Ironias do Desejo

Da JessicaMirandaS2

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PLÁGIO É CRIME COM FORÇA DA LEI 9.610/98 OBRA REGISTRADA NA BIBLIOTECA NACIONAL. OBRA REGISTRA EM CARTÓRIO... Altro

Sinopse
Recado Importante
Prólogo
Despertar
O passado no presente
Reconhecendo
Sentimentos
Intensidade - parte 1
Intensidade - parte 2
Epifania
Explosão
Acontecendo
Realidade
Tudo em pratos limpos!
Tudo ou nada
Quem ama cuida
A verdade
Transição
Minha vida nova
Tornando-se

Culpada inocente

385 52 16
Da JessicaMirandaS2

Oi querid@s,
Como estão? Espero que muito bem.
Segue mais um capítulo que foi feito com muito carinho.
Desculpe-me por quaisquer erros.
Boa leitura,

Jéssica Miranda.

♡♡♡♡♡♡

  Passei a minha vida tentando corrigir os erros que cometi na minha ânsia de acertar. Ao tentar corrigir um erro, eu cometia outro. Sou uma culpada inocente. 

Clarisse Lispector

João

Enquanto eu achava que tudo finalmente estava se ajeitando entre mim e a Mel, eis que eu descubro que ela voltou para o Rio sem se quer se despedir. Ela se aproveitou do meu luto e foi embora. Aquele ser humano não tem coração. Como ela pode fazer isso comigo? Logo agora que tudo parecia estar tão bem. 

Depois daquela nossa conversa no escritório da mansão, decidi que queria de fato mudar  a minha vida, pois quero dar a ela e ao meu filho uma vida tranquila, quero ser um homem do qual meu filho se orgulhe, quero tomar a família que sempre me pertenceu. 

Não me olhe assim, você sabe que é verdade. Sei que é difícil acreditar que eu mudarei, mas juro que essa é a verdade.

Ontem, pedi ao Arthur que organizasse os papéis do divórcio. Além disso, ele me surpreendeu com a proposta de compra da L&A. Eu nunca tive talento para advocacia, ao contrário dele, além disso, nem a Tina, nem a minha mãe têm a intenção de tocar a empresa. No começo, apenas pensamos em delegar ao Arthur a função de movimentar nossas ações. Mas, como no momento ele se tornara o sócio majoritário, em função das ações que ganhou da Janaína, talvez a melhor solução seja vender para ele a empresa. De qualquer modo, ainda era algo a se negociar. 

No entanto, vi uma oportunidade que ainda não tinha visto. Eu finalmente pensei em montar o meu próprio negócio, afinal se eu vendesse as minhas ações teria o capital de giro necessário para montar a minha própria empresa. 

Nesse momento,  enxerguei o quanto foi inútil negar o legado do meu pai, já que no fim das contas sempre foi isso que me manteve. Agradeci em silêncio por todos os puxões de orelha, por toda insistência para que eu me formasse, por todas as brigas por eu ser um folgado. Hoje, soube que tudo era pelo meu bem, meu pai queria que eu fosse um homem, enquanto eu brinquei de ser um muleque babaca. Apesar de agradecer certas atitudes do meu pai, eu nunca o perdoarei pelo que fez com a minha irmã, mesmo ela tendo o perdoado, contudo me inspirarei na força de vontade dele e trabalharei duro para ser o homem que ele sempre quis que eu fosse. Mas, farei isso pelos motivos certos, farei por mim, por aquela mulher quente, linda e fogosa e pir nosso filho.

De qualquer modo seria mais fácil se nós pudéssemos tirar o véu da hipocrisia e pudéssemos ver o que os nossos pais fazem por nós. Não digo que eles são perfeitos, longe disso, é só que por pior que eles possam ser, nós devemos a eles a nossa vida, então o mínimo que devemos sentir é gratidão. Se eu tivesse ouvido o meu pai, quanto ao trabalho, bem com certeza eu não estaria no buraco em que estou, pelo menos eu estaria trabalhando e poderia dar uma vida confortável para o meu filho e para a Mel. Porém, agora sou um stripper falido, um engenheiro desempregado, com um casamento em ruínas, com um filho que mal me conhece, e sem moral nenhuma com a mulher que eu tanto quero.

