Como eu era antes de você (Ho...

De geezerfanfics

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Ele era um pesadelo vestido de sonho. E ela sabia disso. Tinha um letreiro enorme escrito "problema" no rosto... Mai multe

Capítulo 1
Capítulo 2
Capítulo 3
Capítulo 4
Capítulo 5
Capítulo 6
Capítulo 7
Capítulo 8
Capítulo 9
Capítulo 10
Capítulo 11
Capítulo 12
Capítulo 13
Capítulo 15
Capítulo 16
Capítulo 17
Capítulo 18
Capítulo 19
Capítulo 20
Capítulo 21
Capítulo 22
Capítulo 23
Capítulo 24
Capítulo 25
Capítulo 26
Capítulo 27
Capítulo 28
Capítulo 29
Capítulo 30
Capítulo 31
Segunda Temporada: Capítulo 1
Segunda Temporada - Capítulo 2
Segunda Temporada - Capítulo 3
Segunda Temporada - Capítulo 4
Segunda Temporada - Capítulo 5
Segunda Temporada - Capítulo 6

Capítulo 14

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De geezerfanfics


Cheguei em casa e pela primeira vez em muito tempo tudo estava silencioso. Vovô não estava com a televisão ligada no último volume e mamãe não fazia nenhum barulho enquanto realizada as tarefas de casa — coisa que ela parecia nunca se cansar. Thom também não estava correndo à toda pelos cômodos, brincando sem parar. Coloquei meu casaco atrás da porta e não tirei a bolsa do ombro. Depois que peguei aquela passagem na mão e a coloquei ali dentro, era como se tivesse guardando um adiamante.

Fui até a cozinha e encontrei mamãe e Treena sentadas na mesa, ambas se encarando, mas não falavam nada. Duas xicaras de chá emanavam uma fumaça diante do rosto delas.

— Boa tarde, gente.

Ninguém disse nada. Engoli em seco, virando-me assustada para elas, tentando entender o que estava acontecendo.

— O que foi? — perguntei.

E mesmo assim não tive resposta. Logo pensei em vovô. Meu Deus, será que aconteceu alguma coisa? A última vez em que a casa esteve tão quieta foi quando vovó morreu. Congelei. Por que elas não estavam chorando desesperadoramente?

— Gente, por favor, alguém me diz alguma coisa!

Nisso chegou Thom, correndo com os braços abertos, fingindo ser um avião. Deu-me um abraço rápido, sorrindo, e ele foi a única pessoa que pareceu notar a minha presença ali. Então ele saltou no colo de Katrina, envolvendo seu pescoço com os braços, cantarolando alguma musica de desenho animado.

Ela sorria forçadamente.

— Comporte-se, Thom.

Coloquei a mão na cintura, esperando que uma das duas me falasse logo o que estava rolando. Thom virou-se para mim, rindo.

— Mamãe contou para você que vamos embora?

Ah!

— Contou sim, Thom.

— O que? — mamãe perguntou, arregalando os olhos.

Então agora finalmente notaram a minha presença?

— Você já sabia, Louisa?

— Sim, mamãe, ela já havia me contado. O motivo do luto é esse?

— Não estamos de luto — Treena rebateu.

Eu já estava sofrendo o suficiente pela partida de Will. Até entendia o lado de mamãe, mas por algum motivo estava irritada demais. Pisquei. Eu sabia o motivo. É a partida inesperada de Will. E o motivo de ter ido embora sem nem se despedir.

Além do mais, por que mamãe parecia tão devastada? Treena não iria para tão longe como Will. Moraria na cidade vizinha e qualquer ônibus barato nos levaria até lá.

— É para uma boa causa, mamãe. Treena precisa estudar. E não vai ficar tão longe quanto parece.

— A faculdade de Arlesey não tinha mais vagas para ela, mas conseguiram a transferir para outro lugar.

Pisquei. O que?

— Para onde?

— Londres — Treena respondeu antes de mamãe.

Me engasguei. O que? Puta merda.

— Hã... E você pretende ir?

Ela levantou os ombros.

— Por que não?

Por que lá tudo é mais caro? Por que ficará longe demais? Por que mamãe não viveria mais de alguns metros longe dela? Por que Londres me lembra de alguém que... Alguém que tem um grande significado para mim?

— Treena, eu... hã... Não sei.

