Dual_2

Da GiseleGalindo

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Seguiu as pistas da temporada 1 à temporada 2? Bom... Então, venha acompanhar a trajetória desses amigos... i... Altro

QUAL O LIMITE DO AMOR?
PRÓLOGO
DISTÂNCIAS
ORGULHO
PRECONCEITO
CONFIANÇA
ESQUECER
SEGURANÇA
VOCÊ
NOITE
DIA
ECLIPSE
FAMÍLIA
PRIMEIRA
DELÍRIO
LAMENTO
CHANCE
VOLTA
PARAR
CONTAGEM
REGRESSIVA
3
2
1
PAUSA
SOU
EPÍLOGO

ESTOU

907 89 42
Da GiseleGalindo

Escuto as batidas de meu coração... lentas... lentas... Minha respiração profunda, quase inaudível. Minhas pálpebras pesadas demais... Minha mente em ondas convulsivas... Ouço meu nome ao longe... Bem longe... Nos confins de algum lugar qualquer...

Tudo parece estagnado no universo e há tanta luz... Como de um choque, um puxão vertiginoso, Fernando abre os olhos assustados. Gritos e vozes estranhas surgem aos poucos. Confusão total. Um jato de lembrança o atinge e força-se a olhar para o lado.

— Vinny!!!!

Com o grito da amiga, Tamara larga Flávia e corre à sala, chegando junto com Duda e Bernardo. Os três se deparam com uma cena terrível. Sal pedindo ajuda no celular e Heloá, com as unhas cravadas no braço dele, as pernas abertas, semi flexionadas, o sangue esvaindo do corpo e a morena urrando de dor, com a outra mão no baixo ventre.

— Flávia!

— Ela não pode ajudar, Sal, está bêbada!

— Eu sei, Tammy, mas vai que mesmo assim consegue fazer algo até a ambulância chegar.

O choro de Heloá contorce os corações dos amigos. É uma dor tão pungente, que assola cada um naquela sala, principalmente Tamara e Sal. Bernardo diz que precisam avisar Fernando e pega o celular. Duda concorda, trazendo toalhas limpas e ajudando Heloá a se sentar até a chegada do socorro. Tamara enxuga a testa da amiga, que sua muito, e instrui na respiração.

— Por que ela chamou pelo Vinny? — Tamara sussurra para Sal.

— Não sei, temos de cuidar dela agora.

A morena balança a cabeça afirmativamente, voltando sua atenção à amiga. O negro imagina que talvez ela até chame por Pedro, afinal, também pode ser o pai da criança, força-se a parar de pensar nesses detalhes, o que importa é ajudar Heloá.

— É normal, não é? — Sal quer saber, angustiado. — Esse sangue todo, esses gritos e essa dor, é tudo normal em partos, certo?

Os outros três se entreolham.

— Deve ser... — Diz Bernardo, que não faz a mínima ideia.

Tamara enrola uma toalhinha de mão limpa e coloca entre os dentes da amiga. Duda, tenta levar Sal para um canto, mas Heloá tem suas unhas cravadas de tal forma no braço dele, que fica impossível e ele mesmo se recusa com o olhar, por isso ela explica baixinho que há algo errado, além do parto adiantado, não deveria sangrar desse jeito, pelo menos não agora e nem tanto. A namorada percebe o telefone na mão dele e o pega. Há gente do outro lado da linha! Ela descreve o que está acontecendo. Atônito, Sal volta a olhar devagar para a amiga, acarinhando seus cabelos úmidos pelo suor e oferecendo mais de seu braço para o alívio de sua dor.

A respiração de Heloá está entrecortada, não consegue seguir as orientações de Tamara, tampouco se concentrar em qualquer coisa, a dor é lancinante e a sensação de perda cruciante. O choro se torna contínuo, desesperador.

— Sal... Sal... — ele se aproxima da boca dela — me ajuda, não aguentarei... por favor... me ajuda... não está na hora, ainda não... imploro... Octávio...

— Ela está delirando, onde está essa porcaria de ambulância? — Tamara berra, vendo tanto sangue sair da amiga. — Teremos de levá-la!

— Espera, estão chegando! — Duda fala, concentrada no paramédico ao telefone.

Sal não aguenta mais e as lágrimas se desenham tristes em sua face.

— Vinny... — Fernando mal escuta a própria voz, mas continua tentando. — Vinny, abra os olhos, por favor. — Sente o rosto quente e percebe que a quentura desliza, espalhando-se. Tem certeza, é sangue. Tem muito vidro estilhaçado e a frente do carro está destruída. Concentra seus esforços na mão e consegue por fim, erguê-la e alcançar a do irmão. — Vinny... — A memória começa a voltar com mais clareza, uma corrente elétrica perpassa seu corpo e Fernando se agita, preso pelo cinto de segurança, ouve um estalo no corpo. Assustado, para de se mexer. — Seu imbecil — começa a escutar a própria voz, fraca, sem vida. Também escuta as de outras pessoas, pedindo para que fiquem calmos, que precisam esperar o resgate... —, virou o carro no último segundo para me proteger... — A fala sai atravancada, umedece os lábios com a língua. — Abre os olhos... seu... filho da mãe! — Aperta a mão do loiro o máximo que consegue, o que é quase nada. — Pelo amor de Deus, Vinny... acorda! — Olha para baixo e vê os ferros retorcidos, por onde o corpo do amigo some. Chora pela visão, pela constatação, pela dor que atravessa todo seu corpo. Escuta sirenes e luzes vermelhas invadem as sombras. — O socorro chegou... Vinny... tirarão a gente daqui... ficará tudo bem... — Sente as poucas energias que lhe restam indo embora. — Al-guns me-ses... em recu-pe-ração... fi-siote-ra-pi-as... e... fi-ca-re-mos... bem...

