A balada do Rohirrim

By CleoLourenco

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"Nunca se viu maior amor na terra dos cavaleiros desde que Elanor e Alec se encontraram. Eram tão perfeitos u... More

Capítulo 1 - O eorlinga e a donzela
Capítulo 2 - A filha do Cavaleiro
Capítulo 3 - O fantasma do Eorlinga
Capítulo 4 - A donzela de armadura
Capítulo 5 - Fuga sob o Luar
Capítulo 6: Desafio de cavaleiros

Capítulo 7 - As sombras de Fangorn

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By CleoLourenco


Alec não sabia ao certo se o que sentia naquele momento era raiva ou simplesmente preocupação. Como Ellanor podia ter sido tão estúpida de correr floresta adentro sem que nada a obrigasse a isso? Qualquer um em Rohan sabia que era um lugar absurdamente perigoso. Amaldiçoada! Diziam que era habitada por fantasmas e que as árvores de Fangorn caminhavam! Trocavam de lugar confundindo quem se atrevesse a entrar para depois devorá-los. Fora as diabruras e bruxarias que aconteciam dentro dos limites da floresta que poderiam enlouquecer um cavaleiro e fazê-lo perder-se para sempre dentro de sua mente.

Porém, além de todo o misticismo e as lendas em torno da floresta de Fangorn, havia perigos ainda maiores com os quais teriam de enfrentar: Fangorn era o lar de um sem-número bestas ferozes e isso era o que mais preocupava Alec sobre a aventura desvairada de Ellanor dentro da floresta.

Por alguns minutos, conseguiu seguir a garota dentro da floresta, mas conforme ela adentrava mais por entre as árvores, mais difícil se tornava segui-la. Assim, em pouco tempo, o eorlinga já não conseguia mais sequer ouvir os sons do cavalo de Ellanor que, de alguma forma era abafado pela densa floresta. Depois, quando já não era possível encontrar sinais óbvios da garota, o capitão diminuiu a marcha e, descendo do cavalo, começou a procurar por sinais sutis pelo caminho que ele acreditava que Ellanor havia seguido. Em seu íntimo, a momentânea raiva já havia passado e a preocupação começava a ganhar forma dentro de seu bravo coração.

Por algum tempo Ellanor tentou se manter nas bordas de Fangorn. Inicialmente achou que as árvores frondosas lhe serviriam de fácil esconderijo, mas se tornava cada vez mais difícil despistar o experiente Alec. Ao contrário do que a menina supôs, o eorlinga não hesitou em ir atrás dela, mas jogou-se dentro da floresta de forma tão feroz que ela mesma se intimidou sobre o que estava fazendo.

Porém, sua determinação era maior que seu bom senso. Então, imprudentemente, a jovem se meteu ainda mais fundo na escuridão das árvores, galgando o terreno incerto e cheio de raízes nodosas e arbustos espinhosos para conseguir, a muito custo, se distanciar ainda mais do Rohirrim. Somente quando havia se afastado o suficiente para não saber sequer onde ele se encontrava é que Ellanor percebeu que, tampouco, sabia onde ela mesma estava.

Parou por um momento observando ao redor. Era claro que não poderia estar muito longe das bordas, ela mesma havia observado tudo antes de entrar. Estava certa de que, se fosse na direção oeste, encontraria a borda novamente. Porém, quanto mais andava, mais lhe parecia que a escuridão a cercava.

Aos poucos, a luz pálida e brilhante da lua ia perdendo força e em pouco tempo, ela quase não conseguia mais divisar qualquer coisa em seu caminho. Por seu ímpeto havia se metido em algo maior do que poderia ter percebido. Em pouquíssimo tempo já estava perdida e não sabia mais, nem mesmo em que direção estava a Lua. Tardiamente, ela enfrentava a sensação de arrependimento se apoderar com força de si mesma. Se não fosse tão impulsiva, não estaria tão enrascada. Estava livre da presença de Alec, mas de que adiantava isso agora, se estava presa nas entranhas de Fangorn?

Um barulho no meio da escuridão fez seu corpo se retesar alerta e com medo. Começava a perceber que sua atitude a colocava em perigo extremo e se arrependeu por não ter pensado nas consequências. No entanto, era corajosa e se concentrou em tentar encontrar uma saída.

