EVELYN
Olho para as paredes brancas do hospital enquanto aguardo ela ser atendida e devidamente medicada. Ontem minha mãe esqueceu de tomar os remédios e eu estava muito aérea e esqueci de lembra-la e por conta disso ela acabou passando mal. A pressão dela subiu muito e eu tive que traze-la às pressas para o hospital. Graças a Deus o Benjamin estava por perto e nos deu uma carona até aqui. Eu fiquei mal, porque ele desmarcou todos os compromissos para ficar aqui comigo.
Não teve como eu ir até a empresa hoje pedir demissão, mas amanhã eu pretendo ir até lá pedir a minha demissão.
Olho para o relógio pequeno dourado no meu pulso e vejo que já faz mais de quarenta minutos que a minha mãe chegou até aqui e vou atendida. Odeio quando ela passa mal, dói nela e em mim, pois odeio vê-la sofrendo. E eu também estou com um sentimento de culpa, eu pensei tanto em mim ontem que acabei esquecendo dela.
Benjamin passa a mão pelas minhas costas.
— Para de ficar nervosa, agorinha ela vai estar aqui.
— Tomara que sim. Ela tem que ficar boa logo. — Respiro fundo. — Eu deveria ter lembrando que ela do remédio, mas eu estava só pensando em mim e acabei me esquecendo dela.
Ele me abraça de lado colocando uma mão no meu ombro fazendo com que eu sinta o perfume amadeirado dele.
— Você sabe que não é culpa sua. Qualquer pessoa ficaria como você ficou depois do escândalo que o Wesley fez. — Ele beija a minha testa. — Agora para de se culpar por uma coisa que você não teve um pingo de culpa.
Um médico alto de cabelos grisalhos e olhos azuis para na nossa frente com uma prancheta nas mãos.
— Vocês são os familiares da senhora Maísa? — Pergunta e eu aceno que sim com a cabeça. — Ela já está bem. Foi devidamente medicada e agora vai esperar uma consulta com um cardiologista, tudo bem?
— Sim.
— Depois da consulta ela poderá ir para casa. — Diz e sai andando.
— Viu como tudo está bem? — Benjamin pergunta sorrindo para mim.
— Sim. — Abraço ele. — Agora vamos aguardar até que ela termine a consulta.
É tão bom saber que a minha mãe está bem. O meu corpo inteiro relaxa e uma sensação ótima de alívio percorre por todo o meu corpo.
♥
Seguro a bolsa da minha mãe e o Benjamin ajuda ela caminhar até o carro. Graças a Deus está tudo bem com o coração dela, o único problema é a pressão. A consulta demorou bastante, confesso que já não aguentava mais ficar nesse hospital vendo pessoas doentes chegarem a todo momento. Não gosto de ver as pessoas passando mal, queria poder ajudar todas, mas infelizmente não consigo.
Já está na hora do almoço, o que me faz pensar que vamos ter que almoçar em algum restaurante, porque se eu ainda for preparar o almoço vai demorar bastante para ficar pronto.
Sinto uma mão segurar o meu braço e me viro imediatamente para e ver quem é. Vejo o Wesley vestindo no seu elegante terno preto com uma gravata vermelha e os cabelos levemente bagunçados pelo vento.
— Então você realmente não estava mentindo. Porque eu pensei que você só estava mentindo para mim. — Diz com uma voz sarcástica que me assusta.
Benjamim se aproxima com a minha mãe.
— Benjamin, leve a minha mãe até o carro. Deixa que eu resolvo tudo com o Wesley. Por favor. — Imploro.
— Está bem. — Concorda indo até o carro com a minha mãe.
— Então quer dizer que esse idiota também veio com você? — Pergunta apertando mais o meu braço.
— Me solta. — Grito. — Se você se aproximar de mim novamente todo agressivo eu te denunciarei por perseguição. — Falo passando a mão pelo meu braço no local onde ele estava pegando. — Então é melhor você se afastar de mim o mais rápido possível. Eu cansei de ser boazinha com você, sabe por que? Porque pessoas como você não devem ser tratadas bem ou ter a bondade de alguém. Você merece ficar sozinho.
Ele me lança um olhar de fúria.
— Não quero a sua bondade. — Rosna.
