O segredo de Scott

By Amyu-Chan

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Ao tentar descobrir o que está acontecendo com Scott, seu melhor amigo que está desaparecido há uma semana. E... More

Capítulo 01 - Como tudo começou
Capítulo 02 - Com a vida por um fio
Capítulo 03 - Nova vida, novas regras
Capítulo 04 - Aprendendo um pouco
Capítulo 05 - Voltando pra casa
Capítulo 06 - A primeira briga
Capítulo 07 - O meu lugar
Capítulo 08 - A morte de Scott
Capítulo 09 - O enterro de Scott
Capítulo 10 - Outros bandos?
Capítulo 11 - Final de semana
Capítulo 12 - Confissões
Capítulo 13 - Angústia
Capítulo 14 - Arrependimento
Capítulo 15 - O sequestro de Ethan
Capítulo 16 - Lembra-se de mim?
Capítulo 17 - Voltando a normalidade ou quase isso
Capítulo 18 - O cio
Capítulo 19 - Namoro
Capítulo 20 - O fim do cio e o início dos problemas
Capítulo 21 - Tensão
Capítulo 22 - Aparição inesperada
Capítulo 23 - Coisas boas podem vir de acontecimentos ruins
Capítulo 24 - O sofrimento de Dylan
Capítulo 25 - A história de Dylan
Capítulo 26 - A Volta
Capítulo 27 - O inimigo surge
Capítulo 28 - O massacre na sala vermelha
Capítulo 29 - O medo de Loker
Capítulo 30 - O que fazer agora?
Capítulo 31 - O Alfa enlouquecido
Capítulo 32 - Perdendo tudo
Capítulo 33 - A tomada de poder do novo Alfa
Capítulo 34 - Casa nova... vida nova
Capítulo 35 - Novos membros do Bando?
Capítulo 36 - Ataque anunciado
Capítulo 38 - Chegando ao íntimo
Capítulo 39 - Um retrato do passado
Capítulo 40 - Especulações
Capítulo 41 - A viagem
Capítulo 42 - A lua cheia
Capítulo 43 - O passado de Dante
Capítulo 44 - Mas e o Dylan?
Capítulo 45 - Um sacrifício necessário
Capítulo 46 - A batalha na nevasca

Capítulo 37 - Relacionamento em risco

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By Amyu-Chan

Scott nos levou em segurança até a sala no térreo, onde Lucca conversava tranquilamente com ninguém mais ninguém menos que Dante. Eric e Yvan também estavam lá em um canto afastado, os dois seguiam distraídos com os barquinhos e os aviões de papel.

Pra falar a verdade, Eric estava tão absorto em brincar com Yvan, que nem notou, ou nem ligou quando Scott adentrou aquele cômodo arfando desesperadamente, carregando em seu ombro o pequeno e corado Nikolai e me rebocando por uma mão.

Quando por fim Scott julgou que estávamos em segurança, ele nos largou sem mais nem menos e foi reportar tudo o que havia acontecido para Lucca e por sua vez para Dante também. Nikolai ficou ao meu lado com uma expressão sonhadora e feliz.

Enquanto Scott colocava o nosso Alfa a par da situação, eu seguia congelado no mesmo lugar onde havia sido deixado. Eu não conseguia parar de pensar no que havia acabado de acontecer. Minha mente não parava de lembrar o quão diferente e agressivo o David havia sido ao... desflorar o Steven, ele estava bem diferente de quando teve sexo comigo. Parecia um animal faminto, parecia um homem que não liga para a vontade alheia, isso não combinava com David e era algo que me assustava.

Será que eu também ficarei assim? Será que eu irei atacar o Dylan dessa mesma forma quando o meu cio chegar?

— Que bom que vocês conseguiram sair de lá sem se machucar. Eu tenho que avisar aos outros que o segundo andar está proibido até segunda ordem. — Lucca arrancou-me dos pensamentos ao começar a falar, era impossível ignora-lo quando o mesmo se pronunciava, sua voz era densa e cheia de autoridade.

— Na verdade já é meio dia, deveríamos parar para almoçar. — Lucca olhou pensativamente para um grande relógio de pendulo que ficava a um canto da sala. Era um bonito relógio antigo de madeira esculpida e devia ser um daqueles que badalavam, mas até agora eu não o ouvi produzir qualquer som.

— Scott, eu não queria ter que comer aqueles macarrões instantâneos novamente, mas... É o que tem pra hoje, então vá esquentar muita água. — Lucca ordenou ao Scott com seriedade. Estranhei não ser mandado para essa tarefa, afinal eu pensei que as coisas relacionadas com comida fossem virar a minha responsabilidade.

— Sim, meu Alfa! — Scott praticamente bateu continência e saiu correndo lá pra fora, lugar onde estava o gerador portátil de luz e mais alguns equipamentos.

— Nikolai. — Lucca virou-se para Nikolai, que praticamente se encolheu assustado com a atenção do Alfa sobre si.

— S-sim meu Alfa, sim? — Nikolai ergueu levemente a cabeça e fitou Lucca com seu olhar luminoso e inocente, parecia um cãozinho pedindo um pedaço de comida.

— Vá chamar aos outros, diga que quero todos reunidos aqui na sala em quinze minutos. — Lucca ordenou com suavidade.

— Sim, senhOR! — Imitando ao Scott, Nikolai bateu continência e saiu correndo porta a fora.

