Justo e Sujo

By secretbitchh

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[Essa história não será continuada] Ela perdeu sua família para a guerra. Primeiro sua mãe, depois seu pai, e... More

Capítulo 00
Capítulo 1
Capítulo 3
Capítulo 4
Capítulo 5
Capítulo 6
Capítulo 7
NOVA FANFIC

Capítulo 2

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By secretbitchh

Preparados para um pouco mais de
Ivy+Billy?

Tudo correu bem no jantar com as crianças e Sara, e agora eu estava limpando todo o pó e mofo acumulados em meu apartamento depois de tanto tempo fechado. Levaria alguns dias, mas logo estaria como quando fui embora - eu só não sabia dizer se isso era bom ou não. Já fazia uns dias que estava na cidade e estava procrastinando começar a limpeza, mas eu não aguentava mais acordar na poeira.

Meu celular vibrou em cima da mesa e eu não reconheci o numero, mas atendi mesmo assim.

- Veja quem está de volta à cidade do pecado - a voz de uma mulher falou e eu não contive o sorriso que tomou meu rosto, jamais esqueceria aquela voz.

Louisa era minha amiga desde criança. Eu me dava muito bem com sua família, eles eram amigos antigos de meus pais e o pai dela era político, totalmente contra a violência e o uso de armas pela população. Ele também era contra o uso indiscriminado delas pela polícia, e agora eu entendia. Se não tivessem atirado no meu irmão quando o renderam, ele ainda estaria vivo.

- Não vou nem perguntar como conseguiu meu número - respondi no mesmo tom desafiador e ouvi sua risada.

- Encontrei Sara no supermercado e ela me contou que está de volta na cidade e deu seu novo número - explicou.

- Uau, isso me surpreendeu - eu me joguei no sofá, sentindo todos meus músculos doerem.

- O quê? Sara ter me dado seu número?

- Não. Você estar fazendo compras no supermercado.

- Vá se ferrar, Ivy - ela riu - Saiba que agora sou uma mulher responsável - ela disse num tom sério, e se eu não a conhecesse, acreditava.

- Não me diga que casou - provoquei e praticamente vi sua careta na minha mente.

- Deus me livre, não tão responsável - ela riu - Estou trabalhando com meu pai agora, ajudando na campanha.

Stan Ori era senador e estava em campanha para se reeleger, percebi pelos outdoors espalhados pela cidade. Essa não era a praia de Louisa igual a guerra não era a minha, mas como todo filho, fomos sugados para esse meio mesmo não querendo. Ouvi ela suspirar quando eu não disse nada, e eu fechei os olhos.

- Quero te ver, Ivy - ela pediu, seu tom mais temeroso agora. Eu suspirei sem fazer barulho e assenti.

- A gente pode ir naquele bar de sempre, não te convido para vir aqui em casa porque está tudo uma bagunça.

- Eu queria, mas estou atolada de trabalho - ela disse e eu fiz uma careta, nunca achei que fosse ouvir essas palavras saírem de sua boca - Porque não fazemos assim, papai vai dar uma coletiva no Plaza amanhã tarde, você poderia vir até aqui, eu disse que você estava na cidade e ele também quer te dar um abraço.

Eu não tinha como negar. Uma por ser Louisa, outra por seu sempre ter sido um segundo pai para mim. Ouvi alguém chamá-la e ela xingou baixinho.

- Combinado, me manda uma mensagem com o endereço e o horário - eu disse.

- Ótimo, perfeito - ela vibrou - Vou deixar seu nome liberado e te mandar o endereço. Agora tenho que ir ou vou empalar meia dúzia de incompetentes - pelo tom irritado de sua voz, eu não duvidava.

______________

Quase tinha esquecido como esse hotel era luxuoso e grande. Com piso e paredes com detalhes em mármore, sofás e cadeiras de um século desconhecido mas que por si só gritavam a palavra caro.

