O que Acontece nos Bastidores

By CFernandes_

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♥ História completa ♥ Você já teve a curiosidade de saber o que acontece quando as câmeras do seu programa fa... More

Piloto
Conhecendo os Personagens
Episódio 0 - Antes da Cortina Subir
Episódio 0 - Antes da Cortina Subir : Parte 2
Episódio Especial - E as 10 candidatas são...
Episódio 1 - Nos Bastidores
Episódio 1 - Nos Bastidores : Parte 2
Episódio 2 - A Primeira Eliminação
Episódio 2 - A Primeira Eliminação : Parte 2
Episódio 2 - A Primeira Eliminação : Parte 3
Episódio 3 - Na Sombra de Nove Garotas
Episódio 3 - Na Sombra de Nove Garotas : Parte 2
Episódio 3 - Na Sombra de Nove Garotas : Parte 3
Episódio Especial - Sobre as Duas
Episódio 4 - Descobrindo Algumas Coisas...
Episódio 4 - Descobrindo Algumas Coisas... : Parte 2
Episódio 4 - Descobrindo Algumas Coisas... : Parte 3
Episódio 5 - Uma Eliminação Surpresa
Episódio 5 - Uma Eliminação Surpresa : Parte 2
Episódio 5 - Uma Eliminação Surpresa : Parte 3
Maratona O Que Acontece Nos Bastidores!
Episódio 6 - Um Pedido
Episódio 6 - Um Pedido : Parte 2
Episódio 6 - Um Pedido : Parte 3
Episódio 7 - Hoje, a Meia-Noite
Episódio 7 - Hoje, a Meia-Noite : Parte 2
Episódio 7 - Hoje, a Meia-Noite : Parte 3
Episódio 8 - Consequências & Aulas
Episódio 8 - Consequências & Aulas : Parte 2
Episódio 8 - Consequências & Aulas : Parte 3
Episódio 9 - Uma Visita
Episódio 9 - Uma Visita : Parte 2
Episódio 10 - E Restam Apenas 3
Episódio 10 - E Restam Apenas 3 : Parte 2
Episódio 10 - E Restam Apenas 3 : Parte 3
Episódio 11 - Beijos que machucam...
Episódio 11 - Beijos que machucam... : Parte 2
Episódio 11 - Beijos que machucam... : Parte 3
Episódio 12 - Finalmente!
Episódio 12 - Finalmente! : Parte 2
Maratona final - O que Acontece nos Bastidores!
Episódio 13 - E quando chega o ao-vivo
Episódio 13 - E quando chega o ao-vivo : Parte 2
Episódio Especial - Na visão de um certo baixista...
Episódio Especial - Na visão de um certo baixista... : Parte 2
Créditos
Cena Pós-Crédito
E na próxima temporada...

Episódio final - Quando as Cortinas Fecham...

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By CFernandes_

Só hoje eu resolvi fazer um pouco diferente e falar um pouco antes de começar o episódio. E como o nome já entrega, esse é o final! Aqui meu coração! Chegamos ao último dia de maratona e eu nem sei mais como está esse meu coração, hahahahah

E quem sabe honrando algumas séries, aqui, o episódio final é o maior da temporada! Dava pra separar em duas partes, mas achei melhor não, então é só aproveitar as emoções finais sem interrupções ;)

Obrigada a todos por acompanharem a maratona, vocês são incríveis, e merecem um final incrível também! Espero de verdade que gostem e que se divirtam! Boa leitura!

Não corri já que não quero chamar atenção.

As lágrimas queimam na minha garganta. O motivo principal da minha mágoa estava bem nublada na minha cabeça. Só sinto as lágrimas queimarem a minha garganta, já que eu estou segurando elas com tudo o que tenho em mim.

As palavras machucam, assim como a falta delas. Pequenas coisas voltam com toda a força para o meu coração, e o conjunto e o tamanho final da minha mágoa é bem difícil de suportar.

Me escondo atrás de algumas câmeras e apenas fico ali, fingindo que faço parte daquela equipe e tentando acalmar a minha respiração. Meu olho traidor é atraído para um monitor que já estava mostrando ao vivo a movimentação antes de tudo começar.

No monitor um dava pra ver uma das maquiadoras dando os últimos retoques no rosto do Roger, que sorria e parecia fazer algum exercício vocal.