— Ficaremos, Nando.

Fernando sorri ao ver o loiro mal virar a cabeça para olhá-lo, mas é um bom sinal, certo? Está vivo, consciente. As lágrimas se intensificam ao mesmo tempo em que certo ânimo lhe invade. Escuta mais vozes de comando, com certeza são bombeiros, policiais, paramédicos... Sente um puxão e urra de dor.

— Calma, amigão, estamos aqui para ajudar. — Uma voz acolhedora se faz presente.

Sons de ferros sendo cortados, vidros quebrados. Colocam um protetor no pescoço dele, estabilizando a coluna, quando o moreno avisa que escutou um estalo no corpo. Alguém passa a mão pelo tronco dele, encaixando algo firme e frio para sua retirada.

— Desculpa, Nando, desculpa... Cuida do nosso filho, da Heloá e do Pedro, por favor.

— Fi-ca acordado, Vinny! Você cui-dará de nós. — Mais um puxão. Mais um grito de profunda dor. Várias mãos estão em cima dele, tratando, puxando. Fernando segura a de Vinny, travando o gesto com toda sua força.

— Ei, amigão, qual seu nome? — Uma voz desconhecida quer saber

— Fe...Fer-nan-do.

— Ok, Fernando, vamos fazer isso com cuidado. — A voz é calma e clara. — Solta a mão dele e assim poderemos continuar tratando de você e depois do seu amigo, tudo bem?

— Não... Ti-ra e-le pri-mei-ro...

Silêncio, sussurros do lado de fora.

— Fernando, conversei com o pessoal aqui e só temos como tirar seu amigo depois que tirarmos você.

Vinny escuta e sabe que é mentira, a verdade é que Fernando tem mais chances de sobreviver. O loiro junta todas suas forças e abre os olhos.

— Estão certos, Nando — é estranho como consegue falar melhor, deve ser um dos sintomas da morte —, você precisa sair para que possam me tirar, está no caminho, cara. — Sorri torto. — Vai que logo vou atrás.

O loiro tenta soltar a mão de Fernando, que incrivelmente a segura firme. Diante de tanta vontade do moreno, Vinny chora ao vê-lo sendo praticamente arrancado do veículo destruído. Olha para baixo e não vê suas pernas, engolidas pela fuselagem. Soluça e verte sangue pela boca, em golfadas. Desesperado, procura seu celular. Com enorme esforço, alcança-o no bolso da calça, sentindo nos dedos partes dos ferros enfiados em seu corpo. Procura se controlar. Respira fundo e mais sangue verte. Trêmulo, com as pontas dos dedos escorregadias, inicia chamada para Pedro. Com a impossibilidade de levar ao parelho até o ouvido, aciona o viva voz. Chama e nada, o mais velho não atende. Os homens do resgate demoram a aparecer de novo. Presume que devem estar cuidando de Fernando e das outras prováveis vítimas do veículo que se chocara com o deles. Reza para que não sejam muitas, no máximo o motorista, e que esteja bem. Quando o loiro dá conta, estão em cima do que resta do automóvel, com ferramentas pesadas, como se fossem abridores de lata gigantes. Vinny ri em meio ao choro e ao sangue que não cessa. Após algumas tentativas, decide deixar um recado na caixa postal, até que o celular desliza e cai de sua mão, a qual ele não possui mais comando algum.

O celular de Bernardo toca e é Sabrina. Ele, na loucura instalada por um parto prematuro e de risco bem ali na sua frente, fica desnorteado e não quer preocupar a namorada. Afasta-se para atender, quando percebe a ambulância estacionando, abre a porta e indica o local.

— Oi, amor, está chegando?

— Ai, nada, está tudo parado aqui, acho que teve algum acidente na rodovia, nem estou perto da cidade ainda, não tanto quanto gostaria.

— Ah, que coisa — talvez seja melhor assim, pensa, querendo poupar a namorada —, mas tudo bem, fica tranquila, aqui está tudo bem.

— Que bom, mas aqui não. — Sabrina fala irritada, saindo do carro. — Já me atrasei por conta daquele pedido de última hora e agora isso... — Balança a cabeça, repreendendo-se. — Que absurdo estou dizendo! Espero que não seja nada grave. Tem muita sirene aqui e cada vez chega mais, boa parte dos veículos foi para o acostamento para dar passagem.

