Puro Pecado

By AnaCarolinaMonteiro

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Henrique “Rico” Carvalho sempre foi um cara tímido mas que por causa de sua beleza sempre teve ao seu redor e... More

Puro Pecado
Antes da história...
Capítulo I
Capítulo 3
Bônus - Marcelo
Aviso
Capítulo 04
Bônus - Malu
Capítulo 05
Capítulo 06
Capítulo 07
Capítulo 08
Capitulo 09
Bônus - Malu (Parte um)
Capítulo 10
Bônus - Malu (Parte dois)
Capitulo 11
Capítulo 12 - Parte um
Capítulo 12 - Parte dois
AVISO
Spoiller

Capitulo 2

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By AnaCarolinaMonteiro

(PROIBIDO para menores)

Antes de postar o capítulo gostaria muito de agradecer a todos que leram, votaram e comentaram até o momento. Não imaginei que em uma semana teria tantas leituras assim.

No mais é isso. Quem gostar vote e comente. E vamos ao capítulo. Beijos!

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No dia seguinte, assim que chego ao banco Carlos já está sentado na minha mesa me esperando.

- Cara! Eu ainda não acredito. Confirma pra mim: você pegou a gostosa marrenta?

Dei uma risada marota. É claro que essa seria a primeira pergunta. Todos nos viram sair juntos do Chinês ontem. Sei que a Gabi não gostou muito, mas nunca havia prometido nada a ela, quanto mais, amor eterno.

- Ah Carlos. Só te digo uma coisa. De marrenta ela num tem nada.

- Rico você é meu herói! E vão se ver de novo?

- O que você acha?

Ainda ficamos algum tempo papeando, até que o gerente-geral passou nos cumprimentando:

- Henrique! Carlos! Bom dia!

Voltamos rapidamente para nossos afazeres. Eu e minhas análises para cadastro, Carlos e seus clientes desesperados.

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Já se passaram duas semanas e não a vi novamente.

Ela não voltou ao bar. Nem mesmo o Marcelo tinha notícias. E claro, não queria ficar perguntando pra ele. Nem o nome dela eu tinha perguntado. Imagina se ia dar bandeira pra saber o motivo do sumiço?

Durante toda a semana anterior o ouvi falando sobre ela: como era linda, educada, amável, engraçada... Até que pedi pra ele calar a boca porque já tava de saco cheio do mesmo assunto. Não podia dizer que sonhava com ela e com aqueles olhos.

Ainda não tinha conseguido retornar à minha rotina de antigamente, e nem teria como. Aquela menina ainda estava dentro da minha cabeça. As mulheres me cantavam, eu flertava de volta, mas era um ato mecânico, no automático. Só agia assim porque sabia que era isso que me rendia gorjetas altas. E sinceramente, precisava da grana. E por causa dela no fim da noite ia sempre direto para casa.

A única coisa diferente é que estava me divertindo com a Shirley. Claro que não estávamos namorando. Encontrávamos-nos de vez em quando para conversar e beber, e algumas vezes a noite acabava em uma esticadinha até um motel. Quem diria que aquela mulher calma, tranquila e serene se transformava em outra, se mostrando uma louca na cama.

Eu não queria um compromisso. Não sou avesso a ele, entendam. O problema é a minha rotina. Dois trabalhos cansam qualquer um. E um compromisso exige dedicação. O que não poderia oferecer neste momento. A minha sorte era que a Shirley também não estava à procura de um namorado. Ela estava saindo de um relacionamento de vários anos com um babaca, só queria diversão. Pra mim? Isso era o ideal. Nada de cobranças, nada de ciúmes. Éramos livres.

Como não sou bobo nem nada e já planejando uma esticada bem quente depois, chamei a Shirley pra ir ao Bodocó assistir a Satisfaction, a banda de pop rock. E como nada na minha vida é perfeito, foi o sábado que a menina escolheu para retornar ao bar.

Dessa vez, mesmo tendo conversado bastante com o Marcelo, ela ficou me encarando.

