Puro Pecado

By AnaCarolinaMonteiro

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Henrique “Rico” Carvalho sempre foi um cara tímido mas que por causa de sua beleza sempre teve ao seu redor e... More

Puro Pecado
Antes da história...
Capítulo I
Capitulo 2
Capítulo 3
Bônus - Marcelo
Aviso
Capítulo 04
Bônus - Malu
Capítulo 05
Capítulo 06
Capítulo 07
Capítulo 08
Capitulo 09
Capítulo 10
Bônus - Malu (Parte dois)
Capitulo 11
Capítulo 12 - Parte um
Capítulo 12 - Parte dois
AVISO
Spoiller

Bônus - Malu (Parte um)

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By AnaCarolinaMonteiro

Olha eu de volta!!!

Como disse no grupo, estou liberando um bônus com a primeira parte da versão da Malu para o que vem acontecendo. Esse capítulo de hoje eu dedico para a estressada da Glau Barbatti. Adoro seus comentários, flor.

Temos um grupo no face. Entrem lá e participem com a gente! Procure por Série Pecado ou deixe seu email nos comentários que eu adciono. O resto vocês já sabem: VOTEM e COMENTEM.

Ahhhh talvez, por causa do feriado, o capitulo de sexta sairá com atraso. Mas até domingo estará disponível. Beijos!!

(PROIBIDO PARA MENORES)

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Malu

Estar com o Rico era simplesmente maravilhoso. Desde aquela surpresa que me preparou no aeroporto até os dias de hoje ele se mostrava um cara completamente diferente do que eu havia imaginado Acreditei sinceramente que ele, comigo, seria daqueles que assim que tivesse o suficiente de mim cairia fora. Só que não! Meu semideus me mostrou que ele podia ir além. Poderia ser selvagem, bruto e meio homem das cavernas, entretanto sabia ser romântico, carinhoso e sensível quando queria. E olha que nem entrei na questão do sexo. Que homem é aquele? Cada dia que passávamos juntos ele me mostrava como poderia ser melhor e me dar mais e mais prazer. Rico era uma máquina de fazer sexo, sabia muito bem como agradar uma mulher e por consequência me transformar numa pessoa insaciável. E isso faria qualquer uma se apaixonar perdidamente por ele. Acho que eu estava me apaixonando por ele. E isso não era algo pelo qual estava preparada. Morria de ciúmes quando saíamos juntos e ele era alvo de todos os olhares de cobiça das mulheres. Só não demonstrava muito minha irritação com relação a isso porque Rico só tinha olhos para mim. Ainda bem. Não queria mostrar demais meus sentimentos. Só mesmo duas pessoas me incomodavam: a Gabi, que trabalhava com ele no banco e fazia questão de me provocar quando me encontrava e a Shirley.

Gabi era um verdadeiro pé no saco. Uma chata, mala sem alça e já tinha percebido que a maioria dos amigos do Rico não a aguentavam. O melhor foi quando saímos todos juntos e ela, cheia de gracinhas, recebeu o maior fora meu e do Rico, ao dar nele um beijo daqueles de tirar o fôlego e nos incendiar. Fui aplaudida e depois desse dia não a vi mais. Shirley era diferente. Educada, fina, com uma classe de fazer inveja. Tentou ser minha amiga, mas não dava. Cada vez que olhava para ela, me lembrava de quando vi os dois juntos no Bodocó e minha raiva vinha à tona. Era claro para mim como água que assim que eu saísse da vida do Rico ela faria questão de se fazer presente. E mesmo me respeitando, tratando meu semideus como amigo, percebia seus olhares gulosos e cobiçosos, porém discretos para cima dele.

