Outra vez e de novo. #1 (VERS...

By Heulwen_Clarke

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"Às vezes só descobrimos que amamos alguém quando já é tarde demais." Nicolas e Micaela foram prometidos um a... More

Capítulo 1
Capítulo 2
Capítulo 3
Capítulo 4
Capítulo 5
Capítulo 6
Capítulo 7
Capítulo 8
Capítulo 9
Capítulo 10
Capítulo 12
Capítulo 13
Capítulo 14
Capítulo 15
Capítulo 16
Capítulo 17
Capítulo 18
Capítulo 19
Capítulo 20
Capítulo 21
Capítulo 22
Capítulo 23
Capítulo 24
Capítulo 25
Capítulo 26
Capítulo 27
Capítulo 28
Capítulo 29
Capítulo 30
Capítulo 31
Capítulo 32
Capítulo 33
Capítulo 34
Capítulo 35
Capítulo 36
Capítulo 37
Capítulo 38
Capítulo 39
Capítulo 40
Capítulo 41
Capítulo 42
Capítulo 43
Capítulo 44
Capítulo 45
Capítulo 46
Capítulo 47 (FIM)
Epílogo (parte 1)
Epílogo (parte 2)
Sinopse
Atualizações
Matando Saudades. A Corrida.
Voltei para atormentar!
Primeiro capítulos
Concursos, selos e capas (atualizado)
Livro Disponível na Amazon!

Capítulo 11

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By Heulwen_Clarke

Dois dias depois Micaela estava sentada no sofá tentando descansar depois de um dia inteiro de trabalho, quando a campainha tocou. Ao abrir a porta se deparou com Nicolas vestido da maneira mais casual possível, e duvidava que ele estivesse gostando de usar aquelas camisa jeans por cima da camiseta branca.

Ele não esperou que ela dissesse alguma coisa, simplesmente enfiou a mão no bolso da calça e de lá tirou o colar de ônix que ela havia perdido. Micaela prendeu a respiração e se controlou para não se jogar em cima dela e abraça-lo. Ninguém poderia saber o quanto aquele colar significava para ela. Mas ao invés de fazer isso, ela simplesmente ficou parada encarando-o, nem sequer pegou o colar.

-- Não vai pegar? – Perguntou ele.

-- Eu só espero que não esteja tentando me comprar. Não sou como aqueles imundos.

Nicolas suspirou, abaixou a cabeça e depois voltou a encara-la.

-- Não estou tentando te comprar, eu só.... Será que podemos conversar direito dessa vez? Pode ser aqui fora mesmo.

Ela fechou a porta atrás de si e se sentou nos degraus da escada de madeira da varanda, e Nicolas fez o mesmo. Logo ele começou:

-- Primeiro eu quero reforçar que não estou aqui para compra-la e que reconheço o quanto fui um cretino. Eu não espero que entenda agora o que passei e ainda passo, mas.... Quero te pedir perdão. Sei que nem se passasse um milhão de anos repetindo que me perdoasse apagaria o que eu fiz. Fui egoísta e tolo. Pensei somente na minha situação e não no que você pensava e sentia. Não quero que passe por isso novamente como aconteceu há cinco anos. Não que se sinta uma moeda de troca....

Apesar de ele pensar que não, Micaela o entendia. Agora com a cabeça fria, pensara melhor e refletira que fora uma das maiores vítimas de tudo o que aconteceu, não tinha culpa do seu pai ter cedido, da sujeira dos parlamentares e estava em tamanho desespero que sequer raciocinava direito. Além da pressão de aguentar tudo sozinho. Ainda assim, havia algo que a incomodava.

-- Me perdoa.... – Repetia ele – Não irá dizer nada?

Micaela deu de ombros e respondeu:

-- Já disse tudo o que tinha para dizer. Só ainda me incomoda você carregar isso sozinho. Por que nunca contou nada a ninguém? Por que só eu sei disso?