— E Ethan... — Finalmente Lucca virou-se para mim, suas íris vermelhas que se perdiam na imensidão negra me deslumbravam tanto quanto me assustavam.

Encarei Lucca timidamente e com o canto do olho pude ver Dante se afastando de nós com um sorriso debochado que me deixou preocupado.

— Tome — Lucca estendeu algo em minha direção e eu imediatamente o peguei de sua mão. Fiquei estático ao ver um celular comum em minhas mãos, o que ele esperava que eu fizesse com isso? Qual seria a minha missão?

— O sinal aqui é fraco, mas acho que você vai conseguir ligar sem grandes problemas. — Lucca sorriu sereno para a minha expressão atônita.

— Ligar? Ligar pra quem, Senhor? — Devo ligar para alguma loja e encomendar os móveis e eletrodomésticos que estão faltando, é isso? Mas porque eu?

— Ligue para o seu pai... Diga a ele que você está bem, tranquilize o seu velho. — Lucca comentou sem me olhar, parecia pouco interessado neste assunto, na verdade agora ele fitava tranquilamente a Eric.

— M-mas... Eu pensei que... — Meu cérebro deu uma volta e tanto com isso, afinal eu pensei que já tivéssemos entrado em um acordo com relação a isso, tanto que nem tentei rebater.

Pensei que ele tivesse deixado claro que eu e David não poderíamos mais seguir tendo contado com nossas famílias e amigos, pensei que teríamos de forjar a nossa morte, assim como Scott.

— Sim, eu sei o que você pensou, mas... Humanos não envelhecem tanto assim em dois ou três anos, não é? — Lucca piscou de modo cumplice para mim, novamente meu cérebro deu um nó... Já vi isso antes, por acaso o espirito de Josh entrou no corpo dele?

— Eu não entendo... O Senhor está me dando mais... tempo? — Agora eu olhava do aparelho em minhas mãos para o Alfa em minha frente sem parar, estava quase tonto com isso.

— É o que parece, não? — Lucca riu de minha cara com um ar que o envelheceu uns vinte anos. Ele está bem? Qual o problema dele?

— O que o fez mudar de ideia, Senhor? — Questionei sem entender essa repentina mudança de ideia. Eu poderia espera isso do Josh, mas não do Lucca.

— Um velho amigo me convenceu de que você não nos causaria tantos problemas tendo contato com sua família, mas não se empolgue... estou te dando no máximo uns cinco anos, depois disso ficará evidente demais que você não está envelhecendo. — Lucca ergueu uma sobrancelha pra mim e me lançou um olhar de advertência, deixando claro que não iria amolecer muito mais do que isso... Esse era todo o tempo que eu teria.

— Obrigado! — Sorri para ele sentindo um enorme peso sair do meu peito. Minha maior preocupação com essa minha morte repentina era o meu pai, pois eu sabia que ele iria se culpar por ter me deixado voltar para essa cidade caótica, onde eu já fui até sequestrado.

— Não me agradeça... Agradeça a certo amigo meu. — Lucca deu uma rápida olhada na direção de Dante, o mesmo estava próximo ao hall de entrada e parecia estar esperando por algo ou alguém.

Dante convenceu o Lucca a me dar mais tempo com a minha família? Por quê? O que ele ganharia com isso? O que ele está planejando? Qual o problema desse cara?

Tenho que ficar de olho nesse homem, ele é encrenca na certa.

— Espera Alfa!... Mas e o David? Ele também vai ganhar mais tempo? — A lembrança me veio de repente. David também merecia mais tempo, seria injusto somente eu me beneficiar dessa repentina bondade de Lucca.

— O caso do David é diferente. Ele não pode simplesmente fazer contato com a família sem ter que inventar uma desculpa absurda por não poder voltar para casa e para o trabalho. — Lucca coçou a nuca de um modo inquieto, como se estive desconfortável por ter que falar sobre isso.

— Além do mais... nós podemos aproveitar o sequestro dele para forjar sua morte. Se o deixarmos voltar agora, não só teremos de criar uma história falsa, como também teremos mais dificuldades para sumir com ele no futuro... Sinto muito por ele, Ethan, mas nesse caso... É melhor que as coisas acabem por aqui. — Lucca suspirou com pesar. Era difícil aceitar isso, mas eu entendia perfeitamente todos os riscos, então não tinha como me zangar com ele, porém mesmo assim não pude evitar fazer uma cara de tristeza.

— Não fique triste por David, tampinha... Aposto que ele irá se adaptar com o tempo. — Lucca deu umas palmadinhas em meu ombro para me animar, tentei sorrir para ele, mas acabou parecendo uma careta de dor de barriga.

— Eu espero que sim... Por falar nisso, obrigado por ter dado a ele a tarefa de cuidar das armas e munições, ele ficou feliz com isso. — Agradeci com sinceridade, afinal David realmente se animou depois de receber tal tarefa familiar.

— Ele não precisa passar por tanto estresse nessa mudança de vida, certo? — Novamente Lucca pisou com cumplicidade para mim. É impressão minha ou ele parece mais solto e extrovertido agora? Lucca está diferente de antes... Será que foi o retorno de Dante que causou isso?

Falando em Dante, meus olhos foram atraídos para ele quando o mesmo se moveu pelo hall de entrada.

Quase tive um treco do coração quando vi que Dylan havia acabado de entrar em casa e que Dante estava indo aborda-lo tranquilamente.

