O Professor [Completo]

By robertasell735

105K 8.6K 6.1K

Stephen Weber é um prestigiado professor de literatura inglesa em uma universidade tradicionalista. Sua vida... More

O Professor
Capítulo 1
Capítulo 2
Capítulo 3
Capítulo 4
Capítulo 5
Capítulo 6
Capítulo 7
Capítulo 9
Capítulo 10
Capítulo 11
Capítulo 12
Capítulo 13
Capítulo 14
Capítulo 15
Capítulo 16
Capítulo 17
Capítulo 18
Capítulo 19
Capítulo 20
Capítulo 21
Epílogo

Capítulo 8

3.5K 350 210
By robertasell735


— Onde estava?

Foi o primeiro questionamento que o professor fez assim que sentaram à mesa daquele restaurante, – ou lanchonete, Stephen ainda não havia decidido como tratar aquele estabelecimento.

Por conta da fome sentida, a garota decidiu que entraria no primeiro lugar que lhe oferecesse um alimento decente, e então, lembrou que em apenas alguns passos poderia comer algo gostoso e rápido. Pizza sempre a salvava nesses dias exaustivos. E ali, com o seu pedaço de pepperoni entre as mãos, pensava no que responder e as lembranças daquela manhã voltaram em sua mente.

Manoela sempre fora disciplinada com horários desde muito pequena. Estudou a maior parte de sua vida no período da manhã, então, acordar cedo nunca foi um problema. Despertadores tinham apenas uma função decorativa em sua vida. O compromisso com a obrigação era o seu relógio interno, podia estar derrotada, extremamente cansada, e ainda sim, sempre conseguia levantar no horário correto. E naquela manhã de sábado, após a noitada com o professor, não foi diferente.

O sono dissipava, e seus olhos conseguiam ver o desenho que o cabelo castanho, de textura fina, faziam na nuca do homem adormecido ao seu lado. Manoela não resistiu e chegou com o seu corpo próximo ao dele, e com seu nariz pequeno inalou o cheiro que ele tinha. Uma mistura de cigarro com um perfume amadeirado. Dava a ela uma sensação reconfortante. Sentiu desejo de provar o gosto que ele tinha naquele lugar em específico. Sua pele do braço arrepiou, e ele, como se lesse os seus pensamentos, emitiu um suspiro profundo para logo em seguida voltar com a respiração normal.

Invadiu nela um sentimento de frustração. Teria que se contentar apenas com o sexo da noite anterior. Voltou para a posição original de quando acordou, com a barriga para cima. A claridade do dia que despontava iluminou a janela sobre a sua cama, ela sabia que estava na hora de levantar.

Ao sair do banheiro, arrumada para o seu compromisso de todo sábado, olhou mais uma vez para o homem que sentia atração por tempo demais – algo que nunca havia acontecido com ela, e isso a deixava preocupada – e novamente, aquela vontade de se entrelaçar em seus braços e exigir os seus beijos surgiu. Revirou os olhos, como se assim conseguisse limpar da mente esses pensamentos libidinosos. E ao fazer isso, a sua estante de livros entrou no seu campo de visão. E como em um estalo, soube exatamente como se despedir do seu professor.

Tentando não fazer barulho, procurou o livro de poemas que comprou há algum tempo em um sebo de Londres. Levou aquele livro porque era do seu poeta favorito, e o único que havia encontrado traduzido. Queria saber se o outro idioma passava as mesmas emoções que o seu. Óbvio que não, mas para o professor seria interessante. Ela supunha que ele nunca havia lido nada de Carlos Drummond de Andrade, e sendo assim, deixou de presente e partiu com a certeza de que se o visse de novo seria lhe servindo uma xícara de café.

— Em uma clínica de repouso. — Manoela respondeu, e logo em seguida deu a sua primeira mordida na pizza.

— Como? — Stephen largou o seu pedaço de pizza de queijo sobre o prato, e a encarou confuso. Toda vez que não compreendia algo, os seus olhos ficavam menores, como se ao apertá-los os seus outros sentidos entrassem em harmonia e a sua compreensão fosse facilitada.

— Um asilo para idosos. Mas não gosto de chamar esses lugares dessa forma, me dá tristeza, e lembra abandono. O que não deixa de ser verdade. A maioria que estão lá não recebem visitas de um parente há um bom tempo.

