Fallin' All in You

By KahMonteiro

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Emily Clark sempre acreditou no tempo exato das coisas, como quando você consegue chegar a tempo no ponto de... More

No princípio era uma proposta.
Não tome decisões no calor do álcool
A garota da porta vermelha.
Pedaço de coragem num papel.
O roubo do guarda chuva.
Talvez sejamos como Alpacas.
Fogos de artifício, Danny Zuko e Polaroides.
Porque não existe ninguém como Emily.
Elefante branco na sala de estar.
Shawn tem um presente.
Rotina solitária de um compositor.
Canção de hotel.
Moletom, galochas e uma playlist especial.
Terapia de banheira.
Alta dose de dopamina.
Café com sabor de laranja.
Dilemas de um irmão mais velho.
Um café, discos velhos e despedidas.
Terapia do plástico bolha.
O monstrinho verde do ciúmes.
Fritei sua cuca, então você cozinhou meu coração.
A epifania de Emily Clark.
Tempo, tempo, tempo, tempo.
O vôo do passarinho.
Para onde vão os corações partidos?

A ressaca, a aceitação e o esbarrão.

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By KahMonteiro

"Se alguma coisa pode dar errado, dará. E mais, dará errado da pior maneira, no pior momento e de modo que cause o maior dano possível." Murphy disse isso, e ele não poderia estar mais certo. As coisas tendem a acontecer nos momentos mais inoportunos e comigo não era diferente, isso porque eu atraia confusão como se existisse uma força magnética em mim para tal.

̶  Pelo amor de Deus, alguém desliga essa britadeira. – pedi puxando o travesseiro para tapar minha cabeça na tentativa de fazer o barulho diminuir.

̶  Não é uma britadeira, querida, é o seu celular. – Mike estava sentado aos pés da minha cama com uma caneca numa mão e o aparelho na outra. – E pelo identificador receio que você esteja ferrada.

Levantei a cabeça apenas para encarar sua cara de deboche enquanto me mostrava de quem se tratava.

̶  Droga. – puxei o aparelho de sua mão me sentando para atender, o movimento fazendo o meu quarto girar. – Alô?

"Confesso que não estava esperando por uma resposta sua tão rápido, mas digamos que foi uma surpresa agradável."

̶  Lisa? – eu estava me sentindo enjoada e totalmente confusa. – An, eu... Obrigada?

"Aproveite sua chance, Emily." – dito isto ela desligou sem esperar outra resposta, encarei Mike que parecia prender o riso.

̶  Você não se lembra mesmo, não é? – neguei aceitando a caneca que estava em sua mão, era chá de camomila adoçado com mel, o meu predileto. – Você meio que mandou uma mensagem para Lisa dizendo que ia arrancar a mascara do Shawn Mendes.

̶  O QUE? – quase cuspi o liquido na cara do meu amigo, foi por bem pouco. – Não brinca comigo, Michael.

̶  Eu não estou brincando, você o viu flertando e, graças ao álcool, começou a falar que todos os homens eram iguais e que ia mostrar ao mundo que Shawn Mendes não era diferente de todos os outros homens.

̶  Oh meu Deus, eu não fiz isso. – bati na minha testa me arrependendo do gesto assim que senti a pontada de dor intensificar.

̶  E não para por aí; eu e Adam tentamos te arrastar para casa, mas você apenas se negou a isto, o ponto alto da noite foi quando ele veio falar com você e você o chamou de idiota e se levantou para ir buscar outra bebida, mas você levou um belo tombo antes mesmo de chegar ao bar. – como eu podia não me lembrar desse fato constrangedor? Eu queria me enfiar num buraco negro e sumir no espaço, enquanto Mike ria recordando-se do meu gorila. Respirei fundo sentindo a náusea crescer no meu âmago, a boca salivando e meu peito subir e descer num ritmo mais acelerado.

