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By LuanaMaurineAutora

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Booktrailer
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CAPรTULO 7 - O Pronunciamento
CAPรTULO 8 - Perguntas Difรญceis
CAPรTULO 9 - O Desconhecido
CAPรTULO 10 - O Interrogatรณrio
CAPITULO 12 - O Juramento
CAPรTULO 13 - Palavras Amargas
CAPรTULO 14 - Vinganรงa
CAPรTULO 15- Dividas
CAPรTULO 16 - Salvadora
CAPรTULO 17 - O Pedido
CAPรTULO 18 - A Velha
CAPรTULO 19 - Planos
CAPรTULO 20 - Acerto de Contas
CAPรTULO 21 - O Lamento
CAPรTULO 22 - O Sacrifรญcio
P A R T E 2
Uma Oraรงรฃo Celta II
Booktrailer - P A R T E 2
CAPรTULO 23 - deuses
CAPรTULO 24 - A Estrangeira
CAPรTULO 25 - Valhalla
CAPรTULO 26 - O Jantar
CAPรTULO 27 - O Passeio
CAPรTULO 28 - Ameaรงas
CAPรTULO 29 - A Proposta
CAPรTULO 30 - Ajuda.
CAPรTULO 31 - Incertezas
CAPรTULO 32 - O Duelo
CAPรTULO 33 - O Reencontro
CAPรTULO 34 - Yggdrasil
Especial Halloween
Capรญtulo 35 - Niflheim
CAPรTULO 36 - Segredos & Promesas
CAPรTULO 37 - Conversas & Sentimentos
CAPรTULO 38 - Impotรชncia
CAPรTULO 39 - Verdades
CAPรTULO 40 - Egoรญsmo
CAPรTULO 41 - Deuses sendo deuses
CAPรTULO 42: Surpresa.
CAPรTULO 43: Quem รฉ morto sempre aparece.
CAPรTULO 44: O beijo da justiรงa.
CAPรTULO 45 - Nidavellir
CAPรTULO 46 - Culpa
CAPรTULO 47: Eu me Importo
CAPรTULO 48: O preรงo da liberdade
CAPรTULO 49: O meu lugar
CAPรTULO 50 - Anseios
CAPรTULO 51 - O Labirinto
CAPรTULO 52 - A Flor
CAPรTULO 53 - Cortem-lhe a cabeรงa
CAPรTULO 54 - Nรฃo levarei o seu caos.
CAPรTULO 55 - O amor nรฃo รฉ tudo
CAPรTULO 56: O Baile
CAPรTULO 57 - O รบltimo Teste dos Deuses
CAPรTULO 58 - Promessas feitas no luto
CAPรTULO 59 - Inconsequรชncias
CAPรTULO 60: Culpa e Erros
CAPรTULO 61 - Visita Inesperada
CAPรTULO 62 - Campos Elรญsios
CAPรTULO 63 - O Convite
CAPรTULO 64 - Sem Promessas
CAPรTULO 65 - Fugitiva
Loki
Teaser - Parte III
UMA ORAร‡รƒO CELTA - III
CAPรTULO 66 - Recomeรงo
CAPรTULO 67 - O Primeiro Passo
CAPรTULO 68 - Os Tuatha Dรฉ Danann
CAPรTULO 69 - Eu vou lutar!
CAPรTULO 70 - A Profecia
CAPรTULO 71 - O guarda
CAPรTULO 72 - Temores
CAPรTULO 73 - Vitรณrias
CAPรTULO 74 - Por vocรช.
76 - Confusa
77 - Uma noite tumultuada
78 - Apenas uma noite
79 - Duras verdades
80 - Revelaรงรตes em meio ao caos
81 - Para sempre e sempre
82 - Segredos e Adeus
83 - Sejam fortes & corajosas
PEDIDO DE AJUDA
84 - PELO CONFINS DOS MUNDOS
85 - TRAIร‡รƒO
86 - O fim de um ciclo
๐Ÿ†VENCEDOR DO WATTYS 2021๐Ÿ†
81 - LAร‡OS
CAPรTULO ESPECIAL - SPIN OFF