A Shirley estava no balcão, próximo de onde eu estava servindo e a cada vez que dávamos um selinho, a menina levantava a sobrancelha pra mim; interrogando-me silenciosamente. Aqueles olhos que me perseguiam nos meus sonhos agora estavam ali, me encarando de maneira curiosa e também raivosa.

Fiquei sem entender. O que ela queria afinal? Não a conhecia. Nem sabia seu nome. Em pouco mais de um mês ela havia me tratado como um fantasma e depois tinha desaparecido. E agora ficava me interrogando? Ela não estava cheia de mexericos[i] com o Marcelo? Que ficasse com ele, ora!

Não a vi indo embora. Acabei terminando minha noite como tinha planejado anteriormente: com a Shirley. Afinal de contas, eu não estava no bar me divertindo e sim trabalhando. As mulheres eram uma questão à parte. Agora seria a hora da festa!

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Na segunda-feira, assim que cheguei do banco minha mãe me avisa:

- Henrique meu querido, ligou uma moça pra você hoje de tarde. Deixei o nome e o telefone dela perto do seu computador. - Chegando ao meu quarto vi o papel onde estava escrito Malu e um número.

Meu Deus, quem era essa Malu? Tentei fazer com que minha memória trabalhasse e me ajudasse a recordar a qual mulher pertencia esse nome. Eu não tinha o costume de dar meu telefone para aquelas que eu pegava no bar. Normalmente ali era tudo coisa de uma noite só e raras eram as que eu repetia a dose. E poucas, muito poucas tinham o telefone da minha casa. Apenas algumas amigas e as ex-namoradas.

Minha curiosidade foi maior do que tudo e decidi telefonar para a tal Malu.

Depois de três toques uma voz doce e mansa me atende:

- Alô!

- Alô. Eu gostaria de falar com a Malu.

- Olha, olha... E não é que você ligou mesmo, Rico. Achei que não me ligaria.

- Como você sabe que sou eu? E, aliás, quem é você? - perguntei, queria muito saber quem era.

- Quanta curiosidade... Você sabia que ela mata o gato?

Aquela voz deliciosa não me era estranha. Será? Será que era ela?

- Dê-me algumas dicas de quem é você. Pelo nome e pela voz não recordo.

- Claro que você não vai recordar meu querido. Você na realidade não me conhece... Mas isso pode mudar. Basta você querer.

Que mulher é essa? Uma grande provocadora isso sim. Ela deu um suspiro.

- Ok. Vamos lá. Você quer que eu me descreva? Vamos ver... Sou morena, não muito alta, magra, cabelos e olhos castanhos... Soube mais sobre você no seu segundo trabalho.

- No meu segundo trabalho? Você já foi ao Bodocó? Por que não se aproximou então?

- Gosto de um pouco de mistério, Rico. Criar expectativas...

Ouço ao fundo uma voz gritando o nome dela.

- Me perdoe, Rico, mas estão me chamando e terei que desligar. Podemos nos falar depois?

- Sim. Claro. Mas antes me responda se te verei no bar novamente.

- Isso você pode ter certeza.

E desligou o telefone.

Eu sei que conhecia essa voz. Mas essa Malu não podia ser ela, podia?

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Ela não me ligou novamente e nem eu. Já era quinta-feira e minha mente toda hora voltava para aquela ligação maluca. Ficava pensando quem era aquela Malu. Se fosse a mesma garota do bar... Eu acabaria ficando louco.

Naquela manhã, antes de sair pra trabalhar eu tinha pegado o papel com o número de telefone e guardado no bolso calça. Quer saber? Vou telefonar e dane-se.

- Alô! - uma voz diferente me atendeu.

- É da casa da Malu?

- É sim, mas ela num tá em casa não, seu moço. É alguma coisa importante? Se for eu passo o telefone pra mãe dela.

- Não! - gritei - Não é nada muito importante não. Eu ligo depois. Obrigado.

- De nada!

Claro que ela não estaria em casa, Rico seu burro. Você queria que ela estivesse lá no meio da manhã? E se ela trabalhasse? Decido voltar para meus cadastros, pois uma pilha enorme papéis me esperava.