Dylan ficou claramente surpreso ao ver o irmão mais velho se aproximar dele. Dante parou ao seu lado, ficando bem perto mesmo, mas não o tocou, parecia estar se policiando para não encostar no outro.

Os dois começaram a conversar seriamente e rapidamente a expressão surpresa de Dylan deu lugar a uma feição tensa, isso fez o meu sangue gelar.

Estaria o Dante contando sobre o beijo? Não, impossível! Isso o incriminaria, afinal foi ele quem me beijou, certo? Então... estaria ele mentindo? Dizendo que fui eu quem o beijou e não o contrário?

Fiquei estático vendo os dois dialogar, de repente Dante disse algo que fez Dylan olhar na minha direção de modo pasmo antes de fazer uma careta de raiva e cruzar os braços. Meu mundo veio a baixo com isso.

Os dois conversaram mais um pouco, e a cada movimento dos lábios de Dante, maior era a carranca de Dylan. Meu coração começou a falhar e meu estômago retorceu-se todo com o olhar fulminante de Dylan.

Acabou! Dylan irá terminar comigo e não vai nem me dar chance de explicar... Acabou!

Dylan disse algo para Dante, que apenas concordou com a cabeça e se afastou, então Dylan deixou o irmão mais velho na entrada da sala e marchou em minha direção com as sobrancelhas franzidas, como se estivesse muito chateado.

Atrás dele Dante possuía um sorriso digno de vilão de novela, só faltava ele retorcer a ponta do bigode... Maldito!

— Dylan... eu posso explicar... — Desatei a falar quando o mesmo parou na minha frente de braços cruzados, parecendo esperar por uma desculpa. Lucca se afastou de fininho, indo até Dante calmamente.

— Você não precisa fazer nada, Ethan. O Dante já me contou tudo. — A voz de Dylan saiu carregada, ele parecia muito irritado mesmo, na verdade parecia estar prestes a rosnar.

— M-mas... — Gaguejei sentindo as minhas tripas darem um nó.

Porque Dante fez isso? Porque ele armou pra cima do meu relacionamento? Isso é algo ridículo! Isso é digno de uma novela mexicana muito ruim... Droga! Ele fez isso só pra provar o seu ponto ou o quê?

— Sabia que não devia ter deixado você sozinho com ele... Você poderia ter se machucado, ele poderia ter te atacado. — Dylan rosnou parecendo ficar mais irritado ainda, mas suas palavras me deram um fio de esperança. Ele estava furioso com Dante e não comigo, espera! Ele disse que ele poderia ter me atacado? Como assim?

— P-poderia ter me atacado? — Encarei Dylan sem ter certeza do que ele havia dito. Dante era estranho, mas... seria ele capaz de algo assim? Tá, ele meio que me beijou, mas não foi um ataque, né? Será?

— Mas é claro! Ele está fora de controle e já deixou claro que tem interesse em você. — As sobrancelhas de Dylan franziram ainda mais e uma veia em sua têmpora começou a pulsar, sinal claro de que ele estava imaginando tal possibilidade.

— Você acha que o Dante está fora de controle? — Questionei isso ao dar uma rápida olhada em Dante, ele agora conversa com o Lucca e parecia... normal.

— Que? Não, eu estou falando do David... Do que você está falando? — Dylan ergueu uma sobrancelha pra mim e me encarou como se eu estivesse louco.

— Err... O que o Dante contou pra você exatamente? — Agora minha mente estava quase dando pane total, que tipo de mentira ele deve ter contado?

— Ele contou que o David entrou no cio enquanto você estava no mesmo quarto que ele... Droga! Isso poderia ter dado muito errado, ele poderia ter ido pra cima de você ao invés do Steven. — Dylan esbravejou antes de me puxar para um abraço cheio de preocupação.

— Ah... isso! — De repente veio uma luz na minha cabeça, claro que o Dylan faria uma tempestade em um copo d'água por causa dessa situação com o David, mas não era pra tanto. Espera... Como o Dante sabe que isso afeta Dylan?

— Que bom que você está bem, ele não te tocou, não é mesmo? — Dylan me segurou pelos ombros e me afastou de si para me examinar detalhadamente.

— Não, eu estou ótimo. — O tranquilizei mesmo que eu não estivesse tranquilo, estava acontecendo muitas coisas ao mesmo tempo para ficar realmente calmo.

— Ainda bem! — Dylan voltou a me abraçar, dessa vez com mais força, meu lobo ficou todo ouriçado e aflito, como se esperasse um ataque da parte dele.

Enquanto Dylan me esmagava protetoramente, eu fuzilava Dante com os meus olhos estreitados. Dante por sua vez apenas sorria sabendo que tinha em mãos uma arma para me torturar.

De repente Lorenzo, Richard, Giovanni e Hayato entraram em casa, acompanhados por Nikolai que rapidamente veio em minha direção, parando ao nosso lado, mas mantendo uma pequena distância. Scott veio logo atrás trazendo duas enormes jarras elétricas cujas bocas soltavam um vapor de água fervida. Scott sorriu pra mim antes de correr para a cozinha e desaparecer.

— Que bom que estão todos aqui, precisamos falar sobre algo importante. — Lucca fez sinal para que todos se aproximassem do centro da sala, onde eu já estava com Dylan e Nikolai. Eric e Yvan foram os únicos que ignoraram esse pedido do Alfa.