̶  Eu vou vomitar. – entreguei a caneca para o meu amigo antes de sair correndo em direção ao banheiro. Por muito pouco eu não alcanço a privada, mas assim que me ajoelhei ali, tudo o que existia no meu organismo foi posto para fora, seguidas sessões de engulho até sentir um par de mãos segurar meu cabelo e alisar minhas costas. Quando senti que não tinha mais nada para vomitar, apertei a descarga me sentando ao lado da privada com as costas na parede de azulejo cor de rosa.

̶  Como se sente? – Mike me entregou uma garrafinha de água.

̶  Exausta, de ressaca e muito ferrada. – o encarei com minha melhor cara de derrota. – Corna arrependida, esse será o titulo da minha autobiografia. – ri pelo nariz sentindo minha cabeça pesar.

̶  Veja pelo lado bom, você é uma corna arrependida inteligente, até escreverá um artigo. – não consegui segurar a risada com as palavras dele.

̶  É sério idiota, o que eu vou fazer agora? Como eu vou desmascará-lo? – fiz aspas com os dedos – É o Shawn, meu amigo da infância, cantor famoso com zilhões de garotas que vão querer comer meu fígado no jantar se descobrirem tudo isso, Mike eu não quero ser perseguida por adolescentes malvadas.

̶  Você é tão dramática, Emily, não sei porquê não tentou carreira de atriz. – o encarei carrancuda. – Ok, desculpa eu sei que você está nervosa, mas a desgraça já foi feita e agora não tem como voltar atrás.

̶  Eu posso me demitir. – não era a minha melhor ideia, mas eu não tinha nada melhor em mente.

̶  Sim, você pode. E a Lisa dará um jeito de você não conseguir trabalho nem mesmo na banca de jornal da esquina, você sabe o quanto ela pode ser rancorosa e vingativa. – na verdade eu não sabia, era muito pouco o que a mulher que eu chamava de chefe deixava transparecer, mas eu não iria pagar para ver.

̶  Você tem razão. – suspirei me levantando. – De qualquer forma, deixarei para ver isso depois do natal, agora preciso ver o que levar para a casa da vovó.

̶  Verdade, como ela está?

̶  Está maravilhosa, perguntou de você e se finalmente esse ano teria não só o milagre de me ter para o natal, mas você e Adam também. – a verdade era que desde que entrei para a T' Secrets não voltei para passar o natal em casa, esse seria o primeiro ano que teria minha merecida folga e iria comer o assado da vovó.

̶  Falarei com Adam e fico de te dar a resposta. De qualquer forma, o clima não anda dos melhores na casa dos pais dele. – assenti com a cabeça me levantando daquele chão frio e indo escovar os dentes. Mike estava escorado na porta me olhando engraçado enquanto eu terminava minha higiene bucal. – Esqueci de te dizer, você vomitou nas roupas caras do Shawn.

̶  Ah não, eu já posso cavar um buraco e me enterrar? – ele segurou em meus ombros me empurrando para fora do banheiro enquanto ria.

̶  É, foi bem constrangedor.

̶  Valeu Mike, ajudou bastante. – ergui os polegares para ninguém em específico. – Aliás, onde está Adam?

̶  Foi para casa já que eu me dispus a cuidar da corna arrependida, palavras suas não minhas. Você deveria me amar para o resto da sua vida, Emily Clark, eu deixei de aproveitar meu marido lindo para estar aqui cuidando de você.

̶  E quem disse que eu não vou te amar para o resto da minha vida? Você será o pai do meu bebê, lembra?

̶  Claro que eu lembro. – sorriu me abraçando. Desde que nos tornamos amigos nós tínhamos um acordo de que se um dia eu quisesse ser mãe e não encontrasse o cara ideal, ele seria meu doador, claro que estava totalmente fora dos meus planos ter um bebê agora e tudo não passava de uma grande brincadeira.

