Duas de mim

By LaraGPF

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Yonara, mais conhecida como Sophia, um nome artístico de uma vida nada comum para uma adolescente de dezesset... More

Introdução
Notinha:
Capítulo 1
Capítulo 2
Capítulo 3
Capítulo 5
Capítulo 6
Capítulo 7
Capítulo 8
Capítulo 9
Capítulo 10
Capítulo 11
plantão da notícia
Capítulo 12
Capítulo 13
Capítulo 14
Esclarecimento:
Capítulo 15
Capítulo 16
Victor narrando
Capítulo 17
Episódio 18
Capítulo 19
Capítulo 20
Capitulo 21
Capítulo 22
Capítulo 23
Capítulo 24
Capítulo 25
Capítulo 26
Capítulo 27
Capítulo 28
Capítulo 29
Capítulo 30
Capítulo 31
Capítulo 32
Capítulo 33
Capitulo 34
Capítulo 35
Capítulo 36
Capítulo 37
Capítulo 38
Capitulo 39
Capítulo 40
Capítulo 41
Capítulo 42
Capítulo 43

Capítulo 4

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By LaraGPF

Yonara narrando

Termino de fazer um sanduíche, pois foi única coisa que eu realmente consegui fazer. Faço para mim e um enorme para Victor, que não demorou vinte minutos já estava batendo na porta aqui de casa.

-Esse grandão é pra mim?

-O que você acha? -Retruco, franzindo a testa.

Ele rir e pega o sanduíche e vai para a sala. Pego os copos de suco e deixo em cima da mesa de centro, em frente ao sofá. Sento ao seu lado e deixo o meu celular de lado, provavelmente teria várias mensagens inadequadas.

Quando voltei a olhar para Victor ele estava devorando o sanduíche em uma bocada só. Bati em seu braço, mas mantinha um sorriso enorme no rosto. A forma que ele comia chegava ser engraçada, parecia até que nunca havia comido um sanduíche.

-Está muito gostoso. Você é a melhor cozinheira. -Disse me enchendo de elogios.

-Victor, eu não fiz nada demais. Só peguei alface, tomate e o recheio para o sanduíche, nada demais. -Bebo um pouco de suco. -Isso não é cozinhar.

Victor puxou o meu queixo bruscamente e colou nossos lábios. Senti o gosto do patê de frango na minha boca e a língua insaciável dele cruzando com a minha.

-Victor! -Resmungo entre o beijo e o empurro pelo peito de forma brincalhona. -Seu nojento.

Ele rir e dá mais uma mordida no sanduíche.

-Melhor sanduíche. -Elogiou mais uma vez.

-Mentiroso.

-Claro que é, foi a minha Barbie que fez. -Falou de boca cheia.

Ligo a televisão e ponho na netflix, coloco na minha série favorita, que também é a série favorita do meu gostosão, Grey's Anatomy. Deixo o sanduíche de lado e me aninho nos braços de Victor, ouvindo o batimento do seu coração.

Ficamos assim por mais de quatro episódios e cada vez mais agarradinhos, até minha mãe chegar e flagrar a gente. Outras mães ficariam surtadas, no entanto minha mãe faltou dá pulinhos de alegria.

-Boa noite sogrinha. -Disse Victor, com as bochechas coradas. Ele nem precisava sorrir para deixar claro a sua felicidade.

-Boa. E que noite hein?! -Cumprimentou mamãe.

Revirei os olhos assim que a vi toda feliz ao ver nos dois juntos, quase achei que ela já iria chamar o padre e me colocar num vestido branco para me casar.

-Vou para o quarto Yonara. Fica a vontade Victor. -Disse levando o meu sanduíche intocável.

-Vai logo mãe. -Falo, dando de ombros e antes de sair da sala, beijou minha cabeça e saiu sorrindo.

-Viu? Até sua mãe fica feliz em nos ver juntos.

-Nos ver junto é uma coisa, agora a gente ficar junto é outra né? -Retruco cruzando os braços.

-Lá vem você de novo com essa historia...

Dou pausa no episódio que acabara de começar, de braço cruzado, viro-me para encarar Victor que já sabia o rumo que toda essa conversa levaria.

-Do que adianta estarmos juntos agora como um casal se na verdade nem isso é? -Questiono. Ele passa as mãos no rosto e suspira fundo.

-Eu já te pedi em namoro de novo umas mil vezes... e qual foi a sua resposta? Ah já sei. ''Não''. -Disse imitando o meu jeito.

Passo a língua nos lábios e desço o olhar. Depois de uns segundos, volto a olha-lo.

-Porque você não tem ambição. Você não se preocupa com o futuro, ou seja, não se preocupa com nós. -Falo, em seguida mordo o lábio de tanta raiva.

-O que ter ambição tem haver com nós, Yonara? -Indagou, estendendo as mãos para o ar. -Yonara, eu amo você e, eu sei que temos que nos preocupar com o futuro, mas eu estou dando o meu melhor. Estou trabalhando, logo estarei fazendo um curso técnico de mecânico e poderei até abrir a minha oficina... -Seus olhos brilhavam ao falar.