— Não estamos todos aqui, falta o Steven e o policial... E o Scott também. — Lorenzo olhou em volta, fazendo um rápido reconhecimento dos presentes.

— É sobre os dois primeiros que quero falar... O David entrou no cio e agora está com Steven lá em cima, em um dos quartos, então o segundo andar está proibido até que as coisas se acalmem por lá. — Lucca olhou para todos com uma expressão carregada, deixando claro que aquilo era uma ordem.

— Que? Tão de repente? Quero dizer... O Policial estava dando sinais de que iria entrar no cio, o cheiro dele estava forte, mas ele não fez nenhum dos preparativos comuns... Não montou ninho, não marcou território e nem o parceiro dele. — Richard se pronunciou parecendo estar preocupado e isso me trouxe de volta à mente uma apreensão recente.

— Eu estou cheirando a algo? — Cochichei ao Dylan, ele ainda não havia me soltado de seu abraço, então estávamos bem perto. Eu queria saber se estava com cheiro de cio ou coisa do tipo.

Dylan sorriu malandramente antes de levar o nariz ao meu pescoço e cheirar profundamente. Corei com isso, pois soou muito sexual para o meu gosto e os outros estavam no mesmo cômodo que nós.

— Está cheirando a Dante. — Dylan respondeu baixinho ao se afastar de mim. Meu coração deu uma parada brusca achando que havíamos sido pegos, mas Dylan não estava me encarando com raiva ou com qualquer outra expressão que indicasse a descoberta de uma traição, então me acalmei.

— O fato do Policial não ter montado um ninho ou coisa do tipo é normal, ele ainda não possuí instintos animais, então para ele não há tais necessidades. Um ninho e um território não fazem falta para um humano. — Dante explicou calmamente ao se postar do lado de Lucca, porém sua expressão era a de alguém que estava sem paciência para ensinar gente ignorante.

— Oh! Faz sentido, mas então nesse caso não corremos riscos, certo? Poderíamos ir até o segundo andar e ele não nos atacaria, afinal ele não estaria protegendo um território. — Lorenzo rebateu animadamente e Dante o fuzilou com um olhar que o apontava como a criatura mais burra do mundo, o coitado do Lorenzo até se encolheu com tal fitar.

— Pode até ser que David não nos ataque, mas vocês esqueceram que Steven estava perto de entrar no cio também. O cio do Policial pode desencadear o dele, e ele já provou ser protetor com o Policial, então vamos evitar incidentes desnecessários. — Lucca comentou sabendo que se Dante abrisse a boca agora, o pobre Lorenzo iria ouvir alguns xingamentos no meio da explicação.

— Droga! Temos menos dois ajudantes agora, esses concertos vão levar uma vida! — Giovanni cruzou os braços fazendo uma cara de poucos amigos.

— Não é como se tivéssemos coisas melhores pra fazer, não é mesmo, amor? — Hayato tentou acalmar seu parceiro com um tom suave e carinho de voz.

— É, mas... Ah cara! Macarrão instantâneo de novo? — Lorenzo bufou enraivecido quando Scott entrou na sala trazendo consigo uma caixa daqueles macarrões instantâneos que vem em copos de plástico.

— Tenham paciência... Eu irei encomendar um fogão novo em breve e logo teremos comida de qualidade. — Lucca suspirou com um ar cansado ao escolher um sabor na caixa quando Scott passou por ele.

— Como o caminhão de entregas vai chegar até aqui? Os humanos não vão passar por aquela droga de ponte... E mesmo que nós busquemos os eletrodomésticos de caminhonete, bem... a ponte seguirá sendo um problema. — Giovanni ficou mais emburrado ainda... se fossemos fazer um cosplay de Branca de Neve e os sete anões, ele poderia encarnar o zangado fácil, fácil.

— Por isso temos que concerta-la antes de encomendar qualquer coisa. E é por isso que ainda estamos comendo isso. — Lucca apontou para o copo de plástico nas mãos de Dante. O mesmo havia escolhido um sabor, mas o virava em suas mãos com uma cara de puro nojo.

— E a lista de coisa a fazer só aumenta. — Giovanni ficou mais irritado ainda.

Enquanto isso Scott apenas ia de pessoa em pessoa, deixando a mesma escolher um sabor antes de ir para a próxima.

— Voltando ao caso do Steven... Poxa, parece que ele teve sorte, né? Quero dizer, ele estava atrás desse Policial há um tempo, mas o outro nem dava a mínima para ele. Pensei que Steven fosse ser um desses casos tristes de parceiro eterno não correspondido, mas pelo visto o Policial sente o mesmo por ele, pois foi direto nele quando o cio apertou. — Richard comentou com um ar pensativo e até surpreso. Ele parecia estar encucado com esse assunto, pois desde que soube que Steven e David estavam lá em cima, ele manteve a mesma expressão pensativa.

— Verdade! O policial nem procurou uma mulher humana... Isso só pode significar que o Steven é o parceiro eterno do Policial também... Perfeito, não? — Lorenzo pareceu animado com tal coisa, ele até sorriu para Richard.

— O David era um Gay assumido, porque correria atrás de uma mulher? — Me senti na obrigação de rebater esse isso. Cheguei até me virar nos braços do Dylan para ficar de frente para as pessoas, Dylan aproveitou isso para apoiar o queixo no topo na minha cabeça e entrelaçar os dedos em volta da minha barriga.

