Give me Love

By NessieValdez

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Helena perdeu seu pai há pouco tempo em um acidente. Nathan ganhou um filho há pouco tempo e é, aparentemente... More

Capítulo 1 - Uma nova vida
Capítulo 2 - O marido ébrio
Capítulo 3 - Confissões de um marido bêbado
Capítulo 4 - O dia seguinte
Capítulo 5 - Provocando
Capítulo 6 - Inimizades superadas
Capítulo 7 - Culpa
Capítulo 8 - Conversas
Capítulo 10 - Little Death
Capítulo 11 - A revanche
Capítulo 12 - O Ultimato
Capítulo 13 - Traições
Capítulo 14 - Tentando ser um casal
Capítulo 15 - Mudando na Prática
Capítulo 16 - Quebrando muros
Bônus: O Bisbilhoteiro e a Devassa
Capítulo 17 - Despidos
Capítulo 18 - Despudorados

Capítulo 9 - Audácia

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By NessieValdez


— O que acha desse, Helena?

  A semana que sucedeu o episódio de Luca foi tranquila e muito esquisita. Nathan passou mais tempo em casa a maior parte dos dias, embora eu o ouvisse falando com Patrícia quando já era tarde e eu me levantava para checar o bebê. Talvez a culpa por ter sido um pai ausente estivesse lhe corroendo. Eu achava bem feito, mas não sabia como me sentir sobre sua estranha proximidade. Ele não estava perto do jeito que eu gostaria, é claro, mas estava mais suave e menos implicante, mais atencioso com Luca e isso era melhor que nada.

— Helena eu to falando com você! — tia Lorena pôs um pedaço de pano na minha cara. — O que aconteceu pra você estar pensativa assim? É o Nathan?

Suspirei. Eu queria poder contar a verdade pra ela, mas não podia... Hm, pelo menos não tudo.

— O Nathan chama muito a atenção das mulheres, sabe?

Ela revirou os olhos.

— Claro que sei, bobinha. Mas você tem uma vantagem que as outras não tem.

— Qual? — franzi o cenho.

— É casada com ele, tonta! É pra casa que ele sempre volta. É só você fazer ele não querer sair de lá. — riu sugestivamente. — E é por isso que estamos aqui, mas você não presta atenção em mim! — foi a minha vez de rir de sua indignação.

— Desculpa! Juro que agora vou prestar atenção em tudo.

— Ótimo. Agora me diga, o que acha dessa peça aqui? É um conjunto com cinta liga. Separei outras coisas pra você também, já que você não levantou um segundo para olhar a loja. — revirou os olhos.

Enrubesci ao me imaginar naquilo. A calcinha era meio... pequena. Tinha meias e um sutiã bonito, todos pretos. Eu que nunca tinha ido além de alguns beijos com ninguém ia conseguir seduzir alguém? Parecia piada. O resto das calcinhas também eram pequenas, mas muito bonitas, das mais diversas cores, e haviam vários sutiãs combinando com os tons também. Fiquei encantada.

— É muito bonito, mas não sei se essa coisa aí vai ficar boa em mim.

— Lógico que vai! Ou você quer se deitar com Nathan usando uma camisola de vovó? Nem eu faço isso, e olha que já poderia, viu... — eu ri mais.

— Mas você tem experiência... Eu não.

Ela sentou-se ao meu lado e me encarou preocupada.

— Não foi bom pra você?

— Que?

— Com Nathan, boba.

Senti minhas faces aquecerem e tentei não gaguejar ao mentir.

— Ah... Foi bom sim.

— E então?

— Vamos levar essas coisas aí que você separou. — ela sorriu e saiu comemorando para pagar tudo aquilo.

(...)

Nathan.

Na sexta-feira que antecedeu a chegada do meu primo, fui para casa um pouco mais tarde do que vinha fazendo. Tinha ido me encontrar com Patrícia já que nos vimos apenas uma vez essa semana. Queria matar a saudade, mas tudo que ela fez foi reclamar. Reclamar que eu não lhe dava mais atenção, que não saía com ela nem a presenteava, que pensava em tudo menos nela e que nada daquilo era justo. Eu concordei, mas não podia fazer muito por ela naquele momento, não quando estava prestes a receber visitas.

