por Uchiha Sasuke...
Sakura mergulhou mais uma vez, atravessando o largo rio de uma margem a outra.
Há horas ela estava ali, nadando tranquilamente desde que nos deparamos com o soar da água corrente. Era irritante como ela conseguia transformar as coisas numa simples viagem de férias.
Observava a sua diversão de uma árvore próxima, sentado com as costas apoiadas no tronco, um joelho flexionado. O perímetro até então era seguro, mas meus olhos não a deixavam por um minuto.
Estávamos nos arredores do litoral do país do Fogo, perto dos portos que davam acesso ao país da Nevoa. Haviam se passado dois meses desde que Sakura juntou-se a nós e há três dias esperávamos Karin retornar de uma reunião com o então Mizukage. Ela e Juugo partiram com uma declaração do Rokudaime Hokage, com permissão para agir em nome da Folha. A Névoa gostava ainda menos de mim do que do restante da Taka, e nem de longe eu estava indo permitir que Sakura saísse das minhas vistas, de modo que consegui que Kakashi nomeasse Karin uma representante a fim de conseguir informações sobre nukenins de Kirikagure. O caso era que algumas rotas de antigos nomes de guerra poderiam resultar numa participação deles, mesmo que de forma indireta, para com os planos frustrados de Kaguya e todo o resto daquela bagunça.
– Você parece um velho rabugento com essa capa preta. Já se deu conta do sol maravilhoso que temos hoje? – Comentou Sakura, pondo-se de pé ao retornar da outra margem. A água já batia nos seus joelhos, obrigando-a a caminhar durante o resto do percurso até mim.
Não usava mais que seu costumeiro short acinzentado e uma camiseta fina e branca, que normalmente vestia por debaixo do uniforme rosado. A saliência de três meses ficou mais evidente, impregnada pelo tecido molhado, marcando não só aquela, mas todas as outras mudanças do seu corpo. Estaria sendo hipócrita se dissesse que ignorei o quanto seus seios estavam inchados e o quanto a fragilidade daquela camiseta deixava eles tão vivos. No entanto, ainda que majestosos, a coisa que eu mais gostava de velar era as linhas esféricas e ainda sutis do seu abdômen.
Ela sabia que eu a estudava atentamente e não se abalou, tão pouco me preocupei em fingir ser indiferente. Sentou-se ao meu lado, alcançado o sobretudo que passou a usar vez ou outra quando não podia se proteger com chakra dos intempéries frios. Cobriu os próprios ombros e respirou fundo, o nariz erguido para com a brisa, a postura ereta para receber melhor o ar. Em uma reação curiosa, um vento soprou ao nosso redor e algumas folhas secas tintilaram contra a grama. Admirei as linhas de seu queixo, demorando-me nelas antes de subir a atenção para as maçãs avermelhadas, assim como a ponta do nariz.
– Sente-se melhor? – eu quis saber.
Os últimos dias tinham sido difíceis. Sakura estava enjoando bastante, a circulação sanguínea das pernas ficavam tensas vez ou outra, pesando ao caminhar demais. Tínhamos desacelerado nas trilhas, de modo que decidi procurar as pistas mais próximas, em vez de buscar as mais distantes primeiro.
– Meu corpo está tão leve – ela sorriu em resposta, mas não se virou pra mim. Continuou sentindo a brisa acariciar suas narinas.
– Você deveria ir nadar também. A água está perfeita: nem gelada e nem quente. Minhas pernas estão tão aliviadas, acho que não vou sentir muitas cãibras por essa semana.
– A vila fica em alguns dias...
– Nós já conversamos sobre isso, Sasuke. Não vou voltar.
Soltei o ar pelo nariz. A cada dia que passava, eu me convencia um pouco mais de que era inútil tentar combater sua teimosia.
– Você conversou – murmurei.
Era verdade, ela batera o pé contra minhas tentativas de leva-la de volta. Afirmou que seria útil com suas habilidades, aliviando Karin da função de ninja médica, atribuindo-lhe só a carga sensorial. Não achava que precisávamos de tanto, mas nenhum dos outros dois foi capaz de me apoiar e contradizer Sakura. A Taka simplesmente me ignorou nas discussões.
