Capítulo 22 - Marina ,esse era o seu nome

441 52 13
                                    





Nícolas





Eu respirava fundo e me sentia um pouco incomodado em está naquele lugar.  Estávamos no meio do cemitério, rodeados de lápides pelo chão e eu sentia arrepios  ao olhar para aquelas placas de concreto , ao    imaginar uma mão puxando meu pé. Era neurose, eu sei. Mais era inevitável não  cogitar essa idéia  sem pé  e nem cabeça. 

—  Nícolas,você  está  bem? — Indagou-me o Erick. — Você  está pálido,quer que eu te traga uma água?—  Ofereceu-se.

— Eu só  não  me sinto confortável  de está  pisando em um monte de cadáveres. —  Ele assentiu e saiu de perto de mim. Eu me apressei para chegar na Gisele que estava ao lado do caixão  de sua mãe. Estavam em peso seus amigos da corporação. Seu Sidney estava abatido, abraçado  por minha filha. O Miguel estava com as mãos apoiadas sobre os ombros da minha mulher. A Fernanda, ao lado do pai, triste e o Erick tomou seu lugar ao lado da esposa.  Chamamos um amigo, da corporação. Seu sidney ficou mais aliviado por vê-lo dizendo palavras tão  lindas sobre ela. Uma oração começou. Logo  a Helena e seu marido se aproximaram de nós.  Foi bom vê-los, os cumprimentei com um aceno simples e a Gi me abraçou assim que me viu ao seu lado. Ela estava abatida,se segurando para não  chorar.  O caixão era bem bonito. Era num tom de vermelho aveludado. Custou caro. Seu Sidney não  mediu esforços  para lhe dar mais esse agrado, em sua despedida. O Símbolo  do corpo dos bombeiros estava bem acima do caixão  fechado. O senhor de pele escura,cabelos brancos e voz tranquila cantou uma música que eu não  havia ouvido até  então.  Era bonita e transmitia uma mensagem boa. Ouvimos  todos quietos, com nossas batalhas internas,rodeados de tristeza e destruidos por essa perda repentina. A minha sogra, a mulher que gerou a mulher que amo. Eu me sentia com o coração  apertado por vê-la sofrer. A música  acabou. A Gi se desesperou ao perceber que o momento crucial estava próximo.  A apertei em meus braços  e me esqueci que o medo tomava conta de mim e a reconfortei.  Algumas palavras foram ditas. Ali eu vi o homem forte, que quase me quebrou  no meio ,se quebrar. Caindo de joelhos e deixando suas lágrimas  e sua dor evaporar. Ele chorava como uma criança,o Erick o abraçou  e o levantou. A Gisele, foi tomada pelo mesmo sentimento de  angústia. Ela desabou assim que desceram o caixão.  Eu a segurei.

— Gi, você  ainda quer fazer isso? — Murmurou seu primo,o Henrique , com os olhos vermelhos e a cara inchada. Ela assentiu e ele esticou uma de suas mãos  para ela.  O Miguel se encostou em mim. Triste, vi que ele chorava e o abracei de lado. A Gi se aproximava do caixão novamente , e o Henrique pediu a atenção de todos. Olhamos para eles,e o Henrique começou  a falar.

—  Minha tia.— Olhou para o caixão  com os olhos cheios de lágrimas. — Fui criado por ela,pra quem não  me conhece. Sou seu sobrinho. O menino que aprendeu os valores da vida com ela. Que ganhou o primeiro  caminhão  das mãos  dela. Que aprendeu  a ser respeitoso  com uma mulher,por influência  dela. Se eu consegui ser um oficial da Marinha, foi por causa dos conselhos dela. Sou grato por tudo que ela fez por mim, e pelo carinho que sempre deu a mim. Não  sou filho do seu sangue, mais os tenho em minha veia. E por isso,gostaríamos  de lhe fazer essa última  homenagem.

— Por ela. —  Emendou a minha loura. — Não  fui a melhor das filhas, mais sei do tamanho do amor que ela tinha por mim. —  Emocionou-se e logo eu senti uma lágrima  rolar em meu rosto. —  A fiz passar noites em claro,mais finalmente aprendi a retribuir todo o amor que  ela dedicava a mim e espero que eu seja tão  sábia  e tão  amorosa quanto ela foi. —  A Ana ,esposa do Henrique a entregou algumas rosas, para ela e para seu marido. —  Essas flores são  pra ela, junto de um poema que ela tanto amava. O Henrique assentiu para ela. E a Gi começou  a recita-lo. Enquanto o Henrique jogava as rosas em cima do caixão. A Gi fez o mesmo, com as que estavam em suas mãos.  — Não  sou o sol, mais sou aquela que brilha ao nascer do dia. Não  sou a Lua,mais sou aquela que relux  no céu.  Não  sou o mar,mais sou uma onda cheia de conquista. Sou aquela que derrama amor , pelos caminhos da vida. Sou aquela que entre as lágrimas das tristezas, floresce a alegria por entre os espinhos das ruínas.  A vida é  um espetáculo que a gente esconde a tristeza no momento que as cortinas se abrem. Enche o mundo de brilho e assim que as luzes apagam, consiste  em lutar pelos dias em que o sorriso se torne verdade. Esse foi um dos primeiros poemas que ela me ensinou a amar.
—  Eles se abraçaram, a Gi chorava aos prantos e um aplauso  tomou conta do lugar. 

— Marina ,esse era o seu nome.
—  Emendou o Henrique abraçado  a Gi. — Que a tristeza passe,e deixe pelo caminho vasto que iremos pecorrer, alegrias pelos dias que tivemos ao seu lado.  E que reste depois disso, apenas o sentimento  chamado saudade.
—  Disse por fim.

— Adeus! — Sussurrei emocionado,me despedindo. Agradecido,por ter deixado a Gi ,seu pedacinho no mundo pra mim.
— Obrigado.  — Sussurrei e logo a  Gi correu pros meus braços  e eu a apertei contra meu corpo deixando-me derramar as lágrimas  sufocadas dentro do meu peito.

Meu pedacinho tão esperado✔Donde viven las historias. Descúbrelo ahora