Pelo monitor dois, eu conseguia ver o olhar perdido do Chuck. Ele já estava posicionado no seu lugar. Bart estava ao lado dele e ele tampou o microfone para falar alguma coisa no ouvido do irmão, antes que Marcelo pedisse que Bart tomasse o seu lugar no palco.

Vi quando os lábios do Chuck se moveram para murmurar um "obrigado". Então ele encara a câmera dois e por um segundo foi como se aquela dor tivesse direcionada apenas a mim. Aqueles olhos verdes perdidos devastaram o meu coração.

Só que ele então fecha os olhos com força, apertando os cílios longos e sacudindo a cabeça com força, passando as mãos por ele, fazendo com que o seu cabelo perdesse parte do penteado e ganhasse aquele aspecto bagunçado que combinava bem mais com ele.

E agora a movimentação no palco era intensa. A equipe correndo de um lado para o outro, ajustando os últimos ângulos das câmeras, testando mais uma vez luzes e microfones, enfim, qualquer equipamento que pudesse falhar.

Queria estar no mesmo barco, ocupando a minha cabeça, mas tudo o que eu conseguia fazer era controlar as lágrimas e continuar a respirar fundo. Tudo o que eu sempre quis e ajudei a construir está acontecendo na minha frente e eu tento me forçar a parecer tão animada quanto deveria estar.

Mordi o interior da minha bochecha e ao fechar os olhos consigo fazer um trabalho melhor em parecer calma. Sinto uma mão no meu ombro. Abro os olhos e vejo que é Bóris do meu lado, com fones de ouvido acoplado num pequeno aparelho de som e uma prancheta de madeira em mãos.

— Muniz, você está bem? — ele pergunta tapando o microfone acoplado aos fones de ouvido que ele usava, que era igual aos que ele segurava.

— Vou ficar bem. Tá tudo bem.

— Nervosismo por causa do primeiro programa ao vivo? Não precisa se preocupar tanto assim... Trabalhamos duro para alcançar os índices de hoje. Estamos no topo. Com folga.

Queria dizer para ele que não era exatamente isso que eu estava preocupada no momento, mas ao escutá-lo informar que estávamos em primeiro lugar, me fez abrir um sorriso. Mínimo, mas ainda sim.

Coloco o pequeno aparelho no bolso e os fones no ouvido. Bóris ainda me entrega um walkie talkie, e me entrega.

— Aqui Muniz, se eu precise falar com você com urgência. Torça para que esse aparelho não toque durante todo o programa. Eu preciso que você resolva qualquer problema, caso apareça alguma, trabalhamos para ser o mais tranquilo possível, mas imprevistos ainda acontecem.

— Certo senhor!

— Nesse fone passará o mesmo áudio que está sendo transmitido para a televisão! Quero olhos e ouvidos atentos! Hoje é o dia que colhemos os frutos mais saborosos dos nossos esforços!

Um show de luzes começa e escuto pelo fone a música de abertura do programa. Aquilo era a nossa deixa para ficarmos o mais silenciosos possível e apenas ficarmos ali para cumprirmos os nossos papéis.

Vejo quando Bóris assume um lugar ao meu lado. Nem tinha percebido que ali era o comando central do programa. Ele senta numa cadeira, a duas de mim, coordenando silenciosamente quais câmeras seriam utilizadas, a hora de cortar, e quando ir de uma câmera para outra.

Ele é o maestro da nossa orquestra.

Tudo está no seu devido lugar. Acompanho as imagens que estão sendo transmitidas por uma pequena televisão que está ao lado do conjunto das imagens das câmeras. 

Começamos alto, com uma imagem aérea do palco final, e vamos nos aproximando aos poucos, e por fim, foca no "prêmio" final da noite. Roger está com um sorriso animado e Chuck está calmo, até um pouco demais. Quando a música de abertura chega ao fim, a câmera volta ao Roger.

— Boa noite meus tão amados telespectadores! — o áudio está perfeito, na altura certa para empolgar o público. — Hoje é a noite. A tão esperada noite. A revelação será feita... E quem será a escolhida? Quem, dentre essas duas beldades, será a grande vencedora?

