Perseguindo Estrelas

Por Lay_Freire

60.7K 9.4K 23.5K

Harry e Isabella eram amigos inseparáveis desde crianças, dividiam a mesma barraca no quintal à noite para ad... Más

INFORMAÇÕES
BOOKTRAILER
EPÍGRAFE
DEDICATÓRIA
PRÓLOGO
CAPÍTULO UM
CAPÍTULO DOIS
CAPÍTULO TRÊS
CAPÍTULO QUATRO
CAPÍTULO CINCO
CAPÍTULO SEIS
CAPÍTULO SETE
CAPÍTULO OITO
CAPÍTULO NOVE
CAPÍTULO DEZ
CAPÍTULO DOZE
CAPÍTULO TREZE
CAPÍTULO QUATORZE
CAPÍTULO QUINZE
CAPÍTULO DEZESSEIS
CAPÍTULO DEZESSETE
CAPÍTULO DEZOITO
CAPÍTULO DEZENOVE
CAPÍTULO VINTE
CAPÍTULO VINTE E UM
CAPÍTULO VINTE E DOIS
CAPÍTULO VINTE E TRÊS
CAPÍTULO VINTE E QUATRO
CAPÍTULO VINTE E CINCO
CAPÍTULO VINTE E SEIS
CAPÍTULO VINTE E SETE
CAPÍTULO VINTE E OITO
CAPÍTULO VINTE E NOVE
CAPÍTULO TRINTA
CAPÍTULO TRINTA E UM
CAPÍTULO TRINTA E DOIS
CAPÍTULO TRINTA E TRÊS
CAPÍTULO TRINTA E QUATRO
CAPÍTULO TRINTA E CINCO
CAPÍTULO TRINTA E SEIS
CAPÍTULO TRINTA E SETE
CAPÍTULO TRINTA E OITO
CAPÍTULO TRINTA E NOVE
CAPÍTULO QUARENTA
PERSEGUINDO ESTRELAS
EVOLUÇÃO DAS CAPAS
AGRADECIMENTO+SEGUNDO LIVRO

CAPÍTULO ONZE

1.3K 208 529
Por Lay_Freire


Na semana que se seguiu tudo tinha voltado ao normal — bem, o meu antigo normal.

Meu pai continuava fazendo cópias dentro de um cubículo e fazendo telefonemas na empresa onde trabalha. Já minha mãe terminou de decorar a cozinha, agora é tudo muito rústico e marrom; ela também conseguiu a vaga de guia turística no centro histórico de Waterloo.

Quando eu era criança eu queria ser como ela quando crescesse, sempre que podia entrava no quarto dos meus pais escondida e brincava de ser "gente grande", eu usava os vestidos dela e calçava suas sandálias para depois sair desfilando pela casa. Então eu cresci, e acabei me tornando meio que uma mistura dos dois; sou quase da altura do meu pai, talvez apenas uma cabeça mais baixa, já os olhos claros herdei da minha mãe. Até o meu pé é idêntico ao do meu pai, lógico que é na versão feminina e menor. Mamãe sempre brinca dizendo que posso usar meu pai como espelho quando prendo meu cabelo, na verdade eu lembro muito meu pai quando ele tinha essa idade. Só não sei se isso é uma coisa boa.

Antes mesmo de botar o pé na cozinha meu queixo caiu. Lá estava minha mãe toda produzida colada no fogão, e meu pai estava sentado à mesa segurando uma caneca verde, os primeiros botões da camisa abertos e a gravata jogada de qualquer jeito por cima dos ombros, nada pronto para fazer hora extra.

— Ferve, ferve panelinha. Pra fazer minha comidinha. — Ela cantarolava baixinho.

— Bom dia a todos. — Digo depositando um beijo na bochecha da minha mãe. Papai murmurou um Bom dia, distraído. — Que música é essa mãe? — Perguntei.

— É a fome querida. — Ela disse. — A falta de comida já subiu para o meu cérebro. O que eu posso fazer?

Peguei um pedaço de manga cortadinha numa tigela colorida em cima do balcão e mastiguei, saboreando o doce gosto das proteínas, enquanto mamãe desligava o fogão.

— Não vai se atrasar para ir a aula de teatro hoje, Isabella? — Meu pai perguntou. Ele estava derramando o resto do café que ele deixou na caneca dentro da pia.

— Não vou hoje. Digo, a Sra. Benson precisou ir a Guelph esta manhã. — Acrescento rapidamente após perceber o olhar que ele me lançou. — É coisa de família, não sei bem os detalhes.

— Zach, arrume essa gravata — mamãe mandou. — Já vamos sair. Vou comprar algo para comer no caminho. Vai ficar bem sozinha, querida?

— Vou, não se preocupem. — Respondi. — Eu sei me cuidar.

Mamãe passou a mão pelo meu cabelo e beijou minha testa.