Assim, procurou por alguma claridade que passasse pelas copas da floresta, mas tudo o que encontrou foi a escuridão. O ar dentro de Fangorn era denso, mas ao menos o frio era menos intenso que nos campos, por hora ela estaria bem. Tudo o que necessitava era de um pouco de luz.

Então, desmontou o cavalo e buscou um isqueiro em seu alforge. Apesar da escuridão, a jovem sabia como lidar com o material que trazia. Com certa habilidade, conseguiu improvisar uma tocha, utilizando um pedaço de galho que encontrou caído. Sabia que aquele arranjo não iria durar muito, mas apegou-se à fraca luz da tocha que conseguira produzir como se ela fosse a sua própria vida e, em seu íntimo, desejou que Alec pudesse ver a claridade que ela emanava e viesse a seu encontro. Acreditava que com a ajuda dele seria imensamente mais fácil sair da floresta.

Porém, imediatamente após ter acendido as chamas, ouviu um ranger fantasmagórico que começou baixo e foi ganhando força. Era como se as árvores rugissem, de repente, num terrível e amaldiçoado despertar.

O coração de Ellanor disparou nesse momento. Tinha a sensação de que seria esmagada por qualquer um daqueles galhos e troncos nodosos que a cercavam por todos os lados. Lembrou-se das histórias sobre as árvores serem vivas e a floresta assombrada. O terror começou a entorpecer os membros de seu corpo e, trêmula, ela girou ao redor de si tentando adivinhar que monstro imenso iria saltar diante de seus olhos naquele lugar que parecia se fechar ainda mais por sobre a garota, à presença da luz do fogo.

Então, o ronco surdo das árvores cedeu à um novo barulho: um rugido feroz de uma fera à espreita. Ellanor não sabia que tipo de animal encontraria ali, pronto a devorá-la. Mas também não iria esperar para ver do que se tratava. Assim, corajosamente, pegou o arreio do cavalo e se deslocou para o caminho contrário ao do rosnado faminto da besta que se ocultava na escuridão.

Porém, ao se deslocar, sentiu, às suas costas que algo mais se movimentava também. O cavalo se recusou a caminhar e imediatamente empinou relinchando assustado e logo Ellanor conseguiu ver os olhos avermelhados espreitando na escuridão. Sentiu-se vigiada. Sabia que era a ela que a fera almejava em sua fome insana. Ofegando, soltou as rédeas deixando que o cavalo partisse, não havia por que mantê-lo junto a si para morrer e imediatamente, correu para o lado contrário, sentindo que algo saíra de seu esconderijo em seu encalço e, torcendo para ser mais rápida que o monstro, correu meio às cegas pela floresta, pois a tocha oscilava diante da fuga.

O caminho tortuoso dificultava a fuga de Ellanor que, por vezes tropeçava até mesmo nos próprios pés. Mas algo se acendia dentro dela fazendo com que lutasse ainda mais por sua própria vida! Não iria ser morta sem lutar! Assim, raciocinando rapidamente, se armou de um pedaço de pau encontrado às pressas em meio à correria e, de posse de tal "arma", sentiu-se um pouco mais confiante, ainda que amedrontada. Momentaneamente, havia diminuído sua marcha, mas não sua determinação em preservar a própria vida.

No entanto, a fuga não durou muito tempo. Afobada como estava, em mais um passo em falso, perdeu totalmente o equilíbrio e foi ao chão em uma queda forte demais para suas já trêmulas e cansadas pernas e o baque ao chão lhe tirou o fôlego. Estava, pois, caída de bruços quando ouviu o rosnado gutural da besta junto a si. Com um arrepio de desespero, já podia sentir as garras da fera sobre seu corpo quando o brado heróico invadiu seus ouvidos, seguido do brandir do aço contra o que ela julgou corretamente ser as resistentes garras assassinas.

Ainda no chão, virou-se num ímpeto aliviado e carregado de feliz curiosidade, ainda a tempo de ver Alec, o aclamado capitão, homem alto e de invejável bravura empurrar a besta para longe de si. Do outro lado, a fera que se desenhava na claridade da tocha caída entre ambos parecia crescer enquanto rosnava ameaçadoramente. Se tratava de um monstro horrendo. parecido com um lobo , porém muito maior e mais encorpado, com uma bocarra de dentes pontiagudos enormes e garras mais parecidas a de um grande felino. Seu urro era feroz e os olhos vermelhos brilhavam na escuridão da floresta tornando-o muitas vezes mais amedrontador.

