O Labirinto dos Elfos

By GabyOmetto

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Quatro amigos faziam trilha, quando decidem sair dele e se embrenhar na mata e busca de uma aventura, mal sab... More

Imaginação
PREFÁCIO
PARTE UM 1. - A GRUTA
2. - RECONHECIMENTO
3. - DESCOBERTAS NA CASA DA AVÓ
4. - PRIMEIRO DIA NO LABIRINTO
5. - NOCTE VERMES
6. - MURBULG
7. - SEPARADOS
8. - CYAN
9. - ATAQUES
10. - DAMES BLANCHES
11. - IGNIS
12. - O FINAL DO LABIRINTO
13. - A BATALHA CONTRA UZURG
SEGUNDA PARTE -14. - O REINO ÉLFICO
15. - TREINO
16. - O BEIJO
17. - PLANOS DE FUGA
18. - FLASHAVAL, O DRAGÃO DO AR
19. - GRIFO
20. - O REINO D'ÁGUA
21. - O FESTIVAL
22. - DARGAR, O DRAGÃO D'ÁGUA
23. - O REINO DA FLORESTA
24. - GUERRA NA COZINHA
25. - AO REDOR DA FOGUEIRA
26. - UM ERRO
27. - RUSHOX, O DRAGÃO DE METAL
29. - DIA DE PRINCESA
30. - TRESSRI, O DRAGÃO DE FOGO
31. - O BAILE
32. - O REINO DO ESPÍRITO
33. - CHRYSUL, O DRAGÃO DO ESPIRITO
34. - O RETORNO DA ESCURIDÃO
35. - ESTRATÉGIAS DE GUERRA
36. - O ATAQUE FINAL
37. - O RETORNO
EPÍLOGO
Como foi escrever o labirinto dos Elfos
PRIMEIRO ENCONTRO
VALE DOS PEGASUS
Outras histórias
AGRADECIMENTOS

28. - O REINO DE FOGO

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By GabyOmetto



Acordei com o cantar de um pássaro, abri os olhos, havia um lindo pássaro nos pés da minha cama, era do tamanho de uma águia americana, porém era verde e amarela, com alguns toques de vermelho e branco, o bico era amarelo como o sol, tentei me aproximar encantada, mas ele voou assim que cheguei perto.

Ao me levantar me deparei com uma linda flor, parecia um copo de leite, quase totalmente branco com o interior violeta vibrante, fiquei encantada com ela, havia uma fita em seu caule, nela havia um bilhete amarrado, estava escrito:

"Para Krystal, uma flor para outra flor"

Não estava assinado, mas eu reconhecia e letra, era de Will, minha vontade era jogar a flor no lixo, mas tive pena dela, ela era tão linda, não havia sido a culpa dela que tinha sido colhida por um crápula, coloquei ela no meu criado mudo, apenas tirei o laço e joguei na minha bolsa.

Me troquei, colocando minha roupa de viagem, uma das que eu havia usado no labirinto, fiz uma trança lateral e estava pronta.

Enquanto me arrumava uma ideia me ocorreu, eu tinha quase certeza que o solo devia ser mágico para que tanta flora crescesse, então talvez eu posso consertar o erro de Will, ter tirado a bela flor de suas raízes.

Sai da casa, ao lado dela, cavei um buraco, a terra era fofa, facilitando muito meu trabalho. Quando era criança gostava de ajudar minha avó no jardim, então sabia um pouco sobre jardinagem. Coloquei a flor e tampei o buraco, corri para dentro de casa buscar uma jarra d'água.

Quando voltei ela parecia um pouco maior, despejei um pouco de água, como num passe de mágica ela começou a crescer e multiplicar, quando parou havia um arbusto cheio de copos de leite, fiquei encantada.

— Sabia que é proibido tirar uma flor de seu lugar natural? — Disse uma voz atrás de mim.

Levei um susto, não havia ouvido ninguém chegando, me virei para ver Ilron bem próximo a mim.

— Desculpe, eu não sabia. — Disse um pouco amedrontada, será que estava numa enrascada?