A primeira coisa que notei quando entrei foram vários homens vestidos de preto com jaquetas escrito a palavra ANVIL. Não precisei pensar muito para entender que eram seguranças que estavam aqui por causa do Senador, obviamente.

- Evelyne Liberman - eu disse a recepcionista que me olhou com desdém no momento que percebeu minha presença - Louisa Ori está me esperando.

Ela pediu meus documentos e eu entreguei. Ela digitou algo no computador e sua expressão mudou na mesma hora. Ela me olhou por cima dos óculos e deu um sorriso falso de reconhecimento, logo depois me devolveu minha identidade e acenou para um dos caras de preto e entregou um papel a ele. O homem negro leu me cumprimentou na sequência.

- Boa tarde, senhorita Liberman, sou Isaac - ele se apresentou formalmente - A senhorita Ori está esperando na suíte, eu te acompanho até lá.

Eu o segui, achando tudo isso muito coisa de filme. Já vi o Senador Stan discursar mil vezes e nunca com segurança assim, muito pelo contrário - ele nunca teve seguranças nessa escala já que era um político anti-armas. Entramos no elevador e assim que a porta se fechou, o segurança olhou para mim.

- Desculpe, mas a senhorita poderia me deixar ver sua bolsa? - pediu. Eu levantei uma sobrancelha, mas ele logo completou - A senhorita Ori disse que não havia necessidade, mas nós da Anvil seguimos um protocolo inquebrável para garantir a segurança - completou. O cara era um panfleto ambulante.

- Sem problemas - entreguei minha bolsa a ele.

Eu tinha uma arma - insistência do meu pai - no cofre da minha casa, mas não era nada que eu usasse com frequência, muito menos andava com ela por aí, mesmo tendo porte. Eu não era muito boa a usando, só a usei no treinamento e quando tirei meu porte, depois nunca mais, principalmente depois do que aconteceu com David.

Depois que ele revistou a bolsa e me devolveu, dei meu casaco para que conferisse os bolsos.

- Aconteceu alguma coisa? - perguntei ao homem que estava com os braços na frente do corpo, típica postura militar que eu conhecia bem - O Senador nunca precisou de tanta segurança.

- Desculpe, mas não estou autorizado a falar nada, senhorita - ele disse educadamente e eu dei os ombros. O tempo pareceu ser arrastar até que chegamos na cobertura e o elevador se abriu.

No corredor havia mais dois seguranças e Isaac disse meu nome, que foi conferido e em seguida um deles bateu na porta do quarto.

- Senhorita Ori? A senhorita Liberman está aqui.

Jesus, era bizarro alguém me chamando de senhorita.

- Entre! - ouvi a voz de Louisa. O homem passou o cartão e a porta abriu, me permitindo entrar. Vi aqueles cabelos loiros e compridos de longe, de costas enquanto falava no celular. Havia um murmurinho do outro lado da sala, mas a porta estava fechada.

- Tá, falamos disso depois - ela disse antes de desligar e se virar.

Assim que ele me viu, deu um sorriso caloroso e um sorriso automático tomou conta do meu rosto quando ela veio na minha direção de braços abertos.

- Ivy - ela disse antes de me dar um abraço caloroso - Senti sua falta.

- Eu também, Lou - murmurei. Senti saudades disso, Lou era como uma irmã para mim.

- Então, temos muita conversa para por em dia - ela disse depois de me soltar.

Ah, cara. Isso seria longo.

_

- Eu não acredito que você não voltou com um namorado inglês - ela riu depois de eu contar praticamente tudo que aconteceu nesse ano fora.

Nós estávamos sentadas em uma mesa farta de comida, um café da tarde completo. No passado a gente fazia isso pelo menos uma vez por semana. Céus, eu tinha esquecido o quanto era bom ter uma amiga.

- Esse não era meu foco - eu limpei minha boca com o guardanapo - Eu conheci um cara, mas foi só um encontro e mais nada.