— E por que você estaria em um lugar assim? — ainda sem entender os motivos da garota ter passado o dia todo naquele lugar, Stephen se rendeu aos apelos de seu estômago que roncava e começou a comer.

— Primeiro porque sou uma pessoa que tem compaixão. — Manoela o encarou séria e Stephen lhe devolveu o mesmo olhar. Não gostou nada daquele comentário. — Segundo porque ainda sou uma enfermeira, mesmo não podendo exercer a minha profissão aqui.

— Sente falta? — Stephen limpou os lábios com o guardanapo de papel e bebeu seu refrigerante.

— Muita. É algo que sempre quis ser desde criança. Não vai me perguntar por que não fiz medicina?

— Acho que não preciso. Você irá me contar mesmo assim.

— E ele é muito inteligente! — Manoela sorriu de forma debochada e também bebeu do refrigerante em seu copo.

— Conheço várias pessoas que te diriam o contrário. — Stephen, nesse momento, já havia perdido o interesse em seu alimento.

— Me apresente! Preciso desesperadamente discutir isso com elas.

— Sente prazer nisso? — passou as mãos ainda um pouco gordurosas pelas calças jeans, e logo em seguida ajeitou o casaco que usava. Teve vontade de retirá-los e também de deixá-la sozinha. Não fez nenhuma das duas coisas, apenas a olhava com atenção.

— Em te irritar? Esta é a melhor parte do meu dia.

Stephen não lhe respondeu, voltou para aquele momento do pub em que desejava terminar com aquilo rápido. Talvez se pedisse algumas cervejas teria a garota do final do encontro de volta. Aquela que não lhe provocava com sarcasmos a todo o momento. Tinha asco de atitudes assim, isso o lembrava da ex-mulher, se bem que Elizabeth não era sarcástica, era cruel.

— Desculpa. Não sei por quais motivos me comporto assim com você. Deve ser alguma defesa que meu cérebro ativa e estraga tudo.

— E por que se sente assim? — aquele comentário o intrigou ainda mais, e foi o responsável em manter Stephen ainda ali.

— Talvez seja porque você me faça perguntas demais. — dessa vez, era Manoela que se sentia mal e constrangida.

De forma alguma queria tratá-lo daquela maneira, porém, algo dentro dela trazia essa resistência. Ele despertava nela esses impulsos mal educados. Manoela era direta, mas não era mal educada. Certamente, se sua a mãe a visse nesse momento teria lhe dado alguns safanões, ou a deixado de castigo.

— Talvez seja porque quero te conhecer. Tem algum mal nisso?

— Claro não, apenas não compreendo. — Manoela também já havia perdido o interesse pelo alimento, e deixou o último pedaço sobre o prato descartável junto com o ato de desviar o olhar.

— O que não entende? — Stephen colocou um dos seus cotovelos sobre a mesa, apoiando o queixo na mão e a encarando com interesse.

— Você ter ficado é um deles. — os olhos castanhos escuros dela encontraram com os castanhos amarelados dele.

— Talvez pelo fato de que gostei de estar com você. — Stephen segurou nas mãos de Manoela, num gesto de aproximação.

— Ou por ter perdido a noção do tempo lendo Anne Brontë. — não era a resposta que desejava ter dado a ele, e tampouco o movimento de se afastar quando ele sugeriu uma aproximação, porém, o seu sistema de defesa a fazia agir dessa forma. Manoela não queria se apaixonar, essa era a verdade, e por isso, o atacava sem motivos.

— Voltamos para o ponto de partida. Acho que vou embora. — Stephen recuou.

Definitivamente não entendia os sinais daquela mulher, e estava em um ponto de sua vida que não fazia questão de tentar decifrar esse tipo jogo. A verdade é, Stephen nunca teve muito jeito para tal coisa. Casou-se muito cedo e ficou amarrado a esse casamento por dez anos. Quando o divórcio complicado saiu, demorou em entender como esse universo da paquera funcionava. O fato era que nenhuma mulher lhe despertava interesse. Elizabeth tinha destruído tudo.

— Não! Fique. — agora foi a vez de Manoela lhe oferecer uma aproximação, estendendo a mão. Mas o gesto se revelou em vão, pois Stephen cruzou os braços.

— Manoela...