— Tudo bem. — Ela disse. Embora pelo seu tom de voz, desconfio que ela não estava tão a vontade com a ideia. Desde que nasci mamãe se dedica única e exclusivamente a mim, agora meu pai e eu conseguimos convencê-la a arrumar um emprego. — Já sabe as regras. Não é permitido...

— Abrir a porta para desconhecidos. Se a eletricidade acabar, tem velas dentro do armário e se a vela queimar até o final e a casa pegar fogo eu tenho que pegar meu celular e dar o fora. — Completei. Essa era a décima quinta vez que ela me fazia repetir desde ontem à noite.

— Exatamente, querida. — Ela sorriu satisfeita.

— Vou esperar no carro. — Disse meu pai, depois ele beijou meu cabelo. — Tenho a absoluta certeza que meu dia vai ser um martírio.

E saiu.

Martírio. Essa é a palavra do dia do meu pai. É estranho essa obsessão que ele tem por dicionários, chega a ser quase doentio. Ele, todas as manhãs abre o dicionário e escolhe uma palavra a esmo para usar durante o dia inteiro. Ontem foi Estrodontico, amanhã, só Deus sabe.

— Se cuida, Izza.

— Pode deixar, mãe.

Eu tenho oito horas de tempo livre sem a supervisão de um adulto para fazer o que eu quiser. Mando uma mensagem dizendo: "Eu ainda estou viva, amo você", para minha mãe. Ela me fez prometer que mandaria uma mensagem para ela a cada uma hora, espero alguns minutos, mas ela não responde.

Subo para o meu quarto. Depois que arrumo todos os meus livros por ordem alfabética em cima da estante, ligo para Kim.

Ela atende no terceiro toque.

— Alô? — Ela diz. Depois uma pausa. — É importante, Izza?

— Se estava ocupada por que me atendeu?

— É que eu pensei... Leide Brietta. — É a cachorrinha da raça Shitzu que o pai de Kim a deu no Natal passado. — Amor, foque na câmera. Ela existe.

Troco o celular de orelha e me apoio nas portas do meu armário.

— O que tá fazendo, Kim? — Perguntei.

— Tirando fotos. — Ela disse. Ouvi o barulho de algo caindo no chão. Kim murmurou algo mas não consegui entender, talvez fosse um palavrão. — Tenho que tirar umas fotos bem legais da Leide Brietta. Podem sequestrar minha bebê, sabia? Por isso eu tenho que me prevenir com uma foto bonita, para estampar nas caixas de leite.

Eu ri.

— Ela passa aqui 10, 20 vezes e não arruma nem a mesa. — Escuto a mãe de Kim falando do outro lado da linha. — Ela sabe que tem gente que morre de trabalhar e não move um dedo pra ajudar. Kim larga desse cachorro e vem lavar a louça!

— Tenho que desligar, Izza. — Ela disse. Escuto alguém tocar a campainha e Kim e eu já desconfiávamos sobre quem seria. — Vai lá, descobre quem é o boy e me conta tudinho amanhã. Quero detalhes. Beijinhos.

E desligou.

Nunca percebi que o percurso que eu fazia do meu quarto até a porta de entrada todos os dias fosse tão longo. O envelope estava lá de baixo do capacho que dizia: SEJA BEM VINDO. Metade dele estava a mostra. Peguei o envelope negro e o envolvi com minhas mãos, acolhendo-o junto a meu corpo. Olho para todos os lados, mais foi em vão. Meu admirador misterioso já havia sumido.

★★★

Minhas conversas com Harry tinham se limitado apenas aos nossos breves momentos durante as aulas de teatro.

No domingo percebi que ficar inventando momentos que nunca irão acontecer, não me levaria a lugar algum, principalmente quando eu fazia isso durante as aulas da Sra. Benson.

Também percebi que nossos pensamentos se parecem com pequenas janelas abertas em um grande salão e que se você olhar para fora por cada uma delas verá a mesma paisagem só que por ângulos diferentes. E então você decide qual das janelas te agrada mais, e prefere acreditar que somente aquela janela é a certa pra você, somente aquela janela mostra a paisagem perfeita. Eu escolhi a janela que me mostrou algo impossível de se ver e me ferrei.

Jogos Teatrais era nossa terceira aula do curso, no quadro de avisos tinham grudado uma folha que dizia: O corpo é o instrumento do ator. Use-o. Eu já conseguia memorizar alguns nomes entre os alunos e infelizmente, ou felizmente... não sei, a Sra. Benson colocou Harry  para fazer dupla comigo.

Harry estava com a mão à poucos centímetros do meu rosto e eu fazia o mesmo com ele, mantendo a mesma distância, nossos movimentos eram lentos. No início só refleti as expressões faciais bem exageradas que ele fazia, incluindo suas caretas.

Eu me lembrei de quando tinha dez anos e Harry atravessava o quintal todas as manhãs para tomar café da manhã na minha casa e depois minha mãe levava a gente para a escola. Nós ficávamos conversando sobre o ultimo episódio de Os Jetsons que assistíamos antes de ir dormir e ele esquecia de adoçar o suco de laranja. Harry fazia uma careta hilária logo depois de dar o primeiro gole.

