Epílogo

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Epílogo

Serena

Três anos depois...

E hoje, novamente te pergunto: O que você fez nesses mil e noventa e cinco dias, equivalentes à três anos? A vida, de uma hora para outra, resolveu sorrir pra mim, sabe?
Muitas coisas andaram acontecendo, até porque foram três anos e não três dias.
Desde o dia em que vi Gael se casando, eu não o vi mais, tampouco procurei saber sobre sua vida de casado, seu filho ou algo do tipo. A única coisa que me interessava dali, era Patrick e Richard.
Durante esse tempo, a grande maioria das pessoas se deram bem.
Cássio, engravidou minha cunhada mais uma vez e inteirou o seu segundo filho, na verdade, filha que hoje tem um ano, a Clara.
Minha mãe, ficou noiva de Patrick após um ano juntos.
Richard fez ainda mais sucesso com um filme recente que lançou e, contou à todos da imprensa, sobre seu atual relacionamento. A moça não é uma celebridade, passou a ser agora depois de ter assumido relacionamento com Richard. Ela se chama Renata e é um amor de pessoa.
Patrício, inaugurou mais uma empresa, porém fora do Brasil e passou a morar por lá levando Angélica consigo. Aliás, que saudade eu estava daquela garotinha.
A mãe de Gael, eu nunca mais tive o desprezar de ver. Fontes disseram que ela foi embora do Brasil com um milionário.
Fabricio depois de enfim entender que eu não seria capaz de correspondê-lo, encontrou alguém que o amava e aceitava Diego como filho. Ela se chamava Eva, era um amor de pessoa também. Fiquei imensamente feliz por ele ter encontrado alguém pois ele era tão merecedor quanto qualquer outra pessoa que eu conheci na vida.
Fernanda encontrou um namorado.
Michele, minha funcionária e amiga noivou e está prestes a se casar.
Iris, minha chefe, lembra? Se casou e engravidou de gêmeos! Chegou a me procurar um tempo depois pois queria que eu voltasse a trabalhar pra ela, mas eu recusei. Eu estava bem do jeito que estava.
E agora, vocês devem estarem se perguntando: E você Serena, como está?
Estou aparentemente completa! Cecília está cada vez maior, inteligente e é minha exclusiva companheira. Eu inaugurei mais dois cafés em cidades diferentes e vira e mexe estou indo viajar pra estas cidades à negócios.
Em todo esse tempo, mesmo que não me faltasse pretendentes, não me deixei aproveitar com ninguém. Eu sempre estive pra cima, evitando qualquer tipo de dor. Relacionamento pra mim continua sendo um problema, e eu já tenho de sobra.
Hoje era um dia em que pra todos, inclusive pra mim, seria inesquecível.
Minha mãe iria se casar, com Patrick.
Tirei um dia de beleza com Cecília em um salão, entre tantas lembranças, recordei-me de Gael.
Enquanto a manicure fazia meus pés e uma cabeleireira cuidava do penteado de Cecília, eu parei para pesquisar um pouco sobre a vida dele.
Eu não era errada em pesquisar a vida alheia, era?
Assim que coloquei no Google, me surpreendi ao ver o título de uma notícia que dizia:
" Chega ao fim, o casamento de Gael Monteiro com Jennifer Monteiro"
Entrei na matéria como uma boa curiosa e dizia:
" Gael, parente do astro Richard Monteiro, contou à nós com exclusividade que seu casamento acabou pela falta de amor! O término havia sido bom para ambos, já que nenhum dos dois se amavam. Ainda disse que quem pediu divórcio foi a própria ex-esposa, Jennifer. Ele assinou e agora estava solteiro na pista. Do relacionamento de Gael e Jennifer, sobrou-lhe apenas um filho, Enrico. Questionamos sobre a guarda da criança e Gael disse que até segunda ordem, o menino ficaria com a mãe e ele o levaria para sua casa, um fim de semana sim, outro não. Perguntamos à Gael se já havia alguma pretendente em vista e ele nos disse com clareza que agora, iria atrás de alguém que deixou no passado. Desejamos toda sorte do mundo e estamos curiosos em saber quem é a pessoa do passado."
Após ler aquilo tudo, meu coração acelerou. Estava claro que eu era a pessoa do passado, e se ele viesse hoje, eu ficaria com ele. Estava disposta a deixar o passado para trás e viver uma nova ao lado de Gael já que ele foi o único homem que eu fui capaz de amar nessa vida.
