Winter Flower

Von LadyAfroditeLubov

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Quando Shay Patrick Cormac conhece a doce e irreverente Perséfone, ele não esperava que ela se tornasse tão i... Mehr

Prólogo
White like Snow - Parte 1
White like Snow - Parte 2
Wild Flower - Parte 1
Wild Flower - Parte 2
Shelter - Parte 1
Shelter - Parte 2
Lucky - Parte 1
Perfect - Parte 1
Perfect - Parte 2
Enchanted - Parte 1
Enchanted - Parte 2
Stay - Parte 1
Stay - Parte 2
All Falls Down - Parte 1
All Falls Down - Parte 2
Lost it All - Parte 1
Lost it All - Parte 2
Broken Flower - Parte 1
Broken Flower - Parte 2
Safe and Sound - Parte 1
Safe and Sound - Parte 2
Powerful - Parte 1
Powerful - Parte 2
Same Blood - Parte 1
Same Blood - Parte 2

Lucky - Parte 2

70 20 89
Von LadyAfroditeLubov

Shay olhou com certo orgulho para as velas rubras da Morrigan, deixando um sorriso escapar ao ver o grupo de baleias se aproximarem despreocupadamente do navio.

— Tome conta do leme para mim por um instante... — ele entregou o leme ao marinheiro ao seu lado, antes de descer a passos apressados para a cabine, acordando sua companheira de viagem. — Vamos, Snow... Você não vai querer perder isso.

— Shay Cormac... É melhor que você tenha um excelente motivo para estar me acordando tão tarde... ou tão cedo... — Perséfone bocejou, fazendo o Assassino rir, enquanto ele apoiava o corpo a amurada e apontava para os gigantescos animais que os seguiam.

Ela abriu um largo sorriso, se debruçando sobre a proteção e assustando por um instante o moreno, que rapidamente lhe envolveu a cintura com os fortes braços a mantendo na segurança do navio.

— Esse... — ela apontou para um dos animais, que pareceu se exibir por um instante para a albina. — É um bom motivo, Capitão.

Ele deixou uma risada baixa escapar, sorrindo quando ela apoiou o corpo a si, suspirando e mantendo os olhos no espetáculo a sua frente. Então, algo passou pela mente do Assassino.

Snow... — ele tentou não rir ao ouvi-la murmurar um 'hummm' baixinho. — Você pretende deixar a fazenda algum dia?

— Não. — ela respondeu sem hesitar nem por um instante. — Por que a pergunta? Está enjoando da minha companhia, Capitão?

— Não! — sua voz soou um pouco mais alta do que ele gostaria, o que fez a albina rir. — Snow, não é isso... Eu...

Ele deu um pesado suspiro, fazendo com que ela se virasse para o encarar.

— Eu não sei explicar. Você merece algo melhor do que passar o resto da vida escondida naquela fazenda, cercada por pessoas que tem mais inimigos do que podem contar. Você merece uma vida... normal, segura. — Shay a encarou com um olhar preocupado, enquanto Perséfone o olhava confusa. — Você não vai encontrar um... uma pessoa especial escondida lá, cercada por Assassinos potencialmente perigosos...

— Eu não preciso encontrar 'alguém' especial. — ela sorriu, passando a mão pela lateral do rosto do moreno. — Eu tenho vocês, e vocês são mais do que especiais. São incríveis.

Ele não pode evitar sorrir ao ouvir aquelas palavras, mas ainda assim.

— Além do mais... — Perséfone continuou, abrindo um largo sorriso. — Por que raios está tão preocupado com se vou encontrar um... marido ou algo assim? Está com ciúmes, Capitão?

— Não é isso, Snow. Só... — Shay suspirou pesadamente, fazendo com que a albina levantasse os olhos para ele. — Eu não devia estar fazendo isso com você...

— Do que você está falando? — ela o encarou confusa, lhe tocando de forma preocupada o rosto.