Precisei me sentar. A noticia me atingiu como um baque forte no estômago. Será que todas as pessoas resolveram ir para Londres e me deixar aqui? Estava com um sentimento de traição e... frustação comigo mesma por isso.

Deitei-me em minha cama, finalmente aliviada por estar sozinha no meu canto. Encarava a tela do celular, esperando alguma mensagem de Will, mas não tinha nada. Sentia-me uma adolescente apaixonada, sem ter conhecimento e nem experiência de nada na vida. Mas eu tinha. Lá no fundo, eu tinha. Sabia que ele foi embora sem nem me dar um último beijo porque quis. Mas por que ele teria feito isso? E por que também me deixou uma passagem para Londres sem me constatar disso?

Abaixei-me e coloquei minha mão dentro da bolsa, pegando o passaporte. Como ele sabia que eu nunca andei de avião? E como sabia todos os meus dados? E o pior, como conseguiu a foto da minha carteira de identidade? Quase fiquei com meu. Larguei o passaporte e peguei a passagem, percebendo uma data que eu não tinha visto antes. O voo era para daqui há uma semana.

O que ele quis dizer me deixando essa passagem? Quis me dar à chance de pensar em ir visita-lo, ou quis apenas ser educado? Não consegui entender. Pensei em mandar uma mensagem, mas até que ponto isso mostraria o quanto sou trouxa? Não posso me render. Se ele se foi assim, sem olhar para trás, eu não devo me redimir.

Virei-me para o lado, vendo um espeço, que agora parecia enorme, tomar conta da minha cama. O mesmo espaço que Will preenchera ontem. O mesmo espaço que foi nosso cumplice durante uma noite inteira.

Ah, William Traynor, o que você fez comigo?

Acordei com alguém abrindo a porta. Por que diabos nesta casa ninguém bate na minha porta antes de entrar? Abri os olhos com preguiça, vendo a luz do sol invadir o meu quarto minúsculo. Era Treena. Seus olhos arregalados pareciam culpados e me pediam desculpas silenciosas. Sentei-me na cama, prendendo meu cabelo em um coque no alto da cabeça.

Ela sentou-se no canto da cama e eu só notei que estava com uma das mãos nas costas quando, lentamente, ela levou a mão para frente do corpo, com um buque de rosas vermelhas misturadas com gardênias brancas.

Pisquei, acordando completamente.

— São lindas — murmurei com a voz rouca pela falta de uso. — Quem te deu?

— Não são para mim — disse, sorrindo, entregando-me o buquê.

Meu coração pulou. Meu Deus. Quem me deu isto? Faz pelo menos uns quatro anos que não ganho um destes, mesmo tendo um namorado. Notei um pequeno envelope entre as flores e o segurei entre os dedos. Estava sem coragem para abri-lo. A primeira pessoa que me veio à cabeça foi Will, mas logo meu inconsciente me repreendeu, e eu entendi o recado. Se eu significasse algo para ele, teria recebido pelo menos um abraço de adeus. Então meu coração congelou... E se fosse Patrick tentando pedir desculpas? Eu não ia suportar algum presente dele dentro da minha casa. Muito menos perto de mim.

— Já sabe de quem é? — Treena perguntou, fazendo-me voltar para a realidade.

Fiz que não com a cabeça. Respirei fundo e, com muito medo, abri um envelope, revelando uma caligrafia linda.

Me desculpe por não me despedir, Clark. Seria doloroso demais para mim.

Espero que essas flores a façam você me perdoar.

Com carinho, Will Traynor.

Treena só esperou eu terminar de ler e puxou o bilhete da minha mão. Fiquei perplexa, olhando para as flores, me perguntando se a intenção de Will era me fazer ficar com raiva, encantada ou simplesmente sem reação alguma. Milhões de sentimentos se espalharam por meu corpo. Estava com raiva por ele pensar que algumas flores iriam apagar a indelicadeza dele e, ao mesmo tempo, sentia-me encantada por saber que ele é sensível o suficiente para escolher um presente tão singelo.

O gritinho da minha irmã me fez voltar para realidade outra vez.

— É o William Traynor? O do Castelo?

Enrubesci na mesma hora.

— Sim, é.

— Ai, meu Deus, Louisa, você fisgou o coração dele direitinho!

Fisguei? Claro que não.

