Capítulo Trinta e Seis
Serena
Já havia anoitecido, o show já havia acabado, eu já tinha entregado o dinheiro para o vocalista.
Os clientes já haviam ido embora, ficou apenas Fernanda, Jennifer, Gael de um lado e meu irmão, esposa, sobrinho e mãe do outro.
Eu estava terminando de fechar uma das portas quando ouvi:
- Você é um maldito!
Em seguida, muitos gritos. Corri para ver o que estava acontecendo e logo pude ver meu irmão e Gael se pegando de soco.
Minha mãe, não sabia quem segurava e Fernanda tentava em vão tirar Gael de cima de Cássio.
Meu sobrinho chorava assustado, pude ver o momento em que Jennifer o pegou e correu para o banheiro para tentar acalmá-lo.
Quase que sem reação, consegui puxar meu irmão e segura-lo.
- Eu nunca, nunca vou te perdoar pelo mal que causou à minha irmã Gael Monteiro. Nunca serei capaz de te considerar amigo de novo quando na verdade, você acabou com tudo de mais bonito que minha irmã tinha na vida, o coração! Ainda por cima, a abandonou grávida! Grávida seu filho da puta. Sumiu do mapa mas nunca o esqueci. Um dia, eu me vingaria de você, esqueceria os anos de amizade que cultivei com um bosta como você, e te encheria de pancadas até você ficar inconsciente, seu merda!
- Chega Cássio! - eu pedi tentando manter a calma ao ver que meu irmão havia se soltado de mim com facilidade e avançado em Gael de novo.
Ele não estava inconsciente mas estava bem machucado. Eu deveria sentir dó, brigar com meu irmão por aquilo ser um assunto nosso, mas eu o entendia e talvez, nunca fosse capaz de perdoar Gael por tudo.
Gael por sua vez, não disse nada! Apanhou, revidou, apanhou de novo e após ouvir aquilo tudo, Fernanda o carregou para fora do café.
Ao menos, eles não haviam quebrado nada aqui dentro.
Cássio, saiu andando, irritado foi para área externa do café, aonde todos os clientes podiam fumar.
Na incerteza, corri até Fernanda. Ao chegar no carro deles, a ouvi dizer:
- Você merecia apanhar mais Gael! Eu te bateria agora se pudesse. Você foi um monstro com a Serena, nunca me passou pela cabeça que você fosse o pai da filha dela. Que você fosse a pessoa que quebrou o coração da minha amiga.
- Eu era imaturo, porra! - ele surtou.
- Você foi um moleque Gael. Quebrar um coração, é relevante, mas abandonar uma mulher grávida de um filho teu, é o cúmulo do absurdo. Você me decepcionou.
- Desculpa Fernanda. Você acha que é fácil pra mim também? Eu acreditava não amar Serena, porra! Eu a queria longe, mesmo que tudo fizesse com que a gente estivesse perto. Eu precisei ir embora, deixá-la, para depois de seis anos, reencontrá-lá e notar que a amo! Eu a amo Fernanda e me arrependo muito de tudo que fiz, de todo mal que a causei. Eu só queria hoje uma família com ela.
- Você preferiu formar uma família com a Jennifer Gael, e você sequer a ama.
- Eu a engravidei! Não seria capaz de abandoná-la.
E então, eu cheguei.
- Então porque você foi capaz de me abandonar Gael Monteiro? Um filho da Jennifer te deixou mais homem do que um filho meu?
- Eu não a amava. - ele diz.
- Mas agora ama Jennifer? Com um mês e meio de relacionamento, você a ama Gael? E o tempo que você ficou comigo? Porque esteve? Porque nunca me deixou seguir a vida sem você? Porque sempre reapareceu quando eu estava te esquecendo? Porque você voltou após esses seis malditos anos em que eu mais sofri por você, como pode dizer que a ama agora? Eu nunca signifiquei nada na tua vida?
Fiz tantas perguntas que me senti zonza.
- Você foi uma transa boa! Não foi intencional engravidá-la. Naquela época, eu só queria sexo com você. Tu era tão ingênua que eu achava que nunca seria capaz de amá-la. E não fui. Fiquei seis anos sem uma notícia tua, você era passado, um passado que eu nunca quis de volta porque sei e reconheço o mal que a fiz. Eu não queria filhos, seria uma pedra no meu sapato, naquele momento.
- E você não teve mesmo. - derramei uma lágrima. - A tua mãe fez o trabalho certinho em deixar minha filha sem pai e eu sem Cecília. Eu estou exausta das coisas que sou capaz de sentir Gael. Exausta em perceber que mesmo com toda a dor que você me proporcionou eu ainda sim, sou capaz de amá-lo. Exausta em saber que não importa quantas voltas o mundo dê, ele sempre irá me fazer parar em você. Mas, não temos uma história! Eu sou e fui uma transa boa e agora, você irá se casar. Um filho dela é ainda melhor do que um filho comigo.
Peguei o convite e rasguei.
- Seja feliz. Espero de coração nunca mais poder te encontrar. Acabou aqui!