Sombra e Sol (EM HIATO - auto...

By LaylaToledo

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Certa manhã, Myron, o sumo sacerdote de Silena, simplesmente não desperta. Vivo, mas em um estado de coma, o... More

Capítulo 1 - Dezenove
Capítulo 2 - Pai e filho
Capítulo 3 - Prestes a estourar
Capítulo 4 - Irmão Sol, Irmã Lua
Capítulo 5 - Vulnerável
Capítulo 6 - Dufel, filho de Rekdan
Capítulo 7 - A Rosa Negra
Capítulo 8 - Faena
Capítulo 9 - A cura e o beijo
Capítulo 10 - Uma trégua
Capítulo 11 - O dragão, a águia e o cordeiro
Capítulo 12 - O garoto com o céu nos olhos
Capítulo 13 - Confissões de um bardo
Capítulo 14 - Visitas e partidas
Capítulo 15 - Três dias, três pistas
Capítulo 16 - "Apenas faça o que estou mandando"
Capítulo 17 - Irmãos separados
Capítulo 18 - "Onde você está?"
Capítulo 19 - O lobo
Capítulo 20 - A moça com cabelos de fogo
Capítulo 21 - Alguém à porta
Capítulo 22 - Garoto frágil
Capítulo 23 - Destino
Capítulo 24 - Criminosa
Capítulo 25 - A Casa de Pedra
Capítulo 26 - As sombras lá fora
Capítulo 27 - Não me chame de Faena
Capítulo 28 - Uma história sobre voar
Capítulo 29 - Procurando mais alguém
Capítulo 30 - Sombra e Sol
Capítulo 31 - Entre amigos
Capítulo 32 - Alastor
Capítulo 33 - Doce ilusão
Capítulo 34 - Chegando perto
Capítulo 35 - Caçados
Capítulo 36 - Uma mancha
Capítulo 37 - Vou me lembrar disso
Capítulo 38 - "Faça-me o favor de voltar"
Capítulo 39 - Forte
Capítulo 40 - "Vou achar seu filhote."
Capítulo 41 - Olhos fechados e olhos de chuva
Capítulo 42 - Pela primeira vez
Capítulo 43 - As três chaves
Capítulo 44 - Aquilo que ele não disse
Capítulo 45 - Filho de Myron e Valenia
Capítulo 46 - "O melhor tolo que eu conheço."
Capítulo 47 - O pálido e a luta
Capítulo 48 - Garras, dentes e sombras
Capítulo 49 - Você a perde, eu a encontro
Capítulo 50 - Irmãos reunidos
Capítulo 51 - Chuvisco
Capítulo 52 - Vinte anos

Capítulo 53 - Violeta

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By LaylaToledo

"Meu querido El,

Pedi a sua irmã que lhe entregasse esta carta no seu aniversário porque não estarei aí para abraçá-lo, filho. Ao menos não fisicamente. Você e Lily sabem que estou com vocês em mente e coração todos os dias, mas creio que estas palavras servirão para deixar essa certeza um pouco mais forte.

El, não vou enfastiá-lo com histórias sobre quando você ainda era um bebê em meu colo, ou sobre quando era uma criança e precisava segurar minha mão e a de seu pai para dormir em noites de tempestade. Seria uma tremenda falta de criatividade da minha parte, embora você seja muito gentil para sequer reclamar da quantidade de vezes em que já relatei o dia do seu nascimento, por exemplo ('um dia de sol, tão iluminado quanto você...'). Então, prometo que hoje será diferente.

Na verdade, meu filho, quero lhe contar de um sonho que tive quando você era um garoto de quatro anos, logo depois daquela febre forte que durou dias, lembra? Eu não sei porque nunca lhe contei, El, mas sempre achei que precisava esperar pelo momento certo. Por algum motivo – e quero que confie no meu coração de mãe – creio que este momento chegou. Ainda assim, eu preciso que você entenda algumas coisas antes de ir direto ao ponto.

Eladar... você sabe que estava no meu ventre quando eu e seu pai fomos para Rodrom enfrentar a pior ameaça que este mundo já viu. Um pouco antes disso, querido, eu sonhei com você (ainda não é o sonho sobre o qual quero falar!), e foi assim que descobri que estava grávida. Você me disse que eu o chamaria de Eladar; depois, pediu que eu não tirasse meu crescente de platina do pescoço (sim, o mesmo que eu dei para sua irmã), e hoje sei que ele realmente nos protegeu, e que a Deusa estava conosco.

