P.O.V. Ana
3 anos atrás...
Não pode ser! Isto tem de estar errado! Só pode! Sinto os meus olhos a ficarem molhados.
Ana?! Já deu o resultado?-ouço a Kate perguntar do outro lado da porta mas não tenho forças para responder.-Ana?! Ana, está tudo bem aí dentro? Ana se não responderes vou entrar!-ela diz.-pronto, vou entrar!-e dito isto ela abre a porta e vê-me a chorar.-oh Ana, calma meu anjo, vai tudo correr bem! Eu vou estar sempre aqui.-ela diz e abraça-me.
A minha mãe vai matar-me Kate! Eu não estou preparada para ser mãe! O Ray vai ficar tão desiludido! Eu acabei agora a graduação! Eu só tenho 21 anos! Nem se quer sei quem é o pai!-digo e sinto mais lágrimas descerem pelas minhas bochechas.
Ana tem calma, estares assim não faz bem ao bebé! A tua mãe vai acabar por aceitar, tem calma. Não estás preparada, e depois? Ninguém nasce logo preparado para ser mãe ou para ser pai, vai-se aprendendo devagar. Se contares ao Ray tudo o que aconteceu ele vai compreender. Eu vou estar sempre aqui, vou ajudar-te sempre. E podemos sempre procurar pelo pai do teu bebé!-ela diz e sorri.-agora limpa essas lágrimas e anima-te! Não te deixes abater tão facilmente! E um bebé é sempre uma benção!-ela diz e sorri.
Obrigada Kate, eu adoro-te!-eu digo e abraço-a.
Eu também te adoro Ana! E espero que me convides para ser a madrinha do teu filho ou da tua filha!-ela diz num tom aterrador e rimos.
Nem me lembraria de outra pessoa!-digo e ela sorri.-ajudas-me a contar à minha mãe e ao Ray?-peço-lhe.
Mas é claro!-ela diz e sorri.-quando queres contar?-ela pergunta.
Não sei, mas hoje é melhor não! Amanhã é véspera de Natal e eu não quero que eles passem o Natal chateados comigo!-digo e encosto a cabeça no ombro dela.
E se lhes disseres amanhã? Na altura da troca dos presentes dizes-lhes.-a Kate diz.
Não sei Kate, talvez isso fosse arruinar a noite.-digo.
Olha tu é que sabes, mas quero que saibas que vou estar sempre ao teu lado!-ela diz e sorri.
Acho que lhes vou contar amanhã. Vou ver se ainda consigo marcar uma consulta para hoje à tarde ou amanhã de manhã!-digo.
Se quiseres posso ir contigo. Eu conheço uma clínica aqui perto que tem uma área de obstetrícia.-ela diz.
Vamos então.-digo e vamos até à clínica que ela conhece.
Já pensaste num nome para o bebé?!-ela pergunta enquanto caminhamos até à clínica. Como ela disse que era perto fomos a pé mesmo.
Credo Kate, ainda só descobri agora.-digo e rimos.
Ué, quero apenas saber o nome do meu afilhado ou da minha afilhada! Espera! E se forem gémeos!?-a Kate diz fazendo-me parar no meio do caminho.
Meu deus, não tinha pensado nessa probabilidade! Ia ser o dobro da responsabilidade!
Oh Ana, não fiques triste!-a Kate diz e abraça-me.-pensa assim, se forem gémeos vão ser o dobro das lembranças, das risadas, dos primeiros passos, da primeira palavra, o dobro do amor!-a Kate diz fazendo-me sorrir com essa possibilidade!
Obrigada Kate, não sei o que faria sem ti!-digo e abraço-a.
Nem precisas de descobrir! Vou estar sempre ao teu lado!-ela diz e eu sinto umas pequenas lágrimas descerem dos meus olhos.-parece que as hormonas já estão em alta, não achas!?-a Kate brinca e rimos.
Parece que sim!-digo e sorrio.-é melhor irmos andando ou ainda começo a chorar mais!-digo e ela ri.
Continuamos a caminhar até à clínica.
Assim que chegamos rapidamente somos atendidas, talvez por ser véspera da véspera de Natal, ou por estar apenas uma pessoa à nossa frente.
Entras comigo?-pergunto à Kate quando o meu nome é chamado.
Claro Ana!-ela diz e eu sorrio. Ela agarra na minha mão transmitindo-me força.
Bom dia miss Steele, eu sou o doutor Ryan Phelps.-um homem com uma bata de médico vestida caminha até mim e cumprimenta-me.-a menina está a acompanhar a miss Steele?-o doutor pergunta à Kate.
Bom dia doutor!-digo nervosa.
Bom dia doutor, sim estou a acompanhá-la. O meu nome é Katherine Kavanagh.-ela diz.
Podem sentar-se.-ele diz, apontando para as duas cadeiras em frente à sua secretária.- Primeira gravidez?-ele pergunta quando repara no meu nervosismo.
Sim.-digo e ele sorri amigavelmente.
E assim continua a consulta, com o doutor Ryan a fazer-me perguntas e a examinar-me. Como os testes de gravidez das farmácias não são 100% fiáveis, o doutor também quis fazer um exame à urina, para ter mesmo a certeza.
Dia seguinte...
Acordo mais cedo do que o costume para começar a preparar as coisas para o jantar, nomeadamente os doces, as sobremesas, os pratos, as arrumações. Assim aproveito e também tiro a cabeça durante um tempo do assunto do bebé.