Fica na ponta dos pés e olha por cima dos veículos na fila que se forma cada vez mais longa. Decide andar para ver do que se trata afinal. A maioria das pessoas também está fora, em pé, alongando as pernas e conversando. A morena chega a uma barricada humana e, por entre ombros e cabeças, vê um enorme caminhão, que provavelmente invadiu a pista contrária, engolindo um carro que nem dá mais para ser considerado um automóvel. Conta ao namorado a triste cena. As vozes são diversas ao seu redor, algumas lamentando, outras curiosas e, claro, as sádicas. Ela está para dar meia volta quando avista uma das ambulâncias e reconhece o rapaz na maca. A respiração lhe falta e a boca se cala entreaberta. Em choque, sente-se ser empurrada pela multidão.

— Sabrina? Sá, fala comigo, o que foi?

A morena corre por entre aquela gente desconhecida, busca uma brecha, precisa se certificar, precisa... As lágrimas escorrem sofridas, abaladas.

— É o Fernando... — Balbucia com dificuldade.

Bernardo estaca no meio da calçada, olhando Heloá ser socorrida a poucos metros.

— Tem certeza?

— Ele está na maca... Ele... Ai, Deus, que ele esteja vivo! — Chora copiosamente.

Sabrina, estarrecida, volta sua atenção ao acidente. Pelo que percebe o motorista do caminhão está escorado em outra ambulância, sendo atendido, enquanto uma adolescente ao lado dele, chora desolada, com um corte na testa. Escuta sons de ferro sendo cortado, é estridente, fere os tímpanos, olha para o carro e para os socorristas. Há mais alguém lá!

— Aguenta firme, amigão, já vamos chegar até você!

Vinny sorri debilmente, sabe que não há tempo para isso. Já perdeu sangue demais, seu corpo não responde a comando algum, o peito está comprimindo sem ar e as convulsões são intensas. A criança sorri de volta, através da janela. Outro par de mãozinhas aparece na beirada. Delírio. Minha última viagem? Certamente. Μυριάδα... Myriad... Miríade... seu nome me embala docemente... Como pude demorar tanto para entender? Os remédios... claro. Não é justo! Teremos um filho... Voc... Vinny compreende que som algum sai de sua boca, são seus pensamentos revoltosos, é sua mente lhe pregando peças, ardil. Por favor, rogo-lhes, ouçam-me, preciso de mais tempo, preciso... Prometi... Entende? Prometi... e isso já foi longe demais, o que mais temos de provar? Céus, Gabriel! Não! Ele... Ele se redimiu... Ele... Por Deus, ele... Heloá! Por misericórdia, que eu sobreviva! Escuta seu celular, é o toque do Pedro... O sorriso se amplia, meu irmão está vindo, tudo ficará bem. O esvoaçar rodopiante de uma saia se faz perceber, com suas ondas de cetim, produzindo o delicioso eco do riso dela, o riso de Heloá. Eu te amo. Então, o mundo se acalma, numa paz indescritível e se sente banhado por uma luz fulgurante, uma velha amiga.

Pedro sai do banho, ainda incomodado com tudo o que aconteceu e com uma dor chata em seu peito. Estresse, conclui, desde que essa porcariada começou... Enxuga-se, veste-se e termina de arrumar as malas. As palavras de Heloá ardem em sua mente, perturbando-o. Um dia ele esquecerá, todos esquecerão e tudo estará nos trilhos novamente. Seu celular acende, avisando chamadas perdidas. Verifica de quem são. Vinny... O moleque não desistirá fácil! Irrita-se com a persistência. Deixa-se cair sentado na cama, o celular na mão, a dúvida corroendo. Certo, tantas chamadas merecem pelo menos uma bela bronca e adeus! Retorna, nada, chama até cair. Nota o aviso de recado na caixa postal. Começa a escutar e seu coração acelera descompassadamente, agitando seu corpo inteiro. Agarra o capacete e sai voando pelas ruas.

— Sabrina, meu amor, pergunta para que hospital o Fernando vai.

— Eu não sei, Bê!!! — Chora descontrolada. — Está tudo impedido, só vejo como todo mundo. Ai, meu Deus, a Heloá ganhará bebê logo e o marido no hospital entre a vida e a morte... — Ela escuta o motor potente de uma moto costurando entre os veículos do outro lado, acessando o acostamento e parando rente a barreira policial.

— Meu amor, presta atenção, se não tem como saber nada, só dá meia volta, entra no carro e espera. — Bernardo fala o mais calmo possível. — Olha, não volta dirigindo, estaciona e chama um táxi. Entendeu? Sabrina? Sá, fala comigo.

— Santo Deus, é o Pedro!

— O quê?

— Ele veio na moto com tudo do outro lado, saltou e está avançando contra os policiais, dizendo algo que não consigo ouvir, deixaram ele passar.

Duda se aproxima de Bernardo avisando que a ambulância saiu com Heloá e que seguirão com o carro dela. O moreno faz sinal de que vai depois, tampa o celular e explica rapidamente o ocorrido, pede para que ela mande mensagem para ele quanto ao hospital em que estarão, pois precisa esperar por Sabrina. Maria Eduarda congela.

— O quê? — A voz vacila.

— Não diz nada para o Sal e para a Tamara, só vai e me manda a mensagem. — Fala rápido, voltando o celular ao ouvido, a namorada continua chorando.

