Nícolas
Depois do que o Artur me disse,não consegui mais trabalhar. Eu tentei,juro que tentei mais minha mente só pensava numa maneira de surpreende-la,de trazê-la de volta. Eu gosto dessa Gisele calma,caseira,amiga,amante,mais sinto falta daquela mulher que me enfiava em furadas, sem saber se era certo ou não fazer aquilo. Tive uma primeira idéia, porque não tira-lá de seu hábitat atual,não natural ,e aí sim,levá-la a seu hábitat natural ,mais não ideal. É confuso ,eu sei,mais é o certo a se fazer nesse caso. Trazê-la a vida ,e tira-lá do conforto que se meteu. Fui atrás do seu Sidney,seria bom conversar com o homem que passou poucas e boas com ela,até que ela o compreendesse e vise versa. Deixei o gregos sobre o comando da Verônica,irmã do Artur, até que eu voltasse. E sai do gregos decidido a dar mais sentido a vida dela. O trajeto até a casa do Sidney foi tranquila,faltava três horas pro horário de pico da tarde. Bati na porta,e o Miguel a abriu. Avisou pro avô que eu estava lá, e logo o ouvi pedir que eu entrasse.
— O que faz por aqui?
— Indagou-me ,sentado em seu sofá mastigando pipocas,ao lado do neto que logo votou a se sentar ao lado dele. Puxou das mãos do vô,o saco de pipoca e focou seus olhos na televisão que reprisava uma série antiga.
—Vim te ver,e conversar um pouco.
— Lhe disse e ele assentiu. Levantou-se do sofá e me chamou,indo em direção a cozinha. O segui. O Miguel não se importou de ficar sozinho na sala. — O senhor está bem? — Puxei uma cadeira da mesa da cozinha para me sentar.
— Aceita um suco? — Ofereceu-me,eu assenti.
—Eu ,bom...— Emendou em uma resposta lenta,que era nítido pra mim que ele matutava com rapidez o que iria me dizer. — Aquele pequeno me ajudou a não me deixar afundar das tristezas. — Sorriu, ao olhar pro neto,que agora já estava todo largado no sofá de três lugares,sujando tudo a sua volta de pipoca.
— Ele é um bom menino. — Constatei.
— Então, veio conversar sobre o que? — Indagou-me,ao se sentar a minha frente me entregando um copo de vidro cheio de suco de laranja.
— Sobre a Gi. — Ele assentiu.
—Ele deve tá sofrendo muito.
— Constatou. — Ela se entrega,e tem que ter paciência até que ela mesma queira se levantar pra vida.
— Eu queria ajudar ela a se levantar. —Confessei. — Deve haver um jeito de adiantar isso. — Comentei.
— Sempre há. — Tomei um gole do suco. — A Gisele só precisa que alguém lhe mostre o caminho,que ela mesma segue o restante dele sozinha. Ela só precisa de um gatilho do "eu" dela antigo. — Eu sorri.
— O Senhor tem razão. — Sorri agradecido.
Saí da casa do Sidney depois de fazê-lo rir um pouco. Jogamos conversa fora por mais algumas horas,e o Miguel veio ficar conosco na cozinha. Ele se animou para fazer um café fresco e eu pedi ao Miguel para ir comprar pão ,ele foi e quando voltou tomou café da tarde conosco. No caminho devolta pra casa,liguei pro Artur contei da ideia que eu tive,ele curtiu a proposta. Ficou de fazer a parte dele, que eu ia começar a fazer a minha. Fui pra casa,arrumei uma mala com minhas roupas e outra com roupas da Gi. Eu orava pra que ela não notasse o sumiço de suas coisas. Dei tchau pro Félix e entrei no carro. Dei partida e segui feliz da vida em direção a casa de praia dos Sarkozys que ficava algumas horas de distância.
Gisele
Caramba,pensei comigo ao entrar naquele lugar que fazia década que eu não entrava. Estava tudo mudado. A decoração estava mais sofisticada,o dono era outro. Os seguranças outros, e o espaço ficou mais amplo,mais o palco ai estava lá, reformado,mais no mesmo lugar
— Gostou? — Sussurrou o Artur,ao notar o sorriso estampado no meu rosto.
— Muito. Eu vinha aqui direto.
— Contei e ele assentiu.
— Venha,reservei uma mesa pra gente. — O segui e nos sentamos,nos três. O Artur, o Davi e eu. Uma música começou a tocar,eu conhecia. Era a minha preferida.
— Não acredito! — Murmurei feliz, assim que começou a tocar. — Os dois riram.
— Me dar a honra da dança?
— Sugeriu-me o Artur,e eu aceitei. Seguimos para a pista de dança improvisada,só havia nós dois. Me balancei animada,me esvaziando de tudo e só focando nessa noite na menina perdida dentro de mim. O Davi nos olhava de longe,rindo,tomando um gole de uma bebida que o garçom havia acabado de deixar sobre a mesa.