— Humano, caso não saiba, todos os Lobisomens passam por dois tipos de cios. — Dante me fuzilou com aquele seu olhar irritado e sem paciência, porém não foi tão intenso quanto o que ele lançou para Lorenzo antes.

— Os dois cios são... Os de reprodução, que acontecem na maturação e é quando o Lobisomem em si é atraído por uma humana qualquer para dar continuidade à espécie. E o outro é o cio de ligação, que acontece quando o lobisomem encontrar o parceiro eterno. Depois que um lobisomem encontra seu parceiro, o outro tipo de cio, o de reprodução não acontece mais. — Dante explicou sem mais.

— Estranho! O Dylan não teve esse cio de reprodução. O primeiro cio dele foi comigo, que sou seu parceiro eterno. — Rebati me sentido especial, não pude evitar que um sorriso orgulhoso se abrisse em meus lábios.

— Verdade! — Dylan confirmou e voltou a me apertar forte em seus braços, quase me fazendo derrubar o copo que eu havia acabado de pegar da caixa que Scott segurava à minha frente.

— Isso só pode significar que os genes do Dylan são péssimos para passar à diante. — Dante lançou a mim um sorriso convencido que incendiou a fúria em meu âmago.

— E você tem genes bons então? Quantos filhos você tem por aí? — Rebati com um tom esnobe.

— Ethan! — Ouvi várias vozes surpresas exclamarem meu nome, pude até senti olhares tensos sobre mim, mas não liguei. Dante havia ferido a honra do meu namorado/dono por direito, eu iria defendê-lo mesmo que fosse com palavras de baixo nível.

— Bem... Pode ser que Dylan não tenha chegado à maturidade ainda, talvez ele tenha feito a ligação com o Ethan antes de estar pronto... Então isso pode explica o porquê dele não ter passado pelo primeiro cio de reprodução. — Lucca interveio parecendo aflito com rumo da conversa.

— Mas se for assim, então o caso do David pode ser o mesmo, certo? O Steven só pode ser o parceiro eterno de David. — Lorenzo voltou a bater nessa tecla.

— Na verdade, não... Lobos ilegítimos, como o Policial e esse carinha aí, não tem a capacidade de se ligar a outro. — Dante vociferou com um rosnado profundo, parecia estar irritado com algo. Acho que toquei no calo dele ao rebatê-lo antes, isso explica porque o Lucca ficou tão aflito para intervir no papo, ele conhece os calos do amigo.

— Como é? — Dylan questionou sério.

Enquanto o papo tenso rolava no centro da sala, Eric e Yvan seguiam no seu mundinho de dobraduras de papel. E Nikolai arriscava pegar um dos copos de macarrão da caixa de Scott, mas seu olhar arredio direcionado ao Lucca provava que ele estava esperando uma reação negativa do Alfa.

— Estou dizendo que seu parceiro eterno não pode sentir o mesmo que você sente por ele. Ele é humano no final das contas... ter sido amaldiçoado pela mordida de Loker não o torna um lobisomem de verdade. — O tom de Dante transparecia raiva, parecia até que ele estava falando tais coisas para ferir o Dylan.

— Oh... Mas pelo menos o Ethan ama o Dylan e os dois estão juntos, é isso que importa, né? — Hayato era outro que parecia estar querendo apaziguar a conversa.

— É... eu concordo. — Dylan sorriu animado e voltou a me apertar de modo sufocante... Céus! Ele deve pensar que minhas gordurinhas servem pra isso.

— Não se apegue a ele, Dylan... Humanos não são confiáveis quando se trata de relacionamentos. Eles são traidores por natureza, confie em mim. — Dante fitou Dylan com cólera, parecia realmente estar querendo ferir o irmão mais novo com palavras, isso voltou a me tirar do sério.

— Ora... desculpa aí Senhor bonzão se você teve seu coração partido por uma humana no passado, mas isso não significa que todos nós sejamos assim. — Antes que eu pudesse me refrear, eu já tinha jogado tais palavras na cara de Dante.

— Ethan! — Novamente as vozes chocadas exclamaram o meu nome, mas dessa vez um silêncio constrangedor tomou o lugar logo em seguida. Acho que todos ali sabiam da humana de Dante, ou talvez só pudessem sentir o ar denso que ficou depois do que falei.

Agora Dante me encarava como se fosse avançar em mim e arrancar as minhas tripas pelo umbigo com as mãos nuas. Pude até sentir um friozinho na espinha quando seus olhos em brasas encontraram os meus, meu lobo ficou inquieto com isso, mas parecia na verdade estar preocupado com Dante.

Realmente pensei que Dante fosse me matar, mas de repente sua expressão de pura fúria se tornou um sorriso cruel.

— Ah, então você está me dizendo que nunca traiu o Dylan, é isso? Tem certeza? Nem mesmo com um beijo? — O sorriso de Dante aumentou quando a cor sumiu do meu rosto.

Engoli em seco sabendo que ele venceria essa guerra.

— Não se preocupe Ethan, eu não considero o que aconteceu com aquele Policial idiota uma traição. Quando vocês ficaram juntos, você não se lembrava de mim, já te perdoei por isso há muito tempo. — Dylan sorriu despreocupadamente, alheio do segredo que Dante e eu possuíamos.