— Isso... — ele soltou a cintura dela, apoiando as mãos na proteção que os impedia de cair, apesar do balanço mais insistente do mar naquela noite. Ele passou uma das mãos pelo rosto dela, deixando um pequeno sorriso escapar quando ela sorriu. — Você é boa demais para alguém como eu... Você é doce demais para essa vida... Você merece a chance de ter uma vida normal, Snow. O tipo de vida que nenhum de nós pode lhe dar...

— Há! E quem disse que eu quero uma vida normal? — ela sorriu para ele, lhe segurando o rosto com ambas as mãos. — E como eu disse: quem tem que decidir o que é ou não bom para mim, sou eu mesma... Certo? Agora pare com essas bobagens...

— Eu sinto como se estivesse atrapalhando você. Isso... — ele apontou para os dois, dando um sorriso triste. — Não é normal. Não devíamos ser tão próximos. É erra-

Ele não pode terminar a frase. Perséfone o acertara com um soco na lateral da costela, lhe tirando o ar e o fazendo parar de falar por um momento.

— Se você tentar terminar essa frase, eu nunca mais falo com você! — ele levantou os olhos para a albina, que tinha uma expressão ameaçadora no rosto, os olhos brilhando perigosamente. — Eu não sou inferior a você apenas por ser uma mulher... Eu não tenho uma mente mais fraca ou não devo falar o que penso apenas por ser mulher... E não vou deixar de ser sua amiga só porque um bando de gente babaca e de pensamento arcaico acha que isso é errado.

Shay manteve os olhos na mulher a sua frente por mais um instante, pensando por um momento nas palavras dela.

— Shay...? — ela o encarou, temendo ter acertado um ponto mais fraco do que imaginara.

— Eu estou bem. — ele se ergueu, arrumando a postura e dando um sorriso para a albina. — Me perdoe pela bobagens que eu falei...

— Está perdoado... — ela sorriu, pegando uma das mãos dele e o puxando de volta para a cabine. — Vem, vamos entrar, por que eu ainda estou com sono... Além do mais, logo vai amanhecer e você vai ter que voltar para cá.

— Não se preocupe... Logo vamos estar de volta a fazenda e vou ter bastante tempo para passar com você. — ele sorriu quando Perséfone se jogou pesadamente sobre a cama, puxando as cobertas sobre si, enquanto ele se sentava em sua poltrona.

O Assassino ficou até o amanhecer observando a mulher que dormia tranquilamente em sua cama. Desde o início ela havia demonstrado certa confiança cega nele, apesar dos avisos de Leiza e de ele próprio já ter dado mostras de seu temperamento um tanto impulsivo e questionador. Ainda assim, ela havia confiado sua segurança a ele mais de uma vez.

Shay não se incomodava em dividir suas experiências com Perséfone, era como se algo o dissesse que ele sempre poderia confiar nela para o escutar, sem o julgar por suas ações. E isso era uma das coisas que ele tanto adorava nela.

***

— O que aconteceu? — Shay passou os dedos novamente pela marca arroxeada em sua costela, sentindo um certo orgulho, sob o olhar curioso de Liam.

— Eu e a Perséfone brigamos ontem a noite e ela me acertou um soco. Conseguiu me deixar sem ar. — ele exibiu a marca para Liam, sorrindo orgulhoso.

— Por que vocês brigaram? — ele pegou o leme do marinheiro, que se retirou para os dormitórios recém instalados do navio. — Parece ter sido algo bem feio...

— Um pouco. — o moreno vestiu novamente seu manto, o arrumando com certo cuidado. — Mas agora está tudo bem...

Liam viu o amigo se apoiar de forma um tanto relaxada e cansada ao seu lado, olhando para um ponto qualquer à sua frente.

— Tem algo te incomodando... — ele olhou de canto de olho para Shay, que deu um pesado suspiro. — Você vai me contar ou prefere resolver sozinho?