-Mas quanto a mim? A onde que eu entro nessa historia? Eu não quero morar aqui, não quero ser mais uma infeliz...

-Infeliz? Por que infeliz?

-Eu quero ser rica. Quero poder ter tudo o que eu quero sem me preocupar se farei contas ou se no final do mês terei dinheiro para pagar. Eu quero viajar, conhecer lugares bonitos...

-Você é deslumbrada, Yonara. Esse é o seu problema, acha que pode ter tudo assim num estalar de dedos...

-E eu posso! -Digo com determinação. Seu olhar fica semicerrado, quase desconfiado. -Quer dizer, é só ter um plano. Uma meta e conseguiremos.

-Eu tenho uma meta.

-Ah é? Qual? Porque a única coisa que eu vejo você fazendo é se desgastar naquela oficina suja. Trabalhando igual um condenado. E ganhando um mísero salário que mal sustenta sua família.

Ele fecha a cara assim que eu termino de falar e vira o olhar.

-Yonara, você não sabe como a vida pode ser dura.

-Eu sei como a vida é dura, Victor. Mas você acha que ficar só sentado lamentando algo vai mudar? Não! A mudança começa por você.

Ele nega com a cabeça, inconformado.

-O que quer que eu faça? -Indagou curioso. -Que eu deixe o meu emprego estável para ir atrás de algo que é imprevisível? -Perguntou dessa vez com o olhar cravado no meu. -Yonara, eu tenho família para sustenta, como você bem diz. Minha mãe, meu irmão e meu avô contam comigo para eu dar o que comer a eles. -Falou com a mandíbula rígida. -A vida não é um conto de fadas, tu bem sabe disso.

Passo as mãos no rosto, frustrada.

-Já pedi umas quinhentas vezes para você tentar fazer uma faculdade. Você é bom com números, talvez pudesse até ser contador, ou quem sabe um físico, engenheiro... Tantas oportunidades, Victor. Você sabe o quanto você é talentoso, inteligente e bom no que faz. Você pode ser muito mais do que é. Pra quê desperdiçar tanto talento numa oficina suja?

-Yonara! Você já parou para pensar que se eu trabalho nessa ''oficina suja'' é porque talvez eu goste? Porque eu gosto e amo o que faço. Meu Deus do céu. -Sua voz se alterou.

Era quase difícil acreditar que uma pessoa normal possa gostar de trabalhar naquele chiqueiro que se diz ser uma oficina. É impossível. Victor só pode estar brincando com a minha cara.

Nego com a cabeça boquiaberta.

-Eu sei que você quer uma vida de conforto, e talvez eu possa dar... -Sua voz ficou mais suave. -Case comigo. Vamos morar juntos, eu arrumo um cantinho para nós dois e um vai ajudar o outro...

Levanto-me atordoada. Passo a mão nos cabelos e penso em rir diante daquele convite que mais parecia um pesadelo.

-Você acha mesmo que eu quero ser uma pessoa fútil? Uma mulherzinha que só serve para cuidar da casa e parir filhos? Não, de jeito nenhum. Eu quero muito que você fique ao meu lado, o meu desejo é que você seja o homem que cresça ao meu lado. Mas, no entanto, não quero o mesmo que você quer. -Termino de falar e noto o quanto ele ficou magoado.

-Você me impressiona cada vez mais. Eu tento, juro que eu tento não dar ouvidos o que as pessoas falam de você, mas agora vejo o quanto tu é egoísta, interesseira e além do mais muito deslumbrada. É melhor você pensar no que você realmente quer e se de alguma forma eu estiver nos seus planos, me avise. -Ele diz e logo se levanta do sofá. -Obrigado pelo sanduíche. -Falou sem olhar nos meus olhos.

-Victor, eu só quero que você me entenda. Pense um pouco em nós, ou melhor, na sua família. Você não quer dar um futuro melhor a eles? Ao Nícolas? Uma boa escola? -Questiono e cito o nome do seu irmão caçula.

Ele dá uma risada forçada, e com a cabeça balançando de forma negativa, seu olhar paira no meu.

-Você só ficaria ao meu lado se eu tivesse bem de vida? É isso, Yonara? Só ficaria comigo se eu tivesse grana?

Paro um pouco para pensar sabendo que praticamente estou em um campo minado e qualquer movimento em falso, tudo explode.

Respiro fundo e engulo em seco.

-Claro que não! -Falo, sinceramente. -Mas se você tivesse força de vontade de mudar as condições que você se encontra hoje ficaria mais fácil para eu decidir. -Admito.

Ele passa a língua nos lábios, joga a cabeça um pouco para trás e fecha o punho.

-Eu tenho uma casa. Graças a Deus nunca me faltou nada, por isso agradeço tudo o que tenho, e ainda assim você acha que é pouco? Tem gente que nem isso tem...