— O Fernando? Quem é a outra pessoa? — Duda quer saber.

— O Pedro acabou de chegar lá, ao que tudo indica é o Vinny que ainda está no carro.

— Minha nossa! — Leva as mãos ao rosto, perplexa e arrependida por sentir certo alívio por Pedro.

Bernardo volta a prestar atenção na namorada ao celular enquanto vê uma Duda cambaleante se afastar. O moreno corre para dentro da casa e surpreende Débora em cima de Toni. Joga-lhes as roupas e manda se vestirem rápido, não há tempo a perder, estão precisando da ajuda deles lá fora. A sua prima não pode dirigir até o hospital. Ao ouvir isso, Toni não precisa de mais nada para correr e verificar o que acontece. A loira vai atrás, terminando de se vestir e carregando as calças do noivo.

— Bê... vem aqui... por favor... é muito triste...

— Tudo bem, amor, eu vou, só preciso trancar a casa do Sal e da Duda e...

— Trancar? Você? Por que? Eles...

— Estão lá fora — tenta corrigir seu deslize —, na parte de fora, no quintal e os donos da casa foram buscar mais bebida, sabe como são seus amigos...

— Sei... Não contou nada...

— Não, eu... — É quando vê Flávia estirada em uma cadeira, cantarolando palavras desconexas. — Você! Vem! — Bernardo continua a sussurrar enquanto escuta Sabrina aos prantos. Puxa a loira pelo braço e com a confusão dela e seu estado deprimente, enlaça a cintura delgada, erguendo-a no ombro e carregando para seu carro. No entanto, Flávia torna tudo complicado, esperneando e gritando asneiras. O moreno decide deixá-la trancada no banheiro, se passar mal, bem, estará no lugar certo. Fecha a casa às pressas enquanto Sabrina soluça, pedindo que ele fale alguma coisa. O moreno segue para o volante. Coloca o celular no viva voz e dirige.

— Era a Flávia?

— Sim, amor, ela está para lá de Bagdá. — Ri nervoso. — Já estou a caminho.

— O Pedro subiu no carro, ele está desesperado... Bê, é horrível...

Os policiais e bombeiros tentam impedir o avanço do desconhecido, mas com o código emitido por ele mesmo, verificam se tratar de uma das mais altas patentes, com acesso ao que quiser. Sentem-se impotentes diante da fúria descomunal do homem.

Pedro encontra Vinny desacordado e grita para que fale com ele, para que abra os olhos, para que respire de novo. Nenhuma resposta. Seus músculos enrijecem com tamanho horror. Nunca sentira algo assim, um pavor tão supremo que chega a engrandecê-lo de coragem e violência extrema. Percebe rapidamente tudo ao seu redor, nunca o tirarão dali. Somente horas depois com equipamentos mais potentes, quando será tarde demais. Reconhece as expressões da simples espera conformada. Constata a fuselagem recém rompida, as pernas feridas e expostas de Vinny, mas a maior parte e mais grossa do veículo possui arranhões das tentativas frustradas. As marcas de sangue no banco do carona quase o distraem, Fernando... A porta está amassada, fundida ao resto da lataria retorcida. Afunda as mãos nos mínimos espaços que encontra e com um grito ensurdecedor, força a retirada com os próprios dedos. Sente os músculos mais vivos do que nunca, ganhando massa, como nas batalhas travadas em campo, respira fundo e recomeça. Os homens de farda e uniforme no chão ficam abismados, tentam mais uma vez impedir aquela loucura, seria outro a ser socorrido, desnecessariamente. Pedro ignora, ameaça ferrar com a vida de cada um que ouse desafiá-lo naquele momento. Ruge como um leão até que para espanto de todos, a porta sai nas mãos dele, que a arremessa para longe, dobrando-se sobre Vinny.

Gabriel estaciona, vê o carro da esposa, outro que deve ser do Toni e o que Vinny dera a Heloá. Aperta a campainha da casa de Sal, ninguém responde ou atende, as luzes estão acesas. Estranha e pega o molho de chaves, cópias que o amigo lhe dera como precaução. Volta a observar as janelas, dá a volta até o quintal, nada, ninguém. Entra pela cozinha, não encontra nem uma viva alma, até que escuta um murmurinho e vai à porta do banheiro. A chave está do lado de fora, gira e abre. Flávia salta lá de dentro, empurrando-o à parede do corredor. O loiro geme com as costas doloridas e os tímpanos vibram com o grito agudo dela, que o abraça forte.

— Meu herói!

A loira olha bem para ele e se afasta cautelosa.

— Cadê o Sal?

— Eu que pergunto, onde está todo mundo?

— Sei lá! Não serve moi? — Ri alto. — Ah, o Bernardo falou umas coisas que não entendi nada, ficou brincando comigo e me fechou aqui. Devem ter ido buscar a Sabrina que estava demorando, vai saber. Só sei que estou doida para transar. Hum... — aproxima-se sinuosa —, você serve. Figurinha repetida, verdade, mas sabe trepar como ninguém. E é melhor ainda quando fala o nome dela...