Não podia e não devia me apaixonar. Rico sabia das minhas ambições, dos meus desejos, da minha vontade de ir embora, sem contar a minha idade; entretanto vivia me pressionando para assumirmos nossa relação. Eu estava muito nova. Queria ver e aproveitar tanta coisa que ainda não tinha visto. Porém ele parecia empenhado em me conquistar, em mudar as regras que havia imposto assim que começamos a ficar juntos. Regras com as quais ele havia concordado e aceitado. Se eu mudasse minhas regras e aceitasse assumir nossa relação minha vida teria um giro de 180°. Com toda a certeza absoluta não nos largaríamos mais. Seria namoro, noivado e casamento. E para completar, tchau sonhos. Sei que ele admira minha ambição, só que nunca em todos esses meses que estávamos "não juntos" conversamos sobre isso, sobre o futuro, mais especificamente sobre nosso futuro. Não queria arriscar minha liberdade afinal de contas estávamos numa de nos encontrarmos todos os dias. Mesmo quando nossas aulas começaram, eu fazia questão de ir vê-lo na faculdade, ir ao bar aos sábados. Só que me sentia sufocada. E inesperadamente arrumei a desculpa certa para me afastar um pouco. Meu estágio!

Já estava a algum tempo procurando estagio e já tinha feito muitas entrevistas, mas não havia sido chamada para nenhum. Até que por indicação de uma colega de sala, fiz em uma sexta-feira entrevista em uma empresa de terceirização de serviços. O entrevistador me explicou que aquele era o procedimento padrão. Eles já realizavam as entrevistas, deixando tudo pronto para o cliente, que somente indicava o que precisava e eles então encaminhavam as pessoas conforme a solicitação. Minha sorte foi tão grande que na segunda seguinte recebi a ligação informando que tinha sido selecionada para estagiar na área de finanças e economia da prefeitura. Anotei todas as informações que me foram passadas. Corri e dei um longo abraço e beijo na Zita, que ficou muito feliz ao saber da novidade. Contei também ao Rico, que me surpreendeu com a animação e alegria que recebeu minha notícia.

Meu horário de estágio seria das treze até às dezoito e somente durante a semana. Meu horário seria apertado na hora do almoço. Ia sair da PUC e ir direto para a prefeitura. Mas não estava me preocupando e nem me importando com isso. Trabalhar era o que eu mais queria e precisava no momento. Além de ser bom para me afastar um pouco do Rico, teria experiência trabalhando em minha área. Cheguei empolgada para meu primeiro dia de trabalho. Fui primeiramente encaminhada para o RH, onde minha documentação já se encontrava e também um crachá eletrônico para acesso às dependências do prédio. Uma moça, que provavelmente não tinha mais do que 25 anos e muito falante, foi a designada para me levar ao meu andar e me apresentar para o meu chefe. Ela era bastante faladeira, mas uma de suas frases me deixou de antenas ligadas.

- Menina você tirou a sorte grande. Vai trabalhar com o homem mais lindo, maravilhoso e gostoso que temos por aqui. Acho que se ele olhasse pra mim por pelo menos cinco segundos eu pularia no colo dele e o deixaria fazer o que quisesse comigo. - e suspirou. Será que esse cara era tudo isso mesmo? Trabalhar com um homem lindo seria um baita de um incentivo. Um adicional a mais para ter vontade de ir trabalhar.

Assim que chegamos ao andar, ela me encaminhou para a penúltima sala batendo na porta e sem esperar a resposta foi logo entrando. Entrei logo atrás e parei no lugar assim que vi o homem que estava sentado na cadeira em frente a nós. O que era aquilo? Os adjetivos que a moça havia usado para descrevê-lo nem chegavam perto de fazê-lo. Aquele homem era sem palavras. Moreno, com cabelos negros e olhos cor de jabuticaba, nariz anguloso e queixo proeminente. Seu cavanhaque por fazer enfeitava a boca de lábios finos. A sobrancelha arqueada e franzida lhe dava um olhar meio duro e mesmo o sorriso que estava em sua boca não diminuía a intensidade do olhar. Esqueci-me completamente na moça que me levou até ali, não ouvia mais o que ela dizia, simplesmente não conseguia tirar os olhos daquele homem que estava ali, à minha frente. Observei-o lentamente se levantar, fechando o botão do blazer do terno que usava e displicentemente se dirigir até a mim com a mão estendida. Os ombros largos e o corpo provavelmente esculpido com esforço não me passaram despercebido, porém eu não havia ainda esboçado nenhuma reação. Permanecia parada, encarando aquele homem e pensando de onde aquilo tudo saiu.