Juugo tinha ficado próxima dela, protegendo-a nos calcanhares, acho que ele finalmente havia simpatizado com alguém de forma natural. O que antes era um homem calado e cometido, até sorria com frequência agora. Mesmo Karin, um pouco incerta de como agir as vezes, tinha desenvolvido uma espécie de laço com minha esposa. Eu ficaria surpreso se tivesse sido diferente, Sakura era simpática e atenciosa. Checava a todo momento se estavam todos bem, compartilhava sempre que podia alguns iniciações científicas com Karin e discutia a biologia da fauna com Juugo.
Observava tudo isso a distância daquele trio inusitado, caminhando sempre um pouco mais a frente deles, mostrando o caminho, embora ainda me rendesse a algumas provocações e piadas. Cheguei a acusá-los de motim em uma noite de acampamento.
Não podia negar que estava sendo algo bom, tê-la por perto, vigiá-la, vela-la e estar lá para apoia-la nos desconfortos. Sakura não dormia direito por causa das crises de azia. Karin tentava aliviá-las com massagens de chakra, mas o efeito era muito curto.
– Nós concordamos, Sasuke – contrapôs, trazendo-me de volta pra realidade.
– Você concordou...
– Quer saber, foi sim. O que quer dizer que nada mais precisa ser debatido. Se tivesse ficado em casa, ou em algum dos esconderijos, quando eu teria a oportunidade de conhecer essa altura maravilhosa do rio?
– Precisa se trocar, já estamos tempo demais aqui.
– Mais 500 metros ao sul?
– Sim.
– Vamos descer junto as margens, não é?!
– Sakura... – tentei, fechando os olhos e respirando fundo. Ela tinha ficando muito habilidosa em testar minha paciência. Certamente, fazia isso de propósito – se ficar com a roupa molhada, vai pegar um resfriado.
– Kami-sama, não achei que pudesse ficar ainda mais chato – bufou, deixando a capa grossa cair em meia lua ao redor do seu quadril.
Prendi a respiração quando ela se livrou da regata, passando-a pelos braços, assim mesmo sem mais nem menos, espreguiçando-se como um felino. O tecido ensopado caiu em um montinho do outro lado e antes que eu pudesse tentar recuperar o fôlego, Sakura baixou o meu joelho flexionado e montou no meu colo.
– O que está fazendo..? – De alguma maneira, tinha conseguido projetar aquela pergunta. No entanto, a pele rosada, cobertas por gotas singelas de água e completamente nua da cintura para cima, me tirou o ar.
– Saberá quando alguém vier, não é? – ela sorriu, erguendo meu queixo para que eu a olhasse nos olhos.
Lá estavam eles, o brilho verde em chamas, consumindo-me. Sakura rebolou suavemente sobre mim, sorrindo de maneira serena enquanto meu corpo tremia ao senti-la ainda mais.
– Por mais que eu os ame agora, fico feliz que Karin e Juugo precisaram sair. Há dias venho sonhando coisas que não posso fazer com eles por perto.
– Você tem sonhado?
– Sim... – deu de ombros – Acho que são os hormônios.
Não sei se estava entendendo bem o que ela queria dizer, tão confortável e sem timidez. Talvez eu estivesse só ignorando, incrédulo.
– Tem sonhando comigo?
Sakura assentiu, como uma criança travessa.
– E você tem feito coisas incríveis...
Então ela me mostrou, diversas vezes debaixo daquela árvore, sobre a grama úmida pelo orvalho da jovem manhã, o quão incrível tinham sido seus devaneios. Quanta fome ela sentia de mim...
Certamente, fora diferente de todas as vezes. Não melhor, ou pior, apenas diferente e tão incrível quanto. Talvez fosse o fato de estarmos a céu aberto, longe da segurança intima de um quarto; ou a gravidez de Sakura, cada dia mais presente; ou o simples fato de ter sido apenas sexo. A expressão carnal, plena e mais literal possível da palavra.
Talvez fosse um pouco dos três.
No fim, a respiração de Sakura estava tão urgente e desregular quanto a minha. Buscávamos desesperadamente por ar, ainda que a necessidade soasse de uma maneira prazerosa, enquanto nossos corpos formigavam pelo êxtase recente. A pele dela, em algum momento, queimou as gotas do rio e as substituiu por inúmeras outras de puro suor. Eu ainda podia sentir os espasmos do seu corpo, deitado sobre o meu. Se Sakura continuasse com aquelas descargas, enquanto ainda estávamos ligados...
– Gosto dos seus hormônios.
Seu riso doce, divertido e satisfeito preencheu o ar.
– Gosto mesmo dos seus hormônios.