abrir os olhos significaria voltar para a realidade e eu não sei se eu conseguiria voltar para a minha realidade sem desejar mais desse momento. – Isso foi...

̶  Errado. – completei, finalmente abrindo os olhos, eu não podia mais protelar o momento. Shawn era meu amigo e isso não estava certo.

̶  O que?

̶  Shawn, a gente não podia... A gente não devia ter feito isso, é errado de tantas formas que eu nem sei por onde começar.

̶  Por que?

̶  Porque somos amigos, porque nos deixamos levar pelo vinho, porque... Porque eu estou ficando louca, só pode. Eu vou embora, uma boa noite de sono vai botar todas as ideias no lugar, é isso, a gente deve e precisa descansar e...

̶  Emily, para. – a voz dele estava grave, o que me causou um arrepio imediato. – Para de fugir de mim.

̶  Eu não estou fugindo. – talvez se eu tivesse dito isso com a voz menos esganiçada, ele tivesse acreditado.

̶  Sim, você está, na verdade fugir é tudo que você tem feito desde que chegou aqui. Você foge do meu toque, foge das minhas palavras e foge do meu olhar. – ele tornou a se aproximar perigosamente. – Olha para mim? – pediu baixo – Lily olha para mim. – senti seus dedos tocarem meu queixo o erguendo para que eu o encarasse. – Eu quero você.

̶  Shawn...

̶  Eu quero você essa noite. – eu podia sentir o efeito de cada palavra sob a minha pele. – Sem pensar, sem analisar nada, apenas você. Eu quero tocar você, sentir você, beijar você... Fica?

Eu tinha vários motivos gritando na minha cabeça para eu ir embora, eu sabia a complicação que seria caso eu ficasse ali, mas no momento que eu olhei nos olhos dele, eu sabia que não teria como fugir. Me assustei com a constatação de que, na verdade, eu não queria fugir. O puxei pela camisa como uma selvagem desesperada, dessa vez o beijo era mais intenso, tinha a ver com desejo, eu desejava cada pedacinho de Shawn Mendes. Seus dedos se enterram em meus cabelos os erguendo num leve puxão enquanto seu outro braço me apertava pela cintura, eu enlacei seu pescoço aproximando mais meu corpo do dele. Me permiti agarrar seus cabelos curtos dando leves puxões, fazendo sua cabeça tombar um pouco para trás. Afastei nossas bocas quando o oxigênio se fez necessário, aproveitei que Shawn se mantinha com os olhos fechados e passei a admirar cada traço do seu rosto, ele era tão lindo, as linhas brutas do maxilar nunca me pareceram tão convidativas como agora.

̶  Shawn, você sabe que depois do que quer que seja que aconteça aqui, não tem mais volta, não sabe? – ele afirmou com a cabeça voltando a me beijar, mas eu parti o contato. – Sabe que isso pode ferrar com tudo, certo?

̶  Sei. – ele me encarou nos olhos de um jeito tão profundo que por um misero momento eu esqueci todas as palavras existentes.

̶  Você sabe que...

̶  Você fala demais. – ele me interrompeu unindo nossos lábios num beijo intenso.

Me agarrei ao tecido de sua camisa, temendo cair sob os meus joelhos quando os senti fraquejar. O caminho até o quarto era um borrão completo, eu estava com a mente totalmente enevoada pelo cheiro almiscarado de sabonete e vinho, era o cheiro dele e era delicioso. Deslizei minhas mãos para dentro da camisa dele, arranhando levemente suas costas, o que o fez abandonar um suspiro no meu ouvido antes de depositar beijos molhados pelo meu pescoço. Não nos atrevíamos a falar, não tinha espaço para palavras no momento. Puxei a camisa de Shawn para cima e em seguida ele fez o mesmo com a minha blusa, andando de costas até a cama e me fazendo sentar em seu colo.