Um cara chato. Muito chato, que me fez quase desistir da humanidade depois de cinco minutos de conversa chata. 

Não sei se isso era um defeito nos dias de hoje onde todas as relações eram superficiais e casuais, mas eu não conseguia fazer sexo com alguém sem pelo menos me identificar com em algum aspecto com a pessoa. 

Não estava falando de amor; eu nem poderia. Até hoje nunca tive nenhum relacionamento no qual isso foi sentido. Mas para ir para cama com alguém, eu tinha que me sentir a vontade e envolvida com algo que fosse mais do que a beleza. 

- Um ano sem sexo? Tragam o Óscar para essa guerreira - ela disse e eu gargalhei, jogando o guardanapo de pano nela - Preciso te apresentar uns amigos.

Não sei porque, mas o cara que conheci no bar há dias atrás me veio na cabeça - talvez fosse a falta de sexo. 

- Não, obrigado, não quero pegar uma DST.

Ela riu mais ainda e quando finalmente se acalmou, nos olhamos com um olhar de nostalgia.

- Esse tempo fora te fez bem. Você precisava disso - ela disse de forma contemplativa. Lou sempre foi muito compreensiva, às vezes até boba, mas eu a adorava por isso. Não eram todos que abriam os braços para você depois de sumir por um ano.

- Você é a única que pensa assim - murmurei, lembrando do que Sara me disse. Ela suspirou e tirou o guardanapo do colo, descansando ao lado do prato. Eu sabia que viria uma conversa cabeça pelo jeito que ela me olhava.

- Eu não vou te julgar, Ivy, não vou perguntar porque foi embora, porque não quis ficar, eu entendo. Você precisava partir, e agora está de volta porque se sente melhor, isso é tudo que importa.

Céus, eu não queria chorar, mas era quase impossível. Depois de tanto tempo longe, ser recebida por braços e palavras amigas me fazia ficar sensível demais. Eu tinha sorte de ter Lou.

- Eu sei que as coisas não vão ser mais como antes, mas eu quero você na minha vida ainda - eu disse. Ela colocou sua mão sobre a minha, dando um leve aperto.

- Você sempre vai ser minha melhor amiga.

- Obrigado - eu pisquei para afastei as lágrimas, sorri e mudei de assunto - Agora me conte sobre você. Como foi durante esse tempo que passei longe?

Ela sorriu e passou a mão nos cabelos loiros e compridos, daquele jeito exibido.

- Só me diga o que quer saber. Quantos discursos eu preparei? Quantas coletivas organizei? Com quantos caras trepei?

- Tenho certeza que a resposta para essas perguntas é: muitos.

- E você? Sei que não precisou trabalhar por dinheiro, mas ficou fazendo o que lá?

Sendo solitária. Tentando por a cabeça no lugar para voltar e tentar recomeçar.

- Trabalhei com freelance, nada grande - dei os ombros.

- Tenho a sensação que isto está prestes a mudar - ela disse e no mesmo momento a porta se abriu e o pai dela entrou junto com meia dúzia de assistentes com celulares e tablets, tão focados conversando entre si que nem nos notaram.

O Senador sorriu largo para mim e eu retribui e fiquei de pé.

- Se não é a bela Ivy - Stan abriu os braços para mim. Eu sorri e o abracei por um instante - Sentimos sua falta, querida.

- Eu também, mas aqui estou eu, como nos velhos tempos - eu sorri, e por um momento senti como nos velhos tempos, quando eu e Lou aproveitávamos essas coletivas para encher a barriga com salgadinhos e refrigerantes.

Stan tinha a idade que meu pai teria agora se estivesse vivo; ele sempre foi um figura masculina forte para mim, me tratava como uma filha. Ele não tinha envelhecido nem um pouco desde a última vez que o vi.

- É bom ouvir isso - ele disse e pousou a mão em meu braço - E é bom que está aqui conosco.