Antes de terminar meu expediente resolvo ligar novamente pra Malu. Precisava me certificar que ela iria aparecer no bar nesse fim de semana. Queria ter certeza que aquela voz era da pessoa que eu imaginava que fosse.

O telefone dessa vez toca até quase desligar quando uma voz cansada me atende.

- Alô.

Percebo que é a mesma pessoa que me atendeu anteriormente.

- Oi. Eu liguei mais cedo querendo falar com a Malu. Ela já está em casa?

- Ah, olha seu moço a Malu ainda não chegou não. Ela tá na faculdade e num sei a hora que chega não.

- Tudo bem. Obrigada.

Eita mulher difícil essa. Eu teria mesmo que esperar. E torcer muito para que aparecesse e fosse quem eu estava pensando.

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Sábado meu mau humor estava beirando ao impossível. Na sexta o bar tinha lotado. A tal Malu não tinha aparecido e a menina também não. E pelo que estava vendo a noite de hoje também seria complicada.

O bar estava entupido. Nunca tinha ficado tão cheio como hoje. Simplesmente não estava com tempo nem de respirar.

Até que escutei aquela voz me chamando pelo nome.

Olhei na direção de onde vinha a voz e congelei. A menina estava ali e mais linda que nunca.Opa! Ela sabia meu nome?

- Ei Rico! Será que você pode me atender?

Mas antes que eu pudesse chegar mais perto, um Zé Mané a segura pela cintura e lhe dá um beijo na bochecha. Meu sangue ferveu na hora.

Porém, ao observar bem vi que o Zé Mané era o guitarrista da Satisfaction. Mas o que mais me surpreendeu foi o diálogo que eles travaram:

- Malu, minha linda! Achei que você não viria comemorar meu aniversário comigo.

Oh! Ela era a Malu! A dona dos olhos mais lindos que já tinha visto era a mesma que tinha me ligado. Ela se virou, o abraçou pelo pescoço e eles ficaram se olhando enquanto conversavam. Fui ficando mais nervoso.

- Ahhhh João... Assim que recebi seu recado eu combinei com a Camila de virmos pra cá. Não perderia seu aniversário por nada, meu amor, e muito menos a chance ver vocês tocando.

- Linda, para de graça. Você tá cansada de ver a gente tocando.

- Mas antes era diferente, João. Eram ensaios e agora vocês estão tocando pra casa cheia. E além do mais, adoro ver o jeito como a mulherada se desmancha pra você.

O quê? Meu amor? Eu estava escutando direito? Era isso mesmo? Ela tinha uma coisa com o João e não era ciumenta? E ainda tinha me ligado? Meu Deus, onde eu estava querendo me meter?

- Estava aqui pegando algo pra beber, linda? Vamos quero te levar nos caras.

- Espera um minuto... - ela se virou pra mim - Rico, uma coca.

Saí do meu transe e entreguei a coca-cola para ela.

Puto da vida, a vi sair de mãos dadas com o João. Juro que minha vontade era de pular o balcão, a puxar pelo braço e beijar aquela boca deliciosa. Vontade, vontade, vontade, vontade. Não poderia fazer nada disso.

A perdi de vista. Como o lugar estava muito cheio, não tinha como ver pra onde ela tinha ido.

A confusão era imensa. A banda começou a tocar e o público foi ao delírio. Eu só ficava ouvindo e cantando junto. Era só pedido atrás de pedido. Nisso, escuto pelos alto-falantes:

- Pessoal, hoje é aniversário do nosso guitarrista, tão querido por todos vocês - Só se ouviam os gritinhos das mulheres e as palmas dos caras - Então, ele resolveu fazer uma surpresa e cantar pra vocês! Vai lá, João!

Vejo João pegar o microfone e dizer:

- Desde que comecei aprender a tocar violão, essa insuportável menina linda vivia me torrando a paciência para aprender a tocar as músicas de sua banda preferida. E enquanto eu não aprendi, ela não sossegou. Malu!! Essa é pra você!