— Como é que é? — O ar vitorioso de Dante caiu por terra e deu lugar a uma expressão completamente perdida.

— Quando Ethan foi sequestrado e torturado por um bando inimigo, nós concordamos que esse mundo era perigoso demais para ele e decidimos devolve-lo à sua vida humana comum. Apagamos a memória dele com aquele antigo cristal do seu pai e durante o período que ficamos longe, bem... Ethan e David ficaram juntos. Não sabemos o que rolou ao certo, mas sabemos que afetou demais ao Dylan. — Lucca contou ao Dante com um tom cansado e preocupado ao mesmo tempo.

Olhei para Dylan em choque, mas ele apenas me lançou um sorriso despreocupado. Eu não sabia que aquilo tinha afetando tanto ele... o que ele deve ter passado aquela noite em que dormi com outro?

— Como é? Ele e... aquele Policial... juntos? — Dante rosnava entre os dentes como se o traído fosse ele e não o Dylan. O que ele tem a ver com isso? Vai me dizer que se importa com irmão ao ponto de tomar as dores dele... me poupe!

— Espera! — De repente Dante arregalou os olhos como se tivesse acabado de perceber algo importante.

— Você disse que usou aquele cristal, certo? Quanto da memória dele vocês apagaram? Foi mais de uma semana? — Dante encarou Lucca com seriedade ao questionar isso.

— Bem mais que isso. — Lucca confirmou com a cabeça.

— Bem... Nesse caso temos que agradecer ao Loker por ter transformado o humano. Quem diria que o idiota nós faria tal ato de bondade. — O tom de Dante soou como uma chacota, então não sei se ele estava falando sério ou sendo sarcástico.

— Por quê? — Dylan questionou com um ar de preocupação.

— Aquele cristal não foi feito para ser usado em humanos. — Dante resmungou em resposta.

— Nós sabemos disso... Depois que Ethan passou muito mal e foi parar no hospital, nós tivemos que ajuda-lo a quebrar os efeitos do cristal e a lembrar de tudo. — Lucca rebateu rapidamente.

— Mas vocês são um bando de acéfalos mesmo... parece que ninguém aqui lê o manual das coisas antes de sair usando artefatos perigosos. Aquele cristal é fatal para humanos, pode não matar na hora, mas mata. Seu humano poderia ter tido um ataque do nada e caído morto, sem aviso algum. — Dante apertou a fonte do nariz fazendo a típica expressão que diz... Estou cercado de idiotas.

— O que? — Dylan me apertou tanto, que quase não consegui respirar.

— Mas agora ele não corre mais esse risco, relaxem. — Dante revirou os olhos e suspirou de modo irritado.

— Nossa... Ethan, você se salvou por pouco! — Hayato me sorriu gentilmente, novamente ele parecia estar querendo suavizar o papo.

— Verdade! Por falar nisso... Como está se sentindo sendo um de nós? Está gostando? — Richard claramente mudou de assunto, parece que Hayato não era o único que queria suavizar as coisas por aqui.

— Na verdade me sinto estranho... tem esse lobo dentro de mim que mais parece uma segunda personalidade... Isso incomoda um pouco. — Comentei timidamente revirando o copo plástico nas mãos. Não queria passar a impressão de estar reclamando, afinal eu estava bem e pelo visto não corria mais o risco de ter um ataque fulminante.

Um silêncio intenso tomou conta do cômodo de repente. Quando ergui a cabeça, reparei que todos estavam me olhando de um jeito estranho, como se eu fosse um alienígena.

— O que foi? Porque estão todos me olhando assim? Não é assim com vocês? — Sorri de nervoso, eu odeio ser o diferente da turma, já sofri demais sendo o garoto afeminado do colegial.

— Não... nós não temos um lobo ou uma segunda personalidade dentro de nós... NÓS somos os lobos. Que coisa bizarra! — Lorenzo respondeu me olhando dos pés à cabeça.

— Isso é normal? — Dylan questionou diretamente para Dante, acho que ele já estava associando o Dante a informações.

— O David também disse que se sente assim. — Argumentei rapidamente, nós dois estávamos no mesmo barco.

— Não posso dar total certeza, afinal existem pouquíssimos registros sobre humanos que foram transformados e liberados do comando de seu criador. Na verdade você e o Policial estariam dentro do Top 5 dos poucos humanos que tiveram tal sorte... poderia até servir de estudo para novos registros. — Dante coçou o queixo pensativamente ao me fitar como uma possível cobaia... Eu não gostei disso.

— Mas acredito que isso seja questão de tempo e afinidade. — Por fim Dante deu de ombros como se não se importasse com isso.

— Tempo e afinidade? — Questionei.

— Com o tempo é provável que você e seu lobo venham a se conhecer melhor e conforme isso for acontecendo... conforme você for aceitando e se adaptando ao seu lado selvagem, e ele ao seu lado humano... bem, acredito que vocês venham a se fundir lentamente. — Dante respondeu com um tom pretencioso, parecendo realmente estar chutando isso aí.

— Você acredita? Nossa! Isso ajuda muito, valeu! — Rebati usando um tom sarcástico que o fez sorrir de modo atrevido.

— Isso significa que temos dois lobos ao qual não conhecemos e não confiamos embaixo do nosso teto? — Giovanni olhou para os companheiros com ansiedade e uma inquietação se espalhou pelo local.