A imagem muda e focam nas duas belas e ansiosas mulheres. Com sorrisos bobos nos lábios, pareciam olhar o melhor presente de todos. Estavam impecáveis.

Diana com um longo vestido prateado, que fazia a sua pele caramelo praticamente brilhar. Seus olhos estavam desenhados com o mais belo dos delineados, e a boca marcada apenas por um brilho e uma cor bem saudável rosada. Os cabelos soltos em cachos cheios e maravilhosos. Brincos discretos, mas de presentes. Saltos finos e elegantes.

Já Raquel está com um vestido creme, também longo, mas com um decote profundo atrás. Seus cabelos loiros estavam tão lisos quanto era possível. Um batom escuro quebrava toda aquela claridade e fazia um belo par ao encontrar um esfumado escuro em seus olhos âmbares. Sua postura estava perfeita e seu sorriso era algo de se invejar.

Depois de absorver aquelas imagens, eu olho para mim. Para a minha calça jeans preta e camiseta da mesma cor. Fecho completamente o meu caso cinza sobre o meu corpo e me abraço, num gesto quase bobo, como se eu pudesse me proteger daquilo.

Sacudo as mãos e tentando relaxar, passo as mãos pelos meus cabelos marrons, presos de maneira tão desleixada naquele coque alto.

Estou longe demais da sofisticação e elegância que essas duas mostravam e esbanjavam.

Estou no meu lugar.

Enfio o walkie-talkie no bolso interno do casaco e ajusto os fones no ouvido, colocando um dos fones conectado ao aparelho. Na televisão agora já está passando a trajetória das duas meninas até chegarem aqui. Com os melhores e piores momentos, e não virei o rosto rápida o suficiente para não ver o beijo entre o Chuck e a Diana.

Por outro lado, o compilado das imagens tinha ficado incrível. Muito bem feito, estava cumprindo o seu papel para relembrar a todos quem elas duas eram.

— Catarina, você está vendo o Fontanza? O Bart veio nos informar que não está o encontrando, ele não está no quarto e não sabemos mais onde procurar... — uma voz ecoa pelo fone que estava conectado ao walkie-talkie.

— Vou procurar também — digo baixo, apertando o botão, e ficando de pé num pulo.

Era muito bom não ter que ficar ali perto e olhar como o programa estava construindo um romance plausível para as duas. Posso até não conseguir encontrar o Taz, mas pelo menos eu tenho a desculpa para não precisar olhar o Chuck se juntando com outra.

Todo mundo procurando pelos locais mais visitados pela propriedade, então eu resolvo tentar a sorte e ir até os locais que ele teve alguns dos encontros com a Raquel.

E é no segundo lugar que eu o encontro. Taz está sentado perto de uma fonte, pequena e não utilizada nas gravações. Ele está olhando para os dedos, tão concentrado, que nem percebeu que sentei ao seu lado.

— Taz? — digo baixinho, tentando não assustá-lo ao chamar sua atenção.

— Ah, ou KitKat... — ele ergue o olhar só pra tentar dar um sorriso, mas quando não consegue, volta a olhar para as mãos.

— Estão te procurando por todo lugar... Vocês vão se apresentar em breve, e parece que você ainda tem que passar o som antes de se apresentarem.

— Certo... — ele não faz nenhum movimento para se levantar.

— Parece que aconteceu algo com você Taz. Está precisando de alguma coisa?

— O que eu preciso provavelmente ninguém me dará. O que eu quero, não tenho como ter — sua voz sai tão diferente, nunca tinha escutado aquele tom triste vindo dele.

— Nossa Taz — coloco a mão sobre o seu ombro. — Se você quiser conversar. Ou se preferir, posso chamar um dos rapazes pra que vocês possam ter uma conversa.

— Não precisa. Sério. Vou ficar bem.

Depois de ficar uns momentos em silêncio, quase consigo sentir a sua dor. O problema é que eu não sabia se o Taz é do tipo de pessoa que prefere a solidão ou companhia quando está triste.

— Desculpa se eu falei demais aqui... Ou até mesmo intrometida, só pensei que talvez pudesse te ajudar de algum modo.

— Você pode falar o que quiser KitKat... E de modo algum você é intrometida. Você é muito gente boa. Mas só acho que não estou pronto pra colocar isso pra fora. Não agora. Não com ninguém.