O dia estava preguiçosamente frio e eu agradeci por não precisar trabalhar no sábado, era constrangedor demais ter que por essa minha cara de ressaca na revista. Contentei-me em passar o dia me alimentando de porcarias e usufruindo da minha linda netflix, Mike parecia decidido a isso também já que não falou nada sobre precisar ir embora. Eu estava enchendo um copo com suco quando o idiota apareceu gritando na cozinha, me assustando.

̶  Emily do céu, você não vai acreditar!

̶  Quer me matar do coração, idiota? – espalmei a mão no peito respirando pesado.

̶  Desculpa, mas eu acho que você vai querer ver isso. – me entregou o celular.

"Shawn Mendes e Hailey Baldwin: novo casal a vista?"

Esse era o clickbait do site que na capa tinha o Shawn com uma garota loira, que apesar de toda coberta por roupas de frio e óculos escuros, eu tinha a impressão de conhecer. Abri a matéria e lá falava que o suposto casal já estava saindo há algum tempo e que fontes confiáveis afirmavam que era sério e ao que tudo indicava ela estava no Canadá para passar o natal com a família do cantor e ser oficialmente apresentada como sua namorada. É tão ridículo como esses sites matavam o jornalismo um pouquinho mais a cada dia, fontes confiáveis me fazia revirar os olhos de tão batido.

̶  Certo, ele tem uma namorada, mas eu não entendo o que eu tenho a ver com isso. – devolvi o aparelho para ele.

̶  Porque você precisa ter por onde começar, e descobrir algo sobre esse namoro pode ser o fio de linha solta.

̶  De repente você tem razão. – falei pegando meu celular na bancada. – Engraçado, eu tenho a impressão de conhecer essa garota de algum lugar, como é mesmo o nome dela?

̶  Hailey Baldwin, modelo, apresentadora e a garota que você viu com ele noite passada. – enumerou enquanto eu já jogava o nome na barra de pesquisa e uau, a garota era linda. Lábios fartos, nariz afilado, maçãs do rosto bem marcadas, os fios loiros sempre variando de tamanho e o corpo esbelto sem esquecer, claro, as longas e elegantes pernas de modelo.

̶  Ela é linda. – foi tudo o que eu consegui dizer.

̶  E isso te incomoda? – ergui os olhos para o meu amigo encontrando suas sobrancelhas erguidas, eu sabia bem o que ele estava fazendo, mas não cederia fácil.

̶  E por que deveria?

̶  E por que não deveria?

̶  Me diz você.

̶  Não sou eu quem precisa saber.

̶  Não sou eu quem estou interessada em saber. – cruzei os braços disposta a não perder esse jogo de palavras.

̶  Você está com ciúmes? – senti a irritação se aproximando, eu odiava quando ele fazia isso.

̶  Eu deveria estar? – ergui uma sobrancelha em desafio.

̶  Tudo bem. – ele soltou o ar desfazendo sua pose de batalha, essa foi sua deixa para mostrar que o jogo finalmente tinha acabado e eu tinha ganhado. – Eu só queria ter certeza dos seus sentimentos em relação a ele.

̶  Mike, eu não sou uma adolescente apaixonada ou uma dessas garotas de comédias românticas apaixonada por um amigo do passado, eu acabei de tomar um par de chifres e a última coisa que eu quero é estar envolvida com alguém, até porque eu ainda tenho sentimentos pelo traste.

̶  Desculpa amiga, eu realmente não queria te chatear, mas é o Shawn Mendes e ele é lindo e todo encantador, então eu preciso ser seu grilo falante e verificar se você não vai acabar confundindo as coisas nessa caçada para descobrir quem ele é de verdade. – soltei uma risada seca pelo nariz com suas palavras.

̶  Pode ficar tranquilo, pequeno gafanhoto, eu tenho tudo muito claro em minha mente. – sorri bicando meu suco. – Mas como você sabe que ele é todo encantador?

̶  É o que dizem sobre ele e também, ontem mesmo um pouco bêbado, ele me ajudou a te por no táxi e se prontificou a pagar a corrida mesmo com você vomitando nele no processo.