— Ah, Treen, não é bem assim...

Mamãe chegou num rompante em meu quarto, enfiando a cabeça pela porta entreaberta.

— O que aconteceu? — indagou, assustada. — Por que estão gritando?

Ah!

Fiquei olhando alternadamente para Treena e mamãe, sem saber o que dizer... Até que mamãe colocou os olhos no buquê e seu rosto se iluminou com um sorriso, finalmente entrando por completo no quarto.

— Ai meu Deus, de quem é?

Aí meu Deus? Será que é isso que todas as mulheres falam diante das ações de Will?

— Da Lou.

Mamãe se aproximou correndo em passinhos curtos, até conseguir pegar o buquê nas mãos. Inalou o máximo que pôde de ar, fechando os olhos ao sentir o cheiro das flores.

— Quem lhe deu? São lindas, querida. — então ela abriu os olhos, me encarando. — Foi o bonitão que você saiu para jantar?

Fiz que sim com a cabeça, completamente envergonhada. Minhas bochechas queimavam. Eu só preciso ficar sozinha para refletir sobre tudo isso.

— Bom, preciso de um banho — falei, ficando em pé, fingindo que aquele buquê de flores não estava fazendo meus sentidos enlouquecerem.

— Eu vou pegar um vaso com água para elas — mamãe disse animada, saindo quase aos pulos do quarto, levando com ela o meu buquê.

— Ele tem um ótimo bom gosto, Lou.

— É, eu sei que tem, Treen.

Minha irmã também saiu do quarto, sorrindo para mim, como quem dizia "ah, você está sem jeito, adoro isso".

Enfim, quando estava finalmente sozinha, pude respirar. O que Will estava pensando quando me enviou aquelas flores? Provavelmente queria se desculpar. Devo desculpá-lo? Essa pergunta ainda não tem resposta. Suspirando, peguei meu celular, decidida a mandar um agradecimento, mas meu coração bateu na boca quando eu vi que já tinha uma mensagem de Will. De dez minutos atrás.

Bom dia, Clark. Espero que tenha gostado das flores. Comprei-as numa botânica no caminho para casa. Estou indo trabalhar. Até mais tarde.

Então isso era tudo? Fingiria que nada demais estivesse acontecido e pronto? Parecia injusto demais. E ele havia mesmo parado sua vida tumultuada para comprar flores para mim? Sinceramente, acredito que ele não tinha nem tempo para lembrar-se quem é Louisa Clark. Alguma de suas funcionárias deve ter cumprido este papel.

Bom dia, Will. Adorei as flores. Pena que elas não são tudo. Tenha um bom trabalho.

E, respirando fundo, enviei a mensagem. Minutos depois, quando não obtive uma resposta, senti que estava sendo uma idiota. Afinal, eu podia mesmo exigir que ele fosse se despedir de mim? Até onde eu consigo ver, não tínhamos nada demais entre nós. Apenas sexo. Meu coração se apertou. Sexo para ele. Eu sinto mais do que apenas atração sexual. Quero mais.

À noite, quando finalmente cheguei em casa, mamãe me esperava com um sorriso largo e com olhos brilhantes. Vovô estava sentado no sofá, me olhando de soslaio, enquanto papai estava parado ao lado de mamãe, me estudando com atenção.

— Ah, oi, boa noite — falei, intrigada.

Ok. Não tinha saído do trabalho e vindo direto para casa como todas as outras vezes. Precisava respirar... E respirei no interior do castelo, sentada naquele banquinho onde relevei o meu maio segredo para o meu Deus Grego da Confusão.

— Com você está, querida? — mamãe perguntou, indo atrás de mim e tirando gentilmente me casaco.

— Estou bem, obrigada.

Por que todo mundo está agindo como se eu tivesse doente?

— Quer beber um chá quentinho? — mamãe perguntou, afagando meus braços.

Fiquei olhando para todos eles. Que diabos está acontecendo aqui? Os olhares estão sensíveis demais.

— Mamãe, o que ouve?

E então ela se encolheu, culpada, e papai se retirou da sala. Onde está Treena? Engoli em seco, ansiosa e preocupada.

— Hoje eu fui limpar seu quarto e... hum... eu vi uma passagem para Londres. E um passaporte em seu nome. Quando você ia nos contar?