CAPรTULO 11 - O Retorno

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By LuanaMaurineAutora


"𝐴𝑚𝑎𝑛𝑡𝑒, 𝑐𝑎𝑐̧𝑎𝑑𝑜𝑟, 𝑎𝑚𝑖𝑔𝑜 𝑒 𝑖𝑛𝑖𝑚𝑖𝑔𝑜

𝑉𝑜𝑐𝑒̂ 𝑠𝑒𝑚𝑝𝑟𝑒 𝑠𝑒𝑟𝑎́ 𝑐𝑎𝑑𝑎 𝑢𝑚 𝑑𝑒𝑠𝑡𝑒𝑠

𝐴𝑚𝑎𝑛𝑡𝑒, 𝑐𝑎𝑐̧𝑎𝑑𝑜𝑟, 𝑎𝑚𝑖𝑔𝑜 𝑒 𝑖𝑛𝑖𝑚𝑖𝑔𝑜

𝑉𝑜𝑐𝑒̂ 𝑠𝑒𝑚𝑝𝑟𝑒 𝑠𝑒𝑟𝑎́ 𝑐𝑎𝑑𝑎 𝑢𝑚 𝑑𝑒𝑠𝑡𝑒𝑠

𝑁𝑎𝑑𝑎 𝑒́ 𝑗𝑢𝑠𝑡𝑜 𝑛𝑜 𝑎𝑚𝑜𝑟 𝑒 𝑛𝑎 𝑔𝑢𝑒𝑟𝑟𝑎"

(𝑭𝑳𝑬𝑼𝑹𝑰𝑬 - 𝑳𝒐𝒗𝒆 𝒂𝒏𝒅 𝑾𝒂𝒓)


Quando não passava de uma criança, meu pai costumava dizer que ao nascermos, os deuses nos entregam uma missão que devemos completar antes de morrer, caso contrário temos de voltar em outra vida para finalizá-la.

"Escolha bem os caminhos que vai trilhar, pequena Erieanna. Pois, quando percorremos trilhas que nos distanciam da missão que os deuses nos incumbiram , ficamos cada vez mais longe de completá-la." Esse foi o conselho ele entregou-me quando tinha apenas dez anos e não passava de uma criança querendo descobri o mundo.

Lembro que fiquei com medo de andar por qualquer caminho quando estava sozinha e sempre perguntava-me se os deuses estavam observando-me, para comprovar se eu estava fazendo tudo certo. Aquela era uma época em que eu temia e amava os deuses. Jamais cheguei a cogitar que um dia eles seriam insignificantes ao ponto de nem sequer existirem em minhas razões.

Mas, ainda assim, comecei a refletir sobre todas as escolhas que fiz em minha curta existência terrena. Sei que toda vez que tomo uma decisão, um novo caminho e suas consequências se expõe a minha frente. Assim sendo, pode-se dizer que eu estava segura sobre o fato de que ter mandado Thorn embora, foi uma decisão sábia. Porém, com o passar dos dias, ficava pensando como tudo teria sucedido se ele estivesse ficado comigo.

Carreguei essa dúvida em minha cabeça até o quarto dia de Yule, pois foi nesse dia que Thorn voltou a procurar-me e, dessa forma, desestruturou - mais uma vez - o meu mundo.

— Erieanna! — O dia havia acabado de começar quando escutei Thorn me chamando.

—Erieanna! —sua voz alterada pelo álcool mesclava-se com as batidas em minha porta.

Apressadamente, sai da cama, coloquei meu casaco de pele e fui ao seu encontro.

—O que você quer aqui? Lembro que fui muito clara quando te pedi para ir embora e nunca mais voltar. —bradei furiosa assim que abri a porta.

—Senti sua falta. —Exibiu um singelo sorriso .

—Thorn, vá embora! — rosnei impaciente.

Fingindo não ter ouvido-me, ele levou as mãos em minha direção e segurou uma mecha dos meus cabelos negros entre seus dedos.