̶  E você aceitou? – perguntei ignorando o fato de eu ter vomitado no Shawn, era constrangedor só de imaginar.

̶  Claro que não, apesar de saber que isso nem faria cócegas no bolso dele, eu tenho meu orgulho. – dessa vez eu ri de verdade.

̶  Você é hilário, Michael.

A manhã se passou tranquila com Mike e eu maratonando os capítulos de natal de Friends, eu adorava ver alguns capítulos fora de ordem e obrigava meus amigos a fazerem o mesmo. Quando o relógio marcou próximo ao meio dia, Mike foi embora se encontrar com o Adam para almoçarem juntos, então restava apenas eu e meus armários vazios de fim de mês, como eu estaria dirigindo para a casa da vovó amanhã, não me importei em fazer o supermercado. Pensar em vovó me fez lembrar que eu não tinha comprado presente para ninguém e isso me motivou a levantar a bunda do sofá e sair para o centro, aproveitaria para comer algo por lá mesmo.

Foi uma péssima ideia deixar as compras de natal para a última hora, as ruas no centro de Toronto pareciam mais cheias que o habitual, e levando em consideração o fato de que eu odiava multidão, estar ali já era mais que suficiente para me deixar irritada. Respirei fundo antes de entrar nas lojas e sair escolhendo objetos para os parentes, o mais especial sendo o da minha avó, era uma corrente dourada com um símbolo de cruz com uma pedra cravejada no meio, me custaria o mês de salário, mas ela merecia, depois da morte de mamãe foi ela quem cuidou de mim e era o ser humano mais especial do mundo, sem falar que era muito religiosa e amaria aquele pingente. Acabei me encantando com a decoração das lojas e o movimento já não parecia tão incomodo, muito pelo contrário, quando me dei conta eu estava anotando coisas banais em meu caderninho surrado, coisas sobre pessoas.

As pessoas sempre me fascinaram, quando escolhi a faculdade de jornalismo, nunca foi por mim, sim pelas pessoas, opiniões, forma de pensar, de tratar o outro, eu chegava a me perder observando as pessoas em seus momentos corriqueiros, era surreal pensar como o mundo era grande e diversificado. Um dia eu ainda viajaria o mundo com o meu velho amigo surrado, uma mochila e todo esse meu desejo de conhecer gente. Fui despertada dos meus pensamentos com o barulho insistente do celular.

"Ema, Adam e eu iremos passar o natal com você e sua família, espero que não se importe."

A mensagem de Mike apitou no visor me arrancando um sorriso involuntário, eu amava aqueles dois e seria maravilhoso ter eles para o natal também. Levantei do banquinho do café e recolhi minhas coisas para ir embora, eu ainda tinha uma mala para arrumar e já pegaria a estrada à tardinha.

(...)

Shawn Mendes.

Acordei me sentindo estraçalhado, minha cabeça doía e eu não sentia meu braço esquerdo, só quando olhei para o lado percebi Hailey deitada como uma gata aninhada a mim e sua cabeça repousada em cima do meu braço. Sorri com a imagem, ela era linda, sobretudo quando estava com as feições relaxadas. Levantei com cuidado para não acordá-la e fui em direção ao banheiro, fechei os olhos sentindo a pressão da minha bexiga aliviar, uma imagem aparecendo na minha mente; a visão de Emily Clark sorrindo para mim naquele bar, foi com essa imagem que eu entrei no chuveiro.