— Você é louca! — Afasta-se, pegando o celular. — Fica longe de mim e quieta, ligarei para a Tamara.

Flávia se encosta à parede e quase cai, ajeita-se de modo atrapalhado, julgando ser bem sensual. Olha sedutora para ele e ameaça.

— Ela sabe da doença da Bianca?

O loiro para, recolhe o aparelho eletrônico e a mira vacilante. Todos sabem que a filha passa por tratamentos, mas o jeito como Flávia diz deixa claro que há algo mais ali.

— Do que está falando?

— Vi o dossiê. — Anda, circulando-o lentamente. — Para estar tão escondido naquela sala e para você mentir para mim quando esbarramos na clínica... Ela não sabe e você está testando sua própria filha...

Ele a prensa contra a parede, interrompendo-a, violento, segurando seus pulsos.

— Você é mais maluca do que imaginei, é doente!

— Eu? — Grita indignada, rindo. — Você usa a própria filha como cobaia, transa com outras, chamando-as de Heloá, e eu sou a doente aqui? — Encara-o, desafiadora.

— Foi você, só você! — Diz entredentes, apertando os pulsos dela.

— Para a Tamara isso não importará, como também não importará quantas vezes foram... — Beija de leve o lábio inferior dele. — E por mim, pode continuar sendo nosso segredinho... — Outro beijo, mais lento, provocante. — Vamos, estamos sozinhos, aproveitemos, sou a Heloá, mostre-me o que é o amor...

Flávia sente os efeitos imediatos de suas palavras quando os olhos dele se fecham rendidos, as mãos deslizam sedentas por seus braços, a respiração fica pesada e sabe, terá muito amor...

— Acorda! — Pedro dá leves tapinhas no rosto do irmão. — Vamos, abre os olhos! — As narinas inflam, esboçando o desespero misturado a cólera.

Estupefatos, os socorristas assistem a mais uma demonstração de bravura e força. O homem passa a arrancar com as próprias mãos as ferragens que restam, prendendo as pernas e parte do quadril do motorista, tirando-o e levando-o ao asfalto.

— Vinny! — Grita desolado, iniciando os procedimentos para o que chamam erroneamente de ressuscitar, porque quem já se foi, se foi, não volta.

Minutos se passam e nada do homem desistir, pressionando o peito e expirando ar pela boca do corpo jazido em seus braços.

Sabrina assiste a tudo de longe, sem parar de chorar, relatando o que consegue para o namorado, que garante, logo estará junto dela.

Bernardo para o carro no final da fila, no sentido contrário da rodovia, desce e corre por entre as pessoas, tentando, pelo menos, fazer com que Sabrina o veja, mas a cena que se desenrola entre eles é realmente desalentadora. Pedro, um homenzarrão, entregue, sentado, tem em seus braços o corpo sem vida e exangue de Vinny. Ele o aperta desnorteado, chorando como um menino que perdera tudo na vida, implorando por misericórdia, pedindo perdão e outras coisas que fala em línguas diversas, difíceis de entender.

No hospital, Tamara tenta ligar para Fernando e não consegue, depois para Vinny e Pedro, até que por fim, liga para o fixo na casa deles.

— Não está tão tarde assim para ninguém atender. — A morena se revolta diante de Duda, Débora e Toni. — Caramba, brigou com a esposa, ok, vá lá, não vai à festa, mais uma vez, ok, vá lá, mas deixar de atender ao celular?!

Tamara reclama, segurando as lágrimas, e diz que pedirá para Gabriel ir até a casa deles e tentar falar com... Duda a interrompe, puxando-a para o canto. A negra fica olhando para a morena sem dizer palavra.

— O que é, Duda?

— Eu... não sei como dizer... — O coração está na boca, entalando o choro.

— Desembucha, Maria Eduarda!

A negra pede silêncio, olhando para trás para ter certeza de que ninguém as escutou ou pode escutar. Dá graças por Heloá ter arranhado o braço do namorado tanto que precisou ser levado para fazer curativo, assim terá mais tempo para falar com ele e provavelmente com informações mais corretas.

— Eu não sei direito. — Duda diz receosa. — Posso falar besteira, o Bernardo pediu para não contar nada até ter certeza de tudo, e também não me lembro ao certo tudo o que me disse, só sei que eles não atenderão chamada alguma, porque... sofreram um acidente, por favor, não conta para o Sal, ele vai enlouquecer.

Os olhos de Tamara iniciam um crescente assustador, fixos em Duda.

— Só ele? — Pergunta irônica, com os nervos à flor da pele. — Que acidente?

— Já disse, não sei direito, só sei que a Sabrina estava indo para casa e ligou para o Bernardo, ela está lá...

— No acidente? — Tamara a interrompe encolerizada, já imaginando mais uma de suas amigas no hospital.

— Não! Ela viu e ligou para o Bernardo, foi o que entendi, ele estava com ela na ligação e pediu que eu não contasse nada até ele ter certeza do que era e do estado da Heloá melhorar, sei lá. Eu... eu... não sei.