—Você consegue ser linda até quando está furiosa. —Sorriu novamente.

Tirei sua mão de meu cabelo e proferi em tom autoritário:

—Você não deveria estar aqui.

—Eu não tenho para onde ir. — Lamentou com uma carga de drama desnecessária.

— Isso já não é problema meu. — rebati cruzando os braços abaixo do peito.

— Vai me deixar aqui fora e passando frio a ponto de quase morrer? — Soltou um soluço.

Fiquei calada o encarando enquanto ele apertava os braços ao seu redor, tremendo de forma exagerada.

— Prometo que ficarei quieto. —  Lançou-me um olhar de súplica.

— Não faça promessas que não pode cumprir. No seu estado normal, você já fala muito, bêbado deve ser terrivelmente pior. —  Acusei-o torcendo os lábios.

— Culpado, confesso. — Esboçou um sorriso travesso. — Mas, por favor, deixe-me entrar. Estou congelando aqui fora. — Lançou-me um olhar de piedade.

Soltei um pesado suspiro, a medida em que revirei os olhos.

— Tudo bem, entre! — Afastei-me da porta abrindo espaço para que ele pudesse passar por ela.

Thorn exibiu um largo sorriso e antes de adentrar em minha casa. Sem que eu pudesse prever suas ações, ele rapidamente, segurou meu rosto em suas mãos e o beijou.

— Merda Thorn! Quanto foi que bebeu?! —indaguei com expressão de repulsa pelo fedor de álcool exalando de sua boca.

— Muito! — Riu — Tive que beber muito para esquecer o quanto sua frieza partiu meu coração. —Piscou os olhos fazendo uma encenação exagerada.

— Não quero falar sobre isso, apenas vá para o quarto e durma. — Apontei o dedo em direção ao meu aposento.

Ele levou o indicador aos lábios de modo a entender que ficaria quieto e partiu meio cambaleante até o destino indicado.

— Senti falta dessa cama. — confessou em meio aos soluços, após se jogar desajeitadamente sobre o móvel.

Percebi que ainda estava de botas, pensei em pedir para que ele as retirasse, mas sei que seria uma tarefa impossível de ser realizada.

— Por que você é tão ruim coração de gelo? — Thorn indagou com a voz abafada pelas peles de animais que encobriram boa parte de seu rosto.

Não o respondi, pois notei que ele pegava no sono. Não demorou muito para ficar em silêncio e um ronco baixo começou a sair de sua boca.

Aproveitei que o viking parecia estar em sono profundo e o cobri.

— Thorn, Thorn, Thorn... O que farei com você? —  sussurrei enquanto admirava sua bela.

Sai do quarto e evitei pensar na presença de Thorn sob meu teto mais uma vez. Tinha um curto período de descanso até que tivesse de lidar com aquela situação. Portanto, decidi ocupá-lo andando pelos arredores, já fazia um tempo que não apreciava a natureza e meu corpo sentia falta desse contato mais íntimo.

Coloquei meu vestido mais quente, minhas botas, assim como meu casaco de pele e parti rumo a manhã gelada das terras nórdicas.

Enquanto caminhava, o vento congelante tocava minha pele fazendo com que a ponta do meu nariz ardesse. Porém, era capaz de suportar qualquer tortura quando sentia a magia da natureza ao meu entorno.

O dia estava nublado e uma densa camada de neve cobria o chão em que eu pisava. Não pensei no frio, apenas continuei a andar até chegar à beira do rio congelado.

Fiquei um bom tempo olhando contemplativa para outra margem do rio, pensando se algum dia seria capaz de fugir daquela terra até que escutei a voz que jamais, nem que se passassem mil anos, eu me esqueceria:

— Erieanna! — a voz de Cernunnos sussurrou bem próximo ao meu ouvido. — Até que enfim te encontrei. — ele proferiu aliviado.

Os pelos de meu braço e nuca arrepiaram-se, bem como senti meu cabelo começar a flutuar por conta da força mística que me cercava. Procurei ao meu redor pelo dono da voz, mas estava completamente sozinha naquela floresta.