- Li seu plano político no caminho e estou impressionada - disse com razão. Ele tinha feito o plano político dos sonhos, mas que eu e todos sabíamos que não seria cumprido, porque era um conto de fadas.

- Obrigado, pensei muito em você e na sua família quando planejei ele.

Uma tristeza me abalou quando ele disse isso. David. Meus pais. Guerra. Armas. Eles tinham pena de mim. Eu podia vê-la em seus olhos cada vez que eles me olhavam, como se eu fosse uma boneca de porcelana que precisava ser concertada.

- Senador, estamos com ele no telefone - um dos assistentes disse e eu balancei a cabeça e sorri para afastar a sensação de aperto no peito.

Ori fez sinal para que ele esperasse e passou o braço pelos meus ombros, me persuadindo a caminhar com ele para um pouco longe dos assistentes, e Louisa nos seguiu.

- Lou e eu queremos falar com você após a coletiva, tudo bem? Tenho que dar uns telefonemas, arrecadar algumas doações, mas podemos jantar mais tarde - sugeriu. Uma pulga surgiu atrás da minha orelha, a curiosidade me corroendo, mas eu simplesmente concordei.

- Claro, por mim tudo bem.

Ele e Lou sorriram.

- Ótimo, descemos para o discurso em meia hora e depois jantamos - ele afagou meu ombro antes de sair.

A porta se abriu e dois daqueles seguranças que estavam do lado de fora quando cheguei - incluindo o que me trouxe até aqui - entraram. Um parou perto da janela, próximo a nós e o outro ao lado da porta.

- Não entendi o porquê da segurança armada - disse quando Lou pegou a xícara de café e bebeu o restante.

É um pouco contraditório, dada as convicções políticas que seu pai prega - quis acrescentar.

- Meu pai recebeu ameaças, algum pirado dizendo que ia explodir ele e eles estão aqui para garantir que nada disso se cumpra - ela disse sem a mínima preocupação, como se estivesse falando sobre a previsão do tempo - Não sei se foi o mesmo que colocou uma bomba naquele prédio dias atrás, talvez seja só um idiota brincando com a nossa cara.

Dias antes de eu voltar, houve uma explosão em um dos prédios do centro. Pelas informações, foi uma bomba caseira e ninguém havia achado pistas do suspeito ainda, tudo o que se sabia era que ele tinha experiência com armas e bombas. Stan estava planejando um baile e todo o arrecadamento iria para as famílias e vítimas do atentado.

- Nossa - isso foi o que eu consegui dizer. Será que nunca haveria paz nessa cidade?

- Não se preocupe, são só ameaças. Sabe quantas ameaças de ataque a bomba a Casa Branca recebe por ano? - ela questionou, mas não me deu muita tempo, já emendando a resposta - Duas mil.

- Alguém andou estudando - zombei.

Os próximos minutos seguiram comigo sentada no sofá com Louisa, ouvindo Stan persuadir empresários a apoiar sua campanha. Eu gostava dele, mas no fundo ele era como todo político.

- Quem é o próximo? - Stan perguntou enquanto eu preparava um café para mim, o décimo da tarde.

- O senhor Russo, da Anvil, está aqui - o assistente ruivo avisou.

Houve um toque nos meus ouvidos e uma onda de calor percorreu o poço do meu estômago, fazendo o sangue bombear mais rápido em minhas veias. Russo?

- Mande entrar - Ori ordenou.

A figura que adentrou na suíte me fez prender a respiração por um momento. Era ele.

- Jesus, ninguém me disse que o cara era a personificação do sexo em duas pernas - Lou cochichou no meu ouvido, mas eu não consegui desviar dele.

Seu rosto era sério e centrado, sem sorrir nem fazer carranca. Apenas sério, sóbrio. Ele estava usando um terno escuro sob medida, seus cabelos negros perfeitamente penteados, sua expressão facial tinha apenas a quantidade certa de seriedade e intimidação. Ele era a imagem de compostura e graça, nem uma coisa sobre ele estava fora do lugar, exceto seus olhos. Eles eram os olhos mais sombrios que já havia visto, e estava olhando diretamente para mim.