Engoli em seco. Ok. Agora eu estou entendendo. Eles querem que eu fique também. Estão preocupados e com medo de suas duas filhas irem embora ao mesmo tempo, mesmo que eu tenha vinte e seis anos, e Treen já seja mãe. Meu peito doeu. A ideia de ir para Londres não estava sendo tão absurda e errada... Bom, não até agora.

— Eu não estava planejando isso — murmurei, quase me engasgando em minhas próprias palavras.

— Como não? — papai perguntou, desconfiado, se aproximando de mim.

O que eu iria dizer? Não contaria a eles que dormi com o filho do meu chefe — que, para piorar, também é chefe do meu pai. Fiquei encarando meus dedos entrelaçados, esperando por uma intervenção divina para que eu não precisasse arrumar alguma desculpa.

— Não foi eu quem comprou a passagem, nem quem fez o passaporte — murmurei, quase engasgada, procurando por alguma saída. — Não sei quem fez, na verdade.

Minha respiração começou a acelerar. Não sabia o que dizer, nem como reagir. Sentia-me sufocada e queria apenas sair dali e deixar de ser o alvo daqueles olhares desconfiados e decepcionados. Não suportava que meus pais me olhassem assim.

— Eu não vou a lugar algum — falei com firmeza, sem estar convicta disso. Afinal de contas, eu não pensei muito para me decidir. — Fiquem calmos, não me olhem assim. Não vou deixa-los.

Mamãe relaxou os ombros e papai demorou mais para fazer o mesmo, mas, para o meu alivio, ele também se convenceu do que eu disse. Suspirei, sentindo todos os músculos do meu corpo se tranquilizarem aos poucos. Contudo, meu coração se apertava tanto que chegava a doer meu peito com a sensação sufocante ao ver minha mãe parada em minha frente, respirando em paz, quando soube que eu não iria embora. Até quando eles querem que eu fique? Tudo bem, tenho vinte e seis anos, sou adulta e posso fazer o que bem entender, mas ao mesmo tempo, eu sinto que devo tudo a eles.

— Podem voltar às suas vidas — disse, sorrindo, sem saber se meu sorriso chegou aos olhos.

Mamãe me puxou para um abraço breve e forte, como ela sempre fazia, e saiu animada para a cozinha, como se a minha promessa tivesse sido a coisa mais relaxante que ela ouviu em anos. Papai se aproximou de mim e me deu um beijo no alto da testa, daquela forma durona dele, foi até a geladeira, pegou uma cerveja e jogou-se no sofá ao lado de vovô. Os dois começaram a rir de algo que passava na televisão e eu permanecia ali, parada, olhando-os agir felizes por eu ficar.

Quando finalmente a minha alma pareceu voltar ao meu corpo, subi as escadas, pulando os degraus de dois em dois, e entrei em meu quarto. Estava escuro. Fechei a porta atrás de mim e, devastada, caí até o chão, sentindo a madeira gelada em minhas costas. Meu Deus, porque eu fiz isso? Nem mesmo tinha me decidido e já falei que não iria. Londres me esperava, e meu Will também. Senti o choro criar-se em minha garganta, forte e sem piedade. Fechei os olhos e enterrei a cabeça no meio das minhas pernas, angustiada. Então isso é tudo. Eu não vou. Ficarei aqui porque prometi a meus pais e não seria capaz de deixa-los. Meu peito se apertou ainda mais. Will não entenderia e eu perderia minhas chances com ele.

O celular vibrando em meu bolso do tailleur me fez pular e voltar ao mundo real. As letras indicavam: Deus Grego da Confusão. Sorri de lábios fechados com aquele nome. Sorri porque achei engraçado, mas parei quando me dei conta de que ele estava me ligando. O que eu iria dizer?

— Oi — murmurei baixinho, notando que minha voz estava embargada, traindo-me, e desejei que ele não notasse.

— Clark — ele disse, parecendo aliviado ao ouvir minha voz. — Como você está?

— Bem, obrigada.

Não tenho coragem para continuar a conversa. Tudo bem que estava pensando em não ir a Londres, e que eu ainda estava chateada por ele ir embora sem nem se despedir, mas eu queria o ver. Não tenho explicações para isso. Apenas preciso dele.

— Já se decidiu?

Engoli sem seco.

— Ainda não.

— Nem vai pensar sobre isso?

— Vou.

— Quando?