— Onde você está? Por que não consigo ver nada a sua volta além de escuridão? — Cernunnos indagava num desespero evidente.

— Estou presa nas terras dos escandinavos. Sou prisioneira do líder do clã Feniryr. — respondi apressada.

Mal concluí minha frase e escutei um zunido ensurdecedor em meu ouvido. Então a voz de Cernunnos foi falhando até desaparecer por completo.

— Ele nunca te encontrará. Nunca! —afirmou uma voz antiga e profunda de uma mulher. Logo, tudo ficou em completo silêncio.

Até cheguei a pensar que tal situação não passou de uma ilusão da minha mente desesperada por liberdade. No entanto, as pedras que estavam flutuando ao meu redor, chocaram-se contra o chão e isso foi o suficiente para comprovar que aquilo de fato aconteceu.

Esperei meus pensamentos se ordenarem e só retornei para casa quando minha mente estava mais clara.

Durante toda a tarde não fui capaz de esquecer o evento ocorrido pela manhã. Ficava me perguntando se Cernunnos estava realmente me procurando e o mais importante, quem era a mulher que o impedia de me encontrar? Foi um longo tempo elaborando possíveis respostas para minhas intermináveis dúvidas, até que Thorn despertou e, por algum tempo, dissipou da minha mente a situação que tanto me assombrava.

— Olá coração de gelo. — o viking cumprimentou-me e sentou-se à mesa.

— Achei que nunca mais acordaria. — falei num tom neutro.

— Não vai ser tão fácil se livrar de mim. Precisa de muito mais que algumas canecas de cerveja para me matar. — Sorriu. — Se bem que desejaria estar morto para não sentir meu estômago se revirar dentro de mim. — Fez uma careta desgostosa.

— Posso providenciar sua morte se assim desejar. — rebati de forma maliciosa.

— Sei que pode! Se existe alguém no mundo que pode me matar, essa pessoa é você. — replicou em tom sério.

Cravei meu olhar nos seu, devido ao fato de fiquei intrigada com sua afirmação.

— Fico feliz em saber que não sou superestimada por ti. — falei tentando provocá-lo. — Tome, beba isso. — Entreguei-lhe uma caneca contendo o chá de algumas ervas.

Thorn olhou para a bebida e depois lançou-me um olhar carregado de desconfiança.

— Não é veneno é só uma poção de ervas que fiz para melhorar seu estômago. — expliquei.

Ele refletiu por alguns minutos, antes de levar o chá aos lábios.

— Argh! Isso é horrível. — Jogou a caneca para longe enquanto fazia uma careta de nojo.

— Você está se recuperando de uma noite de bebedeira, se ingerir água, ela terá um gosto ruim. — esclareci impaciente.

— Nunca mais eu bebo. — murmurou.

— Eis aqui, a maior mentira dos homens. — Revirei os olhos.

Thorn debruçou sobre a mesa e permaneceu assim até que eu terminasse de picar os legumes para a sopa que estava fazendo.

— Levante-se. — Sacudi seus ombros.

Rapidamente, ele colocou-se em pé, como se estivesse preparado para qualquer ataque.

— Você precisa de um banho. Está com um fedor horrível! — exclamei com repulsa.

Thorn nada falou enquanto seguia-me até a banheira. Para não perder tempo, tratei logo de esquentar a água com auxílio da magia.

— Leve o tempo que precisar com seu banho. A sopa demorará a ficar pronta. — informei.

Mas como sempre estava pronto para me provocar, o belo viking agilmente ficou nu a minha frente.

— Sim senhora! — disse e exibiu um sorriso travesso.

— Sabe que posso esfriar essa água na mesma rapidez que a esquentei, não é? — Não pude evitar que um sorriso sarcástico se formasse em meus lábios. — Se eu fosse você entraria nessa banheira antes que eu mude de ideia e tenha de tomar um banho gelado. — completei.

Instantaneamente, o sorriso despareceu de sua face e para confirmar que me temia, entrou de imediato na banheira.

