Sim, isso não é um capitulo, é mais como uma parte bônus que resolvi colocar aqui. Serpente do Vazio surgiu de uma ideia que tive depois de assistir Blade Runner e ler o mangá de Blame. Claro a história surgiu com outro nome que seria O Homem de Silício.
Em Blade Runner O filme se passa em novembro de 2019 numa decadente e futurista cidade decaída com a poluição, o consumismo exacerbado e a consequente busca de novas formas de colonização em outros planetas, para a qual as pessoas são convidadas a aventurarem-se em face do colapso da civilização humana, tanto material quanto moralmente. O ex-policial Rick Deckard é detido pelo oficial Gaff que o leva até seu antigo supervisor, Bryant. Deckard, que trabalha como "Blade Runner" era de rastrear seres de bioengenharia, conhecidos como replicantes e "aposentá-los" que seria o mesmo que matá-los. É informado que quatro replicantes vieram à Terra ilegalmente. Todos foram criados pela Corporação Tyrell e são de um modelo chamado Nexus-6, eles possuem uma vida útil de apenas quatro anos e podem ter vindo à Terra para tentar prolongar suas vidas.
Podem notar que o termo Replicante veio a influenciar o termo Silicante presente na minha história, assim como a filosofia e complexidade que existem nesse filme.
Em Blame! um futuro no qual a humanidade já está quase completamente dizimada, e que tenta sobreviver como ratos, caçados por maquinas e confinados em uma megaestrutura vertiginosa, Killy, um misterioso homem, vaga pela megaestrutura repleta de corredores, escadarias e cavernas; atravessando verticalmente milhares de níveis em uma cidade que não para de crescer para todas as direções. O personagem passa seus dias lutando para sobreviver, enfrentando ciborgues assassinos e vidas de silício enquanto busca pelo gene terminal de rede, um código identificador capaz de devolver o controle da cidade autônoma para os humanos, predados pelos agentes da grande rede, "Netsphere".
Bem, a parte de pessoas de silício veio realmente de Blame! assim como a ideia de colocar alguém em uma busca por algo complexo e talvez inexistente. Com o tempo após eu jogar video-game, ler e assistir outras outras acabei criando Serpente do Vazio que da muita enfase em coisas similares a Tokyo Ghoul de forma proposital, mas que se desvia indo por outros caminhos em uma cenário sujo.
Agora sem mais delongas vou deixar o conto que deu origem a Serpente do Vazio — e olha que eu quase joguei fora esse rascunho, digo, conto.
O Homem de Silício
No ano de 2020, a humanidade se viu em uma crise que nunca imaginou. No centro da capital do estado de São Paulo, uma gigantesca e horrenda forma humanoide com seis braços e uma cabeça cheia de olhos de onde vertia um líquido similar a uma lama negra, surgiu.
A onda de caos fez o governo tomar medidas severas e cercar a área em quarentena. Uma reunião na ONU declarou a situação como calamidade global, pois se aquilo não fosse parado a lama que escorria dos olhos da monstruosidade continuaria até cobrir o mundo todo.
Semanas havia se passado desde o surgimento da criatura, ela não se mexia, não se pronunciava e não era afetada por nenhum tipo de armamento. Armas nucleares seriam usadas como última alternativa caso nada fosse efetivo para parar tamanha monstruosidade.
Se não bastasse esse problema algo novo havia surgido, o que foi listado como SSH — Síndrome da Silicatização Humana. Algo que estava mudando os seres humanos para seres de silício. Inicialmente surgiram no Brasil, mas com o passar do tempo o mundo inteiro se viu mergulhado em meio ao caos causado pela doença.
Pessoas infectadas se tornavam violentas e demonstravam em muitos casos estarem agindo de acordo com uma vontade maior que todos. Se nada fosse feito a humanidade estaria condenada à extinção e a nova raça teria o mundo para si.
Ren Gabriel havia encurralado o silicante que a dois anos fugia dele, seu melhor amigo e parceiro na força de contenção da ameaça de silício a FCAS.
A chuva caia como agulhas que pinicava sua pele. Sua camisa encharcada grudava em sua pele,a água tornava lisos os dedos que seguravam a arma apontada para Samael Salazar. Com a outra mão verificou se sua máscara de proteção estava bem colocada, atualmente não se podia sair de casa sem correr o risco de se contaminar. Os esporos que causavam a SSH estavam em todo lugar daquela cidade.