Shawn contornou meu seio direito coberto pelo bojo do sutiã, sua mão era quente, quase em chamas. Ele massageava a região enquanto distribuía beijos por todo o meu colo, eu estava ficando ansiosa como uma adolescente tendo sua primeira vez, cada toque parecia extremamente lento e sensual. Senti as caricias pararem, deixando uma rápida sensação de abandono no meu corpo, mas logo senti meus seios sendo libertos do bojo e então seu halito quente soprar o mamilo intumescido, o que fez minha cabeça tombar para trás em puro deleite. Quando a língua de Shawn sugou a carne sensível, eu não contive o gemido, puxando os curtos cabelos da parte de trás de sua cabeça.

Ele trabalhou nos meus seios ainda por um tempo, parecia não ter pressa alguma enquanto se concentrava em chupar, morder e beijar a região, revezando de um a outro com caricias. Eu estava adorando a atenção recebida ali, mas eu precisava de mais ou enlouqueceria. Encarei os olhos castanhos escurecidos pela luxuria, ficamos alguns segundos apenas nos olhando, contestando o desejo mutuo até que ele girou nosso corpo, fazendo as minhas costas se chocarem com o colchão macio. Suas mãos apertaram meus seios mais uma vez antes de se arrastarem levemente pela minha barriga até o cós do meu jeans, os calos de seus dedos deixando um rastro quente por onde tocava e um arranhadinho gostoso.

Eu abaixei minha cabeça apenas para encará-lo e não pude conter o suspiro ao encontrar seus olhos me observando enquanto ele ia desabotoando a minha calça. Shawn puxou a peça de roupa de vagar, me fazendo arfar quando seus dedos roçaram a minha coxa arrepiada. Ele ficou em pé retirando sua calça e voltando até mim, a cueca vermelha se destacando em sua pele branca só fez meu desejo aumentar ao marcar o volume de seu desejo.

̶  Você é tão linda. – ele sussurrou próximo ao meu ouvido, deixando um beijo molhado ali, o que fez meu corpo arrepiar. – Eu tenho fantasiado com você nessa cama, eu mal posso acreditar na minha sorte em estar tendo você aqui. – suas palavras dançaram no ar quente próximo a minha boca e eu lambi os lábios como se pudesse suga-las para mim. Cruzei minhas pernas em volta de sua cintura, sinalizando que eu precisava de mais dele, mas as senti serem desprendidas e pousadas de volta na cama. – Não tenha pressa, Lily, nós temos a noite toda. – ele brincou com os dedos na barra da minha calcinha a puxando para baixo e jogando em algum lugar do quarto, então voltou seus olhos até os meus e me ofereceu um de seus sorrisos sacanas, os olhos escuros de luxuria e malicia só espelhavam os meus. – Eu quero provar você.

Eu não disse nada. Não pude, pois senti as palavras se perderem em algum canto no caminho até meus lábios, naquele momento eu parecia ter desaprendido a falar e apenas suspiros pesados podiam ser ouvidos vindos da minha garganta. Shawn se posicionou entre as minhas pernas, dobrando os meus joelhos para cima; eu o observei se curvar para mim, até que senti um beijo morno na parte interna da minha coxa, era dolorosamente bom e um curto tremor chegou até meu baixo ventre. Ele subiu seus beijos até a minha vagina e eu estremeci quando sua respiração quente bateu naquela região, mas foi quando sua língua tocou meu clitóris que eu senti todo o ar dos meus pulmões serem cortados, por breves segundos eu esqueci como era respirar. Shawn pressionou os lábios naquela região e sugou um pouco de mim para si numa chupada, depois pressionou a língua sob o meu clitóris o massageando. Logo um de seus dedos também estava ali, me estimulando e ajudando sua boca no processo, girei meus olhos quando sua língua desceu por minha entrada, tocando rapidamente meu ponto sensível.

̶  Oh meu deus, faz de novo. – eu pedi, torcendo para que ele entendesse o que eu quis dizer.

̶  Isso? – ele enfiou um dedo dentro de mim e eu arfei balançando a cabeça em negação. – Isso? – sua língua voltou a tocar minha região sensível, descendo até o meu ponto de prazer.