Retornei à cozinha carregando um sorriso vitorioso. Por mais que recusasse admitir, eu gostava de provocá-lo.

O tempo sempre passava rapidamente quando Thorn estava comigo. Portanto, como se estivéssemos compartilhando da mesma roda do tempo, ele saiu do banho assim que a sopa ficou pronta. O viking tomou seu lugar a mesa, eu lhe entreguei seu prato
Decidi sentar-me na cadeira a sua frente e ambos começamos a nos alimentar em silêncio.

Não fui capaz de desconectar minhas lembranças da situação que se passou pela manhã. Por mais que tentasse não pensar na possibilidade de alguém estar me procurando, era inevitável barrar a esperança que, de mansinho, invadia meu ser. Devo ter ficado um bom tempo com uma cara de paisagem, pois só voltei a realidade com Thorn, balançando a mão na frente de meu rosto numa tentativa de despertar minha atenção.

— Erieanna, acorda! — pediu em meio a um sorriso.

— Desculpe, o que foi que estava dizendo? — indaguei confusa.

— Estava falando que sua sopa não é tão boa quanto a minha! — Tentou, em vão, provocar-me.

Revirei os olhos. Nunca fui muito boa em lidar com provocações descabidas.

— Ao contrário de você, tenho preocupações mais urgentes do que aprender a fazer uma boa sopa. Sou uma prisioneira, manter-me viva é minha única e exclusiva preocupação. — repliquei contrariada.

— Você é capaz de sentir algo além de raiva? — Thorn questionou impaciente.

— Acredite, compartilhamos da mesma dúvida. Às vezes chego a pensar que seu povo destruiu toda minha capacidade de ter empatia. Não posso me dar ao luxo de se preocupar com outra pessoa, quando preciso, dia após dia, lutar para sobreviver. — Dei de ombros e voltei a tomar a sopa em silêncio.

Ninguém falou mais nada. Talvez o viking inconveniente estivesse refletindo sobre todos os pré-conceitos em relação a minha pessoa.

Ao terminarmos a refeição, os tambores de mais uma noite de celebração do Yule começaram a soar.

Ainda sem proferir qualquer palavra, levantei-me da mesa e parti rumo ao meu quarto. Eu estava exausta e quanto mais cedo fosse dormir, mais rápido aquele dia chegaria ao fim.

A cama ainda carregava a bagunça do sono de Thorn quando me deitei embaixo das cobertas quentes. Não demorou muito para que ele aparecesse em meu aposento.

— Posso me deitar contigo? —  perguntou inseguro.

— Sim. — respondi com indiferença.

Logo, o viking tomou o lugar ao meu lado.

— Por que está sendo boa comigo? — indagou parecendo confuso.

— Não é bondade. Trata-se apenas de bom senso. Se eu te ajudar a ficar melhor, mais rápido poderá ir embora. — respondi naturalmente.

Naquele ponto da noite, os tambores da festa começaram a ficar mais altos. Do meu quarto éramos capazes de escutar a empolgação dos vikings em mais uma noite do Yule.

— Você deveria estar comemorando junto ao seu povo. — afirmei sugestivamente.

— Prefiro estar aqui com você. Mesmo que me deteste, e ainda que pense em me matar. Nada é tão empolgante do que passar a noite ao seu lado. — Soltou um pequeno riso que ecoou pelo cômodo.

— Boa noite Thorn. — resmunguei e virei-me de costas para ele.

— Boa noite coração de gelo.

Tentei dormir, no entanto, meus pensamentos não me deixavam em paz. Eu virava de um lado para o outro da cama e nenhuma posição parecia confortável o bastante para l fazer-me pegar no sono.

— Tem espinhos no seu lado da cama? —Thorn questionou num tom descontraído.

— Argh! Não consigo dormir! — praguejei impaciente.

O viking movimentou-se sob as cobertas e percebi que virou o corpo de modo a me olhar.

— Quer conversar? Você parece estar preocupada. — sua voz branda demonstrou que estava sendo gentil.