Abri a porta de casa e suspirei cansado. Quando levantei o olhar, vi que o folgado do Thomas estava de tênis, com os pés jogados na minha mesinha e jogando meu videogame. Aliás, o que ele fazia dessa vez na minha casa com a minha mulher enquanto eu estava fora? Dessa vez eu sabia que meu filho estava com a saúde perfeita, então...

Franzi o cenho. Meu uso de pronomes possessivos talvez fosse um pouco exagerado. Dei de ombros, deve ser algum lance de filho único ou coisa assim.

— E aí cuzão! — Thomas me saldou, depois olhou o relógio. — Ainda bem que chegou cedo, hoje você vai ficar com o Luca.

— Ué, eu já não faço isso sempre? — me irritei. Ele deu de ombros.

— Não foi ver seu amor hoje? — debochou.

Suspirei outra vez e me sentei ao seu lado.

— O que houve, cara? Você gostava da Patrícia.

— Gostava mais das amigas dela. — nós rimos. — Desculpa, cara, mas as circunstâncias são outras. Enfim, te conheço o suficiente pra saber que você chegou com cara de cu. O que aconteceu?

— Brigamos de novo. Ela não quis nem ouvir falar de não passar mais tempo sem mim. Gritou e disse que me importo mais com meu filho do que com ela. Mas, cara, o que eu posso fazer? É meu filho, é um bebê, é frágil e indefeso. E eu descuidei e ele foi parar no hospital... Sem mim. Pensa se eu vou deixar isso acontecer de novo?

— A Patrícia diz que te ama, mas não sabe ser compreensiva e é bem egoísta. Sério que é disso que você gosta? — de repente ele estava muito sério e bravo, aquilo era raro. — Desde o começo ela disse pra você que não ia cuidar do filho de ninguém. É óbvio que ela vai ficar com ciúmes, não tem consideração por ninguém.

Ponderei aquilo. Thomas era um pateta a maior parte do tempo apesar de ser sério com seu trabalho na construtora. Eu o amava como um irmão e internalizei suas palavras. A verdade é que eu não sabia o que fazer quando se tratava de Patrícia, eu não queria perdê-la, mas seria difícil continuar com ela sabendo que minha situação não mudaria... Meu filho seria pra sempre, e eu sempre teria que estar lá para ele acima de qualquer outra coisa.

Ouvi alguém descer as escadas e me virei naquela direção, levantei-me e Thomas fez o mesmo, sorrindo largamente e assobiando em seguida. Luca riu para o "tio".

Helena estava metida num vestido preto que ficava um pouco acima dos joelhos. Eu podia ver um pouco de suas coxas branquinhas e lisas, o vestido marcava seu corpo e escondia um pouco seu busto. Seu rosto estava vermelho e adorável, o cabelo ondulado solto a deixava muito bem... Bem, ela estava linda, embora fosse difícil para mim admitir aquilo.

— Você tá uma gata, Helena! Vai deixar muito marmanjo virando o pescoço hoje.

Franzi o cenho para Thomas. Aquilo me desagradou, embora eu não pudesse ter uma reação desse tipo. Não era justo, mas também não era algo que se controlava.

Helena enrubesceu ainda mais.

— Hm, obrigada. Eu não costumo usar esse tipo de roupa... Me sinto esquisita.

Quando ela parou perto de mim, Luca se jogou de seu colo para o meu. Sorri.

— Você está linda e o vestido é comportado. Quando ver o que outras garotas costumam usar, vai se sentir uma freira. — eles riram. Estavam muito íntimos. Senti-me esquisito outra vez, não sabia definir o que era aquele sentimento. — Então vamos?

— Ah sim. — Ela veio até mim, achei que ia se despedir com um beijo e fiquei nervoso, meu estômago se revirou um pouco, mas ela veio até Luca e esmagou sua bochecha com um monte de beijos. Ele riu. — Tchau minha gracinha. Vou sentir sua falta. Não dê trabalho pro papai. — Luca pôs o dedinho na boca com a melhor carinha de sapeca do século. Uma fofura, meu filho e o jeito como ela tratava ele.

— Dê trabalho pro papai sim, Luca, ele está precisando de um castiguinho. Seria bom se você desse uma fralda bem batizada pra ele.

— Vira essa boca pra lá!

Thomas me deu um meio abraço e disse tchau, beijou Luca e saiu arrastando Helena. Ela apenas acenou para mim.

