Capítulo Trinta e Oito
Serena
A primeira coisa que fiz, foi levar Cecília à um hospital e minha maior sorte foi encontrar um velho amigo que agora era médico.
- Serena, quanto tempo! - ele diz me dando um abraço forte.
- Carlos, quanto tempo mesmo! - sorri.
- E quem é essa pequena? Sua filha? - perguntou curioso.
- Eu acabei de encontrá-la abandonada no Parque Ciro.
- Puta merda! - ele diz surpreso.
- A mãe a deixou com uma bolsa com algumas coisas do tipo: Mamadeira, chupeta, um pano e uma carta.
- O que dizia a carta?
Tirei do meu bolso e dei para que o mesmo lesse. Ao terminar, notei seus olhos manejados de lágrimas.
- Eu quero adotá-la Carlos.
Ele arregala os olhos.
- Você tem certeza disso? É uma atitude séria Serena.
- Eu engravidei há alguns anos atrás e sofri muito! No meu sétimo mês de gestação, a mãe do pai da minha filha me agrediu e minha filha não resistiu. Até hoje, meu coração sangra pela perda! É uma dor que nunca irá se cicatrizar. Ela se chamaria Cecília, tanto que hoje, tenho um estabelecimento com esse nome. Café Cecília! E hoje, aí encontrar essa garotinha, uma parte de mim ficou mexida e ela também se chama Cecília, por pura coincidência.
- Eu te entendo. - ele respondeu emocionado. - E o que eu posso fazer por vocês?
- Como você viu, na carta diz que eles moravam na rua, eu quero que você faça todos os exames que puder para que eu possa saber se ela contraiu alguma doença, alguma bactéria ou algo do tipo.
- Para isso, vamos ter que interná-la.
- Eu não me importo desde que seja você a cuidar dela.
- Vou providenciar isso. Eu já venho! - ele diz.
Pego Cecília no colo e começo a conversar com ela:
- Pequena, você vai ficar um pouquinho aqui, porém, eu vou ficar com você, tá?
- Você vai me deixar?
- Não querida. Eu vou ficar aqui. Só vou sair se o médico pedir.
- Eu tô doente?
- Não, são só exames. - beijei sua testa.
Carlos não demorou a voltar. Eu assinei um termo de responsabilidade, não sei o que ele disse na recepção mas logo ele nos levou para dentro e nos colocou em um dos quartos.