Seu sorriso se ampliou mais ainda quando repetiu as palavras que já havia dito e eu, ainda impactada pelo choque, não tinha ouvido.

- Senhorita Andrade? Será um prazer tê-la na nossa equipe. - voltei à terra, piscando algumas vezes e apertei a mão a mim estendida.

- Por favor, me chame de Maria Luiza ou de Malu. Senhorita Andrade soa tão formal. - realmente eu estava ficando louca. Isso lá era coisa para se dizer ao chefe?

- Muito melhor. Chame-me de João, então. Não sou mesmo tão formal. Gosto de manter uma relação mais estreita com os meus funcionários. - e deu uma piscadela. Achei que fosse morrer nesse momento. A moça que assistia a tudo atônita pigarreou.

- Senhor Magalhães, quer que eu leve a Maria Luiza à sua mesa e a apresente ao pessoal?

- Não Heloisa. Eu mesmo faço isso. Obrigado. - e lançou um sorriso para a moça, que saiu da sala radiante.

O resto do dia passou como um borrão. Fui apresentada a muitas pessoas. Os homens simpáticos e atenciosos. Já as mulheres... a maioria fingiu que eu não existia. Só mesmo outra Maria, porém Madalena, que foi a mais educada e que me ajudou durante a semana até eu pegar o ritmo e a rotina do trabalho. Ela já era uma senhora e deveria ter aproximadamente uns 55 anos. Explicou-me que era quase certo que a birra das outras funcionarias era o fato do João ser solteiro e ter saído com mais da metade das mulheres daquele prédio. Isso contando somente as funcionárias, sem contar as outras que de vez em quando transitavam por ali. E eu era a carne nova do pedaço.

Depois dessa explicação da Madalena comecei a observar mais o meu chefe. Ele tinha ao seu redor uma aura de sedução e luxúria e sabia usar como ninguém. Aos poucos ele foi me envolvendo, soltando várias indiretas, sempre muito próximo e atento a tudo que se relacionava comigo. Passou a me delegar mais trabalho, o que fazia com que ficássemos um pouco depois do expediente trabalhando e de lá íamos jantar. Entretanto ainda mantinha certa rotina com o Rico. João se mostrava um cavalheiro, um gentleman[i] na verdade, mas se insinuando de várias formas e eu gostava, retribuindo os flertes várias vezes. Até o dia que ele foi bem mais direto. Já eram quase sete horas e ainda estávamos trabalhando. Minha cabeça já latejada e não conseguia mais olhar nenhum número para fechar as contas. Decidi ir para casa e chegar mais cedo no dia seguinte. Fui até a sala do João, que estava aberta, dizendo a ele que iria embora, pois não aguentava mais. Ele me pediu para esperar que sairíamos juntos do prédio. Mas a minha grande surpresa foi quando sem mais nem menos, ele me puxou, segurando meus braços pelas costas, colou seu corpo ao meu e beijou minha boca com fome, necessidade, desejo. Apesar da força com a qual ele apertava meus braços, fiquei mole e me entreguei àquele beijo.

- Ah menina, você não imagina o tempo que esperei para fazer isso. - ele sussurrou rouco no meu ouvido, traçando beijos para minha orelha e pescoço. Ainda não tinha soltado meus braços e quando ele veio aproximando seu rosto afastei um pouco a cabeça e ofegante, disse baixinho:

- Não. Não podemos João. Isso é errado. - e tentei me soltar. Ele me apertou mais ainda meus braços, colando seu corpo ao meu.

- Você será minha enquanto eu quiser, e isso não é discutível ou negociável. - me deu mais um beijo louco. Soltou-me, e quase caí para trás que me segurou pela mão. - Está na hora de ir embora. Vamos?

