Não fale, basta usar o seu toque
Não diga nada antes que a gente fale demais
Rock Bottom - Hailee Steinfeld
Scarlett Yevandrovisck
09, November - 2017
A claridade repentina me fez resmungar, podia escutar as cortinas sendo abertas e a minha cabeça doendo de certa forma que mais parecia que iria explodir.
— Levanta, cacete! — a voz de Anya me fez erguer o tronco e tentar a encarar através da claridade. Ela se jogou ao meu lado. — Fiquei sabendo que você e Nikolai estavam juntos ontem na Hookah, eu jamais poderia ir lá. Quer me explicar alguma coisa? — cocei os olhos ainda tentando despertar.
— Minha cabeça está doendo. — reclamei cobrindo meu rosto com as mãos e me jogando para trás. — Como você entrou?
— Pelas portas dos fundos. — ela respondeu simples acariciando meus cabelos. — Estou morrendo de fome, será que dá para você ir tomar banho enquanto eu peço uma pizza? — eu virei um pouco para a olhar. Pela manhã ela já falando de pizza?
— Pizza? Que horas são?
— Falta pouco para cinco horas da tarde, fofa. — ela se divertia com meu estado e eu passei as mãos por meu rosto reclamando.
— Parece que eu fui atropelada por um Caminhão. — me sentei e ela se levantou com um tom divertido.
— Toma um banho. Vou ver se Anja te arruma um remédio e arranjarei comida. — continuou seu caminho para fora do quarto — Quinze minutos, hein! — ela gritou do corredor.
Anya era maluca, eu tinha certeza disso. Ela provavelmente esperou Nikolai ir embora para entrar, não faço ideia de como ela estava lidando com os guardas, mas preferia não me meter... Ela sabia lidar com Nikolai melhor do que eu de qualquer forma.
Meu banho foi rápido, minhas mãos formigavam pela bebida, já havia estudado sobre isso e sabia que agora eu precisava apenas hidratar meu corpo com água.
Era oficial, eu precisava parar de beber.
As palavras de Nikolai me perseguiam, todas aquelas sugestões me colocavam em brasa! Respirei fundo me enrolando na toalha e voltando para o quarto. No meu guarda roupa já havia algumas das minhas peças novas dobradas e passadas. Anja nunca perdia tempo, era assustador como tudo funcionava perfeitamente por aqui.
Desci as escadas e encontrei Anya sentada no sofá com uma enorme fatia de pizza entre os dentes, ela apontou para a estante onde estava o copo de água e um comprimido. Tomei o remédio e peguei uma fatia.
— Eu adorei esse seu shorts! Isso não tem cara de Sófia. — ela enfiou umas das mãos no bolso do meu short e eu sorri dando uma voltinha antes de me sentar.
— Acho que eu gastei todo o dinheiro do Nikolai em uma loja na Califórnia. Mas, fiquei muito feliz com todas as minhas aquisições. — sorri contente antes de morder minha pizza.
— Nikolai deixou você andar por lá sozinha?! — questionou surpresa e eu neguei com a cabeça terminando de comer.
— Aleksi me levou... Mas, ele foi uma ótima companhia. Até comprou algumas coisas para sua irmã mais nova, as vezes eu esqueço que todos vocês tem família e essas coisas. — revirei os olhos e ela tombou a cabeça em minha direção, eu encarei sua expressão confusa arrancando outra mordida. — O que foi?
— Aleksi não tem uma irmã mais nova. — ela garantiu e eu franzi o cenho.
— Acha que ele mentiu para mim?
— Não acho, tenho certeza. Aleksi apareceu por aqui quando ele tinha quinze anos, ex-soldado do exército e sem nenhum familiar. O pai do Nikolai colocava ele para dormir no celeiro, até que Nikolai comprou a própria casa e levou Aleksi junto. Mas, eu te garanto, Aleksi não tem família por aqui. — arregalei os olhos em surpresa.
— Será que ele tem uma filha escondida?! — mordi outra vez e a morena deu de ombros.
— Eu acho difícil, mas isso já não é tão impossível. — ela deu sua última mordida e um tapa em minha coxa descoberta. — Não me enrola, quero saber o que houve nessa viagem!
Eu não enrolei, contei para ela tudo, do jeitinho que aconteceu e ela ouvia atenta. Não me interrompeu, apenas fazia caras e bocas e pulava de agitação em algumas partes.