Me concentrar em encarar Harry olho no olho fez meu coração bater mais forte e minhas mãos gelarem. Com a visão periférica vi Harry esticar o braço esquerdo e fechar a mão em seguida, fiz o mesmo, tudo direitinho e no tempo certo. Harry repetiu o mesmo movimento que fizemos no começo, sua mão próxima ao meu rosto. Na minha cabeça aquilo significava que Harry quisesse tocar meu rosto numa carícia silenciosa.

Os impulsos de alegria invadiram minha mente e nesse ritmo ela começou a trabalhar. Imaginei mil cenas de como seria bom se ele me tocasse, e então Harry deixa o braço cair do lado do corpo e o encanto se quebra. Eu já devia saber que tudo não passava de fantasias da minha cabeça que nem histórias de filme. É fato, e isso já devia ter sido considerado lei da vida. Garotos como ele tem que ficar com meninas sensuais e não com magricelas, tipo eu.

Querendo ou não a amizade é a única maneira de estar próxima de Harry e eu vou ter que aprender a lidar com isso.

★★★

— Posso usar seu laptop? — Kim perguntou.

— Pode sim. — Respondi.

Chegamos a poucos minutos na minha casa eu ainda estava travando uma batalha com a fechadura da porta que recusava a abrir.

— Valeu. — Ela guardou smartphone dentro da bolsa e fechou a porta do Besouro. — Jesus, mais lenta do que a minha internet 3g só minha vida amorosa, mesmo. Já experimentou dar um chute nessa porta?

Ignorei ela. E finalmente consegui destravar a maldita fechadura.

— Izza, é você filha? — Mamãe gritou da cozinha.

— Pode subir pro meu quarto. — Digo para Kim. Jogo minha bolsa no sofá e vou para a cozinha. — Já chego lá. Oi, mãe. Quem achou que tivesse entrado?

— Não sei. Um ladrão, talvez.

— Por quê?

— Nunca se sabe, querida. Ele poderia ter te encontrado no meio do caminho e roubado sua cópia da chaves.

Eu ri.

Ajudo mamãe a guarda à louça. É bom ocupar minhas mãos com algo, já que na maioria das vezes não sei o que fazer com elas. E pegar os pratos e xícaras é uma boa opção, e perigoso também. Meu pai me faria pagar por cada utensílio quebrado, eu acho.

— Olha, Izza. Eu preparei sanduíches de queijo pra vocês duas. Eu vou até o hospital agora e...

Deixo o prato onde estava, na pia.

— O que houve?

— Seu pai se machucou.

Tapo a boca com as mãos.

— Não foi nada, querida. Não se preocupe. Zach só feriu um dedo com a faca de cortar carne. Ele se distraiu tentando fazer o almoço. Vê se isso pode? — Ela olhou para o relógio na parede em cima da geladeira. — Bem, eu vou lá ver como ele está se saindo. Não vou demorar.

Quando mamãe fechou a porta da frente, corri para o meu quarto. Kim já estava sentada na minha cama digitando algo no laptop e rodeada de folhas soltas do seu caderninho inseparável. Me jogo na cama ao lado dela.

— Trouxe sanduíche de queijo. Tá servida? — Ofereço.

— Não. Estou meio ocupada aqui.

— Legal. Sobra mais pra mim.

Retiro meu MP3 da bolsa e coloco os fones de ouvido. Estou exausta mas, é mais psicológico. A mudança de rotina, essas aulas de teatro, Harry e sua namorada FPB (sigla para Feia, Perversa, e Besta. Foi Kim quem inventou. E acho que caiu muito bem em Alice), me deixaram em cacos. No meio disso tudo de uma coisa eu tenho certeza. Minha vida toda se resumia em um castelo de cartas e ter me apaixonado pelo meu melhor amigo de infância, era como se eu puxasse uma dessas cartas e todas as outras caíssem diante dos meus olhos.

— BINGO! — Kim soltou de repente.

Deixo os fones caírem.

— O que foi?

Obrigada por terem lido
Espero que tenham gostado!

Ah, e não se esqueçam de comentar, adoraria saber o que acharam do capítulo.

Beijinhos de gliter meus amores 😘😘

Seguir leyendo

También te gustarán

2.2M 184K 111
Os irmãos Lambertt estão a procura de uma mulher que possa suprir o fetiche em comum entre eles. Anna esta no lugar errado na hora errada, e assim qu...
503K 29.1K 47
Anastasia Steele, jovem de 18 anos. Acaba de perder os pais em um acidente de carro e passa a morar com sua madrinha Gail Jones na casa do magnata, C...
1.8K 92 22
Emilly Scott, uma bailarina que sonha em se apresentar na Broadway se muda para New York com o propósito de se dedicar ao seu sonho, ela entra em uma...
6.1K 1K 13
Talvez haviam cansado da rotineira realidade. Ou talvez, apenas quisessem uma novidade. A verdade era que, Luca, um rapaz com uma tendência a ser irr...