Tamara petrifica por segundos e concorda que não devem contar ao Sal, ela ligará para o marido, ele saberá agir mais friamente para resolver a situação. Ela mesma já está perdida, sem reação, sem chão, mortificada. Tenta realizar a chamada, porém é inútil, confunde-se com a tela, sua visão está embaçada, seu dedo aciona os números e letras errados, os olhos lacrimejam sem parar, acaba pedindo ajuda a Débora e Toni, que ainda não sabem de nada também e foram poupados da imagem de Heloá sofrendo.

Os gemidos ocupam todo o espaço do corredor, amplificando-se para os outros cômodos vazios, levando o casal ao êxtase em minutos, do mesmo modo em que traz o arrependimento mordaz, principalmente quando o celular de Gabriel anuncia uma ligação da esposa. Ele praticamente empurra Flávia para o lado e pega o aparelho apressado, tentando controlar a respiração e reproduzindo uma voz cansada, de sono.

— Querido, preciso que você venha aqui, preciso de você.

— Aí? — Gagueja. — Querida, estava dormindo, falei que não queria ir a essa festa e você me ligou dizendo que tudo bem. — Leves mordidinhas de Flávia perturbam e excitam suas costas.

— Eu sei, é que na casa do Sal o clima não estava muito bom, mas agora tudo piorou e não preciso de você lá — respira fundo —, estamos no hospital, Gabriel.

— Hospital? — Dá um pulo do chão e Flávia faz o mesmo, ligeiramente recuperada da bebedeira, alerta.

— A Heloá teve umas complicações e parece que o bebê nascerá, tentamos entrar em contato com o Fernando, mas há pouco soube que ele sofreu um acidente, preciso que verifique isso, preciso de você, eu não sei o que fazer. — As mãos tremem e ela se encolhe num canto, a voz falha. — Gabriel... estou entrando em pânico...

— Já estou indo verificar isso e vou o quanto antes lhe encontrar. — Segura o celular com o ombro enquanto veste a calça.

— Gabriel... — A voz sai entrecortada.

— Diz.

— Parece que o Pedro e o Vinny estavam juntos nesse acidente.

Gabriel fica em silêncio, parado, olha para Flávia à sua frente, que também se veste meio atrapalhada.

— Entendi. — Sussurra atordoado.

— Não sei o quão grave foi... Quem falou isso foi a Sabrina para o Bernardo... — O choro escapa. — Parece que ela viu o acidente, tadinha, ela não é forte para isso, Gabriel, ela... Estou com medo...

— Tenta se acalmar, não fala mais nada para ninguém, verificarei essas informações e te ligo. — O loiro olha, encerra a chamada, fechando o zíper da calça e guardando o celular. Olha para Flávia incrédulo. — Estava aqui e não sabia de nada? — Pega a camisa e sai batendo a porta.

A loira corre atrás dele. Ao passar pela sala, escorrega e cai, sentindo algo pegajoso no chão. Levanta-se e sai da casa. Gabriel olha para trás, segurando a porta do motorista. Flávia está suja de sangue, gritando, exigindo que lhe conte o que está acontecendo. O loiro teme pelo que Heloá esteja passando, porém, antes de ir ao hospital, precisa fazer o que a esposa pediu. Acaba levando Flávia consigo, pouco se importando com o estofado do carro, a mente está a mil, buscando alternativas, soluções, contatos.

Tamara respira, procurando se controlar e guarda o aparelho móvel na bolsa. Débora e Toni se aproximam, querem saber o que está rolando, já deu para notar que não é só a questão HeloáXBebê. Ela está pelos cantos, fugindo, e Duda chora com medo do Sal voltar. É muito estranho... Tamara explica que estão certos, mas não pode contar nada. Lembra que Débora já foi namorada de Vinny e, Deus a perdoe, mas o que menos precisam é de uma ex com o atual, chorando as pitangas sem nenhuma certeza do que realmente aconteceu. Fala com jeitinho e os dois se afastam, conformados em esperar informações mais concisas.

Os minutos se passam nos passos de Tamara de um canto a outro da sala de espera, novamente o celular entre as mãos, os olhos fixos, aguardando a chamada do marido com notícias.

— Conseguiu falar com eles?

A morena leva as mãos ao peito, quase tem um ataque com o susto de Sal.

— Não atende... — Murmura febril.

— Talvez seja o sinal do celular — fala disperso, urgente, como quem também esconde algo —, a enfermeira disse que podemos usar o fixo daqui, porque logo o médico precisará saber quem responde pela Heloá e é o Fernando, né? Se bem que precisamos avisar aos três, afinal... moram juntos e ela... ela está aqui e...

Tamara respira acelerado, temendo ter de contar algo antes de qualquer certeza do que dizer.

Os pensamentos de Sal chegam a estar paranoicos em Heloá, na criança e em com quem falar sobre tudo, quem é o pai? Quem realmente tem essa responsabilidade?

— Olha — ele continua —, se estiver com medo... é normal, Tammy... eu vou lá e... e ligo para eles... falo o que aconteceu...

— Não, Sal! — A morena o segura pelo braço. — Eles não atenderão... — Suspira aliviada ao ver o marido entrando. — Graças a Deus, Gabriel!