A água quente tem o poder de fazer nosso corpo relaxar, o perigo mora justamente aí, é nesses momentos que a gente mais costuma pensar em tudo, e comigo não é diferente. Em todos esses anos eu tive vários momentos em que me questionei sobre ela, onde ela poderia estar se tinha alguém, se teria realizado seus sonhos assim como eu tenho conseguido realizar os meus, Emily se tornou uma incógnita na minha vida e confesso que de uns tempos pra cá eu passei a empurrá-la para o mais fundo do meu consciente, ela tinha seguido e quebrado com sua promessa, eu também tinha quebrado a minha e desde então cinco anos haviam se passado e nós já não éramos mais os mesmos. Mas de todas as vezes que eu pensei na possibilidade de reencontrá-la, nunca imaginei que isso seria em um karaokê de Toronto, bêbada e me oferecendo um tiro no shot. Ela estava linda assim como eu me lembrava, suas curvas fartas agora eram bem distribuídas, os cabelos rebeldes agora estavam mais curtos, mas ainda era o mesmo sorriso de moleca travessa, agora talvez com um ar mais malicioso, no entanto, ainda era o mesmo sorriso.

 ̶  Você parece pensativo. – fui arrancado de meus pensamentos pela loira com os braços cruzados, encostada ao granizo da pia. – Se sente bem?

̶  Sim, só estava pensando em algumas coisas do trabalho. – ela riu negando com a cabeça, ela sempre fazia isso quando me pegava distraído. Puxei a toalha enxugando meu rosto e em seguida a prendendo na cintura e saindo para perto dela. – Bom dia. – biquei seus lábios rapidamente.

̶  Bom dia. – ela sorriu já retirando suas peças intimas para ocupar meu lugar no chuveiro. – Meu vôo sai em duas horas. – comentou enquanto entrava no chuveiro.

̶  Quer que eu te leve até o aeroporto?

̶  Não será necessário, eu chamo um uber, acho que já causamos frisson demais nas suas fãs. – pude ouvir sua risada seca.

̶  Desculpa por elas, são fãs e como tal só querem meu bem, mesmo algumas extrapolando as vezes, no fundo não são más pessoas.

̶  Não por isso, eu meio que já aprendi a lidar com elas. – sorri em resposta. – A noite de ontem foi bem legal, o show do Daniel Caesar foi incrível.

̶  Sim, foi maravilhoso e eu fiquei bem feliz que você pode ir comigo. – ela me lançou um sorriso ainda de dentro do box.

̶  An... Posso te fazer uma pergunta?

̶  Claro. – estendi a toalha para ela que aceitou prontamente.

̶ A moça do bar, ela... Você a conhece? – fiquei surpreso por ela ainda lembrar, estávamos meio alterados quando saímos do show e Hailey não era forte com bebidas, mesmo depois da cena que Emily e eu demos, eu voltei para junto dela e nós bebemos mais um pouco, pensei que a noite não passaria de um grande borrão, mas pelo visto me enganei.  ̶  Sim, ela era minha... Vizinha quando eu ainda morava em Pickering. – expliquei enquanto vestia uma roupa. – Ah Hails, desculpa por ontem.

̶  Do que você está falando? – ela me lançou uma piscadela, o que me fez rir. Era isso que eu mais adorava em Hailey, com ela não tinha tempo ruim ou cobranças, éramos amigos que deixavam as coisas rolar sem pressão, não era uma amizade colorida, mas também não era um namoro, na verdade não dávamos rótulos e estávamos confortáveis com isso. A única regra estipulada era a honestidade um com o outro, prometemos ser sinceros sempre. – Shawn, eu estou voltando para NY e não sei quando nos veremos de novo, mas eu adorei esse começo de fim de semana.

̶  Para mim foi muito bom também, e eu acho que nos veremos em breve, tenho que ir à gravadora. – vi o sorriso da loira se ampliar.

̶  Isso é bom. – ela voltou a se arrumar.

Algum tempo depois Hailey foi embora, mesmo comigo insistindo para levá-la até o aeroporto, ela preferiu pegar um uber, então resolvi respeitar. Recebi uma mensagem da minha mãe me perguntando a que horas chegaria em casa, como eu ainda tinha tempo resolvi pegar estrada apenas no meio da tarde, seria o suficiente para arrumar uma mochila com algumas coisas, comer e dar uma descansada.