— Sempre gostei de cuidar e ajudar, médicos me passavam uma visão muito fria e distante, diferente dos enfermeiros... — Manoela não deixou que ele falasse e seguiu contando o motivo de ter se tornado uma enfermeira. — Quando era pequena, devia ter uns seis anos, eu cai e quebrei o meu braço, não sei se conseguiu reparar na minha cicatriz, enfim, seguimos para o pronto socorro e o médico que me atendeu era um idiota. Mas a enfermeira que o auxiliava nunca saiu da minha mente. Ela foi tão gentil e cuidadosa comigo que mesmo com toda a falta de humanidade daquele homem, todo o medo que eu estava sentindo foi embora. Eu quis ser como ela. Ajudar e confortar as pessoas que estavam sentindo dor e medo, por isso, enfermeira. E eu amo ser enfermeira.

— O que a impede de ser uma por aqui? — Stephen gostava desses momentos em que Manoela baixava a guarda e revelava algo íntimo e profundo, e dessa forma, a sua expressão voltou a suavizar.

— Meu diploma não é válido aqui. Eu teria que fazer praticamente o curso inteiro novamente, e não tenho esse dinheiro. — Manoela mentiu, a validação de seu diploma não era o maior empecilho. O que a mantinha afastada da sua verdadeira vocação era algo muito maior e mais dolorido, e Manoela não gostava de se lembrar disso.

— Posso tentar ver na Universidade...

— Obrigada, Stephen, mas não precisa.

— É algo que você sente falta e não me custa nada perguntar como podemos fazer isso.

— Ir todo sábado lá e ajudar como voluntária já me basta...

— Você não recebe nada para estar lá? — a voz de Stephen saiu mais alta do que ele planejava, junto com uma expressão de incredulidade em seu rosto.

— Nossa! Quanto espanto com isso...

— Desculpe a minha reação, mas isso é tudo muito complexo.

— Não tem nada de complexo! Deus, precisamos trabalhar certas coisas em você!

— Decepcionada?

— Não, professor. Desafiada. Essa é a palavra correta.

Ambos, naquele momento, se sentiam assim. Ela, em lhe tirar dessa bolha que vivia, o trazendo para próximo das pessoas reais. Aquele homem apaixonado por aqueles clássicos não podia ser um babaca. E ele, por sua vez, desejava compreender o motivo que o mantinha ali, mesmo Manoela jogando em sua cara que ele podia ser um completo idiota. Ele sabia que não era apenas uma atração física, algo de pele, de tesão. Era mais do que isso. A mente dela, a sua tenacidade, era isso que o mantinha ali.

Terminaram a refeição sem mais provocações ou rispidez. Manoela lhe deu uma trégua, mas também não explorou assuntos que poderiam gerar uma discussão entre as diferenças estruturais em que estavam inseridos. Preferiu explorar os livros. Ficou sabendo que o professor gostou do livro de poemas, e que de fato nunca havia lido nada do autor, e ele lhe questionou a respeito do livro com um cacto na capa.

Manoela demorou para entender de qual se tratava, e quando descobriu os seus olhos brilharam. Quando ela lhe traduziu o título Stephen tinha uma lembrança vaga sobre ele, talvez tivesse entrado em contato na sua época de estudante. Certamente procuraria por um exemplar na biblioteca da universidade na primeira oportunidade.

O natural, e esperado, era Stephen ter se despedido ali, entrado em um táxi e seguido de volta para a sua casa, porém, refez o caminho com ela de mãos dadas, ansiando por mais contato. O mesmo impulso vinha em Manoela.

— Ainda está incomodado pelas coisas que eu te disse?

— Preciso ampliar os meus horizontes.

— Precisa, professor. Se quiser posso te ajudar.

— Você é incrível, sabia?

— Agora eu sei.

Manoela o puxou para a cama. Stephen não demonstrou resistência, e dessa forma, buscou por aqueles lábios pequenos como os dele. Beijavam com certa preguiça. Vagarosamente. Sentindo o gosto um do outro sem o efeito do álcool da noite anterior. Estavam lúcidos, e totalmente imersos nas vibrações que os seus corpos transmitiam.

Não demorou muito para estarem sem roupas. E menos ainda para os toques se intensificassem, e logo em seguida invadirem um ao outro.

Stephen observava a expressão de prazer no rosto de Manoela, enquanto ela se movimentava sobre o seu corpo de forma ritmada e lenta. A garota não tinha a menor pressa e ele agradeceu por aquilo. Em certos momentos, os cabelos dela teimavam em esconder aqueles olhos expressivos, entrando às vezes também em seus lábios, para logo em seguida serem assoprados.