— Não se alarme, você não está com problemas, você não sabia. — Disse fazendo uma pausa. — Mas acredito que não tenha sido você!

— O que o faz pensar assim? — Questionei enquanto batia a uma mão na outra para limpar a terra delas.

— Não têm muito sentido, você cortar uma flor para planta-la depois. — Explicou-se.

— Você tem razão, não foi eu, foi Will. — Confessei fazendo com que o elfo me olhasse confuso.

— Pensei que ele gostasse de você, tirar uma planta do seu lugar natural, não é um bom sinal. — Disse ele estreitando os olhos.

— Não, não. Você entendeu errado, na minha cultura, quando se dá uma flor a uma mulher é... — Engasguei, não conseguia dizer o resto. Respirei findo. — É porque se a ama, ou que fez algo muito errado.

— Que costume estranho, condenar uma filha da natureza a morrer aos poucos em nome do amor. — Resmungou o príncipe. — Na minha cultura diz que se você ama uma mulher, a melhor maneira é plantar algo em seu nome, os mais poderosos até criam uma nova espécie. — Ele fez uma pausa. — Esta que você plantou, por exemplo, meu pai fez para minha mãe, dando-lhe o nome de Thasli, em sua honra.

— Isso é lindo! — Falei encantada, provavelmente meus olhos estavam brilhando. — É bem melhor do que dar flores a uma mulher. — Um pensamento me ocorreu, me deixando um pouco transtornada. — Ah, meu deus, eu sinto muito, não queria ser a razão da flor ter sido arrancada.

Ele sorriu para mim.

— Tudo bem, você reparou o erro. — Ele fez uma pausa. — Nosso solo tem tanta energia que é capaz de restaurar qualquer tipo de dano.

— Isso é incrível. — Balbuciei.

— Estou gostando do assunto, mas estou aqui com um proposito, meus pais gostariam de dar uma boa refeição antes que vocês partam. — Ele fez uma mensura. — Aceita?

— Falo por todos quando eu digo sim! — Disse devolvendo o comprimento. — Mas precisamos chamá-los. Entre.

Ele me seguiu até a cozinha, lá me lembrei da receita que havia feito, peguei o papel em cima da mesa e entreguei a ele.

— Aqui está a receita que havia prometido. — Seu rosto se iluminou.

— Obrigada, pedirei para minha mãe fazer. — Ele deu uma olhada no papel, sua expressou se fechou, ficando confusa. — Não entendi nada dos seus ingredientes.

— Desculpe, mas não sei o nome deles. — Disse envergonhada.

— Aponte os ingredientes que usou e eu escrevo seu nome correndo.

Passamos dez minutos, comigo apontando e ele escrevendo os nomes, enquanto me dizia, os nomes eram mais difíceis que os elementos químicos.

— O que fazem aqui? — Perguntou Will ranzinza entrando na cozinha.

— Fomos convidados pelos reis, então é melhor ir se arrumar. — Disse autoritária, ou pelo menos tentei.

"Makenna fazia parecer tão fácil..."

— Não há necessidade, você está ótimo assim, mas sugiro que vistam as roupas de viagem, assim que terminar com meus pais, irão direto para a carruagem.

— Já estamos vestindo nossas roupas de viagem! — Disse nervosa por algum motivo.

— Mas acredito que seja mais fácil você já carregarem suas coisas, os elfos daqui não faram isso por vocês! — Disse Ilron mudando o tom de voz de repente.

— Tudo bem! — Disse Will na defensiva. — Vou chamar o casal do ano, pode ir pegar suas coisas.

Não queria fazer o que Will havia dito, mas eu não tinha muita opção, tinha medo do que poderia encontrar com os dois juntos. Segui relutante para meu quarto, deixando o príncipe sozinho.

Sem perder tempo joguei a mochila nas costas, ela estava começando a ficar surrada. Peguei meu arco e a aljava, e as coloque em cima da mochila, prendi e espada na cintura.

— Você parece mais pronta para ir à guerra do que para uma viagem.