Como a minha mãe já não é casada com o Ray não fazia muito sentido celebramos o natal em casa dela com o novo marido e o filho dele, mas sim em minha casa.
A minha mãe e a Kate vêm mais cedo para me ajudarem a arranjar as coisas, enquanto que o resto dos convidados só chegam mais no final da tarde.
E assim, entretida com os arranjas para a ceia de natal distraio-me e passo a maior parte da manhã e quando dou conta a Kate e a Minha mãe chegam para me ajudarem a acabar os preparativos.
Se calhar devias contar-lhe já, antes que chegue alguém.-a Kate diz baixo quando a minha mãe nos deixa sozinhas por uns instantes.
Achas? E se ela se for embora? Não achas que eu devia contar-lhe e ao Ray ao mesmo tempo?-pergunto ansiosa.
Sim acho, e ela não se vai embora. Ela não ia estragar esta noite. Mas se calhar tens razão, e deves contar aos dois juntos.-ela Diz e vejo que tem mais alguma coisa para me dizer.
Kate desembucha, o que é que tens para me dizer?- digo e ela olha para mim um pouco arrependida.
Bem já que falas nesse assunto, eu disse ao Ray para vir mais cedo que tu precisavas de falar com ele e com a tua mãe. Por isso ele deve estar quase a chegar!-ela diz e encolhe os ombros.
Kate eu não acredito! E se eu não lhes quisesse contar hoje? Eu ia ser obrigada a contar!-digo e antes que ela possa dizer alguma coisa ouço a minha mãe.
Obrigada a contar o quê? E a quem?-ela pergunta.
Nada mãe, esquece. Quer dizer, não é nada, eu tenho de te contar uma coisa, mas queria que o Ray estivesse presente, eu queria contar aos dois juntos.-digo e ela olha-me curiosa.
Ai queres contar aos dois? Olha ainda bem, porque pareceu-me que era ele que estava a estacionar lá fora.-ela diz e ouvimos a campainha tocar.-eu vou lá, enquanto tu preparas o que quer que tenhas para nos dizer.-ela diz e caminha até à porta.
Bem já não posso fugir, é melhor irmos para a sala.-digo para a Kate que concorda comigo e vamos para a sala. Sentamos-nos no sofá e ela dá-me a mão.
Aninhas, querida!-o Ray diz assim que chega à sala com a minha mãe. Levanto-me e abraço-o.
Ray!-digo enquanto o abraço.
Olá Kate!-ele cumprimenta a Kate.
Olá tio!-a Kate cumprimenta-o de volta. Voltamo-nos a sentar, e a minha mãe e o Ray sentam-se no sofá ao lado.
Então o que é que tens para nos contar?-a minha mãe diz.
Bem, vocês lembram-se daquela festa de fim de curso que eu não tinha muita vontade de ir mas acabei por ir? Aconteceu uma coisa nessa festa...-começo a contar-lhes o que aconteceu na festa.- e ontem eu fiz o teste e descobri que estou grávida.-acabo de lhes contar tudo e tanto a minha mãe como o Ray ficam em silêncio.-por favor digam alguma coisa.-digo com medo da reação deles. O Ray levanta-se e caminha até à janela, e fica a olhar lá para fora. Levanto-me e caminho até ele. -Ray desculpa, eu sei que devia ter tido mais cuidado e ser mais responsá...-começo a dizer mas antes que possa terminar ele vira-se e abraça-me. Como eu estava a precisar deste abraço.
Tu não tens que te desculpar de nada, a culpa não foi tua, nem penses em responsabilizar-te.-ele diz ainda a abraçar-me.
Tu não estás desiludido comigo? Nem chateado?-pergunto e olho para ele.
Claro que não, Ana tu és minha filha, eu vou amar-te independentemente do que aconteça. Eu não poderia ter mais orgulho em ti e na pessoa em que te tornaste. Quem te fez isso é que devia envergonhar-se.- ele diz fazendo com que algumas lágrimas se formem nos meus olhos.
Eu também te amo pai!-digo fazendo-o sorrir. Caminhamos para perto dos sofás.- e tu mãe? Diz alguma coisa.-digo abraçando o braço do Ray.
Eu concordo com o Ray, não há nada que possas fazer que me desiluda! E quero que saibas que qualquer que seja a tua decisão que eu e o Ray te apoiamos.-ela diz limpando algumas lágrimas que lhe desciam dos olhos. Ela levanta-se e abraça-me e ao Ray, damos um abraço de família. O Ray e a minha mãe já não estão juntos há algum tempo mas vão amar-se sempre, e vão sempre ser uma família.
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Olá maltinha, eu sei que não atualizo nada há cerca de dois anos, mas muitas coisas têm acontecido e eu sei que não é desculpa para vos ter "abandonado" mas meio que fiquei desmotivada para escrever, e durante algum tempo senti que perdi o interesse que eu tinha/tenho pela escrita, nada do que escrevia fazia sentido para mim, parecia que nada do que eu escrevia acendia aquela "paixão" que a escrita sempre me fez sentir.
Honestamente ainda não sinto de volta tudo o que antes sentia pela escrita e para mim falta algo neste capítulo, mas eu queria dar-vos um presentinho de natal (para quem celebra é claro) ao publicá-lo.
Espero sinceramente que gostem, que me desculpem pela demora e pela ausência, e que todos vocês estejam bem.
Beijinhos, bom natal e até ao próximo capítulo...❤️