Ela caminhou a passos lentos no meio da calçada molhada pela chuva de verão adiantada que balançava seus cabelos longos e gelava seus dedos franzinos para combinar com o restante do seu corpo magro que servia de cabide àquele vestido florido bonito colorido que sempre parecia estar em discordância com a poluída cidade grande ao seu redor cuja tela acinzentada enchia de desesperança os moradores apressados robóticos e engessados demonstrando constante impaciência em saírem de seus casulos sociais similares a prisões irredutíveis no meio dos bosques encantados de seus sonhos infantis onde podiam ser quem quisessem ser não importando a cor ou a crença que os rodeava assim como não importava ser homem ou mulher apenas prezando a divergência entre ideias e ideais em uma linda unidade evolutiva que transbordava opiniões de valor heroico sem a preocupação das responsabilidades adultas sombrearem seus desejos inocentes a meia-noite quando as cortinas eram abertas e o canto dos pássaros cessavam deixando a harmonia das brincadeiras em grupo morrerem no meio dos prédios gigantescos daquela selva de pedra que insistia em engolir os bons e desafiar os maus sufocando os gritos de reprovação dos gênios que viam-se capturados pelo temor dos estereótipos sufocantes mostrando que tudo o que não fazemos uns com os outros é aceitar e abraçar enquanto ao longe mas ao mesmo tempo no mesmo cubículo de caos ela bebericava sua xícara de café admirando a paisagem além das lentes embaçadas de seus óculos sentindo o nó em sua garganta desfazer-se devagar gerando uma vontade irrefreável de poder usar vírgulas em sua vida colocar pontos finais nas orações e organizar as frases das muitas linhas que compunham seus dias atordoados eliminando aquele emaranhado de devaneios enlouquecedores que a faziam ficar resfolegante mesmo sabendo que dali por diante ela estaria livre para enfim falar confortar verbalizar, respirar, respirar, respirar...
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