Capítulo 7 - As sombras de Fangorn

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Alec não sabia ao certo se o que sentia naquele momento era raiva ou simplesmente preocupação. Como Ellanor podia ter sido tão estúpida de correr floresta adentro sem que nada a obrigasse a isso? Qualquer um em Rohan sabia que era um lugar absurdamente perigoso. Amaldiçoada! Diziam que era habitada por fantasmas e que as árvores de Fangorn caminhavam! Trocavam de lugar confundindo quem se atrevesse a entrar para depois devorá-los. Fora as diabruras e bruxarias que aconteciam dentro dos limites da floresta que poderiam enlouquecer um cavaleiro e fazê-lo perder-se para sempre dentro de sua mente.

Porém, além de todo o misticismo e as lendas em torno da floresta de Fangorn, havia perigos ainda maiores com os quais teriam de enfrentar: Fangorn era o lar de um sem-número bestas ferozes e isso era o que mais preocupava Alec sobre a aventura desvairada de Ellanor dentro da floresta.

Por alguns minutos, conseguiu seguir a garota dentro da floresta, mas conforme ela adentrava mais por entre as árvores, mais difícil se tornava segui-la. Assim, em pouco tempo, o eorlinga já não conseguia mais sequer ouvir os sons do cavalo de Ellanor que, de alguma forma era abafado pela densa floresta. Depois, quando já não era possível encontrar sinais óbvios da garota, o capitão diminuiu a marcha e, descendo do cavalo, começou a procurar por sinais sutis pelo caminho que ele acreditava que Ellanor havia seguido. Em seu íntimo, a momentânea raiva já havia passado e a preocupação começava a ganhar forma dentro de seu bravo coração.

Por algum tempo Ellanor tentou se manter nas bordas de Fangorn. Inicialmente achou que as árvores frondosas lhe serviriam de fácil esconderijo, mas se tornava cada vez mais difícil despistar o experiente Alec. Ao contrário do que a menina supôs, o eorlinga não hesitou em ir atrás dela, mas jogou-se dentro da floresta de forma tão feroz que ela mesma se intimidou sobre o que estava fazendo.

Porém, sua determinação era maior que seu bom senso. Então, imprudentemente, a jovem se meteu ainda mais fundo na escuridão das árvores, galgando o terreno incerto e cheio de raízes nodosas e arbustos espinhosos para conseguir, a muito custo, se distanciar ainda mais do Rohirrim. Somente quando havia se afastado o suficiente para não saber sequer onde ele se encontrava é que Ellanor percebeu que, tampouco, sabia onde ela mesma estava.

Parou por um momento observando ao redor. Era claro que não poderia estar muito longe das bordas, ela mesma havia observado tudo antes de entrar. Estava certa de que, se fosse na direção oeste, encontraria a borda novamente. Porém, quanto mais andava, mais lhe parecia que a escuridão a cercava.

Aos poucos, a luz pálida e brilhante da lua ia perdendo força e em pouco tempo, ela quase não conseguia mais divisar qualquer coisa em seu caminho. Por seu ímpeto havia se metido em algo maior do que poderia ter percebido. Em pouquíssimo tempo já estava perdida e não sabia mais, nem mesmo em que direção estava a Lua. Tardiamente, ela enfrentava a sensação de arrependimento se apoderar com força de si mesma. Se não fosse tão impulsiva, não estaria tão enrascada. Estava livre da presença de Alec, mas de que adiantava isso agora, se estava presa nas entranhas de Fangorn?

Um barulho no meio da escuridão fez seu corpo se retesar alerta e com medo. Começava a perceber que sua atitude a colocava em perigo extremo e se arrependeu por não ter pensado nas consequências. No entanto, era corajosa e se concentrou em tentar encontrar uma saída.

Assim, procurou por alguma claridade que passasse pelas copas da floresta, mas tudo o que encontrou foi a escuridão. O ar dentro de Fangorn era denso, mas ao menos o frio era menos intenso que nos campos, por hora ela estaria bem. Tudo o que necessitava era de um pouco de luz.

Então, desmontou o cavalo e buscou um isqueiro em seu alforge. Apesar da escuridão, a jovem sabia como lidar com o material que trazia. Com certa habilidade, conseguiu improvisar uma tocha, utilizando um pedaço de galho que encontrou caído. Sabia que aquele arranjo não iria durar muito, mas apegou-se à fraca luz da tocha que conseguira produzir como se ela fosse a sua própria vida e, em seu íntimo, desejou que Alec pudesse ver a claridade que ela emanava e viesse a seu encontro. Acreditava que com a ajuda dele seria imensamente mais fácil sair da floresta.

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⏰ Last updated: Mar 26, 2018 ⏰

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