Capítulo Dois

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Serena... Dias atuais!

E aí, o que você fez em dois mil cento e noventa dias, equivalente há seis anos? É sempre uma pergunta que não ser calar, não? Pra muitos, ainda pode ser pouco mas pra mim foi o suficiente para aprender muitas coisas, e uma delas, é não confiar e entregar o coração à ninguém.
Hoje, aos vinte e dois anos, eu consegui concluir o ensino médio com muito custo, conheci novas pessoas na qual não me permiti me envolver. Fiz novos amigos e quando me senti no dever, consegui um trabalho numa revista, aonde eu acabava por entrevistar pessoas famosas e colocava ali.
Era como se a vida deles, fossem pra mim, uma forma para sobreviver.
Nesse tempo todo, eu não soube mais da vida daquelas pessoas que me fizeram tanto mal. Laura sumiu no mundo depois que se certificou de que minha filha não havia sobrevivido, e Gael ficou como estava. Não me ligou ( não que eu esperasse) não se certificou de saber da minha vida, nada!
Por falar em filha, ela é a única dor que eu ainda não pude superar.
Meu irmão se casou e teve um menino que hoje é meu sobrinho/afilhado, Augusto. Meus pais, são os avós mais babões da face da Terra e confesso que às vezes, me pego pensando em como seria se Cecília estivesse aqui, e é com esses pensamentos que eu choro. Porque tudo, podia ter sido diferente.
Não era pra ser.
Cheguei na revista alguns minutos atrasada por conta do trânsito caótico daquela imensa cidade. Bastou eu colocar meus pés para que minha chefe me convocasse em sua sala.
- Bom dia Serena.
- Bom dia Isis. Quer falar comigo?
- Sim! Você conhece Richard Monteiro? - perguntou.
- Pelo o que sei, ele é um ator que vem fazendo muito sucesso na novela das oito, não é?
- Exatamente! E eu preciso que você consiga uma entrevista com ele pra revista.
- Isso não vai ser difícil.
- Só que temos um problema: Ele se recusa a dar entrevista para qualquer revista, programa de tv ou algo do tipo. Diz que não se sente pronto para se " expor" dessa forma.
- Não virasse artista então. - digo revirando os olhos.
- E é por isso que preciso que você vá! Ninguém sabe quem é você, até porque se pesquisar seu nome no Google, não irá aparecer que você fala da vida dos outros em uma revista. - ameaçou um sorriso. - Agora se fosse eu, seria complicado! Portanto, você tem que ir, pode até ser você mesma mas tem que fingir ser alguém comum e ir pegando o máximo de informação que você conseguir.
- Isso vai ser difícil. - falei.
- Mas você é a nossa Serena e faz tudo ser possível! Além do mais, se conseguir informações, sua carreira vai pra frente muito rápido.
- Ok. - respirei fundo. - Carreira ir pra frente significa muito dinheiro e isso é o suficiente para me dar vontade de ir. Vai ser difícil mas não impossível, é aqui na cidade mesmo?
- Não! É uma cidade de cinquenta mil habitantes há cinco horas daqui.
- E qual é o tempo necessário?
- No máximo, dois meses.
- Caramba Isis, dois meses?
- Você pode voltar antes se conseguir tudo. Vou te passar um relatório por e-mail de todas as perguntas que eu mesma formei. Se por um acaso, você quiser reformular ou acrescentar, fica ao seu critério.
- Certo! Quando tenho que ir?
- Comprei sua passagem para amanhã, ok? Hoje você arruma suas coisas.
- Aonde vou ficar?
- Reservei um hotel também.
- Vou continuar recebendo meu pagamento?
- Com toda certeza do mundo, doidinha! - me abraçou. - Obrigada querida, você é demais!
- Ah, eu sei que sou. - dei uma piscadela.
Então era isso! Ir pra uma cidade que nunca vi na vida e sequer no mapa, se passar por alguém mais comum do que já sou, inventar uma profissão e tentar exercê-la por via das dúvidas pra ficar perto do artista que nunca se sente pronto.
Está aí algo que eu detesto! A pessoa dizer que " não se sente pronto(a)."

Paixão SublinhadaWhere stories live. Discover now