Por falar nela, não sei se pego um avião e vou atrás dela para enchê-la de palmadas, ou se espero ela me ligar para se justificar. Eu sei que a segunda opção é a mais madura, pois ela deve ter uma boa explicação. Para ser sincero, penso que ela fez isso para contar a verdade para o Heic. Todavia, o que me preocupa é não saber se ela vai querer morar no Rio, ou vai se mudar para cá. Sei que não posso forçar-la a nada, apesar de torcer para que ela se mude com o meu filho. Estou um pouco animado visto que a minha irmã me disse que a convidou para trabalharem juntas.

Já faz dois dias que eles se foram, e a única coisa que sei é que chegaram bem, pois a Tina me disse. Enviei algumas mensagens, mas ela não acessa o aplicativo de mensagens a dois dias. Não pude conter a minha ansiedade e liguei, contudo caiu na caixa postal. E como aquela mulher é o diabo, ela não deixe nosso filho ter um celular. Ou seja, já não tenho mais para onde ligar, a não o ser o Hugo. Mas, não sei se seria uma boa ideia.

Os minutos se arrastam durante a manhã, a qual eu passei verificando o celular. Quando estava quase comprando uma passagem online, vejo o nome dela aparecer na tela do meu celular.

- Oi. Digo meio desconfiado.

- Oi João.

- Heitor? Pergunto ao ouvir a voz do meu menino.

- Sou eu.

- Como você está, Heic? Questiono com curiosidade e saudades.

- Eu tô com raiva da minha mãe. Você acredita que ela me obrigou a vim embora. Eu a odeio. Ele desabafa exasperado.

- Heitor, não fale isso. Não diga isso nunca mais, está me ouvindo? Repreendo-o.

- Mas, eu a odeio mesmo. 

- Não odeia nada. Você só está com raiva porque ela não deixou você fazer o que quis. Agora me ouça, a sua mãe te ama muito. Ela quer sempre o melhor para você. Defendo a Melissa, como o homem que desejo me tornar. Ponto para mim.

- Não quer nada, se ela quisesse ela deixaria eu ficar com você, com a tia Tina e com o Miguel. Eu não quero ficar aqui sozinho. Meu tio vai embora amanhã, e eu não quero que ele vá. Por que a gente não pode morar todo mundo junto? O pelo menos todo mundo pertinho?

- Escute meu garoto, você nunca vai estar sozinho, a sua mãe ama você, a sua tia e Miguel amavam você, o seu tio também te ama, e eu te amo. A gente sempre vai te amar. A sua mãe te levou para casa para que você possa curtir o seu tio bastante. Eu sei que ele vai se mudar, sei que vai sentir falta dele, mas você poderá falar com ele sempre que quiser. Além disso, você já imaginou que legal vai ser conhecer a Florida? Você sabia que a Disney fica lá?

- É verdade esse negócio da Disney? 

- É sim. E se você passar de ano na escola eu te prometo que a gente viaja para lá.

- Mas, e se me mãe não deixar? Ela uma chata não me deixa fazer nada.

- Heitor, não fale assim da sua mãe. Se você continuar a falar assim dela não terá mais viagem alguma. 

- Mas, ela é...

- Heitor.

- Eu já entendi, João. Você gosta dela e por isso ninguém pode falar nada sobre ela. Ele diz meio irritado. Eu fiquei incrédulo me perguntado como ele descobriu que rola algo entre mim a Mel. Contundo, logo respondo:

- Sim Heitor, eu gosto da sua mãe, mas não é por isso que você não pode falar nada sobre ela. Começo a me explicar: - Você não pode falar coisas ruins sobre a Melissa, porque ela te ama, porque ela sempre cuidou de você, porque ela te deu tudo o que você precisou, porque ela sempre esteve ao seu lado fazendo tudo para que você tivesse uma casa limpa, roupas cheirosas, comida na mesa, e muitas outras coisas.

- Já entendi, John. Eu amo a minha mãe, mas estou com raiva porque eu queria estar aí. Eu queria estar com você. Eu sei que você gosta dela e ela gosta de você. Eu queria que vocês ficassem juntos, assim você ia ser meu pai. Igual o tio Hugo é pai do Miguel. Ele disse aquelas palavras com o coração, e não soube o que dizer por alguns segundos. - João?