Pulei de susto. Com o coração na boca me virei para Will, que estava escorando no batente da porta sorrindo maliciosamente. Ele entrou sem ser convidado e se sentou na cama.

— Vim aqui só para pegar a mala com nossas roupas do festival.

Peguei a maleta no chão e joguei em cima dele, que bateu em seu peito e quase caiu no chão, se não fosse pelas suas mãos hábeis.

Sai do quarto batendo os pés antes que ele falasse alguma coisa, mas pelo canto do olho o vi me olhando decepcionado. Não dei importância, cheguei a cozinha Lian e Makenna estava conversando com Ilron.

Assim que nos reunimos, o príncipe nos guiou até sua casa. Havia reparado que esse era um reino muito igualitário, a casa dos reis era pouca coisa maior que as outra e da cor branca, diferentes dos outros reinos, com grandes castelos.

Na frente da casa estava a mesma carruagem em que viemos, Ilron nos instruiu a deixar nossas coisas guardadas, ele se ofereceu para guardar minhas coisas, aceitei.

— Olá! — Disse acenando a mão para o elfo cocheiro que havia me esquecido o nome.

Assim que todas as coisas foram guardadas é que reparei numa grande mesa ao ar livre, tinha apenas seis lugares, pelo visto os príncipes não estavam inclusos.

O príncipe élfico entrou em sua casa, momentos depois os reis saíram, eles vestiam roupas simples, mais uma vez, contrastando com os outros reinos. Eles se sentaram cada um em uma ponta, retiraram uma toalha que estava sobre a mesa, revelando uma mesa farta.

— Sente-se! — Disse Torion vendo que não estávamos nos movendo.

Com aquele incentivo fomos até a mesa, inicialmente, não queria sentar ao lado de Will, mas Lian e Makenna se sentaram lado a lado, não me dando outra opção.

Por educação esperei os anfitriões começarem a comer, só então pude pegar os deliciosos pãezinhos que tanto amo, vou sentir falta deles quando me for, poderia pegar a receita, mas as cosas são diferentes entre os mundos. Saboreei o pão redondo e dourado que derrete quando se é colocado na boca.

— Vocês podem não ter notado, mas estive de olho nos quatro. — Ele fez uma pausa para pegar um pouco de uma geleia rosada. — Não sei se sabem o motivo de estarem viajando de reino em reino, mas não vejo motivos de esconder a verdade, estão sendo observados, suas ações são levadas em conta, no final os reis irão decidir o futuro de vocês, mas acho que seja difícil voltar para casa. — Ele fez uma pausa, para que assimilássemos as palavras dele. — Se dependesse apenas de mim estariam livres, mas a maioria dos elfos dariam a vida para nos manter em segurança.

Fiquei em silêncio por alguns instantes. Tique que digerir o que nos foi dito, ainda bem que nós estávamos cuidando do selo da porta.

— Agradeço pela sinceridade. — Disse, a única coisa que passou pela minha cabeça. Não poderia dizer tudo o que pensava, eu provavelmente seria presa por isso.

— Não queremos invadir sua privacidade, mas é nosso dever saber. — Disse Thasli. — Na noite anterior percebi que não estavam na festa, gostaria de saber onde estavam.

Afoguei com o pedação de pão que estava na minha boca, o que eu falo?

— Desculpe se nós a preocupamos, mas estávamos nos sentindo indispostos, por isso apenas comemos retornamos a nossa casa. — Disse Will tomando a dianteira quando viu que eu estava incapacitada.

— Entendo. — Disse a rainha compreensiva. — Às vezes eu também me sinto exausta e tenho que descansar, viu querido, falei que não havia com que se preocupar!

O restante passou sem mais conversa, fiquei feliz por isso, precisava colocar meu pensamento em ordem.