— Não é pra tanto! Eu não conheço muito bem esse... lobo do Ethan, mas sei que ele está sobre o meu controle e sei que não precisamos temê-lo. — Dylan lembrou a todos desse detalhe e a inquietação abrandou um pouco.

— Realmente, mas isso nos leva a uma questão mais urgente... A lua cheia está chegando, o que vamos fazer com Lucca. — Dante jogou esse comentário de repente e todos os olhares voltaram-se para ele.

— Como assim? — Richard questionou.

— Temos de aprisiona-lo em algum lugar seguro. — Dante falou isso como se estivesse comentando que o céu era azul, ele não demonstrou qualquer emoção de empatia pelo amigo.

— Você está brincando, né? É do nosso Alfa que você está falando... Quem você pensa que é para dizer que temos que prendê-lo? — Giovanni parecia que ia ter um treco, mais um pouco e a cabeça dele ia pegar fogo de tanta raiva.

— Não, ele tem razão, eu sou muito perigoso, mesmo nessa forma eu já passo muita tensão para vocês, imagina quando a lua cheia estiver em seu ápice? — Lucca apoiou o comentário infeliz de Dante e todos ficaram chocados.

— Sim, fora que nos últimos registros que temos de um Alfa Lúpus, bem... as coisas não acabaram bem para o Bando dele. — Dante encarou Lucca por um momento, como se estivesse analisando o amigo e sua periculosidade atual.

— Como assim? O que está insinuando? — Richard indagou.

— Vejam bem... Eu não posso afirmar que um Alfa Lúpus perde o controle durante a lua cheia, pois boa parte que falava sobre isso naquele livro estava rasurada, não sei se algo aconteceu com o Alfa dos registros que o levou a loucura e ao ataque, mas... é melhor não arriscarmos. — Por um breve segundo pensei captar preocupação no olhar que Dante lançou ao Lucca, mas em se tratando desse cara afetado, eu não sei bem o que vi.

— É... Eu concordo com ele, principalmente porque teremos lobos novos no Bando, lobos ao qual não estou familiarizado... E se por acaso eu os considerar uma ameaça? — Lucca lançou um olhar rápido na minha direção e na direção de Nikolai.

— Exato! E não sabemos como o Ethan irá reagir a sua primeira lua cheia... Ele pode ficar agressivo, não acham? — O olhar presunçoso de Dante recaiu sobre mim e um pressentimento ruim me tomou. Eu não confiava no meu lobo, principalmente nessa fase da lua que aflorava algo nesses seres.

— Você acha? — Dylan soou preocupado e seus braços estreitaram-se um pouco ao meu redor de modo protetor.

— Tanto que acho que você deveria me deixar cuidar dele durante a lua cheia, Dylan. — Um sorriso perigoso abriu-se nos lábios de Dante.

— O que? Por quê? O meu lobo reconhece o Dylan como seu dono... Não deveria ser ele a me manter sobre controle? — Não pude simplesmente ficar calado, era obvio que esse homem estava planejando algo.

— Sim, sim, mas o Dylan é jovem e inexperiente, já eu... Eu tenho conhecimento de sobra e posso mantê-lo...seguro de si mesmo. — O olhar desdenhoso de Dante fixou-se em mim sem deixar qualquer dúvida... ele estava armando alguma.

— Se é para o bem do Ethan, eu concordo. — Dylan concordou rapidamente quando Dante colocou a minha segurança em pauta.

— O que? Dylan, não! Eu não quero ficar com ele na minha primeira lua cheia... Eu mal o conheço, eu só confio em você. — Agarrei-me nos braços dele como se temesse que ele fosse me soltar a qualquer momento.

— Não se preocupe quanto a isso, Ethan. Eu confio no meu irmão e acho que serei mais bem utilizado se ficar de guarda durante a lua cheia. — Meu Deus! Dylan é muito ingênuo... chega ao ponto de ser corno manso.

— Mas... — Quis rebater, mas para isso eu teria que entrar no assunto do beijo e estávamos no meio do Bando todo, isso seria uma humilhação para ele.

— Pessoal... a água está esfriando, vamos comer? — Scott pronunciou-se timidamente com as jarras elétricas em mãos, as mesmas já não soltavam mais vapor pela boca.

— Eu passo... Prefiro ir lá fora abater algum animal. — Dante largou o copo de macarrão, deixando o cair aos seus pés como se o alimento fosse algo indigno. Ele então deu as costas para o Bando e se dirigiu para a porta.

— Mas Dante... é perigoso! — Lucca ficou claramente preocupado, seu medo de perder mais alguém ainda era evidente.

— Duvido que o Loker venha brincar comigo. Se eu o conheço, ele deve estar em algum lugar escondido com o rabo entre as pernas, deve estar pensando em como dar a volta por cima. — Dante ignorou o amigo e simplesmente seguiu seu caminho.

— Bem... nesse caso podemos ir com você? Preferimos comer carne. — Lorenzo pediu timidamente.

— Não, vocês não se transformam em lobo, vão acabar me atrapalhando... E eu sou do tipo lobo solitário. — Dante olhou por sobre o ombro de um modo agressivo, isso fez o Bando do Motel inteiro desistir de argumentar.

— Mas se o leitãozinho quiser vir me fazer companhia, eu aceito. — Dante sorriu para mim de modo presunçoso antes de sair pela porta sem dizer mais nada.

— Leitãozinho? — Todos se questionaram sobre tal apelido, alheios ao fato de que eu era o dono de tal alcunha.