— Nós estávamos conversando ontem. Fiz uma pergunta a ela e depois acabei dizendo algo estúpido. — Shay passou a mão pelas mechas castanhas, as bagunçando.

— E isso a deixou com raiva, a ponto dela não estar mais falando com você? — o Assassino virou um pouco o rosto para o amigo, que negou com um aceno. — Então o que está tirando o seu sono?

— Perguntei a ela se iria deixar a fazenda algum dia... E uma pequena, mas muito pequena, parte de mim queria que ela dissesse que sim. Que um dia iria embora e encontraria alguém, uma vida fora daqui... — ele suspirou pesadamente, voltando os olhos para o mar e deixando um pequeno sorriso escapar. — Porém a maior parte de mim queria que ela dissesse que não, que ficaria lá para sempre ao nosso lado. Ao meu lado.

Liam encarou o amigo, que parecia preocupado, como se pensasse se deveria mesmo dizer aquilo.

— E eu sei que é egoísmo, que ela merece algo melhor do que um ex-marinheiro brigão, sem nenhum um mísero pedaço de terra em seu nome e que caça templários para viver. — Shay se virou para Liam ao ouvir o amigo rir. — O que é tão engraçado?

— Que você seja tão próximo a ela e não tenha notado isso... — Liam virou o rosto para o amigo. — Shay, a Perséfone adora você, e a todos nós, por isso... Ela adora essa vida. Veja a missão que fizemos com ela. Para ela tudo aquilo é uma grande aventura e ela estava simplesmente adorando fazer parte dela, mesmo não estando diretamente na ação. Nós sabemos o quanto isso é perigoso, ainda mais para ela, mesmo assim você a vê sorrindo, sempre animada e ansiosa para o que vier.

Shay encarou o amigo por alguns instantes, dando um pequeno sorriso, antes de esconder o rosto entre as mãos e dar uma gargalhada alta.

— Droga... — Liam encarou o amigo, sorrindo. Ele já sabia o que o moreno ia dizer. — Não... Eu não vou admitir isso... Ainda mais para você...

Perséfone permitiu seu corpo afundar na água quente, deixando um baixo suspiro de satisfação escapar. Por mais que adorasse estar a bordo da Morrigan, alguns momentos em terra firme não fariam mal.

River Valley era um lugar bonito. Uma pequena vila litorânea, cercada por uma mata recheada de trilhas e sobre a proteção da Irmandade dos Assassinos. Pelo que Shay a contara, era comum que membros da Irmandade viessem até ali para discutir missões ou outras situações críticas. Aquele era o ponto de encontro mais comum deles.

Snow? — a batida em sua porta seguida pela voz familiar a fez murmurar um 'hmm' audível, o que fez com que o Assassino abrisse a porta.

— SHAY! — a albina gritou, cobrindo os seios e se encolhendo sob a água, enquanto o Assassino ruborizava, dando um passo para trás e fechando a porta rapidamente.

— Desculpe... Você fez 'hm', pensei que eu pudesse entrar... — ele abriu uma pequena fresta na porta, olhando para a parede e fazendo com que sua voz pudesse ser ouvida dentro do pequeno quarto. — Você está demorando muito... Vamos logo... O Achilles quer falar conosco e eu ainda te devo um passeio.

— Eu estou tomando banho... Vai embora. — ela encarou a porta com certa irritação, mesmo sabendo que ele não podia ver. — Onde está a sua noção de privacidade?

— Sinceramente, creio que ela tenha ficado dentro de algum navio mercante sujo por aí, junto com a de outros marinheiros. — Shay sorriu ao ouvi-la rir, antes de abrir um pouco mais a porta. — Anda logo ou não vou poder te levar para um passeio pelas trilhas...

— 'Tá. Agora vai embora e me deixa tomar banho em paz. — ela jogou um trapo úmido em direção ao moreno, que se esquivou por pouco, rindo. — Implicante!

— Teimosa. — ela pode ouvir a voz dele ao longe, enquanto ele se afastava. 

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