Após o término da refeição, os reis nos acompanharam até a carruagem, todos seus filhos se juntaram ao lado deles para se despedirem, o rei fez um discurso do qual não prestei atenção, um a um foram se despedindo, até que chegou a vez de Ilron. Ele se aproximou de nós, beijou a mão de Makenna, deu tapinhas nas costas dos garotos a quando chegou minha fez, em vez de beijar minha mão ele colocou a boca no meu ouvido e sussurrou:

— Boa sorte na viagem Krystal, e lembre-se, não deixe o verdadeiro amor escapar, ele pode não ser poderoso a ponto de criar uma flor para você, mas é capaz de fazer qualquer coisa para te ver feliz.

Dito isso ele se afastou um pouco ficando ainda ao meu lado, meu rosto estava em chamas, o que ele quis dizer com isso? Dei uma olhada em Will, que fuzilava Ilron com o olhar. Mal sabia ele que o príncipe estava tentando ajudá-lo

A porta da carruagem foi aberta para nós, sentei ao lado da janela, adoro sentar na janelinha. Um a um meus amigos foram entrando, até que a porta foi fechada, muitos elfos da floresta estavam presente para nos ver partir, pela janela acenei em despedida, alguns acenaram de volta, outros tinham a expressão de que estavam felizes com nossa partida, mas não me importei, já havia me acostumada.

A carruagem começou a se mover, olhei pela janela ansiosa para ver a floresta passando, depois de um tempo acabei ficando entediado, peguei meu diário comecei a relatar nossas aventuras.

Passadas duas horas sentados na carruagem, ela de repente parou, dei uma olhada na janela, estávamos fora da floresta.

Porta foi aberta para nós, estávamos no fim do reino dá floresta, dava para ver isso pelo alto contraste com o próximo reino, o Reino de Fogo, assim que a grama verdejante acabava, começava um lugar preto e vermelho, seu chão parecia ser de pedra vulcânica. Os troncos das árvores eram negros, pareciam ser feitos de carvão, as folhas em vez de serem verdes, pareciam pequenas labaredas de fogo. Em alguns lugares no chão havia também um pouco de fogo, parecida com uma fogueira, talvez fosse a grama.

Não havia quase nenhum cristal ali, quase toda iluminação provinha do fogo.

Perto da divisa havia uma grande carruagem, era vermelha e dourada, havia vários rubis formando flores, era um veículo luxuoso, diferente da simplicidade da carruagem da floresta. Ela era puxada por quatro cavalos robustos de fogo, eles eram negros, com o rabo e uma longa crina de fogo vermelho. Os olhos eram vermelhos, pareciam que havia uma chama dentro deles.

Havia dois elfos esperando por nós, ambos de cabelos negros, um com o corpo cheio de músculos, já outro era magro e esguio.

Eles atravessaram a divisa, parecia que não havia nada que os dividia, ou impedisse a passagem, já que os dois elfos deram apenas um passo.

— Bem-vindos viajantes, Sou Meram, o elfo responsável por colocar encanto em vocês!

— Que tipo de encantos? — Perguntou Will desconfiado levando a mão na espada.

— Nosso reino é um lugar muito quente, como podem ter visto pela paisagem, qualquer um de fora tem que receber uma barreira protetora contra esse calor. — Explicou Meram alarmado com a ação de Will. — Caso contrário, morreriam em poucos minutos.

Will retirou a mão do cabo da espada e deu um passo para frente.

— Pode começar comigo!

Resmungando o elfo foi até ele e recitou o que se parecia um mantra, por um momento pareceu que a pele de Will brilhava um leve tom avermelhado, mas esse brilho sumiu depois de alguns segundos. Lian foi o próximo, depois Makenna. Quando chegou a minha vez, ele colocou a mão na minha testa e franziu as sobrancelhas.

— Você é descendente da princesa? — Ele perguntou retirando a mão.

Levei alguns instantes para perceber que ele falava da minha avó, ainda não havia me acostumado com a ideia de que minha vó era uma elfa, imagina que ela era da realeza.

— Sim, sou eu. — Respondi com a voz levemente tremida.

— Talvez a senhorita não precise de encanto, você parece ser imune ao calor. — Disse ele coçando o queixo. — Pode atravessar para fazer um teste?

— Claro! — Disse indo para o feito de fogo.