— Entendo... Se algum dia você quiser conversar e quiser uma opinião feminina, eu posso escutar você a qualquer hora, a qualquer momento.

— Quando eu precisar de uma opinião feminina, eu adoraria que fosse a sua — ele diz um pouco mais animado e fica de pé. — Estão procurando por mim huh? Aquele bando de imprestáveis nunca conseguiriam ter chegado onde estamos sem o meu ritmo...

A voz dele volta ao tom despreocupado que eu estava acostumada. E eu não sei se fico aliviada ou preocupada.

— Alguém conseguiu? — a voz do meu walkie-talkie está bem desesperada.

— Estou com ele — digo. Apertando o botão e fico de pé. — Chegamos em cinco minutos.

Vou conversando com o Taz no caminho de volta e antes que ele fosse levado pela produção para onde os outros dois da banda estavam, ele segura firme a minha mão.

— Você não tá normal KitKat, do mesmo jeito que você se ofereceu para me escutar, saiba que estou aqui por você também... E não custa nada lembrar da minha oferta, cinco lugares.

— Obrigada, mas não obrigada, por enquanto... — digo rindo e é tão bom dar essa risada de verdade. Obrigada mesmo Taz. Você é maravilhoso.

Roger está conversando animado, e quando eu estou de volta, a câmera dá uma focada no rosto bonito do Chuck. E começo a prestar a tenção nas suas palavras.

— Foi um ótimo tempo que eu passei aqui. E tenho que confessar, que estava completamente cético que eu fosse me apaixonar por alguém... Só conseguia pensar que as coisas fossem ficar muito artificiais, com todas essas câmeras para onde quer que olhemos, mas agora eu vejo que nada disso importa. Não importa onde você está, nem quem está observando você, o importante é com quem você está!

— Uh lá lá Charles! Pelo visto ela realmente pegou você de jeito.

— Ela me pegou e eu nem percebi... — Chuck fecha os olhos ao falar isso e eu faço o mesmo.

Sinto como se milhares de agulhas perfurassem o meu coração. Eu tinha escutado dele, eu era uma coisa passageira, era tudo uma encenação. A minha realidade não viraria um conto de fadas.

— E é nesse clima de romance que ficamos por enquanto. Então vocês que estão aí do outro lado, não saiam daqui, que no próximo bloco vamos conhecer o desfecho desse programa!

A música do intervalo começou a tocar e as câmeras faziam o seu trabalho, rodando e cobrindo todo o palco. Elas devem estar girando com muita velocidade, já que estou com uma vontade súbita de colocar o conteúdo do meu estômago pra fora.

Levanto o mais rápido que consigo e corro para longe dali. Volto para o local onde tinha encontrado o Taz. Ali estava vazio e eu precisava do silêncio. Senti o estômago se contrair de forma bem incômoda.

Mas não vomitei. Apertei os meus olhos com tanta força que até vi pontos brancos dançando em meio a escuridão. Enterrei os dedos no couro cabeludo e tive vontade de arrancar pelo menos um tufo, só pra ver se doeria menos do que o meu coração.

Sinto uma mão no meu ombro.

— KitKat... O que aconteceu? — ele parece preocupado e se abaixa um pouco para poder olhar nos meus olhos. — Isso é por causa do Chuck né? Vi a agonia na cara dele quando te vi sair correndo desesperada, nem precisou me pedir pra vir, eu também estou preocupado... Isso é por causa dele?

— Está tão óbvio assim?

— Olha, não te conheço tão bem quanto gostaria, mas eu conheço o meu amigo, e já te disse, dá pra perceber que tem algo entre vocês... Não sei o que aconteceu, já que estava focado demais na minha situação, mas sinto por vocês...

— Tudo bem Taz, não precisa sentir nada. Eu que estava imaginando mais coisas do que a realidade poderia cumprir...

— Ah KitKat... — ele me dá um abraço tão caloroso, tão bom, um abraço amigo. 

— O Fontanza sumiu mais uma vez! Precisamos dele! O bloco vai ter apresentação da banda! Agilidade pessoal! — a voz ecoa no meu ouvido.