— Will, pelo amor de Deus, ainda tenho uma semana.

Soei grosseira de proposito, mas por dentro estava me remoendo. Não queria mentir para ele dizendo que vou, mas também não quero contar a verdade. Meu Deus, porque isso é tão difícil?

— Tudo bem — sibilou baixinho, a voz quase num sussurro, triste.

Fechei os olhos, quase chorando, e senti meu coração bater na garganta.

— Will, preciso desligar. Me dê mais tempo.

— Quanto tempo?

Caramba, eu preciso chorar! E não vou fazer isso para ele me ouvir.

— Não sei, William, só me dê um tempo.

— Um tempo? De verdade?

— Sim.

O que?! Não, não! Não me de um tempo, não fique longe de mim. Eu preciso dele, nem que seja apenas ouvir sua voz, mas como eu iria continuar mentindo? Não quero dar esperanças e no final dizer que não vou. Encolhi-me no chão, totalmente atordoada, até pensando na possibilidade de quebrar a promessa com meus pais... Não, eu não posso fazer isso. Eles são meus pais.

— Até mais, Anjo — murmurou.

Desliguei o telefone e ele caiu no chão ao meu lado. Meus olhos encheram-se de lagrimas e eu soube que iria cair num choro profundo, mas então a luz do meu abajur se acendeu, fazendo-me soltar um grito assustado... Mas é apenas Treena, minha irmã;

— Porra, Katrina, porque você não fica no seu quarto? — falei, com raiva, limpando meu rosto molhado pelas lagrimas.

Qual era o problema dela? Não bate na porta antes de entrar, não dorme na própria cama... Porra!

— Desculpa — murmurou, espreguiçando-se, prendendo o cabelo de qualquer jeito. — Mas preciso falar com você, não fique zangada.

Fiquei de pé, cruzando os braços na frente do corpo, fingindo que estava firme e forte e não havia chorado há segundos atrás.

— O que você quer?

— Mamãe já falou com você sobre o passaporte?

— Sim.

— E o que disse a ela?

— O óbvio. Eu não vou usar essa merda de passaporte — fale, apontando com o queixo o pedaço de papel que agora estava no criado mudo ao lado da minha cama.

— O que? Você não pode fazer isso!

Fala sério...

— Eu já me decidi, Treena. Não vou deixar papai, mamãe e vovô sozinhos nessa casa. Além disso, eu preciso ajudar nas despesas.

— Papai agora tem dois empregos, Lou, e você não precisa mais nos bancar.

— E quem vai mandar dinheiro para você em Londres? Acha mesmo que papai vai conseguir?

— Vou trabalhar — ela disse, parecendo ofendida, mas ignorou. — Um dia eles vão ter que entender que somos adultas e temos nossas vidas.

— Eles não estão prontos, você não entende...

— Vai mesmo largar William Traynor por isso? Você gosta dele e eu consigo perceber isso. Pensei que depois de Patrick você nunca mais encontraria ninguém, mas eu consigo ver em seus olhos que está feliz... Ou estava, até ele precisar ir embora. Mas você pode ir atrás dele, pode ser feliz, não jogue isso fora.

Eu posso jogar isso fora? Não, eu não posso. Will Traynor me faz sentir como nunca me senti antes. Mas isso não é mais importante do que meus pais e a felicidade deles. Não posso deixa-los aqui, tristes, e muito menos largar mamãe nesta casa toda sem ninguém para conversar de verdade — eu e Treen somos as únicas pessoas com quem ela tem uma conversa normal. Não posso deixa-la perder isso também.

— Ele ligou para você, não ligou? Estava ouvindo. Ele quer que você vá.

Ele quer que eu vá? Será mesmo? Suspirei, cansada, desejando apenas deitar em minha cama e dormir. Não aguento mais isso. Parece que nos últimos dias minha vida simplesmente virou uma novela e eu não tenho mais trégua. Onde está a tranquilidade que eu tinha antes? Talvez quem a tenha me tirado seja Will, e eu sorrio com o pensamento. Não acho isso ruim. William Traynor me tira a tranquilidade, mas, ao mesmo tempo, me entrega a paz. Como ele consegue fazer isso mesmo há quilômetros de distancia? Não é possível que alguém mude tanto a vida de alguém assim, tão de repente e devastadoramente, de forma tão assustadora e deliciosa.

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