— Não nos espere acordado! — meu amigo gritou.

Suspirei e olhei para Luca, que fez um biquinho quando percebeu que Helena saiu e chorou um pouquinho. Eles estavam apegados demais um ao outro, aquilo era fofo... Ocorreu-me perguntar a Helena qual o motivo dela ter sido tão boa para ele todo esse tempo, aceitando os arranjos do meu pai e tudo mais. Mas aquilo esperaria. Agora ela estava indo viver a vida e... Ah, eu não podia ficar com dor de cotovelo, merda.

Consegui fazer Luca parar de choramingar quando fingi que ele era uma aviãozinho e andei a sala toda com ele no colo, arrancando-lhe as risadinhas mais gostosas que eu já tinha ouvido. Brinquei muito com ele, joguei-o para cima, assistimos a uns dvd's de música infantil, sentei-me no chão com ele e descobri que ele já estava começando a engatinhar. Quando ele pareceu se cansar, dei um banho para tirar todo aquele suor, fiz sua mamadeira e ele dormiu no meu colo antes mesmo de terminá-la. Dormia tão sereno e pesado que ri, eu também estava cansado de bancar o crianção com ele.

Peguei a babá eletrônica e fui tomar um banho. Todo o tempo em que brinquei com Luca fitei o relógio, parecia um obsessivo. Já era dez e meia e Thomas e Helena ainda não tinham aparecido. Considerando o grau de folga de Thomas, apostava que ele ia dormir aqui de novo. Não que isso me importasse, mas... Eu ficava curioso para saber como ele e Helena tinham ficado tão próximos em tão pouco tempo.

Não foi difícil viajar no tempo ao pensar em Helena... Eu tinha a impressão que ela estava por perto desde sempre, embora eu fosse mais velho que ela poucos anos, e mesmo assim não a conhecia quase nada.

Quando éramos crianças, eu era um menino muito agitado, não parava quieto, tentava embalar ela nas minhas brincadeiras, mas Helena era meio rabugenta e chorava por tudo, resultado: eu sempre acabava apanhando sem nem ter feito nada demais. Ela era quietinha mas não me enganava, era ela quem me entregava quando eu aprontava, eu ficava morrendo de raiva e tentava revidar, e aí sobrava pra mim de novo. Era uma droga.

Por ser muito inquieto e arteiro, eu não ia tão bem assim na escola, ao contrário da dona certinha. Meu pai sempre nos comparava, e toda vez que tinha que aparecer na escola porque aprontei alguma me perguntava por que eu não podia ser como a Helena. Ouvi isso por muito tempo e odiava toda essa admiração que ele tinha por ela. Eu era o filho dele! Tio Ben também odiava que meu pai me diminuísse, me levava pra jogar bola e me comprava brinquedos. Mais tarde, me dava dinheiro pra sair com as namoradinhas quando meu pai se recusava a isso. Era tio Ben quem me dava conselhos e era ele que eu ouvia a maior parte do tempo. Era muito mais sensato que meu pai. Ele faz uma falta...

Mais tarde, quando estávamos na puberdade, Helena e eu entramos em pé de guerra. Nossos pais ficaram de cabelo em pé. Nessa época Helena ficou um pouco mais revoltada, todos na escola enchiam o saco dela porque ela não tinha mãe, porque era quieta, nerd e nada sociável. A Dona Certinha ficou explosiva, aproveitei para me vingar dos maus bocados que ela me fazia passar, ela odiava que eu puxasse suas trancinhas porque seu pai insistia em fazê-las, e ela achava brega. Aquilo me divertia, vê-la irritada. Sempre acabávamos gritando e xingando um ao outro, jogando coisas, brigávamos até ficar de castigo.

Minha família era grande, todos viviam dizendo que nos amávamos desde pequenos e que aqueles desentendimentos eram puro amor, mas eu não ligava. Tinha nojo de pensar em gostar de Helena, aquilo era um horror, não sei se porque eu ainda era pequeno ou porque ela não me agradava mesmo.

A adolescência chegou e com ela as coisas ficaram muito mais emocionantes. Eu saía sempre, me tornei um pouco negligente com a escola, quase repeti o segundo ano do ensino médio. Nessa época lembro que Helena ficou muito mais fechada, ela só saía de casa para ver os meus pais, era muito aplicada quanto aos estudos, tanto é que passou na faculdade sem precisar de muito esforço, enquanto eu abdiquei do meu lazer para isso.