— Obrigada Taz, por fugir apenas para ver se eu estava bem... — digo com o melhor sorriso que consigo dar. — Mas já estão procurando você novamente. Vocês tem uma música para tocar e como você mesmo disse, os meninos são imprestáveis sem você.

— Exatamente isso... Posso voltar só, não precisa se...

— Não... Eu trabalhei demais para não ver o fruto desse trabalho, eu vou.

— Vamos então? — ele sorri e me oferece o braço.

— Vamos — digo pelo walkie-talkie que estou chegando com o Taz.

Assim que somos vistos, Marcelo já vai empurrando Taz para o seu lugar na bateria. Ele já está com as baquetas na mão e fazendo os últimos testes antes de voltarmos ao ar. Fred e Bart já estão nas suas posições. Ele também.

Estou suficientemente perto do palco para sentir aquela força verde me chamar. E fraca como sou, claro que estou olhando para o Chuck, mesmo que aquilo me doa. Parece que ele está olhando para mim há um bom tempo.

Ele me olha de um jeito como se me fizesse acreditar que poderia me encontrar facilmente no meio de tantas câmeras e pessoas. Mesmo com a distância, o brilho indecifrável me acertou.

Chuck sorri pra mim. Sei que é pra mim, não tinha como não ser. Era um sorriso simples, um sorriso tão doce que pensei fez minhas pernas falharem. Meu coração começou a bater tão acelerado e acho que vou passar mal se ele não se acalmar.

E então a música dos comerciais começa a tocar, e vem mais alta que o tum tum tum seco no ouvido. Melhor desviar o olhar e voltar a olhar para ele apenas por uma câmera. Melhor manter distância para não fazer besteira.

Pela televisão, vejo que a câmera já está focada no Roger.

— Bem vindos de volta! — Roger saúda. — Sei que vocês já devem estar com a curiosidade lá em cima para saber quem é a escolhida do Charles, mas vocês também devem estar querendo escutar um pouco de uma das melhores bandas do momento! Então, com vocês... KPower!

A câmera muda e mostra a banda numa visão geral completa no palco montado ao lado do palco principal. Taz começa a contagem nas baquetas e no momento certa a banda ecoa na mais perfeita harmonia. Eles começam com o seu primeiro sucesso e vão dando pequenas palhinhas dos seus maiores sucessos.

Quando eu penso que vai acabar, a melodia vai ficando mais suave, com uma batida mais lenta e profunda.

— Essa música é nova. Foi escrita a pouco tempo. Na verdade foi criada aqui dentro... — Bart diz, com sua voz calma e se ele cantasse como estava falando agora, com certeza casaria muito bem com a melodia. — Essa é a primeira vez que ela vai ser tocada na mídia, então sejam carinhosos com ela, por favor.

Bóris está sorrindo como se não houvesse um amanhã. Claro que ele sabia da música, mas a surpresa que está estampada no rosto do Roger parece ser real. Eu também estou surpresa, mas apenas sorrio e fecho os olho e para assimilar melhor a experiência.

Bart começa a cantar, e mesmo sendo a primeira vez que escuto, já estou amando a música. A letra é mais romântica do que o esperado, mas ainda sim, combina com a identidade da banda. A melodia enche e evolui até chegar no que parece ser o refrão.

No refrão, só sinto que tenho que abrir os olhos. Já que não o Bart que cantava os versos e sim o Chuck. Meu Deus, a voz dele é linda.

E quem diria...?

Que em meio a tantos rostos eu fosse te encontrar?

Que em meio a tantas dúvidas eu iria prosperar?

Que em meio a tantos sentimentos, eu iria te amar...

Não consigo segurar quando a lágrima desce pelo meu rosto. A canção é linda. E os olhos que eu vejo pela televisão, me perfuram.

A voz se funde na minha mente, e mesmo depois que a melodia chegou a um fim, eu ainda sentia as vibrações pelo meu corpo. Só sou colocada novamente na realidade, quando as duas meninas que estavam no palco, explodem em palmas e gritinhos femininos animados.

Até mesmo a nossa equipe, não aguenta de animação ao assistir esse show quase que particular e também dá a sua dose de aplausos e gritos de incentivo. Eu sou envolvida pela atmosfera, então acabo levantando da cadeira e bato palmas, não faço tanto barulho como os meus colegas, mas a música talvez tivesse tocado um lugar diferente em mim.