Porque eu estava nervosa?

Tão rápido quando o desligar das luzes num interruptor, ele desviou de mim e focou em Stan.

- Senhor Russo, sou Stan Ori, espero que não tenha o feito esperar muito - eles deram um aperto de mão.

- Nem um pouco, está bem agitado por aqui - ele olhou ao redor, mas não para mim.

- É, estou organizando um baile para arrecadar fundos para as vítimas do atentado. Conscientizar sobre o problema é um ato claro de desafio frente ao terrorismo - Stan falava como o político que era e o homem o olhava como uma águia.

- E de se colocar como inimigo de seja lá quem foi que fez isso. Acho que é por isso que estou aqui - proferiu. Stan ficou rígido, talvez porque todos falavam com ele pisando em ovos, diferente de agora. Billy não o desrespeitou, mas estavam conversando de igual para igual.

- Um amigo importante me disse que você é o melhor - Stan diminuiu o tom, mas eu e Lou estávamos perto o bastante para ouvir. O homem de cabelos negros assentiu.

- Ele está certo - não havia brecha para dúvidas na sua afirmação.

- Então... como militar, qual sua opinião sobre esse terrorista?

Então ele era militar? Isso explicava muito.

Eu podia dizer que Stan estava com medo. Eu também estaria, afinal quem não ia estar com alguém prometendo te explodir? O maxilar de Billy se tensionou, mas sua voz foi contida e uniforme quando respondeu.

- A profissional é que é uma ameaça a ser neutralizada. A pessoal? É um assassino covarde que eu mataria num piscar de olhos.

Eu praticamente podia ver essas mesmas palavras saindo da boca do meu pai, junto com aquele olhar de quem já viu o terror da guerra.

- E você não se preocupa que violência gere violência? - Ori devolveu uma pergunta perigosa a se fazer para um soldado. Ele e meu pai eram amigos, mesmo já tendo os visto discutir por esse mesmo motivo.

Billy se moveu, os cantos de sua boca subiram num pequeno sorriso.

- Senador, eu ganho a vida com a violência - respondeu neutro, mas firme.

- E isso não te incomoda?

- Diz o cara que pretende contratar segurança armada - o breve deboche foi substituído por um rosto ainda mais sério e compenetrado - Senador, se vamos trabalhar juntos, tem que começar a nos ver como um seguro. Se tudo correr bem, vai se perguntar o que estamos fazendo aqui. Do contrário, seremos a razão de continuar tendo esses debates.

Stan se moveu desconfortavelmente e chegou mais próximo de Billy.

- Eu sou uma voz importante no movimento contra armas. Se alguém tentasse me atacar e levasse um tiro na cabeça... isso não cairia bem.

Eu vi a sombra cobrir o rosto de Billy ao ouvir essas palavras. Ele estreitou os olhos para Stan e sua voz foi grossa como uma lixa quando respondeu.

- Esses seus princípios, vale a pena morrer por eles?

Stan se endireitou, bem, ele tentou se endireitar, mas sem muito sucesso quanto a seu temor - ele estava rígido da cabeça aos pés. Não havia resposta. Nenhum princípio é válido quando é seu pescoço que está na guilhotina.

- Quando podem começar? - foi tudo o que o senador disse.

- Imediatamente - Billy disse de pronto - Isaac e Simon vão ficar enquanto organizo minha outra equipe. E se esse cara vier atrás de você, eles farão o possível para dominá-lo de forma humana possível.

- Ótimo - Stan estendeu a mão para ele e eles fecharam o acordo - Bem vindo a bordo.

Louisa deu um passo a frente e antes de ela conseguir me puxar junto, eu me encostei no aparador que havia ali. Stan olhou para ela e depois para Billy.