̶  Oh isso. – sua respiração quente só deixou tudo mais gostoso. – Shawn... – seu nome escorregou pelos meus lábios morrendo na ponta da língua. Era tudo tão bom. Sua língua entrou e saiu de mim novamente e de novo e de novo, até que eu senti os espasmos pré-gozo no meu baixo ventre, avisando ao meu corpo que eu estava perto. Quando ele introduziu dois de seus dedos para dentro de mim eu arqueei minhas costas me agarrando aos lençóis, sabendo que estava me desintegrando em sua boca enquanto um gemido escapava da minha garganta.

̶  Emily... – a voz dele parecia desesperada, quase sôfrega. Eu ainda respirava com dificuldade, tentando fazer minha respiração se regularizar. Shawn saiu do meio das minhas pernas, se afastando até a mesinha de cabeceira, eu apenas esperei meu corpo voltar a responder os meus comandos. Abri os olhos e não contive morder os lábios com a imagem de Shawn acariciando seu membro, seus movimentos eram sensuais e totalmente alheios a mim, o maxilar travado em concentração. Me levantei indo até ele, sentindo minha pele arrepiar com uma corrente de ar.

̶  Me deixe tocar você. – pedi, fazendo seus olhos se abrir para mim, ele me encarou com tanto desejo, tanto afeto que eu me senti honrada. Shawn apenas assentiu ainda sem quebrar o contato visual e eu desci minha mão até seu pênis, alisando a carne dura. Ele estava ereto, pronto para mim, assim como eu estava pronta para ele, subi e desci minha mão em torno do seu membro, fazendo-o soltar um suspiro rouco seguido de um grunhido. O som mais bonito que ele podia me proporcionar ouvir.

Terminei de baixar sua cueca vermelha, deixando que ela escorregasse por suas pernas e ele logo a chutou para longe ainda de olhos fechados. Me abaixei a sua frente, sentindo minha boca salivar apenas com a ideia do que estava por vir, massageei suas coxas, sentindo seu quadril se inclinar em minha direção, mas era o Shawn e ele não faria nada que não tivesse cem por cento de certeza antes.

̶  Emily, você não precisa... – as palavras morreram no caminho e eu senti meu ego crescer quando contemplei ele jogar sua cabeça para trás apenas por sentir o roçar dos meus lábios em sua glande macia. Eu não me sentia intimidada ou envergonhada, eu só precisava provar dele, conhecer de seu corpo tanto quanto ele conheceu do meu. Antes que eu pudesse fazê-lo chegar até seu clímax, Shawn me puxou para cima, chocando seu peito conta o meu e reivindicando minha boca para si, a sensação dos meus mamilos esmagados contra sua pele não podia ser melhor, estávamos quentes, quase febris.

Empurrei seu corpo de volta para a cama, vendo-o sentar e me entregar à embalagem do preservativo, eu gostava de saber que ele estava me deixando no controle, eu seria aquela a impor os limites, eu diria até onde poderíamos ir, mas do ponto em que estávamos eu já não podia mais ver a linha invisível que foi cruzada. Sorri para ele que retribuiu, fazendo um sinal de alerta chegar lá embaixo. Terminei de lhe vestir o preservativo, sentando em seu colo com uma perna de cada lado de seu quadril, encaixei seu membro em minha entrada, descendo lentamente até sentir que ele havia me preenchido por completo. Seu gemido se misturou ao meu e eu apenas me mantive parada por alguns segundos, sentindo minhas paredes o acolhendo.

̶  Deus, Emily. – ele suspirou e eu não contive um sorriso escapar.

̶  Você está blasfemando. – provoquei, roçando nossos lábios até que ele me puxou para um beijo. Afastei nossas bocas, me movimentando de vagar em cima dele, ondulando meu quadril só para sentir seu membro apertar meu osso púbico e fazer o prazer se intensificar. A sensação de ser preenchida por Shawn era indescritível, de alguma forma o meu corpo sabia como reagir a ele, cada toque despertava um pedacinho de mim que até então era desconhecido. Raspei minhas unhas em suas costas quando o senti morder meu pescoço, era tão bom que eu só queria que durasse mais e mais.