De pé, mesmo de longe, meu olhar se cruza com o do Chuck. Ele sorri daquela maneira doce para mim, não pra câmera que agora tinha se aproximado, mas pra mim. E sem saber o que fazer, apenas devolvo o sorriso.

— Que canção incrível! — Roger aparece no palco com a banda e já está entrando no meio deles, querendo conversar logo após o show.

— Obrigado! — Bart diz animado. — Essa música, na verdade foi o meu querido irmãozinho que escreveu! — ele puxa o Chuck para um abraço.

— Você sem dúvidas é um rapaz talentoso meu jovem... A moça que você escolheu e que vamos saber em breve quem é, é uma mulher de sorte.

E se eu ainda tinha um pequeno resquício de sorriso, morre ao escutar aquelas palavras. É claro... A mulher, que provavelmente seria a Diana.

— Eu só espero ter a sorte de fazê-la feliz assim como ela me faz.

— Mas não é que temos uma alma romântica mesmo debaixo desse roqueiro? — Roger diz, numa gargalhada e pela televisão vejo que até as meninas estavam sorridentes com a graça dele.

— Ah, mas ela vai ganhar o pacote completo, a embalagem poderia ser melhor, mas o conteúdo é de qualidade... — Taz diz, saindo detrás da sua poderosa bateria e indo abraçar Chuck, e esse dá uma cotovelada discreta no amigo, mas Taz nem se altera.

— O show foi incrível, mas acho que já podemos com o suspensa das meninas e o pessoal de casa! Charles, chegamos na hora que tanto esperamos! — Roger diz decidido e se vira para uma outra câmera. — Mas antes de escutarmos a sua decisão, que tal darmos a oportunidade para que a Diana e a Raquel falarem um pouco, falar um pouco com as palavras delas os seus pensamentos e tudo o que as trouxe aqui...

— Claro, tomem o seu tempo meninas — Chuck diz calmo e a imagem transmitida para a televisão muda, indo filmar a Diana. Mas ainda estou prestando um pouco de atenção no Chuck, então vejo quando ele tapa o seu microfone e fala algo no ouvido do Taz.

— Diana! Então, será que você pode nos dizer como foi a experiência aqui dentro?

— Eu primeiro tenho que agradecer aos rapazes da banda — Diana abre seu sorrio perfeito. — Vocês tornaram os meus dias aqui dentro melhores do que qualquer expectativa. Mas meu agradecimento maior vai para o Chuck, por sempre estar por perto para me mostrar as possibilidades, e ao conhecê-lo, eu passei a me conhecer melhor. Se eu tivesse que resumir a minha experiência aqui em uma única palavra, teria que ser... Especial.

E claro que a resposta da Diana tinha que ser perfeita assim. Sua postura permanecia graciosa e as câmeras a amavam de todos os ângulos.

— Palavras lindas, vindas de uma moça linda — o sorriso esticado do Roger parecia um tanto quanto extasiado. Ele fez a mesma pergunta para Raquel.

— Bem... — um leve tom de insegurança na sua voz me fez simpatizar muito mais com a Raquel. — A minha experiência aqui foi diferente de tudo o que eu estava imaginando! Quando eu me inscrevi e fui escolhida, mal conseguia acreditar, parecia tudo um sonho, pra ser sincera não tinha tantas esperanças assim... Mas quando cheguei aqui, percebi que não era um sonho, eu estava muito bem acordada e vivendo um dos melhores momentos da minha vida — a voz dá uma pequena embargada no fim e se ela ainda tinha alguma coisa para falar, não o fez, já que uma lágrima escorreu pelo seu rosto.

— E aqui senhores, temos as palavras de uma mulher apaixonada, não acham? — Roger dá a volta na Raquel, lhe oferecendo o lenço de linho que adornava o seu terno.

— Você já deu uma olhada nos índices Catarina? — Marcelo está ao meu lado e segura um tablet, mostrando barrinhas crescentes e a nossa barrinha sendo a mais alta, disparadamente.

— Uau — abro um sorriso. Estava feliz mesmo ao ver que estamos surfando na crista de uma onda muito maior do que o esperado. Levanto os dois polegares comemorando silenciosamente com o Marcelo.