- Essa é minha filha Louisa - ele a apresentou e eu rezei para que esquecesse minha existência, mas ele olhou para mim, me dando um sorrisinho e fazendo um gesto para que eu me aproximasse.

Eu caminhei até eles, sentindo a respiração engatar na garganta pela forma como Billy estava me olhando. Quando Stan passou o braço por meus ombros, ele engoliu em seco, mas jamais perdeu a inabalável expressão séria e pesada.

- E essa é Ivy, parte da minha família também. Essas são as duas coisas que são prioridade proteger caso algo aconteça - ele se referiu a mim e a Lou. Billy assentiu com um leve gesto de cabeça.

Ele combinava com tudo que tinha aqui. Ele tinha classe e tinha poder, com uma força desconhecida emanando dele. E isso só intensificou com meu nome saindo de seus lábios.

- Ivy e eu já nos conhecemos - a forma como meu nome saiu de seus lábios fez um arrepio gelado subir pela minha espinha. Era suave e refinado, com o toque certo de rouquidão.

- É mesmo? - Stan perguntou, surpreso. Assenti, tentando manter a expressão lisa mesmo que por dentro estivesse me revirando, sabe-se lá porque.

- Sim, eu e o senhor Russo nos conhecemos assim que voltei para a cidade - me limitei a dizer isso e ignorei o olhar sugestivo que Louisa estava me dando.

Ele me deu um olhar que parecia uma mistura de estar achando engraçado eu estar escondendo como realmente nos conhecemos e curiosidade de porque eu estava escondendo. Ele só assentiu com um pequeno aceno de cabeça em reconhecimento e se dirigiu a Stan novamente.

- Vou reunir minha outra equipe e estaremos prontos quando quiser começar, Senador. 

Quando ele virou de costas, quase soltei um gemido de alívio. Encontrá-lo sem aviso prévio foi como dar de cara com uma parede cuja existência eu desconhecia. Stan também se dispersou com os assistentes.

- Não me diga que transou com ele - Lou disse assim que ele saiu, me cutucando - Quero dizer, diga sim.

- Não, a gente só se conheceu num bar há alguns dias - eu esperava que meu tom e minha cara passasse a expressão ele não é nada de mais, mas Louisa não caiu nessa. 

  - Você viu como ele te olhou? - ela perguntou, vindo atrás de mim quando fui até a mesa e comi um dos biscoitos. Eu sempre tinha que comer quando estava nervosa.

- Como um homem bonito e pretensioso olha para uma mulher - disse depois de lamber o chocolate dos dedos - E você sabe como eu me sinto sobre isso. Eu não caio em qualquer papinho furado de caras que só querem esvaziar as bolas.

Ela me olhou com as sobrancelhas arqueadas mas finalmente desistiu, dando os ombros.

- Se você diz... que morra de pau duro por você. 

Isso me fez rir. Lou sempre conseguia me fazer rir.

- Duvido que alguma vez ele levado um fora de alguém, mas é uma ideia divertida.

Me segurei o quanto pude para não pesquisar o nome dele no Google, mas como sempre minha curiosidade venceu e eu estava em um site lendo uma matéria de meses atrás, onde ele aparecia em uma foto com aquele mesmo olhar e porte perigoso.

Billy Russo entrou para a lista de milionários.  Com a empresa de segurança militar privada Anvil, o jovem ultrapassou nomes do ramo com anos de atividade. Criada para prestar serviços de segurança profissional e patrimonial, acessoriamento e treinamento de forças de segurança, a empresa do ex-militar atua na sua maior forma no exterior, mas agora também está nos Estados Unidos. William Russo é um ex-militar das For...

- Vamos, Ivy! - Lou gritou, já parada na porta e eu vi que eu era a única no quarto ainda. Coloquei meu celular na bolsa e levantei. Minha curiosidade sobre Billy Russo teria que esperar.

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