Fomos para faculdades diferentes, é certo, o que eu sei é que ela nunca se permitiu ter um laço mais profundo com ninguém. Tio Benjamin reclamava que ela precisava se permitir viver, que ele próprio tinha se fechado quando sua mulher o deixou, mas que não queria aquilo para a filha e era justamente o que tinha acontecido. Tentou empurrá-la para sair comigo uma vez, mas acabamos brigando como sempre e eu me tornei ainda mais hostil com ela. Talvez o tratamento especial fosse destinado a mim, mas Helena era sempre ou muito quieta ou muito malcriada, eu respondia na mesma moeda, ela tinha um temperamento difícil, tinha mudado muito depois da morte de tio Ben, isso reforçava o meu sentimento de desconhecimento sobre ela.

Vai ver era alguma mania de pai reclamar dos filhos. Para tio Ben, Helena devia viver mais, se divertir, ser como qualquer outro jovem normal. Para o meu pai, mesmo que eu me matasse de estudar e estagiasse na construtora, nada nunca era o suficiente. Ele sempre me criticava por sair com o pessoal da faculdade e voltar cambaleando pra casa, eu tentava não ligar às vezes, mas era difícil, ainda mais quando eu via o apreço que ele tinha por Helena. Isso me fazia detestá-la mais.

E então, para minha (in)felicidade, reafirmei para o meu pai a minha falta de responsabilidade. Em um dos meus casos esporádicos e sem emoções envolvidas, engravidei uma menina, Marcela, ela não fazia faculdade comigo, apenas aparecia entre uma festa e outra. De cara ela disse que não queria Luca, mas que não iria tirá-lo pela grana que meu pai lhe ofereceu, e que assim que o tivesse, ele seria meu e ela sumiria do mapa. Bem, eu sempre quis o meu filho e não me arrependo de ter ficado com ele.

Dois meses depois que Marcela soltou a bomba da gravidez no meu colo, conheci Patrícia e me encantei instantaneamente. Começamos a namorar sem que minha família soubesse. Eu já tinha perdido a credibilidade com meus pais por ter engravidado uma garota aleatória, não tive coragem de falar sobre Patrícia. E então Tio Ben morreu um pouco depois, meu filho nasceu, Helena apareceu e as coisas ficaram mais confusas. Meu pai se aproveitou da situação para nos manipular, é claro, e eu nada pude contestar, ele tinha argumentos bons pra estar tentando mandar na minha vida naquele momento. E conseguiu.

Agora a vida estava mais louca, tudo muito confuso entre Helena e eu. A maluca tinha me beijado porque eu tinha feito umas brincadeirinhas com ela, eu gostei, mas me senti sujo, não era justo com Patrícia e era com ela que eu estava. Aquilo era complexo demais até para que eu entendesse às vezes. Senti-me incomodado toda essa noite que sabia que Helena estava com Thomas, embora no fundo eu soubesse que não podia, meu coração inconsequente dizia "é lógico que você pode, é o marido dela!". Eu não gostava dela, gostava? Devia ser só uma parte minha meio possessiva que dava as caras de vez em quando, coisa que eu odiava.

Quando fui me deitar, ainda com um incomodo inexplicável no peito, questionei-me se era daquela forma meio desolada que Helena se sentia todas as noites quando eu não estava em casa e ela tinha mais ou menos a ideia do que eu estava fazendo, o motivo de eu não estar ali. Que merda.

.

.

.

Oi genteeee!
Pra animar a sexta, um capítulo meio explicativo pra vocês ;)
Tia Lorena não tem filtro, adoroooo ela!
E essas divagações do Nathan, hein? Será que ele consegue se redimir com as leitoras que tem raiva dele? :p
Os próximos capítulos estão cheios de fortes emoções...

Gente, tenho outra história aqui na plataforma, está quase concluída, não sei porque as personagens tem o mesmo nome, mas elas tem (UHSAUHSAU). Ficaria contente se vocês dessem uma olhadinha ♥

Quero saber o que vocês estão achando!
Votem, comentem, isso me incentiva a escrever ainda mais.  ♥


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