As luzes do palco começam a piscar ordenadamente e a minha barriga gela. Era isso. Chegou o momento. Ao olhar pelos monitores, Bóris já estava indicando por qual câmera iríamos acompanhar o Chuck. E ele parecia calmo, sorria ao olhar para o chão.

— A palavra é toda sua Chuck... — Roger informa e nem sei se ainda consigo respirar.

— Sempre fui direto nas minhas escolhas. Mas para que vocês entendam a minha escolha, eu tenho que falar um pouco sobre os meus motivos para começar a gostar dela. E claro que não é apenas um motivo. Vou pular o óbvio, que ela é linda, inteligente, dedicada, eficiente em tudo o que faz, porque ela é tudo isso. Mas se tenho que dizer o que atraiu nela foi a sinceridade que encontrei em cada pedacinho dela. A facilidade que ela conseguiu me ler e como sempre foi fácil conversar com ela, tudo fluía com facilidade. Até mesmo os menos momentos que eu conseguia estar do seu lado pareciam eternos em tamanha perfeição.

E a minha garganta dá um nó. E não vou conseguir engolir aquilo.

Por um momento pensei que fosse capaz de ficar ali e escutar tudo aquilo. Que eu conseguisse ver ele escolhendo uma outra. Mas não vai dar. Fico de pé e coloco os fones de ouvido e equipamentos sobre a cadeira. Vou confiar que nada vai dar errado, mas preciso sair.

As lágrimas que luto para engolir fazem os meus ouvidos zumbirem. E então eu começo a andar. Rápido. Só preciso estar longe o suficiente para correr.

— Catarina! Catarina! Cat! — gritos atrás de mim ganham do zumbido e me fazem olhar pra trás.

Quase que caio de bunda no chão ao olhar a cena que se desenrola ali. O que eu vejo me faz empancar no lugar.

Chuck estava correndo atrás de mim, junto com dois câmeras, um rapaz segurando a iluminação e mais um monte de gente que mais parecia curiosa do que qualquer coisa.

A banda também estava correndo. As meninas com um pouco de dificuldade por causa dos saltos e grama irregular. Todo mundo vindo na minha direção. Minha cabeça deu pane total.

O que diabos está acontecendo?

— Pensei que você fosse continuar a me ignorar. Pensei que não fosse me esperar... — Chuck diz com a respiração um pouco alterada, mas ao olhar para o seu rosto, acredito que seja mais por nervosismo do que por cansaço.

— O que você está fazendo? Perdeu o juízo ou sempre foi maluco assim? — pergunto nervosa ao perceber que as câmeras e o resto tinham nos alcançado.

— Só se for por você... — ele diz baixo. — Mas você não quis me escutar por bem... — ele se aproxima de mim e passa os braços pelo meu ombro, me trazendo para perto dele. Desprevenida, ele dá um beijo na minha bochecha. Seu rosto se ergue e foca diretamente na câmera a poucos passos distante. — Essa daqui, senhoras e senhores, é a mulher que eu estava falando mais cedo. É a mulher que roubou o meu coração. E mesmo teimosa em alguns pontos, ainda é deliciosamente encantadora. Eu apresento a todos vocês, Catarina Muniz!

Meu queixo deve estar varrendo a grama. Ele deve estar maluco.

— Quero me desculpar com todos vocês que estavam acompanhando! Sei que a Catarina não está participando oficialmente do programa, mas ela é uma das produtoras, impressionante, não é mesmo? Mesmo ela não sendo uma das candidatas, ainda sim não consegui me afastar dela. Também devo uma desculpa a vocês duas meninas, não tive o menor controle sobre esse sentimento, ele simplesmente está aqui.

Raquel sorri e vejo nela a felicidade sincera daquilo estar acontecendo. Sei que não posso falar a mesma coisa da Diana, já que ela parecia um pouco chocada e triste. E eu ainda não sei como reagir. Impossível não se sentir intimidada por todas as câmeras e luzes em cima de mim, não sei como eles conseguiam.

— Então é isso, ela é a minha escolhida, e mesmo eu tendo uma boa ideia da escolha dela, não me culpe por parecer otimista.