- Eu... estou aqui Heic. 

- Hmmm.. Você ficou calado achei não tava mais aí.

- Eu estou. Você quer que eu seja seu pai, Heitor?

- Quero John. Você é tão legal, é como eu imagino que o meu pai seria. 

- Heitor, saiba que eu te amo e que a sua mãe te ama, antes de qualquer coisa. Agora, desligue a ligação e pergunte a sua mãe quem é o seu pai. Incitei o meu filho, pois já não aguentava mais aquela agonia. 

- Por quê? Ela nunca me responde.

- Ela vai te responder dessa vez. E quando você estiver pronto me ligue pelo Skype, eu estarei te esperando.

- John, eu não tô te entendo. 

- Você vai entender. Não esqueça que a gente te ama.

- Tá bom, cara. Também amo vocês. 

- Até mais, Heic. Ele desligou e eu fiquei olhando para o celular, com os olhos cheios d'água, tentando compreender o que era aquela emoção que me tomou ao ouvir aquelas palavras pela primeira vez. Eu me tornei pai, eu sabia que faria tudo pelo meu filho, eu lhe daria a vida caso fosse preciso. Eu o amava mais que a mim.

Melissa

Depois de mais um café da manhã estranho e desconfortável, Heitor foi para o seu quarto e o Hugo foi resolver algumas coisas na rua. Eu resolvi arrumar a cozinha e preparar o almoço a fim de distrair a minha cabeça. 

Estava no dilema: ligo agora ou ligo depois para o João? Na verdade, eu queria não ter que ligar hora nenhuma, eu queria enfiar a minha cabeça na terra e fazer de conta que nada estava acontecendo. Mas, eu sabia que não podia me dar ao luxo de viver com o complexo de avestruz, eu chegara no final da linha do trem, e tinha que resolver a minha vida de uma vez por todas. Eu só implorava a Deus que tivesse piedade de mim, e que não deixasse o meu filho me odiar. 

Naquela manhã, quando coloquei os pés no chão eu soube que o meu tempo tinha acabado, eu soube que a verdade viria à tona, e eu  soube que eu deveria falar a verdade. Mas, ao mesmo tempo que queria falar, eu temia as consequências dos meus atos. Contudo, como sempre somos responsáveis por eles, sabia que havia chegado a hora de eu responder pelos os meus. 

Eu estava picando alguns tomates quando o Heitor entrou na cozinha. Ele não falava direito comigo desde que chegamos, mas olhando nos meus olhos ele disse:

- Mãe, eu vou te perguntar uma coisa e quero que você me responda. Estranhei a sua atitude, mas pergunto:

- O que é filho? 

- Você me ama, mãe?

- Claro que amo filho. Eu te amo com todo o meu coração. Disse-lhe uma das poucas certas que tenho na vida.

- Eu também te amo, mãe. Eu não estou mais com raiva de você, eu sei que você me trouxe para eu curtir o meu tio enquanto ele não vai embora. Fiquei embasbacada achando meu bebê tão maduro.

- Ah meu bebê. Digo, e o abraço. Ele retribuiu, quando o solto ele se afasta um pouco, olha em meus olhos e manda a bomba:

- Quem é meu pai mãe? Me conte, por favor. Se você me ama como diz que ama, me conte. Aquilo não foi uma chantagem emocional, foi uma súplica, que fez o meu coração doer mais pouco. No entanto, guardo a minha dor e decido acabar com a dor do meu filho, por isso lhe digo:

- Eu vou te contar, Heitor. Uma lágrima escapa do meu olho esquerdo, revelando o medo que eu sento de expor a verdade. - Vamos para o seu quarto.

- Você tá falando sério, mãe? Ele pergunta sem sair do lugar.

- Estou, meu filho, já passou da hora de você saber.

- Eu não tô acreditando.

- Acredite Heitor. Eu disse segurando seu rosto com as duas mãos, olhando em seus olhos. Por fim, completo: - E eu espero que me perdoe. Eu sou uma culpada inocente.

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