Logo ela nota que as notícias não são nada animadoras. O loiro reúne a todos e informa que solicitou uma sala individual para eles, pede que o sigam, prefere falar apenas uma única vez. Assim que a porta é fechada, Gabriel demora um pouco para se virar e encarar os amigos e a esposa. Todos percebem os ombros do loiro subindo e descendo, até que ele gira nos calcanhares e os olha, a face rígida, a respiração quase nula.

— Foi grave... — Tamara sibila pesarosa. — O Fernando...

— Está internado neste mesmo hospital, passando por diversas cirurgias. — Gabriel diz rápido. — O estado dele é bem delicado.

— Acidente? — Sal encara a todos, perplexo.

— Ai, meu Deus! — Débora se segura em Toni.

— Bom... acidentes acontecem, ele ficará bem... precisamos pensar na Heloá e na criança, certo? — Sal fala atropelando as palavras, procurando ser prático. — O Pedro e o Vinny devem poder responder por ela.... os médicos considerarão isso, já que moram juntos... ah... o que podemos dizer? O que são dela? São... claro, podemos dizer que são como irmãos do Fernando, cunhados dela. É isso!

Dói ver Sal daquele jeito e o loiro sabe que ficará ainda pior, para todos ali. Ele mesmo não compreende tudo, sua mente tenta negar os fatos enquanto seu corpo age conforme sempre foi ensinado. Solidez, rigidez, concentração e decisão.

— Sal, o Pedro não está em condições de decidir nada. — Gabriel elucida. — Ele está em choque, medicado.

— Estava no acidente também? Você sabia disso, Tamara? Por isso não me...

— Eu não tinha certeza de nada, Sal, por isso pedi ao Gabriel para ir atrás das informações corretas e trazer para nós. — Ela olha dolorida para o marido. — Como está o Vinny?

— O Vinny? — Sal sente o ar lhe faltar. — O quê? — O pavor toma conta de suas veias. — Ele também estava no acidente?

— Ele estava dirigindo o carro, ele... — A voz do loiro falha, engasgada. — Ele... — Gabriel leva as mãos a cabeça, não sabe, não tem como dizer aquilo.

— Não... — Tamara geme desolada.

Débora cai aos prantos e Toni a conforta, sabe o quanto Vinny tinha sido importante na vida dela, na de todos os amigos.

Gabriel mira a esposa e as lágrimas escorrem. Sua fortaleza desabando.

— Ele... Deus! — O loiro puxa o ar, que entra raspando por sua garganta, machucando os pulmões já bem sensíveis desde que confirmara e vira o corpo. — Ele não sobreviveu — soluça, esfregando o rosto inconformado —, não deu tempo... ele faleceu no local.

Duda tenta abraçar Sal, mas ele foge, rejeitando qualquer contato, parte para cima do amigo, com o dedo em riste.

— Você tem certeza disso? — Berra inconformado.

— Eu vi, Sal! Eu vi! — Gabriel se deixa encurralar, encolhendo-se. — Eu vi! Eu vi! — Chora sofrível, terminando de cócoras no chão, como quem deseja apagar a imagem da memória.

Sal permanece perguntando se o amigo tem certeza, justifica que Vinny é esperto, engana a morte.

— Lembra a outra vez? Ele voltou, Gabriel! Vai lá e vê de novo, caralho! Confirma essa merda mil vezes — urra raivoso —, não deixa que o enterrem ou cremem ou o que quer que façam depois, não deixa! Porque ele volta... ele volta... — repete em angústia diante do olhar choroso do loiro — sei que volta... ele não iria assim — lamenta, resistindo ao pranto — não iria!

— Sal...

— Não! — Repele Duda de forma agressiva. — Você também acredita nisso, fica longe! — Aponta o dedo fervoroso. — Acharei o Pedro e ele me dirá que tudo não passa de um equívoco, que o Vinny está vivo e vocês completamente errados! Uns imbecis por acreditarem nessa bosta toda!

O negro sai da sala e desembesta pelos corredores. Tamara abraça o marido, que a olha e vê a névoa escura ao redor dela, o choro ganha mais força.

— Desculpa, meu amor, me perdoa, me perdoa.

— Do que está falando, Gabriel? Você não fez nada, só ajudou, meu amor... Ai, meu Deus, e a Sabrina? Ela também viu? Também viu o Vinny?

Ele afirma com a cabeça, as lágrimas são inimigas poderosas, tomando força exagerada e vertendo impiedosas.

— Ela está com o Bernardo e a Flávia, os três estão juntos e sabem de tudo.

— Se você está assim, imagina o estado dela... pobrezinha... e a Flávia... meu Deus!

— Tamara — segura firme o rosto dela entre as mãos, mirando profundamente em seus olhos —, fui um covarde, mas dou minha palavra de que protegerei você e a Bianca, farei o que for preciso e vocês ficarão bem.

Ela abraça o marido tão abalado pelos últimos acontecimentos. Deve ser forte, por ele, pois foi quem pediu para o coitado ir atrás de informações e acabou tendo de ver o amigo morto. Isso deve ferrar com qualquer um, mesmo com alguém tão centrado quanto Gabriel.