Qualquer gesto feito por ela conectou ainda mais Stephen ao seu desejo latente. Suas mãos, que antes davam apoio a dança da mulher, resolveram explorar os contornos daquele corpo pequeno. Subiu pelas coxas, tocando a curva de sua virilha com as pontas de seus dedos alongados. Em breve pressionaria com força a sua cintura bem marcada. Naquela posição, Manoela parecia o desenho de um violino.

Esse toque forte fez com que os quadris dela mexessem mais rápido. Stephen teve de se concentrar para não gozar, e assim continuou com o seu ato de reconhecimento, acariciando os bicos daqueles seios de uma garota recém-entrada na adolescência. Sentiu-se um pervertido ao fazer esse comparativo, afinal, era pai de uma. Mas logo em seguida, ergueu o seu tronco indo de encontro dos mesmos. E agora, com um daqueles pequenos botões imersos em sua boca, sugava com obstinação.

Manoela gemeu alto, cravando os seus dedos de unhas roídas entre aqueles cabelos ralos e macios, deixando-os mais bagunçados. E foi nesse instante que ele inverteu a posição, ficando com o seu corpo vinte e cinco centímetros a mais que o dela, pressionando com mais insistência.

Stephen subiu a sua língua de encontro aquele pescoço, mordendo com suavidade a ponta de seu queixo e encaixando novamente os seus lábios aos dela.

Entrava e saía tão rápido que Manoela já tinha dificuldades em respirar. Ele fazia todo o esforço nesse momento, respirando alto com a cara enfiada naqueles cabelos crespos.

Arrematou algumas vezes, e então, a mudou novamente de posição. Queria ter a visão das suas nádegas lisas. Sentia tesão demais por aquela parte do corpo de Manoela. E ali, com ela de quatro, deixava todos os seus desejos aflorarem.

Manoela esperava uma estocada forte como vinha acontecendo, mas o que sentiu fora o contrário. O contato úmido e quente da língua de Stephen foi que brindou o seu corpo já suado e escorregadio.

A língua dele passeou desde a sua vagina até o seu ânus, várias vezes, para então dar passagem para o seu pau ansioso em ser engolido por aqueles lábios escuros. Escorregou fácil. Entrando e saindo. Em ritmos alternados entre o rápido e o lento. Da mesma forma que as suas mãos acariciam a pele lustrada daquela bunda tão desejada.

Stephen teve vontade de lhe morder ali. Controlou o seu impulso, apenas espalmando-a uma vez. Manoela gritou. Não se importava, até gostava, e seu quadril entrou no mesmo ritmo do dele, até ambos chegarem juntos ao máximo de suas libertações.

Novamente, dividiriam um cigarro contemplando a vista da janela sobre as suas cabeças. Na manhã seguinte, repetiram a mesma atividade, parando apenas para saciar a fome do estômago e retornar para os seus atos lascivos. Um pouco antes da noite chegar, Stephen se despediu, com os cabelos ainda molhados depois de deixar ser banhado na banheira que ele jurava que nunca caberiam duas pessoas.

Manoela lhe acompanhou até a porta, protegida apenas pelo seu roupão. O táxi já estava aguardando, e com um beijo rápido, o viu segundos depois sumindo de suas vistas, levando com ele a incerteza se um dia voltaria a desfrutar de seus beijos e gosto.

Suspirou, e se entregou a uma noite agitada de sonhos e pesadelos.


Continue Reading

You'll Also Like

62.6K 4.7K 45
Kisa teve sua inocência roubada por quem deveria protegê-la, ocasionando feridas que nunca vão poder ser curadas. O tempo passou, as únicas coisas q...
546 107 11
Alessandra, uma jovem de 26 anos, cristã, que a pouco tempo começará a trabalhar na farmácia Rios. Pedro, um jovem de 27 anos, cristão, e dono da f...
162K 1.7K 4
+18 Gabriela Suarez, uma brasileira com um gênio forte, que não desiste logo de cara e não se deixa cair fácil, além de nunca abaixar a cabeça á ning...
92.4K 7.3K 84
Daysha Cupper, uma jovem evangélica de 17 anos, que enfrenta a mais dolorosa das dores: a perda de seu pai. Envolta em luto e lutando contra a depres...