— Não é perigoso? — Perguntou Will preocupado, segurando meu braço me impedindo de atravessar.

— Não, demora alguns minutos para o calor começar a ser um problema, ela não vai muito longe, basta dar um passo para dentro do nosso reino. — Explicou Meran um pouco entediado.

Me soltei da mão quente e confortável de Will e fui até onde se encontrava os dois reinos.

Quando atravessei a divisa, senti como se fosse uma membrana passando por mim, senti um leve formigamento, mas não era ruim. Parei ao lado de uma árvore, tive que tocar seu tronco, passei o dedo pela madeira, ele saiu preto, era carvão, gostaria de saber como uma árvore assim conseguia sobreviver.

— Senhorita, está sentindo algum calor? — Questionou Meram cruzando os braços.

Parei para pensar, estava sentindo o calor, mas não era muito, diria que o clima estava morno. E foi o que eu disse para o elfo, que pareceu surpreso.

— Parece que a senhorita tem mais sangue élfico em você do que pensamos. — Disse se balançando para frente e para trás — Pode subir na carruagem.

Fui até ela, a maçaneta era de ouro, fiquei com medo de danificar a maçaneta tão chique, a puxei com todo cuidado. A porta se abriu, revelando um estofamento de veludo cor de fogo, havia um pequeno lustre de cristal vermelho pendendo no teto.

Me sentei no acento luxuoso, logo meus amigos se juntaram a mim e a carruagem começou a se mover com suavidade. O tempo passou, não havia muita coisa para ver, só árvores em chama, e um pássaro em chamas.

Um pássaro em chamas? Olhei para trás querendo ver direito, mas só vi um montinho de cinzas. Era uma fênix?

"Eu acabei de ver uma fênix, incrível! "

Pouco a pouco foram aparecendo casas, elas eram feitas de pedra vulcânica negra, o teto também era negro, as cores predominantes eram preto, vermelho e amarelo, não havia muita variedade nesse reino.

Chegamos no castelo, era parecido com os dos filmes sobre a idade média, também feito de pedra vulcânica, com imponentes torres e uma grande muralha, tudo negro. Havia até um fosso, mas em vez de água com crocodilos havia lava flamejante.

O portão estava aberto, por um segundo pensei que não iria aquentar com a carruagem, era feita de madeira enegrecida. Estava me preocupando atoa, já que passamos em total segurança.

Paramos num pátio circular negro, ao redor havia tochas acessas e três pessoas parada e no colo de uma delas estava meu amiguinho, Cyan. Quase empurrei meus amigos para passar.

Assim que desci da carruagem, ele pulou do colo da elfa que o estava segurando e veio correndo até mim, ajoelhei no chão e ele pulou no meu colo, afundei meu rosto em seu pelo macio.

— Que saudade, Cyan. — Disse com a voz abafada por seu pelo.

Vi que alguém se aproximava e elfa que estava segurando Cyan antes, o coloquei no chão e me levantei para encarar e desconhecida, ela era estranhamente parecida comigo.

Assustei quando ela jogou os braços em volta de mim e me abraçou com força até que eu fiquei sem ar.

"Será que ela queria me matar? "

— Bem-vinda, você é tão parecida com minha irmã! — Disse ela me soltando, ela falava rápido, parecia animada. Seu sorriso fechou um pouco ao ver a confusão no meu rosto. — Desculpe, sou Resna, Irmã gêmea de Krystal, sua mãe!

— Na verdade eu sou a neta dela! — Disse sem jeito, era estranho pensar que eu estava entre família e que ela era minha tia avó, além do fato de ela ter a aparência de alguém que tem a minha idade.

— É incrível a semelhança entre vocês! — Disse o elfo, provavelmente o rei, por ele usava uma coroa dourada com vários rubis. — Onde estão meus modos, sou Tyrond, rei do Reino de Fogo. Essa é Shanae, minha rainha.

Nós nos apresentamos como a educação manda, com muitos floreiros, de acordo com os elfos d'água.