Pedro tenta se levantar da cadeira no corredor do hospital, seu corpo está pesado e mole depois das injeções cavalares daqueles filhos da puta que hão de pagar. Levanta a cabeça e a visão está turva, o balcão a frente desce e sobe, causando vertigem. Escuta uma voz conhecida ao longe, não consegue identificar o que diz. Tenta virar a cabeça para olhar, em vão, parece chumbo. A imagem de Sal surge borrada em sua frente. Com certeza ele está bravo, gesticula muito e sua boca abre e fecha sem parar.

— Vamos, levanta daí, diz a verdade! Diz que ele está bem!

As palavras começam a fazer algum sentido, principalmente quando percebe que o negro chora desesperadamente.

— Larga de ser mariquinha...

— O quê? — Sal respira fundo e olha melhor para Pedro. — Cara, o que te deram?

— Algo que enfiarei pelo rabo deles... todos.

— Então... é verdade...?

Duda aponta no corredor e espera, observando. Pedro repuxa os lábios, num sorriso torpe, débil.

— Que ele morreu? — Ri desgostoso. — É... o Vinny foi encontrar o pai...

O corpanzil pende na cadeira, vacila, e antes de ser parado pelo chão, Sal o ampara. Pedro não para de repetir que tiraram o Vinny dele, arrancaram seu irmão dos braços. Duda se esconde, chorando com a cena dolorosa demais. Os dois homens mais importantes de sua vida amorosa, ajoelhados, unidos num lamento afiado, cortante.

Bernardo termina de limpar o chão da sala, está acostumado a se livrar de sangue, vasta experiências em lutas sem regras. Mais difícil é o sofá, faz o que pode, porém acaba cobrindo-o com um cobertor, deixando para os donos da casa decidirem por seu fim. Enfia as toalhas manchadas em sacos de lixo, fecha-os e joga fora. Olha bem para a sala e fica satisfeito com o serviço. Finaliza a cozinha e segue pelo corredor para dar uma olhada em Sabrina e Flávia no quarto, antes de prosseguir e verificar se os demais cômodos estão limpos, e sente algo no chão. Acende a luz e identifica peças íntimas nos cantos... Então, pensa nas pegadas rubras para fora da casa, em como Flávia saiu do banheiro social... Vai ao da suíte, onde a deixara para se lavar. Já tencionava recolher a roupa suja de sangue e jogar no lixo também, mas no momento a intenção passa a ser outra. Como suspeita, nada de roupa de baixo. Recorda-se sobre a enorme briga da loira com a namorada, no entanto, o que levaria Gabriel a trair a esposa? O casal sempre lhe pareceu tão conectado! Respira fundo, pensando que não tem nada a ver com as puladas de cerca desse povo.

Após se livrar das peças e deixar a casa brilhando, Bernardo se senta em uma poltrona no quarto e observa a namorada e a amiga dormindo sob o efeito de calmantes. Parecem tão inocentes... Quem vê não imagina a dor que as duas carregam. Coloca a mão no bolso e sente o volume quadrado, passa os dedos pela caixinha, retirando-a. Abre, admirando o anel. É, pelo jeito terei de esperar mais um pouco. Suspira, mirando Sabrina em sono profundo.

Horas mais tarde, quando o médico informa o nome do responsável pelas decisões em casos extremos, de quem está na ficha médica de Heloá, a surpresa é geral.

Pedro mal pode crer que possivelmente precisará decidir entre a vida dela e a do bebê, ou os médicos não estariam averiguando tal detalhe. Sua mente ainda se encontra um tanto confusa, todavia, seu corpo sempre se recupera rápido, resistente a medicações, fora treinado para isso.

Quase um dia depois, com Heloá em horas de cirurgia, sem arredar os pés do hospital, Sal escuta Pedro conversando com o médico. E ele prioriza o bebê.

Cloves | "Don't Forget About Me" | Me Before You Soundtrack | YouTube LA 

"Não Se Esqueça de Mim"

Se eu cair, você pode me puxar para cima?
É verdade que você está olhando
E quando eu estiver cansada, você irá se deitar comigo?
Na minha cabeça, então eu posso dormir sem você?

Hey, hey
Sem você há buracos na minha alma
Hey, hey
Deixe a água entrar

Para onde você foi?
Como, como, como?
Eu só preciso saber
Que você não vai esquecer de mim

Para onde você foi?
Como, como, como?
Eu só preciso saber
Que você não vai esquecer de mim

Perdida através do tempo e isso é tudo que eu preciso
Tanto amor, então um dia enterrada
Espero que você esteja seguro, porque eu te lanço folhas
Existe mais do que podemos ver?
Responda para mim

E hey, hey
Sem você há buracos em minhas almas
Hey, hey
Deixe a água entrar

Para onde você foi?
Como, como, como?
Eu só preciso saber
Que você não vai esquecer de mim

Para onde você foi?
Como, como, como?
Eu só preciso saber
Que você não vai esquecer de mim

E eu fico sozinha sem você
E eu não posso seguir em frente
E eu fico sozinha sem você
Eu não posso seguir em frente
Ir em frente

Para onde você foi?
Como, como, como?
Eu só preciso saber
Que você não vai esquecer de mim

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