Contudo, eu sempre me perguntei se o que passamos naquele dia em Rodrom teria afetado meu bebê... e quando as crises começaram, querido, foi como se meu mundo tivesse ruído. Eu havia escolhido ir até aquele lugar maldito com você. Na minha cabeça, a febre que quase o matou e as convulsões eram produto de alguma energia residual de Rodrom, algo que havia ficado no meu filho. E a culpa... a culpa era minha.

Seu pai tentou me consolar de todas as formas, querido, e esta foi uma das únicas vezes em que as palavras de meu amado Myron não foram suficientes para acalmar meu coração. Eu rezei à Deusa todas as noites, pedindo para que ela extirpasse qualquer coisa que estivesse lhe fazendo mal. Você deve se lembrar dos rituais que fizemos, dos banhos com ervas, dos incensos e orações. Seu pai e eu fechamos sua visão, e Myron me disse que não havia mal em você, que eu precisava parar de ver o que você tinha como algo ruim que eu havia causado. Ao invés disso, precisávamos ensiná-lo a lidar consigo mesmo e a ser forte. Foi isso que seu pai fez e vem fazendo incansavelmente, El, e eu amo Myron ainda mais por sempre ter confiado em você e em seu coração.

Bem, eu não quero que pense que eu também não confio, meu querido. Eu acredito que você e Lily são as melhores e mais preciosas pessoas deste mundo. Mas... ver um filho prostrado não é fácil para uma mãe, El, ainda mais para uma mãe jovem e inexperiente como eu era. A culpa que eu sentia me atrapalhava em tudo... mas então, uma noite, eu tive o sonho que vou lhe contar agora.

Eu estava com você no colo, naquela praia perto de Anderion. No começo, foi bem angustiante. Havia uma sombra sobre nós dois. Você estava muito gelado e eu tentava alcançar o sol, mas não conseguia, porque a sombra não saía de cima de nós. Quanto mais eu corria, mais escuro ficava, e mais lágrimas saíam dos meus olhos. A certa altura, eu desisti, me deitei sobre a areia e o abracei para tentar esquentá-lo. Quando olhei para seu rosto, querido, você estava sorrindo, e me disse: 'mamãe, eu não estou com frio.'

Então, você esticou suas mãos em minha direção. Uma delas segurava o meu velho crescente de platina; na outra, havia uma rosa branca - um símbolo de Nuvara. Eu fiquei olhando para aquela flor, intrigada, lembrando-me da princesa Drimme e dos anos que havíamos passado na ilha dos einar antes de você nascer. A rosa foi, aos poucos, mudando de cor, assumindo um tom violeta vibrante. De repente, você se levantou, e quando olhei para meu filho, ele não era mais um menino. Era um rapaz que me oferecia a mão, um jovem exatamente igual ao que você é hoje, El.

"Está tudo bem", você me disse. "Foi minha escolha, mãe."

Naquele momento, El, você começou a emanar um brilho violeta e tudo se foi: a sombra acima de nós, o meu medo e a minha culpa. Eu acho, filho, que você me curou naquela noite. Não sei como, mas sei que aconteceu. Acordei com a certeza de que você cresceria e se tornaria aquele rapaz que eu vi. E eu soube que, além de ter a proteção da Deusa, nós também tínhamos os olhos de Nuvara sobre nós.

Talvez isso não signifique muita coisa para você agora. Bem, quando nós voltarmos para casa, filho, quero que tenha uma conversa com tio Laucian. Ele tem algumas coisas para lhe dizer, e talvez até uma ou duas para lhe ensinar, além de seguir rastros e caçar. Mas por enquanto, filho, descanse e se recupere da sua última estripulia com Clahel. Procure se resguardar.

Obrigada, meu querido, por ter me ensinado tanto e por ser a pessoa que você é. Eu e seu pai estamos orgulhosos de ver o homem em que se tornou, El. Você, filho, sabe enxergar a luz melhor do que ninguém, até mesmo quando tudo parece envolto em sombras. O seu coração é a coisa mais bonita que eu já vi, filho. Sempre confie nele, assim como nós confiamos.