Por um momento eu quero me afastar de toda aquela confusão. Só que quando olho em seus olhos, percebo que não quero. A fiche demorou uma eternidade para cair, mas finalmente caiu!

Chuck me escolheu! Estava ali, em pé, falando para um monte de pessoas aqui e para sei lá mais quantas em casa. Ele disse o meu nome, me abraçou e disse que ele me quer! Ele me escolheu!

E como não abraçar aquele homem com todo o sentimento que tenho dentro de mim? Veio com raiva, com saudade, com vontade. Mas lembrando de tudo, me esforço ma afastar um pouco e dizer com a voz mais controlada que consigo.

— Você é maluco! E você disse que eu era um... Mas e a banda? Você assinou um contrato e... — levanto o rosto apenas o suficiente para vê-lo.

— Eu já te disse que você escutou apenas parte da conversa sua apressada... E sobre contratos, quem disse que os meus sentimentos têm algum? — como não derreter?

— Então vou ficar esperando para saber o que realmente aconteceu.

— Seu chefe pode me ajudar nisso... — ele olha para trás e Bóris está muito mais calmo do que eu achei que ele estaria.

— Você realmente não se importa com o papel que você assinou? — suspiro, me dando por vencida, vou ouvir tudo o que ele tem a dizer depois.

— Se eu não me importar com ele, você promete que também não se importa? — ele sorri e coloca um dedo bem no centro do meu coque, chacoalhando o cabelo e fazendo com ele caia em ondas ao redor do meu rosto.

Com uma delicadeza que me quebrou, ele coloca mexas atrás da minha orelha para conseguir olhar melhor para mim.

— Ei! O que você pensa que está fazendo com o meu cabelo?

— Acho que nunca te falei isso, mas amo a cor do seu cabelo e o modo como ele emoldura seu rosto pequeno — ele passa o polegar pelas minhas bochechas e eu aperto ainda mais o abraço.

— E eu acho que vou amar o modo como você muda de assunto da maneira mais adorável possível.

— Eu também posso passar a amar o modo como você finge que não me suporta, que está morrendo de raiva de mim, mas na realidade não consegue resistir a minha pessoa...

— Não tenho tanta certeza se vou amar muito esse convencimento todo...

— Com certeza eu amo como você é sempre tão sincera.

Ele tapa o microfone e se aproxima do meu ouvido, falando tão irresistível como só ele poderia conseguir.

— E eu amo você — eu me afasto para conseguir averiguar seus olhos, e é tanta sinceridade que eu capto naquelas íris esverdeadas, que antes mesmo que eu possa perguntar se ele está falando sério, ele volta ao meu ouvido. — Estou falando sério.

— Acho que estou pagando pela língua, você parece ler mesmo a minha mente... — dou uma risada e o puxo pela gola da camisa, para conseguir alcançar o seu ouvido. — Eu também. Quer dizer, eu também amo você...

Admito e foi quase mágico tirar aquelas palavras do meu peito. Estou tão feliz, que acabo por beliscar o braço do Chuck. Ele ergue a sobrancelha.

— Posso saber qual o motivo desse beliscão? Eu já não admiti pra quem quiser ver que eu escolhi você? — ele esconde seus braços atrás de mim, me abraçando. — E pra você que eu te amo?

— Sim, sim. Mas eu tinha que ter a certeza que você é de verdade mesmo... — ele agora solta uma pequena risada e belisca a minha bunda, me fazendo aproximar ainda mais dele. — Au! E o meu foi por qual motivo? Você é vingativo Chuck?

— Longe disso, o meu é pra te mostrar que eu sou de verdade. Que sou feito de carne, osso e muita vontade de você.

— Agora não vou duvidar mais. Mas você tem certeza que pode fazer tudo isso mesmo? — aponto para os nossos arredores.

— Sou o baixista de uma banda de rock. E chegou ao meu conhecimento que eu posso fazer o que eu quiser — e ele me beija e naquele momento não me importo de ter todas as câmeras em mim.

Fica gente, que ainda tem algumas coisas ♥ Esse foi o último capítulo oficial pela maratona! O que acharam desse final? Eu amo demais esses momentos finais dos dois, e essa cena já tava escrita desde o primeiro capítulo, claro que mudei de acordo com alguns momentos da narrativa, mas foi coisa tão pouca, que eu amo!

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