Caso Violeta (Andamento)

By DaniellaeKenzi

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Uma garota é encontrada morta à beira de uma auto-estrada, numa noite de dezembro. No bolso do seu casaco, a... More

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Booktrailer
Prólogo
1 - O corpo
3 - A notícia
4 - O depoimento da mãe
5 - O depoimento do pai
6 - A melhor amiga
7 - O bom e o mau
8 - A abelha mestra e seus dois fiéis seguidores
Informação de desculpas
9 - Disparo
10 - Funeral de Violeta
11 - Convite para jantar

2 - O bilhete

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By DaniellaeKenzi


Já morri vezes demais.
O passado não pára de voltar.
Alguém tem de o parar.
Inspector Henrique Santos, lembre-se das suas motivações, do seu passado e encontre o meu assassino.

Ass.:E.L.

Henrique leu e releu o bilhete, sempre com uma expressão estupefacta e a sobrancelha erguida. Não conseguia encontrar sentido naquelas palavras. Era como se a morta estivesse a falar com ele, isso ele sabia, mas como assim?

Não parecia ser o tipo de bilhete que um assassino escreveria e deixaria nas roupas da vítima. Era como um recado, uma súplica para que parassem o assassino.

- Já temos o nome da adolescente morta - disse Lourenço, seu parceiro e melhor amigo chegando ao pé de si com alguns papéis na mão - Agora só é preciso avisar os pais e ser feito o reconhecimento do corpo.

Lourenço pousou os papéis na mesa de Henrique e se dirigiu até à máquina de cafés à sua esquerda. Uma atitude bastante razoável, no seu ponto de vista, sendo 3h da manhã. Lourenço sempre ficava perturbado quando tinha que ver um jovem morto. E Henrique sabia que o seu amigo vinha da morgue. Um lugar que Lourenço não apreciava nem um pouco. O humor negro característico do médico legista também não melhorava a situação.

- Avisas tu os pais? - perguntou Henrique. Ele tentava sempre fugir a essa tarefa. Para si era a parte mais difícil da sua profissão.

Lourenço não se sentia mais à vontade que o amigo para dar a notícia aos pais, mas sabia que Henrique parecia sempre um cubo de gelo quando dava essa notícia.

- Eu dou, mas não agora. São 3h00 da manhã. Ligar-mos agora ou bater-mos à porta agora não vai mudar a situação dela. O Jaime está procurando os contactos nos arquivos.

- O nome? - Perguntou Henrique. Lourenço o olhou inquisidor. - O nome da garota. Qual é o nome dela, afinal? Não disse que já o tinham?

- Á, sim, desculpa. Violeta Barros Sousa. É interessante...

- O nome dela? - Perguntou Henrique levantando-se e dirigindo-se ele também à máquina de cafés.

- Não, idiota. É interessante não haver nenhuma acusação de rapto ou declaração de desaparecimento. Ela está morta desde sexta-feira à noite. É uma madrugada de domingo e ninguém dá pela falta dela? Com certeza quero conhecer os senhores que lhe serviram de pais.

Henrique pensou o mesmo. Talvez por serem 3h00 da manhã o seu raciocínio não estivesse tão rápido, mas do nada, lembrou-se:

- E. L.! Não se trata da miúda morta. Não são as iniciais dela.

- Mas são as iniciais de alguém - comentou Lourenço.

- Pelo menos parece - respondeu Henrique pensativo. Pressentia um enorme mistério em torno daquele assunto - A perícia não detectou mais nada. Nem ADN na carta, nem no corpo...

- Acha que vai ser mais um caso arquivado?

Henrique olhou o colega com um trejeito duro no rosto e deu um trago em seu café.

- Isso parece-me algo em grande. É um trabalho muito limpo, em todos os sentidos. A garota não tem uma única marca no corpo, como se o assassino quisesse manter a sua beleza intacta. No entanto, não lhe fechou os olhos.

- Isso seria um acto de piedade - constatou Lourenço - Não me parece que isso seja algo importante para um assassino, mas se reparares bem, a garota tem uns olhos azuis magníficos - Henrique o olhou, estranhando - Aquilo que quero dizer é que os olhos dela são um factor de beleza. Se a intenção dele era essa como pensas, então o facto de os olhos ficarem abertos fazia parte de manter a beleza intacta.

Henrique ficou em silêncio três segundos em que bebeu o seu café quase todo, raciocinando, até que os seus olhos se arregalaram e um calafrio subiu pela sua espinha dorsal a cima.

- O que foi? - Perguntou Lourenço. Sabia que o seu amigo chegara a alguma conclusão. Já lhe conhecia todas as expressões faciais possíveis.

- É ele - disse Henrique em estado de choque, como Lourenço nunca o havia visto.

- Ele quem?