— Ta, vamos lá. — ela ajeitou sua postura e pousou o copo de suco ao lado da caixa de pizza. — Eu não acho que esteja errada. Só você sabe como é ser você, como é estar em seu lugar e não adianta Sófia dizer que você deve fazer ou eu te dizer que não deve. É você quem vai se deitar com ele, é o seu corpo e a sua consciência que vai ou não gostar disso tudo. O que o Andrei disse é verdade, é só sexo e o seu corpo vai pedir por isso uma hora ou outra, mas você só deve se entregar a isso quando se sentir confortável com ele e consigo mesma.
— Parece errado, Anya. Eu tive um pesadelo horrível com o meu pai e...
— O seu pai te privava de viver, Scarlett. — ela respirou fundo e segurou minhas mãos — Escuta, eu sei o quão terrível isso parece. Mas, mesmo Nikolai sendo uma pessoa horrível e estar te obrigando a viver aqui, ele vem te permitindo conhecer lugares e ter sensações que seu pai te privou sem nenhuma explicação. Você tem a opção de aproveitar as oportunidades ou de se privar em respeito ao seu pai.
— Mas, e o respeito a mim mesma? Eu sou a única coisa que depende de mim para ele ter — ela sorriu calorosa e me abraçou.
— Você é provavelmente a garota mais forte que eu conheço, Sky.
...
Scarlett Yevandrovisck
10, November - 2017
Puxei outra linha verde e estiquei o braço para acrescentar mais algumas linhas na parte de cima. Mordi o lábio e senti meu cotovelo molhar com a tinta na tela. Afastei da tela e suspirei para o resultado. De ontem para hoje eu andei pensando muito sobre a intensidade os olhos de Nikolai, ontem foi um daqueles dias que ele chegou de mal humor e se trancou em seu escritório, e eu passei mais tempo do que deveria pensando sobre as cores de seus olhos e como o azul se misturava com o verde e mudavam de acordo com seu humor. E então, antes que eu percebesse estava misturando as cores e formando o tom de azul esverdeado que eram seus olhos.
A porta se abriu e eu pulei para frente da tela a jogando para trás, o baque ecoou pelo cômodo quase vazio enquanto Andrei passava pela porta.
— Posso entrar? — questionou já fechando a porta e eu revirei os olhos pegando a tela e a encostando-a na parede.
— Você quase me matou de susto. — resmunguei e ele riu enfiando as mãos no bolso.
— Estava pintando? Essas tintas são boas? — questionou observando eu me limpar já que estava com o antebraço, mãos e cotovelos sujos de tinta. Um sorriso se alastrou por meu rosto.
— São ótimas! — respondi animada — Eu passei bastante tempo por aqui nos últimos tempo, tudo é incrivel e eu devo te agradecer sempre que eu puder! Quer ver, eu fiz essa antes de viajar. — puxei uma das telas na lateral da janela e entreguei em suas mãos.
— Uau. — murmurou surpreso com a tela em sua mão.
— Pode ficar se quiser, não tenho muito o que fazer com isso por aqui. — dei de ombros e ele riu.
— Posso colocar no escritório do Nikolai? — me olhou e eu ri.
— Não. — respondi com tédio cruzando os braços — O que veio fazer aqui? — questionei erguendo uma das sobrancelhas.
— Nós precisamos conversar. — explicou e eu assenti.
— Certo, aconteceu alguma coisa? — questionei preocupada e ele suspirou assentindo.
— Sim, eu beijei o Nikolai. — ele disse sério e eu bati em seu ombro o fazendo rir.
— Idiota.
— A garota que eu não me lembro o nome não vai poder vir, então eu vim para te dar aulas de russo. Pedi para Anja fazer chá, vamos descer? — explicou e eu assenti. Nós seguimos para o andar inferior, nos acomodamos nas cadeiras em frente a mesa onde estava servido bolo, chá, café e frutas.
Eu me perdi quando Andrei começou a falar em russo sem parar e eu o encarei com um enorme ponto de interrogação na testa, ele parou de falar e me encarou.
— Você sabe que eu não entendi nada, não é? — questionei baixo e ele sorriu.