O casamento da minha mãe começaria às seis da tarde, já eram quatro horas quando eu e Cecília deixamos o salão.
Passamos na loja para pegar nossos vestidos e eu optei por um quase mãe e filha.
Ela adorou, eu também.
- Mãe, aquele não é o Gael? - ela apontou para dentro de uma loja, ele estava de lado, ela o reconheceu.
- Sim... É sim! - meio que gaguejei.
- Vamos lá falar com ele. - ela me puxou e eu a segurei.
- Nada disso querida. Ele deve estar ocupado, nem vai querer nossa companhia. Vamos embora que estamos atrasada. - falei rápido demais.
- Ainda não superou mamãe?
Arregalei os olhos.
- Eita mocinha, da onde arrancou essas ideias de superar?
- Na escola. Eu também não superei meu namorado. Ele namora minha amiga.
- Você tem namorado dona Cecília?
- Tinha. Vamos falar com o tio. - ela me puxou.
- Cecília, não. - pedi.
- Você precisa ver ele, ele tá lindo mãe. - seus olhos brilham.
- Você não é cupido.
- O que é cupido?
- Estamos atrasadas filha.
- É rapidinho.
- Não tem essa de rapidinho. - virei as costas.
- Ele nos viu. - ela diz surpresa.
- O quê? - arregalo os olhos.
- E está vindo aqui.
Meu coração acelerou.
- Cecília você vai me matar um dia desses. - susurrei.
- Quanto tempo! - o ouvi dizer atrás de mim.
Não gagueja, não gagueja... - pensei.
- Pois é! - me virei pra ele.
- Vocês estão lindas. - ele diz com um sorriso
- Obrigada.
- Minha mãe não quis ir te ver na loja.
- Cecília. - a repreendi.
- É verdade. - Cecília diz.
- Não é não. Eu só achei que você estivesse ocupado. - argumentei.
- Pra vocês eu nunca estou ocupado. - deu uma piscadela. - Vocês vão no casamento?
- Óbvio né tio, é da vovó o casamento.
- Cecília não é assim que diz. - a repreendi novamente, rebeldia era seu sobrenome.
- É verdade. Eu tinha me esquecido. Nos vemos lá então. - ele diz dando um beijo na bochecha da Cecília e vindo até meu rosto me beijar, aquela aproximação fez meu coração acelerar ainda mais e ele disse ao meu ouvido: - É bom te reencontrar.
Sorri, mas não disse nada. Me senti adolescente e ele se foi.
- O que ele disse?
- Nos vemos lá. - respondi.
- No seu ouvido.
- Nada sua curiosa. - respondi-lhe rindo.
Agora, eu tinha mais um motivo para ir deslumbrante à esse casamento, ele estaria lá.
Cinco e meia o carro de Patrick passou para nos buscar. Fomos até a igreja com Cecília cantarolando uma música infantil e dizendo que já estava com saudade da minha mãe.
Assim que chegamos, a mesma estava com um enfeite lindo, tudo feito com bom gosto e a igreja estava lotada.
Respirei fundo e entrei. Cecília entregaria as alianças e eu levaria a Bíblia. Era o que eu tinha escolhido, apesar de tudo, eu não quis ser madrinha da minha mãe.
A marcha nupcial começou a tocar. Patrick estava trêmulo em cima do altar, a porta abriu-se e minha mãe entrou, radiante!
Aquela era a melhor escolha da sua vida.
Ao altar, quem a levou foi Cássio. Atrás vinha Clarinha e Angélica jogando algumas pétalas de flores. Os padrinhos entraram, o padre começou a falar.
Entre tantas pessoas admirando o casal, meus olhos correram pelo local e não demorou para que se encontrassem com o de Gael.
Ele sorriu.
Eu sorri.
Meu estômago criou borboletas infinitas. Borboletas vindo do sentimento chamado amor.
Logo foi a vez de Cecília entrar com as alianças, a minha garotinha estava radiante, feliz pela felicidade da avó, assim como eu estava.
Minha mãe merecia muito ser feliz.
Não demorou para que eu entrasse. Me senti a noiva, quem sabe um dia...
Fiz o procedimento que me ensinaram, que pediram para que eu fizesse. Depois peguei Cecília no colo e esperamos terminar.
Fim!
Rumo à festa.
O salão estava lindo, totalmente enfeitado do jeito que minha mãe havia sonhado, do jeito que ela quis.
Logo Cecília me abandonou para ir brincar com as crianças.
Cumprimentei pessoas conhecidas, até Patrício que veio de fora do Brasil para o casamento eu cumprimentei.
- Quero te pedir desculpas por tudo. - foi o que ele disse.
- Tudo bem! Sem ressentimentos. O tempo passou para todos, não guardo mágoa de você. - respondi. - Amigos? - estendi a mão.
- Amigos! - ele sorriu e uma moça tocou-lhe o ombro. Era sua nova namorada.