— Vamos levá-los para seus quartos, deixem suas coisas aí, nossos elfos podem cuidar da bagagem. — Disse Shanae com altivez.

— Preferimos levar nós mesmos as nossas coisas. — Disse ressentindo com a possibilidade de um elfo curioso mexer nas minhas coisas, mais especificamente na bolsa de Furiam. — Assim não tem risco de trocarem nossas coisas.

— Se vocês insistem. — Disse a rainha com uma pontinha de desprezo na voz.

Não gostei muito deste tom, não se parece muito com a personalidade da minha avó. O lugar também não me remetia a ela, sempre imaginei que quando chegasse a seu reino, por todo lugar que olharia me lembraria dela, mas estava enganada, vermelho e preto eram as cores que minha avó mais odiava, talvez agora eu entendesse o motivo.

Pegamos rapidamente nossas mochilas e armas. A realeza nos guiou até a ala dos convidados. Meus amigos escolheram seus quartos, quando fui escolher o meu, Resna segurou meu braço, dizendo:

— Você vai dormir no antigo quarto da minha irmã, venha!

Ela me puxou corredor afora, olhei para trás, Will parecia querer impedir, seu olhar tinha um pouco de desespero ao me ver sendo afastada dele, mas não fez nada, ainda bem. Subimos vários lances de escada, nas paredes negras, pendiam tochas flamejantes, vez ou outra eu via um cristal vermelho sangue, os cristais podiam variar de cor, de acordo com os reinos, com exceção dos que se usam no pescoço, que era um tom único de azul esbranquiçado. Subimos uma escada em espiral, parecia que estávamos subindo uma torre.

Finalmente paramos em frente uma porta de madeira enegrecida com detalhes em dourado. Resna fez sinal para que eu abrisse a porta.

Foi o que eu fiz.

Seria irônico falar que pareciam um quanto de princesa, mas bem, parecia. A cama era de dossel, feita de ferro negro, com detalhes em dourado, havia coberta por um tecido vermelho, além de vários travesseiros parecendo serem fofinhos. Havia ao lado da cama, uma porta. E ao lado de uma grande penteadeira havia outras duas portas.

Como o quarto seria meu, pelo por um tempo, abri as portas, uma era um banheiro, a outra dava num outro quarto, na verdade um closet, cheio de vestidos de várias cores, menos preto e vermelho, isso sim se parecia um pouco com minha avó. Fui até a última porta, ela dava em outro quarto, olhei curiosa para a princesa, que explicou:

— Esse é o meu quarto, como minha irmã e eu éramos gêmeas não quiseram nos separar, por isso nossos quartos são ligados.

Assenti em resposta.

— Vou deixar você sozinha para conhecer seu quarto, mas precisa se arrumar, vá tomar um banho e enquanto eu arrumo algo para você vestir! — Disse Resna indo para seu quarto.

Entrei no banheiro, ele era grande, tinha um espelho maior que eu, dava três de mim em largura. Havia uma pia toda dourada, inclusive as torneiras. Por mais incrível que parecesse, não havia uma banheira, nem chuveiro, mas um vidro retangular com os contornos em ferros, estes tinham furos. Era um pouco estranho, mas estava curiosa para saber como funciona.

Tirei rapidamente as roupas e entrei naquela caixa de vidro, fechei a porta, e abri a torneira, para minha surpresa, não saiu água, mas sim vapor. Achei estranho, mas parando para pensar, a água não ficaria em seu estado líquido nesse reino.

Conforme o vapor batia em meu corpo ele ficava molhado, passei um sabonete ou o que parecia um sabonete pelo corpo, ele tinha um cheiro gostoso, mas não conseguia distinguir o que era. Lavei o cabelo da melhor forma que consegui, não havia entendido como tomar banho naquilo.

Quando terminei os vidros estavam todos embaçados, não pude evitar, a criança dentro de mim teve que desenhar em todo o vidro.

Me enxuguei com uma toalha macia branca e vesti um roupão de seda vermelho, prendi meu cabelo molhado num coque frouxo e sai do banheiro. Eu devia ter demorado muito, pois Resna já estava à minha espera toda arrumada. Ela vestia um vestido simples preto com um decote profundo. Na minha cama havia um vestido vermelho escuro.