— Sim, a ideia é fazer você ouvir a língua. Você mora na Rússia e todos ao seu redor falam em inglês. Como quer ser fluente se não tem contato com a língua? — ele mexeu as sobrancelhas.
— Ta, mas você falando um monte de coisas que eu não entendo não vai ajudar em nada. — lembrei bebendo um gole do meu café.
— Certo. Vamos começar do ínicio para que eu possa sentir até onde você sabe. — e então ele começou a falar e o que eu sabia, eu respondia até que eu comecei a travar e depois já não conseguia mais responder. — Você não sabe praticamente nada, o que você e aquela garota vêm fazendo nas últimas aulas? Pintando as unhas? — ele questionou enchendo sua xícara outra vez. — Vou convencer Nikolai a te deixar fazer aulas em grupo, ou caso contrário você nunca vai sair disso.
— Você acha que ele vai deixar? — questionei ansiosa com a ideia de conhecer outras pessoas.
— Provavelmente sim. Mas, caso ele não concorde você grita com ele que ele deixa. — bebeu de sua xícara.
— Claro. — murmurei com deboche bebendo meu café. Ele me olhou.
— Eu estou falando sério.
— Se eu gritar com ele, a única coisa que eu vou conseguir vai ser um tapa. — ele colocou a xícara sobre a mesa.
— Ele não vai te bater outra vez. — garantiu — E, ele gosta quando você toma atitude.
— Como sabe disso?
— Só confia em mim, não vai acontecer novamente. — enfiou a mão no bolso do jeans — Se não confia em mim, faça o teste, se ele te machucar eu trago Penélope para te visitar.
— Está falando sério? — ergui uma das sobrancelhas e ele sorriu assentindo.
— De qualquer forma, trouxe isso para você. — ele me entregou uma caixa, menor que o tamanho de minha mão.
— O que é isso? — indaguei baixo pegando a caixa branca.
— Um pênis ultima geração para você gravar um vídeo para mim. — soltei a caixa sobre a mesa e o encarei de olhos arregalados. Ele gargalhou. — É só um mp3, Radi boga!
— Mentira! — gritei pulando na cadeira, em seguida pegando a caixa de maneira desajeitada. Desembrulhei a caixa e dei um curto grito quando encontrei o pequeno aparelho dentro, no mesmo momento puxei Andrei e o abracei. — Obrigada, obrigada, obrigada e obrigada! — exclamei ainda o abraçando. Mesmo sem jeito ele devolveu o abraço, mas era estranho, como se ele não soubesse como abraçar.
— Opa. — ele murmurou afastando as mãos de minhas costas e as erguendo para o alto.
— Mas que porra é essa? — a voz grave de Nikolai me fez pular para o lado de Andrei.
— Que puta falta de sorte que eu tenho. — Andrei falou baixo.
— Ele veio me dar aulas de russo, Nikolai. — lembrei chamando sua atenção para mim. Seus olhos claros pulavam de Andrei para mim e de mim para Andrei.
— Na verdade, você estava me agradecendo pelo ser incrível que eu sou. — ele ajeitou a camisa e eu o encarei, ele estava querendo piorar a situação?
— Será que você continua sendo um ser incrível se eu te mandar para o inferno? — ele veio em nossa direção.
— Nikolai... — chamei baixo, mas ele me ignorou.
— Talvez, mas mesmo se eu for para o inferno, ainda serei o irmão mais bonito. — Andrei sorriu sarcástico.
— Vamos ver se você continua bonito se eu arrancar seus dentes com meu pulso. — Nikolai puxou Andrei pelo colarinho.
— Vai bancar o marido ciumento agora? — Andrei continuou fazendo certo descaso, a mão apoiada sobre a de Nikolai em seu colarinho.
— Você tem uma chance de me explicar porque caralhos você estava agarrando minha mulher. — o loiro rosnou na cara de Andrei.
— Por que ela é gostosa? — Andrei perguntou com deboche e eu pulei no mesmo lugar com o barulho do soco que o mais novo deferiu no mais velho.
— Nikolai, para! — pedi assustada com a situação entrando no meio dos dois e empurrando Nikolai para trás. — Para de provocar ele! — gritei para Andrei que limpava o sangue do corte no lábio inferior.
— Olha só, ele me deu um soco para comprovar que você é dele. Mija nela também, sabe? Pra marcar território! — Andrei respondeu com deboche.