Enlacei minhas pernas ao redor de seu quadril quando senti ele nos girar, mudando nossa posição. Shawn beijou meu nariz antes de voltar a entrar e sair de dentro de mim, ele ficou de joelhos na cama puxando mais minhas pernas em torno de si, indo mais fundo enquanto segurava meus quadris. Um filete se suor escorreu por sua barriga e eu juro que nenhuma outra visão me pareceu tão erótica como essa, e isso me fez morder o lábio inferior. Ele voltou a se deitar sob mim, desprendendo meu lábio dos meus dentes e contornando o polegar por ele, Shawn me beijou com tanto carinho e devoção que eu senti meu coração saltar entre as costelas, e suspeito que mesmo ele tenha ouvido.

Senti minhas mãos serem erguidas até a altura da minha cabeça e nossos dedos se entrelaçaram num aperto forte, tombei minha cabeça para trás puxando todo o ar que me era oferecido, meus olhos espremidos na tentativa errônea de conter o prazer.

̶  Olha para mim, Emily. – a voz dele estava rouca, embriagada com seu próprio deleite. – Me deixe ver seus olhos enquanto chegamos lá. – puta merda, quando ele ficou tão bom com as palavras? Abri meus olhos apenas para encarar suas pupilas dilatadas me olhando, me chamando até ele apenas com o olhar. Me mantive presa ali, incapaz de desviar, deixando que ele visse toda a minha nudez, assim como eu podia ver a dele. Eu estava totalmente desarmada e entregue a Shawn. Meus gemidos eram dele, meus suspiros eram dele, meu corpo estava em suas mãos e ele o usava de um jeito tão bom para mim.

Estávamos envoltos em nossa própria atmosfera quando eu senti Shawn entrar e sair de mim mais uma vez fazendo as minhas costas arquearem e minhas paredes internas o apertar mais dentro de mim. Não contive o meu gemido alto, o sentindo arranhar na garganta enquanto o orgasmo me atingiu, me levando ao pico do prazer. Nessa hora eu agradeci por Shawn residir na cobertura, ou todos os seus vizinhos nos ouviriam. Mais uma estocada e eu senti meu corpo cair sob o meu, enquanto um gemido rouco lhe escapava os lábios. Eu o tinha posto lá e essa ideia fez um sorriso escorregar para fora de mim. Shawn tinha sua cabeça repousada no vão de meus seios, ainda se recuperando de seu próprio gozo. Envolvi meus dedos por seus cabelos, fazendo um carinho ali, apesar do suor, ele era macio.

̶  Emily... – ele gemeu baixinho. – Isso é bom. – soltei um riso pelo nariz com sua manha pós-sexo. Quando Shawn finalmente saiu de dentro de mim e se jogou ao meu lado, não pude deixar de sentir sua falta, meu corpo parecia ter se acostumado ao seu em tão pouco tempo que eu temia pensar em como seria de agora em diante. Observei ele se levantar e ir até o banheiro para jogar o preservativo fora, sua bunda branca era tão linda que eu senti uma súbita vontade de abandonar um tapa estalado ali só para ver meus dedos marcando a região. Cristo, quando eu me tornei tão pervertida?

Shawn voltou para a cama, se deitando de bruçose agarrando seu travesseiro, mantendo sua cabeça virada para mim, enquanto eume ocupava em raspar minhas unhas de leve por suas costas. Um sorriso preguiçosoescorregou por seus lábios e eu me vi fazendo o mesmo, as palavras pareciamtotalmente dispensáveis naquele momento, como se pudessem estragar tudo. Então apenas deixei que uma onda sonolentame invadisse.   





TARAAAAAAM!

Primeiramente, boa noite, mores.

Ai gente, eu demorei pra aturalizar, mas trouxe um capítulo grandão pra compensar e espero de coração que gostem, porque eu me esforcei bastante, hein. Me contem tudo e não me escondam nada, digam se gostaram ou não e não esqueçam de votar, hein. Aos sensíveis, fica aqui o meu sinto muito. É isto.

Beijo <3

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