Elle
Oi, eu sou Elle Evans. Mas acho que você já sabe disso. Eu e meu melhor amigo, Lee, vamos sair um pouco. Preciso de distração ou vou ficar mais um dia pensando incansavelmente no Noah.
Espera, você não sabe do que eu tô falando? Vou fazer uma recapitulação rápida dos fatos.
Lee e eu somos amigos desde... sempre. Até nascemos no mesmo dia. Lee tem um irmão que se chama Noah. Ele era o cara mais lindo e popular da escola, diferente de mim ou do Lee. Mas isso não me impediu de tê-lo como meu crush. O que eu não imaginava era que Noah também sentia algo por mim.
Tudo ficou mais claro no dia do evento anual da escola para arrecadar fundos pra caridade. Onde Lee e eu tivemos a brilhante ideia de montar uma barraca do beijo.
Não era pra eu ser uma das garotas que iriam "trabalhar" na barraca, mas as garotas O.M.G; Olivia, Mia e Gwyneth, me obrigaram a colocar a venda e ir para o palco. Foi aí que tudo começou.
Eu beijei o Noah na frente de todo mundo da escola. E então beijei ele de novo. Mas dessa vez, foi numa estufa. Foi um momento tão lindo, ele disse o que sentia por mim e eu me derreti. Mas eu descobri, graças ao Andrew, o segurança, que Noah já havia levado outras garotas até lá. Fiquei furiosa.
Noah me levou a um lugar especial, onde ele só ia sozinho. La nós conversamos e acabou rolando... Ah, você sabe.
Namoramos escondidos por um tempo, até que Lee descobriu. Eu tinha quebrado a regra número nove: parentes do seu melhor amigo estão totalmente fora de questão. Ele se sentiu traído e deixou de falar comigo, fiquei muito mal. Então eu briguei com Noah, que sumiu por algumas semanas.
Fiz as pazes com o Lee, dançando. Noah voltou e falou na frente da escola toda que me amava. Eu saí correndo, não queria perder a amizade do Lee de novo. Meu coração ficou dilacerado naquele dia por deixar Noah lá, sem uma resposta.
Caí na real e não escondi mais meus sentimentos. Disse ao Lee no dia do nosso aniversário que eu amava o Noah, mas ele me contou que seu irmão já havia ido embora pra universidade.
Não era verdade, ele ficou mais um tempo, queria me ver assoprando as velas do bolo de aniversário. Fofo não é?!
Passamos as próximas semanas juntos, até chegar a hora de nos despedirmos.
Noah foi pra faculdade, levando uma parte de mim e me deixando uma parte dele. E ele me deixou a moto dele também, o que foi incrível porque ele não deixava ninguém pilotá-la.
Aqui estou eu no Pier de Santa Monica com meu melhor amigo, Lee. Precisávamos nos distrair um pouco da rotina escolar, então viemos fazer o nosso lance favorito: dançar. Nós já havíamos batido todos os recordes da máquina.
Quando dançávamos era como se entrássemos num mundo só nosso. Lembro-me de Noah. Ele ficava nos observando e... Droga, não era pra eu estar pensando nele agora. Perdi até o ritmo.
— Que foi, Elle? – Lee me fitava. — Pensando do Noah, de novo?
— Não posso evitar, sinto saudade dele. Ainda mais agora que não nos falamos tanto como antes – é verdade, costumávamos nos falar todos os dias, por mensagens ou ligações. Mas faz um tempo que não tenho notícias. Nenhuma ligação, nenhum torpedo. — Tem falado com ele?
— Também não.
— Estranho – nesse momento meu celular vibrou. — Ah, é o meu pai. Eu preciso ir agora.
— Eu te levo – Lee disse.
— Oi, gente! – Rachel, namorada do Lee, acabou de chegar.
— Não, tudo bem. Vou correndo, preciso me exercitar um pouco depois de comer tantas batatas fritas. Divirtam-se. Até mais Rachel.
— Tchau, Elle. – o casal acenava para mim com um sorriso no rosto.
Enquanto corria, meu celular começou a tocar. Olhei a tela e meu coração disparou.
— Noah! – gritei no meio da rua.
