Capítulo 6: Desafio de cavaleiros

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Um vento gelado cortava os campos fazendo a pele de Ellannor se arrepiar levemente por baixo da capa e fazendo com que ela se encolhesse um pouco. Ao seu lado, Alec parecia não sentir o vento frio que lhes castigava a pele enquanto desciam a serra que antecede os campos de Rohan. A verdade era que ele já estava acostumado e, portanto, não demonstrava tanto desconforto que sentia por causa do tempo. Este fato deixava a jovem Ellanor ainda mais aborrecida. Resistente, forte e esperto, qualidades que faziam dele um exemplo de cavaleiro perfeito, um homem inalcançável.

Desceram toda a depressão em silêncio absoluto. Apenas o som dos cascos dos cavalos marcando presença como se fossem as batidas dos corações de seus cavaleiros. Por vezes, a jovem lançava ao rohrrim algum olhar de soslaio para ver o que ele fazia, mas tudo o que via era o homem austero e inabalável montado em seu cavalo como quem a escoltava. Em seu íntimo, ela ansiava por descobrir sobre o que ele pensava e se irritava ainda mais com as possibilidades que ela inventava em sua mente. Então, quando já estavam prestes a ganhar os campos e farta de discutir consigo mesma e com o Alec de sua imaginação, Ellanor resolveu falar.

- Então, você me seguiu... mas como soube que eu sairia hoje justamente hoje? - perguntou sem rodeios e mesmo sua voz saiu em um tom áspero, beirando o rude.

Alec se virou para ela, altivo. Sua cabeleira loira esvoaçou desordenadamente por causa do vento, porém sem lhe tirar o ar superior. Seu olhar parecia desvendar mais do que demonstrava e sua voz grave silenciou tudo ao redor, inclusive as batidas do coração de Ellanor:

- A senhorita é como uma tempestade, milady. Basta acompanhar os sinais e se consegue saber o que pode acontecer.

- Ah! - ela deixou de encará-lo em um tom displicente e puramente provocativo. - Como eu presumi, você me seguiu.

Alec, que ainda a olhava, deixou transparecer um breve sorriso divertido. Ellanor, tinha um ar de triunfo exagerado fazendo com que o eorlinga percebesse seu tom de desafio para com ele. Entendeu que ela simplesmente queria provocá-lo, tirá-lo do sério. Então, deu de ombros e apenas respondeu num tom de descaso:

- Bem, isso não elucida o fato de eu saber que irias sair hoje, não é mesmo? A menos que eu a tivesse vigiado 24 horas por dia, se sua suposição for mesmo a correta.

Neste instante, Ellanor tornou-se rubra como se todo o sangue de seu corpo tivesse se concentrado totalmente em seu rosto. Era possível ver que ficara abalada com a sugestão dada pelo capitão. Será que ele estivera mesmo a observando? Uma certa sensação de desconforto a invadiu naquele instante e ela se sentiu bastante indignada. Como aquele homem ousava vigiá-la? Como ousava espioná-la daquela forma? Sentiu um frio inexplicável de medo subir por seu corpo. Novamente estava sozinha com aquele homem, num lugar onde ele poderia facilmente passar a algoz e mesmo tirar-lhe a vida.

- Como soube? - Ela bradou aproximando seu cavalo um pouco do dele. - Exijo saber! Conte-me, como soube que eu iria sair? Eu não contei a ninguém! O senhor, acaso, estava me vigiando?

Alec, que anteriormente se mantinha à distância, apenas parou, ao vê-la se aproximar e a fitou. Ele não parecia alguém disposto a fazer algum mal a ninguém. Seus braços estavam frouxos, apesar de segurar as rédeas, mas não impunha a marcha nem mesmo ao seu animal. Portanto, sem oferecer resistência alguma, ele a encarou:

- Desde o último jantar que participei em sua casa, há dois dias, percebi que estava diferente, senhorita. A senhorita perguntou sobre meu trabalho e minha rotina, de forma que me pareceu suspeito demais. Por que mais a senhorita se interessaria em minha rotina? Depois viriam os preparativos e aqui estamos, como eu disse que eu previ.

A balada do RohirrimWhere stories live. Discover now