Com todo o amor do mundo,

Mamãe."

***

Eladar fechou a carta que sua irmã havia lhe dado e a colocou sobre o colo.

– E então, El, o que a mamãe disse?

O garoto respirou fundo. Lily havia pedido a Driali, Dufel e Lena que a deixassem a sós com seu irmão, embora fosse um pouco difícil deixar alguém realmente sozinho naquele lugar. Os dois estavam sentados de frente um para o outro na cama em que El havia dormido antes. Lily segurava uma das folhas douradas do salgueiro nas mãos, virando-a de um lado para o outro, e pensava que a noite chegaria em breve. A noite e o julgamento "da tal Faena."

– A carta é para mim, não para você, Lily – Eladar murmurou. – Deixe de ser enxerida.

– Pela sua cara vermelha e seus olhos marejados, ela deve ter dito coisas emotivas e elogios – a garota considerou. – Mas você pareceu chateado, no início.

O clérigo ficou em silêncio. Luz violeta... é a segunda vez que ouço falar sobre uma luz violeta hoje...

– Muito bem – a elfa continuou, sem se dar conta do embate interno de seu irmão – não vou insistir, El. Mamãe me disse que era uma carta de aniversário. Eu fiz questão de trazer comigo... mas esqueci de trazer algum presente meu.

– Lily...

– El, escuta – ela o encarava. – Eu sei que não agi muito bem ontem e hoje. Foram muitas coisas acontecendo, e aquela Faena me tirando do sério. Foi ela que fez isto aqui, não foi?

Lyriel tirou um saquinho de ervas com uma pedra do sol de seu bolso. Seu irmão olhou para o objeto, suspirou e assentiu.

– Acho que sim, Lily – ele disse. – Onde você achou?

– Quando você entrou na fonte e curou Dufel, isso caiu do seu cinto e ficou lá no fundo. Eu vi e percebi que você tinha se dado ao trabalho de esconder entre suas roupas, então, devia significar algo para você. Tome. Faça o que quiser com isso.

Ela deixou o saquinho em cima da carta, com uma careta levemente enojada. 

– Obrigado, Lily – ele sorriu. – Eu sei que você está contrariando todas as suas convicções ao me dar isso.

– É... – ela resmungou. – Eu aprendi uma coisa ou outra sobre não deixar a raiva levar a melhor, El. Afinal, as pessoas podem simplesmente sumir e tudo que vai restar é o seu arrependimento e a vontade de ter dito "eu te amo"... ao invés de "se quiser morrer, morra".

Neste momento, Lily baixou os olhos, mas mal teve tempo de corar. Ela sentiu a mão de Eladar em sua cabeça, suave. 

– Oh, Lily – ele disse. – Eu não levei isso a sério, maninha...

A garota suspirou, olhando para seu irmão. Fitou os olhos dele, sempre tão gentis, e sentiu o coração apertar. É claro. Você não consegue nem mesmo ficar bravo com a mulher que o raptou, ao que parece. Deusa... E então, em um impulso, Lily levou as mãos ao pescoço e tirou o crescente que sua mãe havia lhe dado.

– El – ela disse. – Sei que a mamãe deu o pingente dela para mim e o do vovô para você. Mas nós deixamos o seu com a Clahel, e agora... eu quero que fique com este.

– Lyriel, este é seu.

    – Por ser meu, eu posso dá-lo a quem eu quiser,não é? – Ela ralhou, mas depois respirou fundo. – Por favor, El. É importante para mim    

Mesmo hesitante, Eladar assentiu. Sua irmã ainda estava preocupada e amedrontada; se aquilo ia ajudá-la a se acalmar um pouco, ele achava melhor aceitar. Percebendo a aceitação do rapaz, Lily se aproximou, colocou o crescente no pescoço dele e, depois, beijou sua testa.

– Que a Deusa te proteja, meu irmão – ela disse – porque eu nunca mais quero ter que ir atrás de você, está me ouvindo? Nunca mais.

O rosto dela começou a tremer de novo, sinal de que Lily estava fazendo um esforço colossal para segurar as lágrimas. Eladar colocou a cabeça de sua irmã sobre seu ombro e depois a envolveu em um abraço.

– Nunca mais, maninha – ele disse. – Eu prometo.  

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