Já chega! Isso foi longe demais.

— Dylan, podemos conversar? — Pedi seriamente ao me afastar de seus braços.

— Mas e a comida? — Dylan apontou para o copo plástico em suas mãos que estava sendo preenchido de água quente por Scott.

— Levamos conosco. — O tranquilizei e também estendi o meu copo para Scott encher.

Chega disso, eu tenho de contar a verdade, não posso deixar o Dante com tal arma nas mãos. Meu relacionamento corre perigo por causa de algo tão bobo quanto um selinho roubado.

Deixando o restante do Bando na sala, Dylan e eu desbravamos o interior da mansão ainda sujo até encontrarmos uma sala de jogos afastada. A sala era escura e muito fria, mas serviria para uma conversa séria.

Assim que entramos, Dylan foi sentar-se na beira de uma mesa de pebolim empoeirada para arrancar a tampa do copo e dar as suas primeiras garfadas, ele parecia faminto e alheio ao meu estado tenso.

— Dylan... eu quero falar com você sobre o Dante. — Respirei fundo umas três vezes antes de falar isso e quase espirrei por causa da sujeira.

— Eu sei... tem algo de errado. — A expressão faminta de Dylan desmoronou, ele largou o copo com macarrão pela metade ao seu lado sobre a mesa parecendo perder o apetite.

— C-como assim? — Fiquei nervoso com o olhar abatido dele, será que ele já sabia o que eu ia contar?

— Me sinto estranho perto dele. — Dylan massageou o peito com uma careta de dor.

— Estranho? — Me aproximei querendo abraça-lo para afastar aquela expressão dolorida dele.

— Não sei explicar, eu só sei que... Só sei que quando ele veio falar comigo sobre o cio do David hoje mais cedo, sei lá, ele chegou muito perto e eu... eu me senti... — Ele esfregou o peito mais forte, parecendo aflito com algo.

— Sentiu? — Insisti no assunto.

— Sei lá... Parece que somos mais que irmãos... Sabe? Algo além de irmãos, na verdade. — Ele contou com um tom abatido.

— Mais que irmão? Como assim? Tipo... pai e filho? — Chutei qualquer coisa sem pensar, mas... Isso era possível? Bem, tecnicamente o Dante já era adulto quando o Dylan nasceu e naquela época as pessoas tinham filhos bem novos, certo?

— Não, eu não acho que seja isso... Parece mais uma ligação. — Dylan negou com a cabeça veemente antes de voltar a fazer uma careta aflita.

— Ligação? Tipo... Uma dessas ligações bizarras de parceiros eternos? — Meu Deus! O mundo dos lobisomens tem incesto liberado? Por favor, me diga que não é isso.

— Mais forte que isso... — Dylan sussurrou como se não quisesse que eu realmente ouvisse isso.

— Mais forte que isso? Como assim? — Senti uma pitada de ciúmes, afinal eu e Dylan éramos parceiros eternos, e saber que existe algo mais forte que isso me deixa... magoado.

— Deixa isso pra lá, deve ser só mais uma frescura de Lobisomem que eu ainda não entendo já que não estou maduro... Talvez meu lado selvagem esteja reconhecendo ele como parte da família, sei lá... Talvez signifique que nós podemos nos ligar mais, ser uma família de verdade... Afinal eu quero muito isso e ele parece não gostar de mim. — Dylan fez um beicinho e me olhou como uma criança que foi castigada injustamente.

Ai, não! Ele quer muito ter esse relacionamento com o irmão, não o culpo, afinal ele meio que perdeu o Eric agora, e ele mal conhece o Scott... Não posso estragar isso, posso?

— O que você queria falar sobre o Dante mesmo? — O beicinho de Dylan se desfez e um sorriso animado iluminou seu rosto... Droga!

— Nada... deixa pra lá. — Desisti de contar a verdade, pelo menos por agora, mas ficarei de olho em Dante para entender suas reais intensões e proteger o Dylan.

Espero estar fazendo o certo. 


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Notas finais do capítulo:

A lua cheia está chegando e com ela vem a preocupação. Lucca será perigoso durante esse período? E Ethan? Ele ficará bem tendo Dante como seu cuidador? E o que há entre Dante e Dylan? Não percam no próximo capítulo.

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Aviso rápido... Muitos leitores estão me reportando dificuldades ao ler esta obra. Alguns não conseguem visualizar o final dos parágrafos, outros não conseguem ver parágrafos inteiros, além daqueles cujo capítulo não carrega ou simplesmente deixa de existir (ontem mesmo alguém me perguntou se eu apaguei os últimos quatro capítulos). Fora também muitos que não estão recebendo notificação de capítulo novos.

Eu realmente não sei o que está acontecendo aqui, mas conversando com algumas pessoas no Facebook, eu cheguei a uma teoria de que o Aplicativo está bugado, então se você tiver um desses problemas, tente entrar na plataforma pelo browser do seu celular ou PC para conferir se o problema se corrige.

Caso isso não resolva o seu problema... eu realmente não saberei lhe dizer o que está acontecendo aqui, e só poderei lhe indicar que leia pelo Nyah. (Futuramente vai estar no Inkspired também, mas vai demorar um pouco).

Espero que esses problemas se resolvam logo para que todos tenham uma boa experiência ao ler por aqui.

Obrigada por ler.

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