Uau! O que foi isso? Fui embora para casa e não parei de pensar naquele beijo e no comportamento do meu chefe. Os dias foram passando e ele não desistia. Comecei a me afastar do Rico da forma que eu queria antes, mas não pelo motivo de antes. Ele era tão carinhoso, eu insistia tanto para ele ficar com outras garotas, porque aí minha culpa por estar com o João, mas ele não fazia. Para o Rico eu era única. Entretanto a carne é fraca, a minha mais ainda, e num momento de loucura e arroubo acabei transando com o João.

João e Rico eram completamente opostos. Enquanto Rico era selvagem e bruto, mas ao mesmo tempo carinhoso e gentil; João era controlador, frio, rude. Excitava-me ao ponto de me fazer gemer e implorar por ele e sua forma dominadora de, como ele mesmo dizia, me comer. Foram meses inicialmente assustadores, mas depois deliciosos ao lado dele onde aprendi algumas coisas que nunca imaginei na minha vida que pudessem existir, principalmente em relação ao sexo. Restrições, amarras, vendas... Minha curiosidade com certeza me faria saber mais sobre isso tudo depois. Nessas horas ele me chamava de minha menina, e eu adorava.

Estava feliz e radiante. Meu estágio, meu trabalho, minhas aulas, o João. Quando encontrava com o Rico ficava pensando no João. Isso me deixava mal porque apesar de tudo gostava do meu semideus. Na verdade nós tínhamos nos conhecido na época errada. Camila que sempre sabia de tudo sobre mim, já tinha me xingado e acabado com minha vida desde o dia que soube que eu estava com meu chefe. Ela dizia que era loucura e que eu acabaria me dando mal nessa história porque eu era o lado fraco nisso tudo. Insistia que eu devia conversar com o Rico e contar tudo a ele, o deixando livre de vez. Ela até poderia ter razão, mas não queria deixar passar essa oportunidade de ver, aprender, saber. Ainda tinha muito que viver. Queria o Rico, gostava dele; mas estar com João era loucura, tesão a mil, deixar meu lado mais selvagem vir a tona.

As coisas começaram a complicar quando, um dia ao chegar ao estágio, encontrei uma loira sentada em minha mesa. No mesmo instante minha cara não foi com a dela. E quando ela abriu a boca, a antipatia aumentou níveis consideráveis. Fomos apresentadas e soube que a vaca se chamava Raquel. Pelas roupas que usava e seu jeitinho logo percebi que era daquelas patricinhas mimadas, porém era muito bonita. Alta como uma modelo, magra e simplesmente estonteante. Minha alegria era perceber que o desprezo das mulheres do nosso setor que antes era destinado a mim, foi direcionado para a loira. Menos mal. Elas sabiam muito bem infernizar a vida de qualquer um. João chamou a nós duas em sua sala e soltou a bomba: iríamos trabalhar juntas, no novo projeto que estava sendo desenvolvido. Ah, era tudo que eu precisava. Esperei ela sair e questionei João, que me dispensou dizendo que não devia reclamar. Ele nem me deixou questionar ou argumentar, disse que a decisão dele estava tomada e eu tinha que acatar. Fiquei magoada com suas palavras, entretanto aceitei. Ele era o chefe.

Raquel infernizava minha vida. Começamos o projeto mas eu maistrabalhava sozinha do que tudo. Ela aproveitava cada minuto que tinha para ficar cada vez mais próxima ao João e aquilo me incomodava profundamente porque ele não a repelia. Pelo contrário, dava espaço e oportunidade para as investidas dela. Aos poucos fiquei sabendo mais sobre a diaba loira. Sim, havia dado esse apelido a ela. Soube que era filha de um advogado sócio de um escritório muito conhecido, que era aluna de direito e que o papai figurão tinha conseguido o estágio para ela. Estava explicado porque ela não fazia nada ali. Já tinha percebido que não adiantava reclamar com o João sobre ela, então decidi me encontrar com o Rico que me sentiu mais longe, meio aérea e lhe contei sobre a diaba loira sem me alongar no assunto ou dizer realmente o motivo de não gostar dela.