Homem e fera se mediam cautelosamente como dois gigantes prontos a lançar-se novamente em embate e a jovem Ellanor sabia que aquela pausa não duraria muito e temia pela vida de Alec. Assim, quando o monstro investiu contra o eorlinga, tentando abocanhar sua cabeça num movimento tão rápido que jogou o cavaleiro ao chão, a garota abafou um grito desesperado com as mãos. Por um instante, pensou que Alec estava perdido, pois ela mesma podia ver a ferocidade do ataque que ele sofrera e podia jurar que as garras haviam ferido o homem.

No entanto, com sua espada, Alec conseguiu bloquear o ataque das garras, mas fazia um esforço enorme para manter afastada de si a bocarra que insistia em tentar alcançar seu rosto. Por fim, numa tentativa de afastar-se definitivamente do perigo, o eorlinga usou as pernas que ele havia apoiado na barriga do animal no momento do ataque para empurrá-lo com força para longe de si, conseguindo lançá-lo para trás de costas e o deixando atordoado por alguns instantes.

Imediatamente o capitão se colocou em pé, não poderia dar uma chance de recuperação ao seu inimigo. Assim, atacou imediatamente ao erguer-se, indo para cima do monstro que ainda estava se levantando.

Mesmo atordoada, a besta ainda tentou se esquivar do ataque do potente eorlinga, mas o ataque surpresa lhe tirara a vantagem da força que possuía e ela acabou sendo atingida pela feroz espada que a atravessou de lado na altura do pescoço indo perder-se dentro do tronco robusto. Por pouco mais de um segundo, a fera teria escapado, mas a experiência do guerreiro falara mais alto e logo a fera jazia sem vida, após um ganido breve de dor excruciante.

Vitorioso, o guerreiro abaixou sua espada que gotejava o sangue negro e denso do animal. Com um leve arfar, ele observava altivo a carcaça inerte de seu inimigo e com desprezo visível despejou um breve praguejo:

- Maldito Warg!

Depois, limpou o fio da espada com um trapo que retirou dos bolsos e, finalmente, se voltou para a estática Ellanor que estava sentada encolhida entre uma enorme raíz que se projetava da terra, de onde pudera assistir todo o embate e de onde, agora, o encarava aterrorizada.

Autoritário e carrancudo, o homem guardou a espada e aproximou-se da moça estendendo a mão para que ela se levantasse enquanto ordenava com voz potente e áspera e a fazendo se estremecer:

- Levante-se! Devem haver mais wargs na floresta, devemos sair daqui.

Desta vez, Ellanor não contestou às ordens dele. Por muito pouco, poderia estar morta. Se Alec não fosse tão irritantemente responsável, provavelmente, à essa hora, ela já estaria junto de sua mãe e seus antepassados.

Então, Alec pegou a tocha que ainda queimava no chão da floresta e a apagou. Mesmo no escuro, ele se colocou a caminho mantendo Ellanor próxima a si. Ambos permaneceram calados durante todo o caminho de volta. Alec parecia extremamente insatisfeito e, mesmo que lhe segurasse a mão, era como se estivesse carregando algum fardo num caminho no qual ele não gostaria de estar.

Por outro lado, Ellanor conseguia entender a irritação do capitão. Por muito pouco, sua atitude imprudente não lhes teria tirado a vida, portanto, apesar de arrependida, não se irritou com a carranca do moço enquanto voltavam à segurança.

Não tardaram a chegar às bordas da floresta novamente, o que indicava que Ellanor não havia mesmo se aprofundado muito no local. Mais adiante, percebeu que seu cavalo pastava calmamente junto à égua de Alec e sentiu-se aliviada. Provavelmente o cavaleiro o havia encontrado e o enviado à segurança, fato pelo qual ela se sentiu muito grata.

Aliviada, Ellanor se aproximou de seu cavalo, já disposta a montá-lo para seguirem viagem, quando foi interpelada pelo eorlinga que a impediu de montar e lhe entregou as rédeas de sua própria égua com uma expressão austera:

- Você montará Hellaself! - ele ordenou. - não poderá fugir, pois ela obedece somente a mim.