Entre uma música e outra, foi a vez da minha dançar a valsa com Patrick. Ele nem parecia aquele senhor que tomava inúmeros medicamentos que eu precisei cuidar. Ele estava vivo, feliz, intacto parecia até mesmo um jovem. Aposto que tinha até mais disposição que eu.
Logo senti a respiração de alguém em minha nuca, eu sabia quem era, fechei meus olhos para sentir aquilo.
- Não acha que está na hora de tentarmos? Eu me sinto mais pronto do que nunca. - Gael sussurrou em meu ouvido.
Me virei pra ele.
- Você é muito idiota Gael. - ameacei um sorriso. - Publicou em uma revista que viria atrás de alguém do passado, não tem vergonha? - brinquei.
- Vergonha eu teria se não procurasse. - piscou. - Eu quero você Serena! Eu sempre quis, você sabe disso. Quero uma nova história, um recomeço ao seu lado. - ele beijou minha testa.
- Ok. - respondi.
- Ok? - ele arqueia a sobrancelha.
- Eu também me sinto pronta, de verdade! Eu quero você, na verdade eu sempre quis. Fui atrás de você no dia em que se casou mas era tarde demais. Você também se deu conta tarde demais que me amava.
- Eu queria fazer as coisas certas.
- Você sempre faz as coisas erradas Gael.
- Você é a minha pessoa certa. Eu quero tentar e fazer dar certo dessa vez.
- Eu também quero.
- Você está falando sério? - ele pareceu não acreditar.
- Eu nunca vou esquecê-lo Gael. Você é a pior e também a melhor parte de mim, do meu coração, da minha vida. Eu quero ser feliz com você, com Cecília e se você quiser até mesmo com seu filho. Quero você inteiro dessa vez, não pela metade.
- Quer se casar comigo Serena?
- Não. - respondi.
- Eu quero namorar contigo! Na verdade, não quero rótulos. Quero passar a minha vida toda a seu lado sem precisar explicar às pessoas o que somos, porque nós dois sabemos o que somos.
- E o que somos? - ele pergunta tocando meu rosto.
- Somos loucos um pelo outro!
E então, na ponta dos pés, eu o beijei. Aquele beijo selou nosso até então relacionamento.
Aquele era o começo de uma vida, da nossa vida!
Gael errou.
Eu errei.
Nos perdoamos.
A vida me ensinou que não devemos abrir mão daquilo que mais amamos, mesmo que isso nos cause muitas lágrimas. Se seguirmos o coração, a chance de se machucar é a mesma que seguir a razão. Mas precisamos tentar! Você já tentou hoje?
Eu tentei.
E fui.
E sou.
Muito feliz.

Fim.

Paixão SublinhadaDonde viven las historias. Descúbrelo ahora