— Samael! — Gritou Ren em meio a chuva que não dava trégua. — Venha comigo, deixe que te levem ao cócito, uma cura está sendo pesquisada, você não precisa fazer o que essa vozes que você diz ouvir, mandam você fazer.
— Você não entende, Ren — disse Samael abrindo os braços, estava sem camisa, a pele cinzenta era banhada pela chuva. — Esse mundo está completamente errado e a culpa é dos humanos, não levaria muito tempo para que eles mesmo se extinguissem, mas as coisas aceleraram quando ele desejaram a aparição de Exitium. E é por culpa deles que o mundo será destruído.
Ren sabia que Samael era um dos poucos silicantes que ainda mantinha sua consciência, não era um criminoso e de fato não havia matado ninguém, mas sua ações faziam com que todos os esforços para conter a SSH fossem em vão. Não entendia o que ele buscava e nem o grupo chamado Despera, do qual fazia parte e seus vídeos e ataques circulavam na internet com muita força.
— Você deveria tirar a máscara — disse Samael, — assim você entenderia.
— Não venha com esse papo novamente. Se eu fizer isso serei infectado e vou deixar de ser eu mesmo.
— Você está errado, o que irá surgir é o verdadeiro você, aquele que se mantém escondido dos olhos do mundo. Então, quem será você realmente? Tem medo de descobrir?
Nada respondeu. Nunca havia escutado isso, nem sabia se era verdade, mas se fosse, então todas as pessoas que se tornavam violentas era porque no fundo delas aquilo era o que elas eram? Não, aquilo era impossível, por mais que pessoas escondessem quem elas realmente era não tinha como a maior parte delas serem desse jeito, monstros incontroláveis que cometiam atrocidade. Mas... as pessoas sempre foram capazes de coisas horrendas quando podiam fazer. Mordeu o lábio, não adiantava pensar nisso agora, ele tinha um trabalho a ser feito.
— Você era meu melhor amigo — disse Ren, — nós lutamos contra os silicantes.
— Eu ainda sou, mas agora eu compreendo a verdade — se aproximou de Ren que continuava apontando sua arma. — Eles escondem a verdade, ou acha que iriam nos contar tudo quando nós deram esse trabalho?
Hesitou, alguma coisa o perturbava. Samael agarrou a arma e os dois lutavam tentando ficar na posse dela, caíram no chão rolando, chutando e socando. Samael ficou em pé apontou a arma para Ren que estava caído no chão se apoiando em um dos joelhos.
— Eu não posso ser pego aqui — disse Samael, — tenho coisas a fazer e garantir um futuro que haja vida, tenho que fazer antes que a destruição desperte por completo — baixou a arma. — Tire a máscara e você entenderá, e quando isso acontecer, estarei do seu lado.
Um tiro ecoou e o corpo de Samael caiu no chão com o lado esquerdo da sua cabeça perfurada. Ren ficou em pé, sabia que silicantes não morreriam até ter a cabeça arrancada do corpo, o projétil disparado apenas o deixou paralisado cessando suas funções motoras. Ele ficaria assim até a bala ser removida.
Passos surgiram pisando nas poças d'água. Uma garota com os cabelos loiros e encharcados surgiu segurando um rifle de precisão. Limpou a frente transparente da máscara e ficou próxima a ele.
— Sinto muito por não ter esperado pelo sinal — disse ela, — mas não quis arriscar devido a situação em que você estava.
— Tudo bem — disse Ren olhando para seu melhor amigo caído no chão, sentiu vontade de fumar, mas a chuva e a máscara eram um incômodo. — Mikaela você chamou a equipe de recolhimento?
— Sim, eles estarão logo aqui — Mikaela olhou bem para ele. — Você está bem?
— Sim, não se preocupe comigo.
Foi até o corpo e se abaixou, vasculhou nos bolsos da calça e encontrou um smartphone, cartões negros e uma chave. Ligou o aparelho, a tela não estava bloqueada e o que ele viu quase o fez vomitar. A monstruosidade no centro de São Paulo, o corpo dela era feito de inúmeros corpos empilhados e todos possuíam expressão de desespero.
Fim.
Acho que no fim de Serpente do Vazio eu faça alo parecido comentando todas as coisas que me influenciaram para desenvolver a trama, os personagens, os poderes e os cenários na história. Agradeço a todos que estão curtindo esse livro, serio, vocês são demais por estarem lendo essa história que parece perca de tempo.
Agora fiquem com um gif do meu diretor criativo favorito, Yoko Taro. E até ano que vem, Feliz natal e ano novo — adiantado pq logo eu viajo — a todos os meus leitores fantasmas e ativos o/