-- Porque sinto necessidade de dizer tudo a você! Não consigo esconder, não consigo mentir para você, Micaela. Eu não sei que influência você tem sobre mim, mas simplesmente preciso te contar tudo.... Eu não poderia contar para minha mãe, ela já se preocupa demais com a saúde do meu pai e com meu irmão que é apenas uma criança. Meu pai eu nem preciso dizer.... E o Marcos.... Eu ficaria extremamente envergonhado de contar o covarde que fui. Ele pode ter me criado, mas não sei se consigo contar isso a ele. É como um segundo pai para mim, e se ele soubesse.... – Ele apoiou os braços na perna e colocou a cabeça entre a mãos.

-- Não foi culpa sua! Você não começou isso. – Disse Micaela colocando a mão em seu ombro.

-- Mas fui omisso! – Disse ele levantando a cabeça e a encarando – Eu só tenho você. E sabe como é difícil para mim admitir isso. Sou orgulhoso, cabeça dura!

-- Eu sei. E eu estou aqui!

Eles se encararam por um momento que parecia ter durado uma eternidade. Quebrando o silêncio Nicolas ergueu o colar novamente e disse:

-- Acho que perdeu isso.

Dessa vez Micaela pegou-o rapidamente e o passou pelo pescoço.

-- Como o encontrou?

-- Fui ao beco no mesmo dia em que notou o sumiço dele e o encontrei no chão.

-- Você voltou lá? Apenas pelo colar?

-- Eu imaginava o quanto significava para você. E que outro jamais substituiria.... Então resolvi arriscar e acabei dando sorte.

Ela não conseguiu se conter e acabou saltando em cima de Nicolas e lhe dando um beijo de gratidão. Ele conseguia entende-la quando ninguém mais conseguia. Mesmo com todos os anos passados, ele continuava o único a conseguir fazer isso. Mesmo que a maior parte do tempo ele a atormentasse.

Micaela se afastou um pouco constrangida pela impulsividade, mas logo ele a tranquilizou com aquele sorriso de menino travesso.

-- Posso te perguntar uma coisa? - Disse Micaela.

-- Claro!

-- Você tem ascendência italiana, não é?

-- Sim, as primeiras pessoas a pisarem nas terras de Vienere, ou seja a primeira familia real, eram italianos. Minha bisavó também era. Foi passar as férias em Vienere e acabou casada com o rei.

Micaela riu balançando a cabeça e respondeu:

-- Que incrível história de amor!

-- Por quê está perguntando isso?

-- Tem conversado com alguém em italiano?

-- Bom, tenho alguns primos distantes na Itália, mas não tenho muito contato. A única pessoa com quem eu conversava era minha Nona. Ela exigia que eu falasse assim com ela. "Nicolas, não perca suas raízes", Ela dizia. Agora só não sei porquê ela falava isso, sendo que Vienere nem italiano fala. Mas não me respondeu, o porquê da pergunta.

-- É que.... Bom.... Quando você estava com febre, você falou algumas palavras em italiano. Eu não entendi bem o que disse.

-- Eu falei em italiano?

-- Sim.

-- O que eu disse?

-- Algo como..... Non lasciarmi. Sabe o que quer dizer?

Nicolas suspirou e fechou os olhos. Quando voltou a abri-los, respondeu um pouco envergonhado:

-- Não me deixe.

Micaela riu do embaraço dele e para deixá-lo mais confortável, respondeu com sinceridade:

-- Eu não vou deixar! - Logo depois acrescentou - Por que não entramos e tomamos um café? Tenho certeza que Chiara está passando um fresquinho.

-- Eu topo.

Eles entraram e logo Micaela gritou:

-- Chiara, coloca mais uma xícara na mesa. Temos visita.

Dez minutos depois estavam todos tomando um café. A mesa ficava na cozinha moderna da casa de Chiara, um balcão dividia o cômodo em duas partes, e o lugar era todo revestido de azulejo. A mesa de madeira envernizada apesar de parecer pequena, abrigava seis cadeiras.
Nicolas se sentara ao lado de Micaela e vez ou outra lhe lançava um olhar de admiração.