— Você veio até a minha casa dar em cima da minha mulher e quer falar de território, seu filho da puta?! — eu nunca havia o visto tão irritado, meu coração batia fortemente dentro de mim. — Se você chegar perto da minha mulher mais uma vez, eu vou meter um tiro na sua testa! — Andrei andou para frente praticamente me empurrando.
— Me ameaça mais uma vez e vamos descobrir juntos se a medicina atual é capaz de desalojar uma bala fincada em seu coração. — ele ameaçou, eu só soube que havia uma arma ali quando ouvir o som do revolver sendo destravado.
— Acha que eu tenho medo de armas, maninho? — eu sentia que a cozinha entraria em chamas apenas pela troca de olhares entre eles.
— Chega, pelo amor de Deus! — gritei empurrando os dois, um para cada lado. Nikolai desceu seu olhar para mim.
— Vai para o quarto, Scarlett. — ordenou furioso e eu me virei para ele.
— Ou o quê? — o enfrentei com o nariz de pé. Minhas mãos estavam geladas e eu provavelmente havia prendido minha respiração, mas não deixei isso transparecer. — Vai me bater como fez outras vezes? Porque me matar nós sabemos que você não pode.
As palavras de Andrei correram por minha mente e naquele momento eu rezei para que qualquer divindade me protegesse e ele estivesse certo. Seus olhos furiosos estavam sobre mim, o maxilar travado e os cabelos selvagemente soltos.
— Eu poderia te matar de seu quisesse. — ele respondeu baixo e se aproximou de mim um pouco mais, a cabeça inclinada quase fazia seu nariz tocar o meu. — A porra da sua sorte é que eu não quero.
— Então o que você quer de mim? — no mesmo momento ele me empurrou para trás, e eu achei que eu fosse bater em Andrei, mas para minha surpresa ele não estava mais por ali. Meu quadril bateu contra a madeira da mesa, meu corpo estremeceu e como um leão ele avançou sobre mim, algumas louças caíram da mesa e seus olhos estavam presos aos meus.
— Se eu te responder essa pergunta com sinceridade você provavelmente ficaria dias sem conseguir olhar na minha cara, sabe porque, Scarlett? Porque você é a porra de uma garotinha assustada do caralho! — ele impulsionou força contra a mesa e fez com que mais coisas fossem contra o chão. Meu corpo se aqueceu e eu podia sentir meu coração batendo tão forte que chegou a acelerar minha respiração. — Sabe qual é o seu problema, Sky? — ele soprou suavemente colando seu corpo ao meu, eu prendi a respiração.
— Nikolai... — tentei inutilmente o empurrar, mesmo não colocando tanta força no pulso que estava sobre seu peito. Ele segurou meu pulso.
— Você tem medo de entregar seu corpo para mim e o seu coração gostar. E se for esse o caso, Sky... Eu te aconselho a permanecer longe de mim. — então ele me soltou e se afastou empurrando os fios loiros e rebeldes para trás, meu corpo estava em chamas, eu estava molhada e irritada. Cansada e destemida. Queria mais que tudo provar para ele que eu não era tão imbecil assim quanto ele achava — Mas, estou te avisando, se eu ver uma porra dessas de novo, eu vou matar vocês dois sem me preocupar se...
Ele parou de falar quando seus olhos seguiram minha regata correndo para o chão. Tentei manter meus olhos firmes para não me arrepender, para não pensar demais, para não voltar atrás, para finalmente me permitir ceder. Seus olhos mistos já não mais me encaravam com raiva e sim com surpresa e luxuria. Eu podia enxergar meu próprio reflexo no brilho de seus olhos.
Eu estava pronta para ele.
PRÓXIMO CAP TEM HOT, É ISSO PRODUÇÃO?
SÓ SEI QUE NADA SEI...
Eu dividi em duas parte porque havia fica muito longo e eu tenho um limite imaginário de palavras aojsok
BOM, É ISSO GALERA
Espero que estejam prontas para o próximo cap meus xuxus
Vamos ver como vocês vão agir sobre esse cap, dependendo da animação de vocês eu posto o outro cap durante a semana, ok?
Não tem meta, fiquem tranquilas... Não sou muito fã desse tipo de coisa.
Só estou ansiosa para ver a reação de vocês mesmo, vamos ver.
Bjxx//