Capítulo 29

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"Atenção! As cenas a seguir podem partir seu coração. Não me matem! (risos) Ótima leitura, pessoal!"

"Diga algo, estou desistindo de você
Me desculpe por não conseguir te ter
Em qualquer lugar, eu teria te seguido
Diga algo, eu estou desistindo de você

E eu vou engolir meu orgulho
Você é a única, que eu amo
E eu estou dizendo adeus"

Say Something - (Feat. Christina Aguilera) A Great Big World

No dia seguinte ele não apareceu em nenhum momento, e Micaela até estranhou essa atitude, mas resolveu relevar. Talvez tivesse algo para resolver. Assim ela foi para casa na esperança de que ele fosse vê-la ou ao menos ligar para dizer o que havia acontecido.

A campainha tocou e ela foi correndo atender, sentia tanta alegria que poderia correr daquele jeito a vida toda. Ao abrir a porta ele apareceu no batente, Micaela lhe lançou um sorriso enorme, mas o rosto de Nicolas revelava outra emoção. Parecia perturbado, aflito, triste e.... Distante. Os olhos estavam um pouco inchados e vermelhos, os cabelos um pouco desgrenhados e a gravata frouxa. Estava com uma aparência tão exausta que aquilo a assustou.

Aos poucos o sorriso dela foi desvanecendo e a preocupação começou a tomar conta.

-- Algum problema? – Ela perguntou ainda segurando a porta.

-- Precisamos conversar. – Respondeu ele sério.

-- Claro! Entre, vou pedir o escritório emprestado.

Poucos minutos depois eles estavam trancados no escritório, um de frente ao outro. Ele apesar dos quase dois metros parecia tão diminuto em sua agonia, e aquilo a afligia.

-- Aconteceu alguma coisa? – Perguntou.

-- Preciso voltar. – Respondeu ele direto – Não posso mais ficar aqui. Minha mãe me ligou ontem e disse que meu pai.... Ele.... Piorou, e os médicos disseram que ele não aguentará mais tempo e que não.... Não há nada mais a fazer.

-- Eu sinto muito. – Sussurrou se aproximando.

Ele estendeu a mão em frente do corpo para detê-la e parecia buscar fôlego para terminar de falar.

-- Não, não se aproxime. Eu.... Eu não quero perder meu pai. – As lágrimas presas nos olhos embargavam sua voz – Mas.... Mas se ele partir, sou eu quem assume.... Se caso eu me casar, claro! Você.... Você já sabe da história, mas.... e-e-eu não posso obrigá-la a isso! N-n-n-não posso!

-- Nicolas...

-- Por favor, me deixa terminar! S-seria egoísmo meu, te obrigar a voltar comigo, v-v-você ficaria com raiva e-e-e eu não poderia viver com isso. Aprendi.... Aprendi muita coisa com você, e isso já vale muito.... E-eles não aceitariam s-somente o noivado. T-têm pressa.... E v-você,tem suas r-responsabilidades aqui.... 

-- Do que está falando?

-- Considere nosso compromisso desfeito! Está livre! – Falou de uma vez para evitar gaguejar.

Ela arregalou os olhos e se afastou um pouco tentando encontrar equilíbrio nos móveis para não cair. Tinham passado por tanta coisa! Brigado tanto, e quando tudo estava bem, quando tudo havia se acertado ele desfaz o noivado de cinco anos, um dia depois do segundo pedido! Não era justo!

-- Nicolas, eu....

-- Por favor, Micaela – Ele fechou os olhos e depois os abriu novamente, as mãos ao lado do corpo fechadas – Não torne isso mais difícil do que já está sendo. A-a-acha mesmo que eu queria f-f-fazer isso? Não duvide, p-p-por favor, não duvide um segundo de q-que a amo e-e que é exatamente por esse m-motivo que estou f-f-fazendo isso. Você construiu uma vida inteira aqui, n-n-não posso tirá-la agora....

-- Mas como você vai....?

-- Eu vou enfrentar as consequências. N-não vou morrer por causa disso.... P-pode ficar com o anel, para se lembrar.

-- Não preciso dele para me lembrar.

Ele se aproximou, envolveu a cintura dela com as mãos e com os olhos fechados deu um beijo demorado em sua testa. Ela, por sua vez, também fechou os olhos e deixou as lágrimas correrem silenciosas pelo rosto.

Nicolas abaixou a cabeça e deixou a testa colada à dela, subindo as mãos até o rosto de Micaela estar entre elas.

-- S-sabe que pode contar comigo s-sempre que precisar. – Disse – S-sabe onde estarei.

-- Por que...? – Choramingou ela.

-- Eu s-sinto muito.... Acho pouco provável que eu volte aqui, então.... Adeus!

Com muito custo ele se afastou dela, virou as costas e começou a sair da sala, parou no batente da porta e por cima do ombro disse:

-- Vou embora amanhã de manhã, se precisar de algo.... Sabe onde me encontrar.

Depois saiu deixando-a atônita, olhando para o nada e sem saber o que fazer ou pensar. Aquilo não poderia estar acontecendo. Parecia um daqueles pesadelos em que tudo estava bem e de repente o mundo começava a desabar. Nada mais fazia sentido. Por que a vida permitia que ela tivesse tudo, que tudo desse certo para depois tirar?

Desesperada ela correu para fora do escritório para tentar deter Nicolas, mas ao chegar à porta de entrada já era tarde, ele já entrar no carro e já partira.

Micaela desabou ali mesmo no chão e nem ao menos notou que Chiara estava na sala, só percebeu sua presença quando esta a abraçou forte lhe oferecendo novamente o ombro e o consolo materno.

Outra vez e de novo. #1 (VERSÃO REVISADA DISPONÍVEL NA AMAZON)Onde as histórias ganham vida. Descobre agora