Não o respondi de imediato, mas depois soltei um longo suspiro e virei-me para olhá-lo.

— Thorn... — Comecei. — Você acredita que deuses realmente existam? — perguntei por fim.

— Bem, não esperava ouvir esse questionamento. —Mordeu os lábios evidenciando que estava numa posição desconfortável. — Para minha família, os deuses são reais. Portanto, em respeito a eles tenho que responder que sim, os deuses existem. — Certificou com precisão. — Mas por que a existência dos deuses está te incomodando? — indagou enquanto franzia o cenho.

— Se eles de fato existem, qual motivo os levaria a ajudar qualquer pessoa? — continuei com meus questionamentos.

— Eu não sei Erieanna... deuses são egoístas, só fazem algo motivados por seus desejos. Dessa forma, só ajudariam alguém se essa pessoa representar alguém importância para eles. — Deu de ombros. — Pelo menos é isso que eu acho. — concluiu de modo evasivo.

— Não creio que se importem com qualquer humano. Os deuses não se importam com ninguém além de si mesmos. — Havia rancor em minha voz.

— Não pode julgá-los se de fato não os conhece. — retrucou zangado.

Soltei um riso irônico antes de revidar seu comentário:

— Queria ver se não os julgaria se eles tivessem te ignorado quando mais precisou. — repliquei com desdém. — Espero que nunca chegue de fato a precisar de deus algum, Thorn. Espero que nunca tenha suas preces ignorada. — dito isso virei-me novamente de costas para ele.

O silêncio voltou a prevalecer no quarto. Tudo que podia se ouvir, eram nossas respirações mesclando-se com o som dos tambores que retumbavam lá fora.

— Sinto muito por você. — Thorn sussurrou, após um tempo.

— Não sinta. Eu já superei. — Aquilo era uma grande mentira, porém o viking não precisava saber.

Voltamos a ficar calados. Aquela situação havia tornado-se demasiada estranha.

— Thorn, precisa partir amanhã. Ragad virá a minha procura e sua presença aqui tornará tudo um caos. — Avisei esperando que, pelo menos uma vez, ele me ouvisse.

— Tem medo de Ragad? — questionou incrédulo.

— Claro que não! — exclamei exasperada. — Só acho que não há nada mais irritante do que ver homens brigando por mim, quando não me importo com nenhum dos dois.

— Sua sinceridade é comovente. — ironizou aborrecido.

— E mesmo com toda minha antipatia, você continua aqui, implorado por qualquer sorriso meu. — Soltei uma frase maldosa que tinha o único objetivo de dar aquela conversa por encerrada.

— Boa noite Erieanna. — seu tom de voz permeado de irritação, evidenciou que nossa conversa estava, definitivamente, encerrada.

Quanto a mim, eu pouco me importava em como ele se sentia. Até poderia levar em consideração seus sentimentos, se tivesse dito que me ajudaria a fugir do seu povo. Porém, como essa não era sua intenção, só esperava que fosse embora e não mais voltasse.

De fato, chego a pensar que não tinha sentimentos. Melhor assim, antes ser só razão do que ter um coração mole e ser massacrada por minhas fraquezas. Não precisava sentir nada quando minha preocupação era a de que sobreviver em meio aos meus inimigos.

Eu ainda estava viva. Ainda respirava. E só deixaria de lutar quando não restasse uma única batida em meu coração e um último suspiro saísse de meus lábios. Até lá, eu sobreviveria em meio ao caos.

(CAPÍTULO SEM REVISÃO)

Olá, tudo bom?

Sei que ando meio sumida, mas foi por conta do final de semestre na faculdade. Entretanto, agora estou de férias e terei mais tempo para atualizar a história. Pretendo chegar na reta final em setembro, dessa forma, atualizarei os capítulos, pelo menos duas vezes por semana.

COMENTEM O QUE ESTÃO ACHANDO!!! Ah palpites de que Thorn é o Loki, será??

Não deixem essa pobre autora no vácuo.

Bjus e até domingo!!!

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