-MAS VOCÊ PODE TER MAIS. Você pode melhorar isso. Meu Deus! -Altero a voz, irritada com tamanho comodismo. -A vida é muito mais do que uma casa, uma casa que nem lá é essas coisas. Você não consegue entender que eu quero só o seu bem?

-O seu bem pode ser diferente do meu bem. A sua ambição em crescer está te cegando, Yonara. Um dia esse será o seu pior erro. -Ele se vira de costas para mim, pronto para sair. -Ter você ao meu lado já seria a minha maior vitória, mas acho que não estamos na mesma sintonia, infelizmente. É melhor você pensar um pouco e pôr na sua cabeça de uma vez por toda que se continuar dessa forma, ambiciosa e interesseira, poderá me perder para sempre. -Finalizou, pegou a sua jaqueta e saiu dramaticamente, sem olhar para trás.

Mordo o lábio e a primeira coisa que faço é jogar o prato de vidro contra a parede em uma tentativa frustrada de aliviar a raiva que eu transbordava. Sinto as lágrimas descerem lentamente pelo meu rosto.

Olho ao redor da sala e tento entender como isso tudo terminou assim.

Primeiro, por que ele tem que ser tão cabeça dura?

Eu sou ambiciosa sim, porque sei que tenho futuro, tenho talento e posso ser muito mais do que sou hoje. Por acaso é errado querer uma vida de conforto? Uma vida financeira estável?

É claro que não!

-Filha? -Ouvi a voz da minha mãe logo atrás de mim, a mesma estava parada perto do corredor com o semblante de pura preocupação. -O que aconteceu?

-Aconteceu que eu tentei mudar a cabeça medíocre daquele idiota, imbecil do Victor, porém é uma missão impossível. Ele é um idiota que vai apodrecer naquela oficina suja. -Digo com ódio nos olhos.

Se eu fosse rica ao menos, poderia quebrar todos os copos e pratos de vidros, até mesmo o vaso que minha mãe comprou no brechó, contra a parede, mas não, eu sou pobre e no máximo só posso quebrar um prato para descontrair a minha raiva.

-Eu o odeio! -Grito inutilmente. -Odeio você, Victor! -Olho para a porta, como se ele estivesse ali ainda.

-Eu ouvi a conversa e acho que ele está certo, Yonara. Você não pode pôr a carroça antes do burro. É tolice querer ser mais do que você é.

O ódio que eu sentia se multiplicou mil vezes. Fuzilei minha mãe com sangue nos olhos.

-Olha quem fala, uma mulher medíocre que preferiu largar os estudos pela metade para se casar um com bêbado, cachaceiro, e agora olha para você. Uma empregada que mal consegue criar a sua filha com o salário que ganha.

Noto os olhos cheios de lágrimas da minha mãe e só depois de falar, percebo a dureza nas minhas palavras. De qualquer forma, estou certa. Não tenho culpa se todos aqui pensam com o cérebro do tamanho de uma azeitona.

Antes que eu fale mais alguma coisa, pego o meu celular e vou para o quarto pisando fundo. Só faltava sair fogo pelas minhas narinas de tanta raiva.

Tranco-me no quarto e me jogo na cama. Mesmo estando com raiva, choro. Choro de soluçar. Nunca pensei que voltaria a chorar assim de novo, mas olha o que o paspalho do Victor fez comigo. Ele não me ama o suficiente, pelo contrário, quer que minha vida seja uma coisa medíocre e normal. Quem ama luta pelo melhor e eu o amo tanto que sempre penso no seu futuro, nas coisas brilhantes que ele poderia fazer se voltasse a estudar, trabalhasse em algo melhor.

Mas não. Ele quer continua nessa pobreza, nessa vida miserável e cheia de lamentações.

Não quero ser igual a minha mãe. Não quero ser igual essas meninas que casa e se esquece até mesmo da própria vida só para cuidar do marido e dos filhos catarrentos.

Enxugo as lágrimas e deito em posição fetal. Mesmo que essa vida que levo não me leve a nada, farei o meu melhor. Estudarei e serei alguém a ser respeitada. Por onde eu passar todos abaixará a cabeça para mim, nem que pra isso eu perca todos que eu ame... Até mesmo Victor, que por sinal já fez a sua escolha.

-Eu prometo diante de mim mesma que farei todos os meus sonhos se realizarem. Todos.

Um dia, poderei ajudar a minha mãe e ela jamais precisará fazer faxina na casa de ninguém, nem mesmo passará humilhação.

Eu vou ter tudo o que quero. Tudo


***

Genteeeeeeee, que DR. MEU DEUS!

O que vocês acharam?

Quem está certo nessa discussão toda? Hein?

Sei que demorei a postar, mas graças a Deus consegui ter ideias, talvez saia mais um capítulo ainda hoje. HEHEHE.

Imagem da mídia é uma demonstração.

Beijos, Lara <33333333

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