Estavam em uma conversa animada quando Amália avistou algo no chão e perguntou para essa coisa:

-- O que está fazendo aqui? – ela se abaixou e pegou o quer que fosse aquilo, depois se levantou e completou – Já viu meu lagarto, Nicolas?

Tudo aconteceu de maneira tão rápida que Micaela não teve nem tempo de avisar Amália. Nicolas que estava olhando para Micaela, ao voltar o olhar para o que Amália estava mostrando se assustou tanto que jogou o corpo para trás. A cadeira não suportando o peso que aquele corpo de 1,90 m deveria ter, também cedeu e foi para trás jogando-o de costas no chão.

O barulho foi tão grande que poderiam jurar que ele havia quebrado algo. Felizmente apenas a cadeira não sobreviveu a queda.

-- Nicolas, você está bem? – Perguntou Micaela se ajoelhando ao seu lado para socorre-lo.

-- Não acredito que tem essa coisa dentro de casa! – Respondeu ele olhando para Amália.

-- Ele não é uma coisa, é um réptil! – Disse a menina ofendida.

-- Estou bem, Micaela. Obrigado.

Nicolas se levantou e bateu nas calças para tirar a sujeira inexistente dali.

-- Réptil, anfíbio ou o raio que seja, isso não deve estar em casa! – Continuou, irritado – Onde fica o banheiro?

Micaela indicou onde ficava e se sentou novamente enquanto Nicolas saía da sala e as outras ficavam pasmas sem entender o porquê de sua irritação.

-- O Nicolas não gosta muito de lagartos. – Explicou Micaela – Ele vai alegar que são bichos horrendos, mas eu creio que isso seja mais medo do que aversão. Embora ele nunca admita.

-- Medo? O que um lagarto pode fazer? – Perguntou Marida Eduarda.

-- Eu acho que isso é devido ao trauma que ele teve.

-- Que tipo de trauma? – Inquiriu Chiara.

-- Foi uma vez quando ele foi para um colégio interno.

-- Não consigo imaginar o Nicolas em um.

-- Mas ele foi, Amália. Não vou dizer a situação, mas foi uma época que ele estava bem revoltado. Nicolas sempre foi muito orgulhoso e sempre teve tudo à mão. Então quando chegou no colégio achou que poderia ser a mesma coisa. Mas não foi bem assim. Os meninos não iriam aceitar alguém mandando neles, e por mais que todos fossem filhos de pais ricos Nicolas foi rejeitado entre eles. Ele poderia até ser o herdeiro do país, mas não estava na sua casa e não mandaria em ninguém.

-- Que ridículo isso! – Bradou Maria.

-- Também achei. Os meninos faziam de tudo para humilha-lo. Zombavam, xingavam, faziam brincadeiras de mal gosto e ele até apareceu com um braço machucado certa vez. E foi numa dessas que ele acordou com um lagarto dentro das suas calças.

-- Está explicado o porquê ele odeia lagartos.

-- Sim. E quando se cansava.... Me escrevia contando tudo.... Ou me ligava. Ele não tinha amigos, então eu era a única que podia escuta-lo. Só foram aceita-lo no último ano no colégio, mas já era tarde. Ele já adquirira essa personalidade que tem hoje. Não aceita ninguém pisando nele ou questionando seus pedidos. É autoritário demais. Jurou nunca mais aceitar humilhação alguma. Ainda assim, não conseguiu superar sua gagueira quando fica nervoso.

-- Como assim? – Perguntou Chiara.

-- Por conta de tudo o que passou, Nicolas não consegue encarar um público. Sempre que fica nervoso ele começa a gaguejar e não fala direito. Por isso quase nunca está atendendo pessoas. Ou dando entrevistas.

-- Mas nunca vi ele gaguejar quando fica bravo.

-- Não é nervoso nesse sentido, Amália. É no sentido de.... Exposto, com vergonha, medo.... Geralmente quando está bravo ele só grita mesmo.