Eu estava jogado no sofá com o meu violão, uma das músicas do show de ontem não saia da minha cabeça, então resolvi postar um vídeo no instagram para mostrar aos meus fãs que sim, eu estava vivo. Quando à tarde já estava caindo peguei minha mochila, as chaves do apartamento e do carro uma maçã, um casaco, tranquei tudo conferindo se os presentes estavam todos no carro antes de dar partida. Eu amava poder ir em casa nas folgas que eu tinha, estar com a minha família era como recarregar toda a energia que o mundo me tirava, e não é que eu não goste ou algo desse tipo, muito pelo contrário, eu adoro meu trabalho ele é meu sonho se tornando real, mas é inegável que ele suga muito da minha bateria e as vezes voltar para casa é como poder ser apenas eu mesmo, o garoto de Pickering.

O percurso do centro de Toronto para Pickering não demorava mais que trinta minutos, o transito estava tranquilo, o que só facilitava, no caminho recebi uma ligação de Brian, aproveitei para encostar e abastecer enquanto atendia a chamada.

"Onde você tá?"

̶  No caminho de casa, parei 'pra abastecer. – olhei o marcador do combustível me concentrando ali.

"Ótimo, depois da ceia tenho uma festa irada, topa?"

̶  Por mim fechado. – eu não via o pessoal há um tempo, seria legal sair com eles. – Agora preciso desligar daqui alguns minutos, chego.

"Beleza."

Cinco minutos depois eu estaria estacionando na frente de casa, não fosse à fechada que tomei de algum idiota enquanto fazia a curva para entrar na rua. Eu não costumava brigar, muito menos no transito, mas quem quer que seja acabou de quase bater no meu carro e isso tirou um pouco da minha paciência, desci decidido a dizer algumas poucas e boas, mas a pessoa pareceu mais rápida que eu.

̶  Idiota, você comprou a carteira, por acaso? Não viu que eu dei seta? – estanquei no lugar com uma Emily de feições bravas e dois caras logo atrás parecendo tensos. Eram os amigos dela da noite passada. – Você? – ela pareceu surpresa e um rápido constrangimento pareceu passar por seu rosto, mas logo sumiu.

̶  A gente só vai se encontrar de formas inesperadas? – sorri coçando a nuca, digamos que eu não sabia o que falar ou como agir.

̶  Você quase estragou a pintura do meu carro, queria ver quem arcaria com o prejuízo. – ela fechou os olhos com força parecendo se repreender o que me fez rir. – Desculpa, eu... An, não estou no melhor do meu humor.

̶  Ela nunca está. – um dos caras falou e ela o encarou parecendo furiosa. – Brincadeirinha.

̶  Então, você além de bêbada, nas horas vagas também é má motorista? – ela me encarou debochada.

̶  Muito engraçado Mendes, ha ha ha. – sorri com seu sarcasmo. – Aliás, você quase fica me devendo uma pintura.

̶  Tudo bem, você está me devendo uma camisa nova, de qualquer forma. – os amigos dela pareciam se lembrar e não controlaram a risada, enquanto isso as bochechas de Emily tomaram um tom rubro e eu pude sentir ela ficar nervosa. – Estou apenas brincando, não precisa me lançar um olhar mortal. – estendi as mãos num gesto de rendição. – Foi bom te ver, Emily.

̶  Foi bom te ver, Shawn, e desculpa por ontem. – ela voltou para perto da porta de seu carro.

̶  Todos nós temos maus dias. – sorri antes de entrar no meu carro o manobrando até a porta da casa dos meus pais, desci ainda em tempo de ver a garota de cabelos rebeldes entrar na casa de porta vermelha do outro lado da rua, a sensação de dejavu me acertando em cheio a boca do estômago. Não sei o porquê, mas eu tinha a sensação de que a gente ainda se esbarraria bastante. 


Eu espero de coração que gostem, aliás, me contem mais sobre o que teem achado da história, eu leio tudo. E claro, não esqueçam de votar, isso ajuda tanto no crescimento da fic. 

Beijos!

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