— Minha irmã nunca gostou de mostrar o corpo, nem das cores que usávamos, ela gostava de cores suaves, meu pai comprava roupas de outros reinos para ela, é impossível achar alguma coisa digna para você no closet dela, por isso peguei um vestido meu, deve servir. — Disse a princesa pegando o vestido e entregando a mim. — Vista-o!

Ela não fez menção de sair, engolindo a vergonha comecei a me trocar, quando pus o vestido, entendi por que minha avó não gostava do vestido daqui. O pouco de seio que eu tinha estava quase saltando para fora com o decote, na cintura havia duas fendas na coluna, que mostravam minha pele, na parte superior o vestido era agarrado e marcava tudo o que poderia marcar, e soltinho abaixo do quadril. Calcei um sapato parecido com um scarpin, da mesma cor que o vestido.

— Você está fabulosa! — Disse a princesa. — Está muito perecida com minha irmã, agora sente-se, precisamos fazer a maquiagem.

Sentei relutante, tinha medo do que seria a maquiagem, se seguisse o mesmo estilho do vestido, eu iria odiar. Não gostava de mostrar muito o corpo nem coisas muito chamativas.

— Feche os olhos! — Ela ordenou.

Fiz o que ela mandou, seria melhor não ver o que ela faria, doeria menos. Senti algo gelado em contato com a minha testa, estava fazendo vários pontinhos seguidos, colocando uma coisa mais fria ainda, fiquei curiosa, cinco minutos depois ela passou para minha boca, senti que passava um pincel.

Quando abri os olhos não estava tão ruim, o que mais chamava a atenção no meu rosto era meus lábios, que estavam vermelhos, era muito chamativo. Não conseguia tirar os olhos da minha boca, mas estava bonito, era a primeira vez na vida que usava batom vermelho e gostei do resultado.

Depois que me acostumei com minha vermelhidão labial, pude perceber algumas pedrinhas logo acima das minhas sobrancelhas, elas a seguiam minhas sobrancelhas, no final se erguiam numa espiral, ficou bonito até, não foi tão horrível quanto eu imaginei.

Sem dizer nada Resna desfez meu coque, disse umas palavras em latim, meu cabelo começou a soltar fumaça, me assustei, mas logo percebi que ela estava secando meu cabelo relaxei e deixei que ela fizesse o que bem entendesse. Ela trançou meu cabelo depois de seco de um jeito complexo, de alguma maneira que conseguiu colocar um fio dourado em meio aos meus cabelos. Ficou bem bonito, tudo combinava, exceto o cristal azulado.

— Você já está pronta. — Disse a princesa élfica se afastando um pouco. — Agora temos que nos apressar, já estamos atrasadas.

Vejo que pontualidade não é uma coisa de família, sempre raramente adiantado ou sempre atrasada. Corri atrás da elfa, ela até que era bem veloz de salto.

"Maldito equilíbrio élfica que eu não herdei. "

Corri o mais rápido que pude sem que eu quebrasse a cara nos degraus.

Quando chagamos já estavam todos na mesa, só faltava nós duas, a rainha nos olhou com rispidez.

— Atrasada como sempre! — Repreendeu ela.

Estava pronta para me desculpar, mas Resna tomou a dianteira, só então percebei que a repreendida foi para ela, e não para mim, já estava acostumada com as broncas.

— Desculpe mamãe, estava ajudando Krystal a se arrumar, acabei por perder a noção do tempo.

— Isso é tão nostálgico de se ouvir. — Disse o rei pensativo com um sorriso no rosto. — Sente-se.

Fiz o que ele mandou, estava mais nervosa do que as últimas famílias reais, talvez pelo fato deu eu ter parentesco com eles tenham acabado por me deixar apreensiva.

Will não tirava os olhos de mim desde que entrei, talvez fosse pelo meu batom chamativo, eu nunca uso cores muito chamativas. Ou provavelmente meu decote, com certeza o decote.