A jovem arregalou os olhos surpresa com a atitude autoritária do cavaleiro como se custasse acreditar que ele estava agindo daquela maneira. Pouco a pouco seus olhos foram se estreitando. Que audácia a dele tentar impor algo a ela! Com quem ele pensava que estava falando?

- Quero ver quem é a pessoa capaz de me dizer o que devo ou não fazer! - ela protestou com veemência.

- Não me provoque, Ellanor! - ele lhe lançou um olhar terrível - Você acabou de se expor a um enorme risco por puro capricho.

- Não foi capricho! - ela tentou retrucar, mas lhe faltaram argumentos pois sabia que havia agido de maneira imprudente.

- O que era então? - ele alterou sua voz, visivelmente irritado - Saiba que se não fosse por mim, a senhorita já estaria morta! Não me parece inteligente se arriscar tanto só por não gostar de minha companhia! Se a minha presença é assim tão repugnante a ponto da senhorita querer se matar, poderia ter apenas dito que não queria a minha companhia!

- Mas eu disse!!! - ela berrou irritada e sem medir o peso de suas palavras diante da provocação do homem.

Ele cerrou os olhos fulminantes de raiva como se estivesse prestes a explodir, mas simplesmente se calou e lentamente foi se afastando, levando consigo sua montaria. Parecia visivelmente decepcionado com as palavras da moça. Jamais havia sido tão humilhado por alguém tão ingrata. Onde estava com a cabeça quando pensou que poderia agradá-la com um passeio seguro por terras tão perigosas? Ela não passava de mais uma dama cheia de mimos e vontades que gostava de fazer homens como ele de tolos que cediam a todos os seus caprichos. Mas aquilo acabava ali. Nunca mais se aproximaria dela e de seu gênio impertinente e cheio de vontades infantis.

De seu lado, Ellanor suspirou chateada. Compreendia que havia sido rude com quem acabara de salvar a sua vida. Mas o que ela podia fazer? Não era verdade que nunca quis que ele a acompanhasse? Não era verdade que odiava a imposição dele sobre a sua vontade? Ele também tinha culpa nisso por ser tão invasivo e mandão. MAs ainda assim, começava a gostar da presença dele. Não entendia por que, mas confiava que estava segura quando ele estava por perto e, no mais, desejara que ele a salvasse quando esteve em perigo.

- Alec! - chamou decidida a se desculpar - Me desculpe, eu...

- Chega de conversa! - ele a impediu de se pronunciar. - Já perdemos tempo demais nessa brincadeira idiota. - ele montou sua égua. Não irei incomodá-la mais com a minha presença. Minha escolta é somente até a cidade. Depois, a senhorita está, daí em diante, e para todo o sempre, sob sua própria responsabilidade.

A jovem sentiu seu sangue ferver de novo diante da arrogância que ouvia no tom de voz do cavaleiro:

- Não preciso de escolta!

- Não se preocupe, só faço o que é minha obrigação. Logo a senhora pode se lançar novamente às suas aventuras desvairadas, já que o que lhe falta é senso.

- Dobre a língua para falar de mim, senhor! - ela o fuzilou com um olhar - Não me conheces e nada sabes sobre mim! Meu pai é seu superior e você deve obediência a ele!

- Como quiser, senhora! - Alec não disfarçava mais a sua irritação e a sua voz ganhara um tom áspero e quase trovejante. - Agora, monte logo o seu cavalo, ou vai depender de mim para isso também?

Aquele era o limite de tudo o que Ellanor podia aguentar. Tudo o que mais queria era colocar aquele homem impertinente em seu devido lugar. Estava prestes a berrar todos os impropérios que conhecia na cara daquele ser, quando um uivo gutural encheu a noite de terror, pegando-os de surpresa e fazendo com que a moça se arrepiasse e procurasse instintivamente se aproximar de Alec buscando proteção e lembrando a ambos de que ainda corriam perigo, expostos às margens da floresta.

- Vamos embora. Ainda não estamos seguros. - a voz de Alec havia perdido o tom de irritação, mas ainda soava com certa urgência.

Desta vez, Ellanor não retrucou. Ele tinha razão. Não valia a pena se arriscarem tanto num lugar como aquele apenas para continuarem com aquela contenda. Aquela discussão ficaria para mais tarde. Assim, ela se afastou dele e ambos montaram seus animais, afastando-se rapidamente da floresta e deixando para trás as trevas insones que dominavam toda a misteriosa Fangorn.

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