- O assassino... Espera ... - Henrique se baixou na sua secretária e tirou a caixa arrumada na parte mais profunda. Lourenço nunca o vira mexer naquela caixa, pelo menos não tinha memória disso, até o momento em que Henrique a abriu e ele viu uma fita de cabelo cor-de-rosa e preta, bastante na moda nos anos 90.

- Tu achas que se trata do mesmo assassino que matou a Clara? - perguntou Lourenço perplexo, sentindo que fazia sentido, mas ao mesmo tempo descrente.

- Eu tenho quase a certeza - os olhos azuis de Henrique estavam completamente molhados, porém nenhuma lágrima caiu. O seu rosto adquiriu em segundos um tom rosado. O homem bebeu o resto de seu café, sabendo nesse momento que aquela seria uma noite sem ir à cama, sobretudo pela eminente falta de sono. Engoliu em seco e declarou - Eu vou apanhar esse pulha! É desta que eu o vou apanhar.

- Como podes ter certeza que é ele? - perguntou Lourenço, no mesmo momento em que Núria, uma integrante de sua brigada, aparecia atrás dos dois com enormes olheiras.

Henrique meteu o bilhete aberto em cima da mesa com um baque, depois tirou um papel da caixa e a meteu ao lado do bilhete com outro baque na mesa.

Apesar de acabada de chegar, Núria Manhoso também olhava para os dois constituintes de prova.

No papel aparecia a foto de Clara Santos, a irmã de Henrique que morrera à vinte anos atrás.
Era uma foto de identificação, mas para quem olhara para Violeta, estava claro o que Henrique queria ressaltar com aquilo. Estava à vista de quem queria ver. A sua irmã Clara era dotada de uma incrível beleza, parecida consigo mesmo nos tracos faciais. A sua pele era muito clara, que nem o seu nome. Henrique lembrava-se de como a garota apanhava escaldões no verão, desejando ficar morena, mas ela nunca ficava morena, ela ficava vermelha que nem uma lagosta e depois pedia a todo o mundo da família para lhe passar creme pós-solar nas costas, em todo o sítio que ela não conseguia chegar. A memória disso era ridiculamente maravilhosa. Os olhos de Clara eram azuis, como os seus, algo que herdaram da avó materna e da própria mãe. E o seu cabelo, que era de um castanho quase preto, no qual ela havia pintado duas madeixas coloridas, reivindicando rebeldia contra os pais que viviam proibindo a menina de tudo e mais alguma coisa encaracolava em perfeitos caracóis.

Com outro movimento, puxou uma das fotos da cena do crime. Uma foto com o rosto de Violeta.

As semelhanças entre as duas garotas eram visíveis e indiscutíveis. Tinham havido mortes de garotas, todas com as mesmas características faciais, durante prolongados anos. A última dessas mortes antes de Violeta, tinha sido à três anos. Nadine Antunes. Os casos eram sempre iguais: nenhuma marca no corpo, mesma causa de morte: sufoco respiratório, afogamento ou envenenamento. Sempre maneiras de matar sem deixar marcas no corpo. Sem ADN, sem sinais de violência sexual, (na verdade, na maior parte daquelas mortes, as garotas eram virgens) e sem rastro. A ausência de pistas era predominantemente frustrante para a PJ (Polícia Judiciária). Os casos ficavam em aberto cerca de um ano ou meses e então outra morte assim se seguia. Era difícil dizer que se tratava do mesmo assassino. Tanto quanto sabiam, podiam se tratar de coincidências. Mas eram muitas garotas mortas nas mesmas circunstâncias para serem apenas infelizes coincidências. E tudo que a PJ sabia, juntamente com aquele bilhete, só provava que "o passado não parava de voltar". E E.L. estava absolutamente certo numa coisa:

"Alguém tem de o parar."

Mas se E.L. não é um assassino em série, quem é ele afinal? Essa pessoa colocara um bilhete no casaco da morta. O que apesar de misterioso, era a única pista que alguma vez conseguiram encontrar do assassino.

Henrique começava a suspeitar que o assassino tinha sido descoberto por alguém, esse tal E.L., antes mesmo da polícia. Por isso, para chegaram ao assassino, teriam que chegar a E.L.. Mas como chegar até ele? Henrique não conseguia se conformar, que depois de todos aqueles anos e de mais uma morte, as pistas eram nulas e a PJ não conseguia se virar para lado nenhum.


...


Oi gente, o segundo capítulo acaba aqui. Espero que estejam a gostar.
Já sabem, metam like, se gostarem, comentem e sigam a história.

Para já não tenho nenhuma página facebook dedicada aos meus livros. Mas no futuro, quem sabe, poderei criar uma, caso peçam: com os casts das personagens, as suas personalidades, piadas internas... :)

Boa leitura e até o próximo capítulo.

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