Capítulo 23

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O outro dia chegou sem nenhuma grande novidade, o fim de semana estava próximo e Micaela estava animada. Saindo da faculdade não encontrou Nicolas no mesmo lugar de sempre, apenas Marcos assustado a procura do patrão. Outros dois homens enormes e de ternos pretos também estavam ali e ela sequer os tinha visto antes.

-- Onde está Nicolas? - Perguntou ela – E quem são esses?

-- Eu não sei, senhorita. Ele saiu para conversar com um rapaz e não voltou, dispensou até os seguranças! – Respondeu Marcos apontando para os dois desconhecidos.

Nicolas não havia trazido seguranças com ele, então ela logo raciocinou que eles haviam sido enviados pelos pais dele, por qual motivo ela não sabia. Então se lembrou do que Marcos disse.... Nicolas havia ido conversar com um rapaz.

-- Que rapaz?

-- Um alto de cabelos castanhos, meio mal-encarado.

Ela empalideceu, sabia exatamente de quem Marcos estava falando. Alex. E pela sua experiência, ele não era de boa índole, era capaz de tudo.

-- Vamos fazer o seguinte, você e os seguranças procuram na direita e eu procuro na esquerda, se o encontrar aviso vocês.

-- Tudo bem.

Eles se separaram e começaram as buscas ao redor da faculdade, Micaela chamava pelo nome de Nicolas vez ou outra e olhava em cada canto que podia. Andou um pouco para longe da faculdade e encontrou um pequeno conjuntode casas. Entrou em um beco pequeno, escuro e malcheiroso, algumas janelas de um prédio ficavam viradaspara ele. Escutou alguns sons abafados, sua intuição dizia que coisa boa não era, mas sua curiosidade e preocupação falaram mais alto. Andou mais um pouco e em outra entrada no beco se deparou com a cena que mais a chocou por tamanha covardia.

Dois rapazes altos seguravam Nicolas pelos braços enquanto Alex o acertava com os punhos furiosos. Imobilizado Nicolas não podia fazer muito para se defender a não ser tentar se soltar.

-- Mas que bando de covardes! - Gritou ela chamando a atenção dos quatro.

-- O que está fazendo aqui? - Perguntou um deles.

-- O que acha? Procurando pelo meu noivo que vocês estão espancando. Então soltem ele agora ou vamos resolver de outra forma.

-- E o que vai fazer? - Respondeu Alex se aproximando - Vai nos bater?

-- Não. Mas existem dois seguranças furiosos com o sumiço do patrão deles, e garanto que não vão gostar nada de verem isso.

-- Saia daqui agora! - Ameaçou Alex novamente - Ou vai sobrar para você também.

-- Não se atreva a encostar nela. - Gritou Nicolas tentando se soltar e levando um murro na boca do estômago.

Quando Alex deu as costas para Micaela a fim de desprezá-la, ela grudou em seus cabelos e o puxou para baixo com toda a força, gritando:

-- Solta ele!

Imediatamente o homem se virou e agarrou seu pulso e em um reflexo ela acertou a sua virilha. Os outros dois que seguravam Nicolas o soltaram e correram para ajudar o companheiro, então ela pegou uma barra de ferro que estava no chão e acertou o braço de cada um deles.

"Se não quebrou, pelo menos fez um grande estrago" pensou consigo mesma.

-- Saiam daqui. Antes que eu acerte vocês na cabeça! - Disse.

Logo atrás deles estava Nicolas de pé novamente e com uma expressão assustadora de ódio.

A contragosto eles deixaram o local, menos Alex que ainda se recusava a ir embora e se recuperava do golpe. Aproveitando o momento Micaela acertou-lhe de novo, e quando o rapaz se curvou ela ainda acertou outras três vezes até finalizar com um soco no rosto.

-- Isso foi por mim. Isso foi por ser cretino. Isso foi por Nicolas, e isso.... Foi por todo o resto.

Se voltou para o noivo que estava um pouco curvado pela dor dos golpes, seu nariz e sua boca sangravam e o olho tinha tomado uma cor arroxeada.

-- Você está bem? - Perguntou ela para logo em seguida acrescentar - Claro que não, não é? Que pergunta idiota a minha!

Ele deu um riso meio torto e se contorceu colocando as mãos nas costelas.

-- Você feriu minha masculinidade me defendendo - Respondeu - Mas eu estou bem. Nunca fiquei tão feliz de ter aparecido.

Ela passou a mão dele por cima de seus ombros e tentou conduzi-lo de volta para onde o carro estava estacionado, no entanto os joelhos de Nicolas falharam e não conseguindo sustentar o peso dele, Micaela foi ao chão juntamente.

-- Não vou conseguir te carregar. Vou ligar para o Marcos.

Rapidamente ela ligou e logo ele e os seguranças chegaram.

Ao vê-lo a reação deles foi a mesma.... Espanto. Se culparam imediatamente pelo que tinha acontecido.

-- Temos que leva-lo para o hospital. - Disse ela.

-- Não, para o hospital não. - Discordou ele recebendo ajuda e se levantando.

-- Olha só para você! Está todo machucado, como não quer ir para o hospital?

-- Isso vai causar muito estardalhaço.... É só chamar o médico.

E assim foi feito, voltaram para o hotel e chamaram o médico para examiná-lo, o que não demorou muito visto que ele não havia quebrado nada, possuía apenas escoriações e logo depois de fazer alguns curativos o médico receitou gelo para diminuir o inchaço do olho esquerdo.

-- Como eles puderam fazer isso? - Perguntou Micaela se sentando ao lado de Nicolas que estava deitado na cama.

-- Eu fui idiota, não deveria ter ido conversar com Alex. Deveria saber que ele não tinha boas intenções. - Respondeu ele com a bolsa de gelo sobre o olho.

-- Ele queria se vingar daquele dia que bateu nele.

-- Mas eu estava te defendendo. Ele fez isso por puro ódio. Além disso, foi covarde bastante para chamar mais pessoas. Eu me senti humilhado apanhando daquele jeito.

-- Não tinha como você se defender, Nicolas.

Ela acariciou o rosto machucado dele e depositou um beijo delicado, completando:

-- Agora vai ficar tudo bem.

-- Obrigado.

-- Pelo quê?

-- Você.... Me salvou! Sabe como é estranho dizer isso?

Ela riu e respondeu:

-- O cavalheirismo não está morto, meu amigo. A diferença é que agora é a vez das mulheres serem as heroínas. Então.... De nada, príncipe em apuros.

Eles riram e ficaram abraçados pelo resto da tarde. Micaela havia pedido dispensa do serviço aquele dia e, portanto, pode aproveitar mais o tempo com Nicolas. Queria perguntar o motivo dos seguranças terem vindo, mas analisando bemos últimos acontecimentos, toda a exposição da vida dos dois, Micaela chegara àconclusão de que fora isso que fizera os pais de Nicolas mandarem osseguranças, duvidava muito que mesmo em Vienere eles não soubessem o que estavaacontecendo com o filho deles. Além disso, as mortes que aconteceram no parlamento devem tê-los assustado, e ela não os culpava por isso, também estava preocupada. Por mais que quisesse acreditar que tudo o que estava acontecendo fosse apenas coincidência, não poderia deixar de pensar que era estranho. 

Um pouco mais tarde com certa relutância Micaela o deixou dormindo e foi para casa.

Outra vez e de novo. #1 (VERSÃO REVISADA DISPONÍVEL NA AMAZON)Onde as histórias ganham vida. Descobre agora