Capítulo 4 - A donzela de armadura

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Alec não podia acreditar na diabrura que se manifestava diante de si: Iniciara aquela aventura perseguindo um "fantasma" ladrão de cavalos e agora, aos pés da misteriosa de Fangorn, o corpo delicado de Ellanor jazia, febril e inerte, como se algum espírito da floresta estivesse zombando da sanidade do cavaleiro.

Ainda tentando entender como aquilo era possível, aproximou-se da donzela e a chamou, tocando de leve o rosto pálido que trazia estampado em suas delicadas feições, algo de sofrimento. Diante do toque tão carinhoso, ela apenas entreabriu os olhos claros e mesmo que ainda sofresse, sorriu debilmente antes de desfalecer novamente.

Contrariado, o Rohirrim percebeu que aquilo não era nada bom. Sua impulsividade, não pela primeira vez, o levava a não medir consequências e agora, a moça poderia estar seriamente machucada. Ela poderia ter batido com a cabeça na queda e isso poderia ser potencialmente perigoso. Assim, um tanto preocupado, colocou seu manto embaixo da cabeça dela para lhe dar um pouco de conforto enquanto se preparava para levá-la de volta em busca de socorro.

Em seguida, buscou os cavalos, amarrando o de Ellanor ao seu para poder guiá-lo sem esforço e depois, voltou a se aproximar da jovem que respirava serenamente, apesar das pequenas gotas de suor que brotava em sua testa e a leve expressão de dor estampada em sua face. Tornou a colocar o próprio manto e a pegou nos braços com certa dificuldade, pois ela usava uma armadura de batalha completa e isso fazia com que ficasse mais pesada que o normal.

Com um comando, seu inteligente corcel se curvou para frente numa delicada e elegante mesura, de modo que o capitão a colocou sobre ele e o montou logo em seguida. Sem maiores dificuldades, aconchegou a jovem em seus braços para que ela não caísse. E então, partiram em uma lenta viagem de volta à cidadela dos cavaleiros, pois dado ao estado de Ellanor e o cansaço dos animais, fatigados na perseguição, Alec não ousou forçar uma marcha mais forte.

No entanto, quando estavam a meio caminho de Edoras, uma chuva fina começou a cair, deixando o já gelado ar ainda mais frio e fazendo reverberar a armadura que ela usava com as gotas que caíam sobre o metal. Então, para evitar que o frio piorasse o estado delicado da moça, o nobre eorlinga buscou abrigo em um velho rancho abandonado que ele sabia, que ficava próximo de onde se encontravam.

Se tratava de uma antiga construção, da qual, maior parte já estava em ruínas. Porém, ainda conservava alguns cômodos em bom estado, servindo de abrigo, vez ou outra, tanto para algum viajante quanto para os soldados que precisassem de um pouso emergencial naquelas paragens.

Assim que chegaram, Alec deixou a jovem em um canto seco e razoavelmente limpo no chão, e se colocou a providenciar algo mais digno para ela. Por sorte, não foi difícil improvisar um pouco mais de conforto para Ellanor. Bastou se utilizar de um velho estrado de madeira que estava forrado com palha seca e velha, visivelmente uma cama improvisada por alguém que estivera ali algum tempo atrás. Depois, para deixar tudo um pouco mais macio, forrou o estrado com sua capa só então colocou a moça sobre ela.

Neste momento, percebeu que a jovem estava bastante febril. Pudera, estava bastante frio e a armadura não lhe conferia proteção contra o clima. Com habilidade ele retirou o peitoral e o saiote da armadura, deixando-os jogados ao lado, fazendo o mesmo com a cota de malha que ela usava por baixo. Conferiu que ela realmente estava vestida como um dos cavaleiros de Rohan. Não havia esquecido nenhuma peça e tudo estava colocado de maneira perfeitamente correta, como se ela sempre tivesse sido um deles. Era certo que ela não recebera ajuda nem do pai nem do irmão para se vestir daquele modo. Mas havia feito tudo tão bem, melhor até do que alguns dos soldados que ele conhecia.

Por fim, a deixou apenas com a calça e o blusão de algodão que costumavam usar por baixo da armadura, pois estes não haviam sido atingidos pela chuva e, portanto, ele constatou aliviado, estavam secos. Retirou também as botas e, em seguida, a cobriu com uma manta de lã que ele sempre carregava no alforge de seu cavalo quando o inverno chegava.

A balada do RohirrimWhere stories live. Discover now