João e eu estávamos cada dia mais envolvidos. Apesar de nos mantermos discretos no trabalho, fora de lá as coisas literalmente pegavam fogo. Ainda não aceitava a maneira que a Raquel ficava tão próxima a ele, mas no final do dia quem estava com ele era eu, então não me preocupava. João e eu saíamos juntos durante a semana e no final de semana, mais especificamente aos sábados, era dia de me encontrar com Rico. Claro que tinha sábados que o João insistia que tinha que me ver e eu acabava por arrumar desculpas para não ir ao Bodocó. Se Rico estava desconfiado de algo não deixou transparecer. Só me deixou um pouco ressabiada quando me ligou me chamando para sair em uma sexta-feira. Tive que encontrar rapidinho uma desculpa. Haveria uma festa da faculdade e iria com o João. Ele insistiu que queria conhecer meus amigos, e fazer um programa diferente. Combinamos que eu sairia mais cedo naquele dia, ele me pegaria em casa e de lá iríamos para o esquenta na casa da Thais. Não podia marcar nada com o Rico. Apesar de tudo que estava acontecendo queria continuar com ele. Queria que continuássemos a ser amigos que transavam e ficavam quando se encontravam. Senti pela sua voz que Rico não tinha ficado muito feliz com minha desculpa e nem quando disse que nos veríamos no Bodocó.

Sexta chegou e minha ansiedade estava incontrolável. Decidi me vestir para matar: vestido curto preto e sandálias. João chegou para me buscar e ficou de queixo caído. Chegamos a casa da Thais e quando ela olhou para mim e viu João com os braços ao redor da minha cintura, começou a provocação, falando bem baixinho para que só eu ouvisse.

- Não perde tempo mesmo. O Rico sabe que você está por aqui? Porque, assim, aquele ali eu não largaria de jeito nenhum. Ficaria bem amarradinho ao pé da minha cama... - e soltou uma gargalhada. Ignorei-a, mas percebi seu olhar me acompanhando por todo o lugar, só me deixando quando mirava a porta. Parecia que ela esperava alguém. Sua decepção foi visível quando deu o horário e deveríamos ir embora. Durante todo esse tempo, João esteve próximo a mim me dizendo no ouvido o quanto eu estava linda e gostosa, como ele me foderia, que não via a hora de estarmos sozinhos. Assim que saímos para ir à boate, ele ofereceu carona para Camila e Mariana, uma garota da minha sala.

Fomos em direção ao carro de mãos dadas, as garotas à nossa frente e ele ainda me provocando com palavras que saiam daquela boca deliciosa. Destravou o carro para elas entrarem e antes que abrisse a porta para mim, me puxou e colando seu corpo ao meu, me deu um beijo até me deixar trêmula e de pernas bambas, roçando a ereção deliciosa em mim.

- Isso tudo é para você, mais tarde minha menina.

Entrei no carro e fomos em direção à boate. O papo fluía tranquilo. A música que tocava era instrumental, clássica. Era tão diferente sair com ele. Também, os quinze anos de diferença de idade que tínhamos me fazia confiar nele, cegamente.

João não me largou um só minuto assim que entramos na boate. Decidimos ficar em uma mesa no canto esquerdo, eu nos braços dele, encostando minhas costas em seu peito. Tudo corria bem até que vi Thais se aproximar, ficando mais perto de onde estávamos. Nisso eu olho para a pista de dança e meu coração para. Vejo Rico e Celo caminhando em minha direção. Soltei-me dos braços do João e fiquei parada igual a uma estátua. Sentia-me um ladrão preso em flagrante. Não era namorada do Rico e ele sabia disso, mas vivia insistindo tanto para que assumíssemos que não me assustaria se ele brigasse com o João, que por sinal nunca me perguntou se eu era comprometida.