Juro! Ainda bem que eu não sofria do coração porque senão eu já tava mortinho, duro e gelado aqui no chão. Quando os primeiros acordes da guitarra começaram e logo depois entrou a bateria, eu já sabia que música era. Essa também era a minha banda preferida. Era Mensagem de amor, dos Paralamas do Sucesso.

"Os livros na estante já não tem mais tanta importância

Do muito que eu li, do pouco que eu sei

Nada me resta

A não ser a vontade de te encontrar

E o motivo eu já nem sei

Nem que seja só para estar ao teu lado

Só pra ler no teu rosto

Uma mensagem de amor"

Agora isso tudo estava me dando nos nervos. Porque ele estava cantando logo essa música? Era algum tipo de mensagem?

Procurei por ela ao redor com os olhos e a encontrei do lado oposto ao que eu estava no balcão. Próxima do Marcelo olhava carinhosamente para o homem que estava no palco, cantando junto com ele.

"A noite eu me deito então escuto

A mensagem no ar

Tambores rufando

Eu já não tenho nada pra te dar

A não ser a vontade de te encontrar

E o motivo eu ja nem sei

Nem que seja só para estar ao teu lado

Só pra ver no teu rosto

Uma mensagem de amor

No céu estrelado eu me perco com os pés na terra

Vagando entre os astros

Nada me move nem me faz parar

A não ser a vontade de te encontrar

E o motivo eu ja nem sei

Nem que seja só para estar ao teu lado

Só pra ler no teu rosto

Uma mensagem de amor"

Ao término da canção, bateu palmas e assoviou várias vezes. Achei graça. Ela me parecia uma moleca. Chamou o Marcelo, disse algo no ouvido dele, apontando para o João no palco. Meu irmão soltou uma gargalhada, fazendo uma expressão de que não acreditava no que ela lhe disse.

Já eu tinha a nítida sensação de que vivia numa realidade paralela, como se eu tivesse sido teletransportado para outra dimensão, da qual eu só fazia parte como mero espectador.

Marcelo, mesmo atendendo os clientes continua conversando com Malu e rindo. Nisso, uma outra garota se junta a eles e percebo que aquela deveria ser a tal Camila amiga dela. Bonita, mas não tão linda quanto Malu.

A banda terminou a apresentação e o João foi literalmente cercado pela mulherada. Dei uma olhada de relance para a Malu e ela o observava admirada, se sentindo orgulhosa por ele; que abraçou uma loira e se aproximou.

Malu novamente, e sem se importar com a loira que estava à tiracolo, se jogou nos braços dele dando dois beijos estalados em sua bochecha e lhe desejou parabéns. João a apertou e disse que estava indo. Ela se despediu deles e continuou por ali. Agora minha cabeça tinha dado um nó. Eles tinham se chamado de apelidos carinhosos... Ele dedicou uma canção a ela... E era uma canção romântica, por sinal. E agora ele ia embora com outra e ela não estava nem aí? Em que mundo era esse que eu estava vivendo? Bom... Mas se ela aceitava esse tipo de comportamento vindo dele quem era eu para julgar.

Com o fim da apresentação da banda as pessoas começaram a ir embora e quando o meu expediente encerrou, perguntei pro Celo se ele já tinha conversado com o padrinho e se iria comigo. Eu não tinha visto a hora que a Malu saiu. Na pressa de deixar tudo arrumado não a observei.

Cheguei perto de onde tinha estacionado meu carro e qual não foi minha surpresa ao ver Malu e a amiga paradas mais à frente. Talvez esperavam um taxi. Na mesma hora minha mente girou com milhares de ideias...

Olhei para o Marcelo e apontei pra elas.

- Vamos oferecer carona?

- Opa! Até se você não quisesse eu ofereceria. Mesmo o carro sendo seu. - e soltando uma gargalhada abriu a porta traseira do meu Pálio e se sentou.

Entrei, arrancando e parando perto delas. Abri um sorriso, desci o vidro e no modo sedutor perguntei:

- Ei Malu. Quer uma carona?

[i] Mexerico: fato ou coisa contada em segredo

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