-- Quem grita? – Perguntou Nicolas que acabara de entrar.

-- Ninguém! – Disfarçou Micaela – Tive uma ideia. Por que não damos uma volta? Sair sempre faz bem.

-- Tem razão! – Apoiou Chiara – Fiquei sabendo que há um parque de diversões temporário na cidade. Acho que deveriam ir lá.

-- Por mim tudo bem. – Concordou Nicolas que na verdade só queria ficar sozinho com Micaela.

Poucos minutos depois eles estavam andando pelo meio das barracas do parque que era enorme, vários brinquedos se espalhavam pelo lugar e muitas pessoas circulavam por ali, tudo era muito iluminado, colorido e um cheiro de cachorro quente pairavam no ar.

Pararam em uma barraca de tiro ao alvo e Micaela até tentou acertar algo, mas não teve sucesso algum. Porém, Nicolas acertara duas vezes e a deixara escolher o prêmio. Isso resultou em Micaela carregando um urso gigante e marrom em meio as pessoas.

Eles conversavam em riam distraidamente quando Nicolas percebeu que ela não o acompanhava mais. Olhou para trás e a viu parada, com os olhos vidrados em alguma coisa mais a frente dele e uma expressão aterrorizada no rosto. Ele voltou para perto dela e perguntou:

-- Micaela, está tudo bem?

Ela, porém, não respondia, apenas continuava imóvel.

-- O que aconteceu? – Insistiu ele.

Acompanhou o olhar dela para ver o que a estava deixando tão aterrorizada. Quando avistou o que era Nicolas começou a rir e não podia acreditar naquilo.

-- Um palhaço? Sério que você está com medo de um palhaço?

Quando voltou seu olhar para ela Micaela já havia desaparecido dali. Olhou ao redor, mas nem sinal da garota. Começou a procurar pelo meio das pessoas, fez o caminho contrário, entrou em outros corredores, passou pelo meio das barracas, chamou, mas ela simplesmente havia sumido. Um leve desesperou começou a se formar no peito de Nicolas, estava tão nervoso procurando Micaela que nem repara que já havia se passado meia hora.

Passou a mão pelos cabelos e pegou o celular. Quem sabe se ele ligasse ela talvez poderia atender. Mas não, ela não atendeu o telefone, por mais vezes que ele tentasse a ligação sempre iria parar na caixa postal.

Estava quase pedindo ajuda para os seguranças, quando ao passar por um beco apertado ele avistou o urso que ela estava, jogado no chão. Olhou mais atentamente e a encontrou encurralada no canto mais escuro. Ela abraçava os joelhos e tremia, os olhos ainda vidrados e cheios de água. Ali ela não parecia uma mulher de vinte anos, mas sim uma menininha de apenas cinco. Estava assustada e sozinha, e Nicolas não entendeu o porquê disso. Micaela nunca gostara de palhaços, isso era um fato, mas também nunca demonstrara um pavor tão grande assim. Alguma coisa havia acontecido, e ela não havia lhe contado.

-- Micaela? – Perguntou ele se aproximando, e quando ela se encolheu mais, completou – Calma, sou eu, o Nicolas. Por que não sai daí?

Ela apenas balançou a cabeça.

-- Vem comigo, não tem ninguém aqui fora.... Me dê sua mão.

Micaela ainda continuava em choque.

-- Olhe para mim. – Pediu Nicolas com a mão estendida – Apenas para mim, esqueça de tudo. Não pense em nada mais, apenas olhe para mim.

Foi então que ela voltou o olhar para ele, ainda tinha medo de sair dali, mas alguma coisa nele a atraia. Sabia que estaria segura se estivesse perto dele. Então estendeu a mão e quando Nicolas a puxou ela se agarrou a ele como se fosse sua última proteção. Fechou os olhos e os apertou bem, a fim de fingir que aquele momento duraria para sempre. Por sua vez, Nicolas a apertava forte dando uma demonstração de segurança para ela.

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