Rico se aproximou, cumprimentou a Camila com um beijo no rosto, e quando se virou pra mim vi decepção em seu olhar antes de também me beijar no rosto como se fossemos apenas conhecidos. Aquilo me deu um aperto no coração. Eu sabia que o havia magoado de forma intensa, e tinha que pensar numa forma de explicar para ele o que estava acontecendo. Celo fingiu que não me conhecia, só me dirigiu a palavra de forma bem fria quando perguntou se eu queria algo para beber. Agradeci e recusei. Não conseguia tirar os olhos de Rico. Sinto João se aproximar e cochichar:

- Não vai me apresentar seus amigos, minha menina? - pelo jeito que sua voz saiu dura, deveria ter percebido algo.

- Que falta de educação a minha. - e fingi um sorriso. - Venha que vou te apresentar. - fomos em direção ao Rico que me olhava com raiva - Rico, eu quero te apresentar meu chefe. - estendi minha mão ao meu acompanhante - Esse é o João Augusto.

- João, esse é o Henrique. Um amigo muito querido. - não tinha outra forma de me referir ao Rico. Acima de tudo ele era meu amigo, minha delicia, mas eram detalhes que eu não precisava dizer. Vi o olhar do Rico descer pelo meu corpo e ele arregalar os olhos quando notou uma das mãos do João ao redor da minha cintura, e a outra estendida a ele.

- Muito prazer, Henrique. É muito bom conhecer os amigos da minha menina. - Ai meu Deus. Agora a merda estava completa. Era claro que João não ia deixar passar barato os olhares e as expressões do Rico em nossa direção. Dei graças quando Rico apertou a mão a ele estendida e ficou no canto somente observando. Já eu estava a ponto de explodir. Não entendia como o Rico sabia dessa festa e porque estava ali. Precisava urgentemente saber o que ele tinha visto. Se bem que depois do minha menina do João não restava dúvidas sobre mais nada.

Camila ficou conversando com Marcelo e eu fui ignorada pelos três. João conversava comigo, mas minha tensão era tanta que só o respondia com monossílabos. Depois de quase uma hora pensando que fosse explodir de tanta pressão vejo Rico chamar o Celo para irem embora. E é nessa hora que decido conversar com ele.

- Rico...

- Malu não. Eu queria entender o porquê, mas agora sinto que não faz mais diferença. - me diz com frieza na voz. Algo que era raro nele.

- Mas eu quero te explicar. Quero te falar o que aconteceu. Por favor, Rico, me esc... - fui cortada sem nenhuma delicadeza. E olhou bem nos meus olhos desferindo o golpe final.

- Você fez a sua escolha, Malu. Eu já entendi. Não me procure mais, ok? Qualquer coisa que tínhamos ou que eu sentia por você acaba aqui. Tchau. - ele se vira e vai embora, me deixando parada, de boca aberta olhando para o lugar onde ele estava.

Sinto um braço me puxar com força. João me olha com o olhar duro e frio, e sua voz naquele tom glacial me fazem gelar.

- Daqui a meia hora iremos embora e você vai me explicar que porra foi essa que aconteceu aqui. Depois disso eu vou te bater e foder você até eu cansar. Estamos entendidos? - eu adorava quando ele falava assim para mim, mas dessa vez fiquei com medo. Apenas assenti com a cabeça e seu olhar se suavizou um pouco. Puxei a Camila e a levei ao banheiro. Seria o único lugar onde poderíamos conversar sem o João ouvir. Ela já entrou no banheiro passando as mãos pelo rosto e cabelo, andando de um lado para o outro sem falar nada. Eu não gostava quando ela ficava assim. Sabia que eu fazia muita merda, pois estava sempre comigo, mas quando eu ultrapassava alguns limites ela virava uma fera e me xingava até eu me conscientizar. Camila olhou para mim e só disse uma frase:

- Eu te avisei!

[i] Palavra inglesa que significa cavalheiro. Usada muito para designar os lordes ingleses.

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