Meus pensamentos estão me irritando.
Porque todos eles giram em torno da garota que mora na frente da minha casa. Da minha vizinha. Melhor amiga de infância. Colega de escola.
Katherine está fodendo meus pensamentos. Como nenhuma outra pessoa foi capaz de fazer um dia.
E isso me irrita tanto.
Admito que ela é uma garota irritantemente especial, pelo simples fato de ser diferente.
Ela é uma garota normal. Eu não sabia que eu admirava e gostava do diferente até voltar a conversar com ela. Acho que durante esses anos eu tinha esquecido do quanto o simples era bom.
Hoje ao meu redor tudo é forçado.
E é por isso que eu estou puto. Meus pensamentos girar em torno da Vancouver só faz eu pensar e refletir sobre minha vida e sobre as coisas que quero nela.
Inclusive eu fico lembrando de como nós eramos quando amigos.
Lembro de uma vez quando éramos pequenos e corriamos para cima e para baixo na rua em que moramos. Minha mãe me gritava como louca. A mãe de Katherine ria de nossas palhaçadas e quando minha irmã estava em casa já dava para imaginar a mesma rindo exageradamente de mim.
Eu lembro de uma parte de mim que eu não gostaria. Que eu ja fui un garoto que teve seus momentos de fragilidade. E eu não gostaria de voltar a ser ele. No entanto quando eu tinha meus momentos apenas uma pessoa estava ao meu lado.
Katherine sempre soube o que falar, sempre me escutou. Admito que ao pensar agora, me sinto um merda, criança por ter parado de falar com alguém que se importava demais comigo. Como posso chamar as pessoas atualmente de imaturas quando eu já fui um ?
Isso foi a muito tempo. A muitos anos. E não sei o que diabos está acontecendo que minha mente exige em pensar em Katherine. E isso tá me irritante pra caralho.
- SETH! - Minha mãe grita. Levanto da cama bufando pois em meio a tantos pensamentos eu quase dormia. E teria sido a melhor opção.
- Eu ? - respondi da porta do quarto
- Dylan Está aqui - Ela apareceu no fim do corredor.
Droga, o que ele quer ? Saio do quarto torcendo para que o que ele desejar, fosse rápido. Eu adoro o cara, sua companhia e bla bla.
- Fala logo - Falei assim que cheguei na sala
- É assim que se fala com seus amigos ? - Ella cruzou os braços me encarando
- Não aja como se fosse minha mãe.
- Tem razão, minha filha tem seis anos.
Ela sorriu para Dylan e caminhou para a cozinha.
- Dy!! - Elisa aparece saltitante na sala. Os cachos loiros pulando junto de seu corpo pequenino.
- E aí, garota - Ele disse pegando ela nos braços
- Eu já tô grandinha para ser pegada no colo. - Disse fazendo bico
ele sorriu pra ela. Dylan é rico, tem fama, tem a admiração de inúmeras garotas dentro e fora do campo. As pessoas comentam sobre mim e sobre ele, fazemos jus a nossa fama. Mas tudo é diferente quando estamos longe de olhares curiosos e pessoas fofoqueiras.
Porque é tudo natural. É tudo normal. Ou pelo menos deveria ser. Naquele instante Eu pensei, se alguma garota visse Dylan da forma que estava com minha sobrinha, sorrindo para a mesma em seus braços acharia intensamente fofo e um motivo para se apaixonar por ele. Fora os outros.
Mas aquilo é o normal das nossas vidas. É tudo uma questão de interpretação. E eu me dei conta totalmente do quanto eu estava cansado daquela rotina. Daquela popularidade toda. Daquelas atenções todas.
Caralho, Katherine.
- Então eu disse que se ele continuasse puxando meu cabelo meu tio e você iria perseguir ele... - Elisa contava
Dylan riu colocando Elisa no chão
- Você tá muito marrenta, garota. Mas fica tranquila, se ele puxar seu cabelo de novo me avise que eu vou dar uma lição nele.
- Obrigada, Dy! - Ela sorriu abraçando as pernas dele
- Eu que sou seu tio você não abraça - Digo encarando a pequena garota dos cabelos dourados.
- Tem que fazer por merecerb- ela cruzou os braços me encarando
- Elisa, vem comer! - Minha irmã chamou a filha
- Não. - respondeu
- OBEDECE SUA MÃE ELISA JOHNSON! - gritou minha mãe. Elisa suspirou e foi
- Cara, qual a idade da sua irmã? - Perguntou Dylan depois de alguns segundos
Encarei ele de sobrancelha erguida.
- Vinte e oito.
- Eu vou esperar ela se divorciar do professor. Eu sou o verdadeiro amor da vida dela.
- Eu vou socar a sua cara.
Ele riu com as mãos erguidas para cima em sinal de rendição
- Depois daquela merda toda que aconteceu na quadra na segunda aula, em relação a Katherine, eu conversei com a amiga dela.
Reviro meus olhos
- Não finja que não sabe o nome da garota.
- Eu chamei ela pra sair. E ela incrivelmente, disse sim.
- Finalmente - Eu falei satisfeito
- Quem jogou a bola na Katherine ?
- Meredith. Eu vi o momento que ela jogou, todas que jogavam viram.
- Com todo respeito, amigão. Mas essa sua namorada é louca pra caralho. Poderia ter machucado forte.
- Eu sei - cerro os dentes - Eu tô puto demais com isso. Isso tá indo longe demais.
- O que você vai fazer ?
- Vou terminar essa droga de namoro.
- Titio!! Dy!! Vem jantar! - Elisa veio entusiasmada na nossa direção
- Para de encher o saco dos meninos, Elisa - Ouvi a voz rude do meu pai
- Para de gritar com a menina, ela só está sendo gentil! - Minha mãe defende Elisa
- Quer dizer que você pode gritar com a menina e eu não? - Perguntou meu pai
- Exatamente.
- Oh, Deus. Elisa traga os dois para jantar, ignora seus avós sem noção.
-Menina você me respeita - Minha mãe disse.
- Vamos - Elisa puxou a mão de Dylan e a minha. Dylan riu
- Sua família é maluca.
- Me conta uma novidade, caro amigo.
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