Dancei até meus pés começarem a doer,cantei alto quase todas as músicas que tocavam. Os olhares atentos dos homens a nossa volta ficavam direcionados a mim,a menina mulher que se mexia num vestido curto e sedutor. Dançava como se não houvesse amanhã e olha que ela mal havia ingerido bebida alcoólica.
— Obrigado.— Gritei abrindo meus braços e rindo,feliz por está me sentindo viva,por dentro e por fora.
— Não nos agradeça! — Disse o Artur,focando seus olhos numa jovem que estava sentada sozinha do outro lado do salão.
— Vai lá. — Sugeri,e ele sorriu. — O Davi me faz companhia. — O Davi assentiu, o Artur beijou meu rosto e seguiu em direção a moça. Me aproximei da mesa onde estávamos sentados , e me sentei em seu lugar e puxei a garrafinha da mesa e a tomei num gole só, bebida amarga,mais revigorante. Gosto de passado que agora não parece ter sido tão distante.
— Bebe com calma! — Pediu-me o Davi eu ri.
— E você? — O observei. — Vai beber só isso,uma limonada? — Ele assentiu.
— Sou seu responsável menina. — Eu ri alto.
— Não tenho cinco anos. — Ele bufou.
— Você entendeu. — E tomou um gole da sua bebida de mocinha.
— Davi, bebe bebida de macho pelo menos uma vez na vida. — Murmurei.—E o forcei a tomar um gole da minha.
— Não, Gi. Não posso beber. Eu tenho que te levar pra casa. —Justificou e eu bufei.
— Um nerd,sempre nerd.
— Murmurei. Tomei outro gole da bebida.
— Boa noite!
— Cumprimentou-me,um rapaz muito apessoado. Cabelos escuros,jogados pro lado. Olhões verdes,peito a mostra na camisa aberta, calça apertada por pouco dava pra ver o volume no meio das pernas. O avaliei ,sem malícia mais ele sorriu maldoso. — Posso me sentar? — O Davi negou ,mais eu assenti. Ele sentou-se ao meu lado. Passou os braços por trás da minha cadeira e sorriu. Sorriso bonito,lábios carnudos, barba feita.
— Gisele... — Me olhou o Davi,assustado. — Já estamos de saída. — Esperou eu afirmar, mais eu não disse nada. Ele bufou e chamou o garçom.
— Gisele...— Sorriu o moço, cheio de más intenções. — Nome bonito.
— Tomei outro gole da minha cerveja. — Me chamo Derick.
— Sussurrou no meu ouvido. — Eu queria te conhecer melhor,num lugar mais reservado. — O Davi cuspiu a limonada sem querer, no rosto do infeliz.
— Foi mau. — Tentou desculpar-se,o rapaz trancou a cara.
— Você acabou de me fazer perder a minha camisa preferida.
— Esbravejou irritado,levantando da cadeira e bufando de raiva pra cima do pobre coitado.
— Sempre nerd. — Eu ri e o Davi ficou trêmulo.
— Eu já pedi desculpas. — Constatou o Davi e o moço riu.
— Grande merda,seu babaca.
— Esbravejou. Eu me coloquei de pé, e virei o líquido do copo de suco do Davi que restava ,no resto do tecido limpo da camisa dela.
— Satisfeito,agora sim está estragada. — Ironizei e o rapaz grunhiu de raiva pra cima de mim.
— Sua vadia! — Gritou,já levantando a mão pra cima de mim.
— Vadia é o escambal,seu otário. Ninguém ofende meu amigo a não ser eu. — Gritei na mesma altura que ele.
— O que tá acontecendo aqui? — Se aproximou o Artur,com a boca toda manchada de batom vermelho eu ri ,quando vi e ele não entendeu nada.
— Limpa essa boca ,por favor.—Pedi, emendando num riso frouxo,e o Davi lhe esticou um guardanapo. Ele pegou e passou por sua boca tirando o batom que havia em si e o transferindo para o papel.
— Alguém pode me explicar o que tá acontecendo aqui? — Pediu novamente,irritado olhando pro desalmado que pensou que iria me bater.
— Esse babaca nos ofendeu,o Davi e eu. Ele não é um otário? — O Artur assentiu.
— Gente,por favor sem brigas.
— Implorou o Davi.
— Mais quem tá brigando aqui,é esse infeliz que deve tá com a mente pertubada pela falta de ar,que aperta os troços que ele tem dentro da calça. — Eu ri,ri alto,mais muito alto. O rapaz socou a cara do Artur e ele retrucou e os dois foram impedidos pelos seguranças e colocados para fora do estabelecimento e nós os seguimos após o Davi pagar a conta.