— Oi, Elle – como eu senti falta daquela voz rouca e sedutora.
— Por que você sumiu? – agora eu estava brava.
— Desculpa, eu estive muito ocupado com o time. Eles me querem como QB.
— Quarterback? – Noah murmurou um "uhum". — É claro que querem. Quem não iria te querer como quarterback?! Isso quer dizer que você já é considerado um veterano. – e eu pensando que a faculdade seria diferente do colégio pra ele. — E, deixa eu adivinhar, você é um dos caras mais populares de toda a universidade – ouvi sua risada do outro lado da linha.
— Não posso evitar, Shelly – ah, esse apelidinho me da nos nervos. — Olha, eu preciso ir agora, depois eu ligo pra você.
— Tá – disse cabisbaixa. — Te amo.
— Eu te amo – desligou.
Ai, eu poderia cair aqui mesmo, no meio da rua. Esse cara me deixa nas nuvens.
No domingo, como é de costume, fomos almoçar com os Flynn. Com "os Flynn" quero dizer apenas Lee, os pais dele viajaram.
O almoço correu tranquilamente. Sentia falta do Noah me encarando, era irritante, mas eu gostava.
Na segunda me arrumei pra escola e, graças a Deus, nenhuma calça rasgada na bunda. Hoje fui de carona com Lee, decidi dar um descanso pra moto.
As horas passaram voando, até estranhei. Na saída as pessoas estavam alvoroçadas, todas com muita pressa pra sair. Mais pressa do que o normal.
Lina — uma garota que não era a minha maior fã —, passou por mim fazendo questão de trombar no meu ombro, junto de suas lacaias.
— Me diz Lee, o que eu fiz pra ela?
— Não faço ideia. Quem sabe um dia eu descubra, aí eu te conto.
— Queria que ela voltasse pra Vulgária – nós rimos.
Lee e eu brincávamos de que Lina tinha vindo da Vulgária — Bulgária — pelo modo vulgar de se vestir. A camisa sempre decotada, saia curta. Não mais do que a minha do ano passado, tenho que confessar.
— Quem é ele? – Lee e eu andávamos bem atrás dela, podíamos ouvir a conversa.
— Eu não faço ideia – Ambre respondeu, uma de suas amigas. — Mas ouvi dizer que ele era o cara mais popular daqui antes de ir pra faculdade. Ele é tipo uma lenda da escola. E ele é muito gato.
— Acho que conheço alguém mais o menos parecido – Lee disse.
Não é possível.
Apressei-me pra sair. Ao longe vi um amontoado de pessoas, como se estivesse havendo uma briga. Mas não era nada disso. No meio de todas aquelas pessoas eu vi ele, que se destacava. 1,93 de puro músculos e beleza. Noah Flynn.
— Ei! – Lina estalou o dedo na minha cara. — Você vai começar a babar. Mas isso é o máximo que você pode fazer. Olha só como se faz.
Lina andou na direção do Noah, que estava lá, parado, encostado no carro, sorrindo para as pessoas. Quando ele me viu, seu sorriso aumentou. Mas Lina se aproximou dele, se insinuando. Ele não dava atenção, mas eu sim.
— Ah não. Isso não vai acontecer na minha frente, sua galinha. – falei com a total consciência de que apenas Lee podia me ouvir. Comecei a andar na direção deles, determinada. Mas acontece que eu não vi um pequeno degrau. Resultado? Eu caí de cara na grama. — Só pode ser piada – falei com a voz abafada pela grama.
Me virei fechando um pouco os olhos devido ao sol. Levantei um pouco a cabeça e vi Lee com a mão na barriga, passando mal de tanto rir. Uma sombra se fez, chamando minha atenção.
— Oi, Shelly. – aquele sorriso sensual que me conquistou e o qual eu senti tanta falta. Ele estava ajoelhado ao meu lado, estiquei meus braços e o puxei para cima de mim, sem me importar com os outros.
Hum, o gosto dele é tão bom. Os lábios dele são tão macios. Logo começaram os aplausos e assovios. Era como se tivéssemos voltado, como se estivéssemos mais uma vez na Barraca do Beijo.