Depois que a realeza se serviu tomei a dianteira, a mesa estava farta, mas o que era mais incomum era a presença de carne, Makenna já estava com o prato cheio. Eu que não era viciada em carne, aquele pedação de pernil estava me dando água da boca.

Peguei um bom pedaço, tive medo de perguntar do que era a carne, duvidava muito que tivesse uma vaca no reino do fogo. Algumas coisas são melhores não saber. Coloquei um pedaço de carne na boca, tinha gosto de carne bovina. Dei ombros mentalmente e voltei a comer.

Tyrond começou a falar, ele contou coisas engraçadas que aconteceu na infância de suas duas filhas, fazendo com que Resna ficasse quase do tom do meu batom, ele falou muito, para dizer a verdade, falou o almoço inteiro. Gostei de ouvi-lo falar, talvez tenha sido a única.

Adorei ouvir histórias da infância da minha avó, ela nunca havia me falado que colocou fogo por "acidente" em Furiam. Fiquei com um pouco de pena dele, era tão bom, não merecia tal tratamento, mas aposto que foi engraçado. Tive que conter a vontade de chutar Will com sua cara de satisfação com a história, apostava que a admiração que ele tinha por minha avó só aumentou.

— Gostariam de conhecer a cidade? — Perguntou Resna animada. — Posso mostrá-la a vocês.

— Eu adoraria. — Disse me levantando da mesa, já que a refeição havia acabado.

— Eu também quero ir, se eu for permitindo. — Disse Will olhando para mim, assim que nossos olhares se cruzares ele desviou sugestivamente para meu decote, tampei o máximo que pude.

— Nós queremos ir! — Disse Makenna falando por Lian.

— Ótimo, vamos! — Disse Resna saindo da sala.

Nós a seguimos até fora do castelo, dando a volta no castelo e entrando num grande rancho feito de madeira negra, ela entrou lá.

— Preciso de cinco cavalos! — Disse ela animada.

Um forte elfo apareceu sorrindo de orelha a orelha para ela, mas fechou a cara quando nos viu.

— Vou prepará-los. — Disse ríspido de repente.

— Não liguem para ele. — Disse Resna inabalável com o comportamento do elfo. — Desde que descobriu a existência de humanos também descobriu seu ódio por eles, sem ofensas. — Falou olhando para meus amigos

Ela saiu e nós a seguimos. Enquanto esperávamos Cyan apareceu andando tranquilamente pelo reino, quando me viu veio correndo na minha direção, me ajoelhei diante dele e fiquei brincando com ele.

Depois de um tempo o elfo voltou a aparecer puxando cinco cavalos, os mesmos que puxaram nossa carruagem, negros com chamas no lugar da crina.

— Não tem perigo do cavalo nos queimar? — Perguntei temerosa.

— Vão se queima muito! — Resmungou o elfo, que levou um tapa da princesa e um olhar de repreensão.

— Claro que não, eles só queimam em quem não confiam. — Disse Resna subindo num cavalo. — Vocês sabem andar de cavalo, não sabem?

— Sabemos, mas como vamos saber que eles confiam em nós? — Indagou Lian preocupado.

— Vocês estão comigo! Isso já é motivo suficiente. — Disse a princesa. — Não temam!

Com muita dificuldade subi no cavalo, não estava acostumada a montar de vestido, as selas de um lado só eram estranhas e desconfortáveis. Mas ignorando isso estava ansiosa por conhecer a cidade natal da minha avó.

Diferentes das outras cidades, todos os elfos pareciam mais receptivos, eles saiam de suas casas para nos olhar passar, eles acenavam, alguns diziam "princesa Krystal". O que eu acreditava que eles achavam que eu era a princesa perdida.

— Eles parecem gostar de você! — Disse Will ao meu lado.

— Não, eles gostam da minha avó! — Respondi seca, cutucando para que meu cavalo andasse mais rápido.

Não me sentia confortável, não queria ser compara com a princesa deles, não queria estar na sombra de alguém, nem mesmo da minha avó.


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