Levanto a minha mão e bato na cara dele com toda força fazendo um estralo enorme. Ele coloca a mão no local onde eu bati e depois olha para mim.
— Por que fez isso?
— Estúpido. — Grito.
— Vai me bater eternamente. — Diz com um sorriso sarcástico nos lábios.
Sei que ele está falando isso para me fazer sentir mal, mas para o completo azar dele eu não vou me sentir mal por isso. Porque no fundo eu sei que nada do que ele falou é verdade, não vou negar que é péssimo ver ele falando assim de mim, dói, mas são palavras mentirosas. Ele ainda mexe bastante comigo. Ele não gostou de me ver novamente com o Benjamin, ele acha que eu sou uma espécie de boneca que só serve para satisfazer os desejos dele e que sempre que me procurar eu vou estar a disposição.
Capturo uma grande quantidade de ar nos meus pulmões para que eu não exploda e comece a bater nele igual uma descontrolada mental.
— Nada do que você me disser vai me fazer mal, ou ficar me martirizando por isso. Pode desistir. — Olho para trás e vejo o Benjamin apoiado na lataria do carro provavelmente me espetando. — Vá embora, aqui não é lugar para ficarmos discutindo.
— Não quero ir embora.
— Para de ser infantil e vá embora. — Digo fechando os olhos e os abrindo em seguida.
— Você quer que eu vá embora para que você possa ir para a cama com o Benjamin quando chegarem em casa?
— E se for? — Mordo forte meu lábio inferior nervosa a ponto de sentir o gosto metálico de sangue na minha boca. — A minha vida pessoal não diz respeito à você. Porém no fundo você sabe que eu não sou assim.
Ele fica calado sem reação e eu me aproveito agora ir em passos largos até o carro. Abro a porta do passageiro e entro. Coloco o cinto de segurança e levo uma mão até o meu peito tentando fazer com que a minha respiração volte ao normal.
A outra porta se abre e o Benjamin entra e liga o carro saindo do estacionamento do hospital.
— Está tudo bem filha? — Minha mãe pergunta colocando a mão no meu ombro.
— Está mãe. — Respondo com a voz embargada pelas lágrimas que estão quase caindo dos meus olhos. — Eu só preciso de um pouco de paz na minha vida.
— Você vai ter minha princesinha. — Ela fala carinhosamente.
— Não é o que eu parecendo mãe.
Massageio as minhas têmporas tentando aliviar toda a tensão que se instalou no meu corpo depois que discuti com o maldito do Wesley.
— Aquele homem é o seu chefe?
— Infelizmente sim, mas já pode chama-lo de ex chefe, eu vou me demitir.
— Você sabe que se precisar de um emprego é só pedir para mim. — Benjamim diz unindo as duas sobrancelhas grossas e loiras.
— Não quero me aproveitar de você. Quero conseguir um emprego por mérito meu. Você sabe o quanto as pessoas são maldosas e iriam começar a falar que a minha amizade com você é puro interesse. — Digo olhando para ele e vendo o quanto ele ficou chateado com o que eu disse. — Benjamin eu não quero que você fique chateado comigo. Se você me der somente a sua amizade eu ficarei feliz, não preciso que me dê emprego.
Eu não estou sendo orgulhosa, só não quero me aproveitar dele. Desde o início eu nunca me interessei pelo dinheiro do Benjamin, mas infelizmente as pessoas imaginam que estou interessada no dinheiro dele. As pessoas podem ser muito maldosas quando querem, elas só pensam o pior de todos. Não podemos julgar uma pessoa sem antes conhece-la completamente, mas hoje em dia as pessoas não querem saber de conhecer bem uma pessoa.
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Entro dentro de casa e subo diretamente para o meu quarto. Retiro as minhas roupas jogando elas dentro do cesto de roupa sujas. Ligo chuveiro e deixo a água gelada me deixar mais relaxada.
Saio do banho e me enrolo uma toalha branca. Pego uma calça de moletom rosa e uma blusa preta de mangas longas e me visto. Me deito na cama e me cubro como edredom branco. Eu estou exausta, depois que saímos do hospital e eu tive a discussão com o Wesley ainda fomos em um restaurante almoçar. Mas eu não consegui comer muito, já que não estava com um pingo de fome.
A minha mãe e o Benjamin fizeram de tudo para me alegrar. Eles são pessoas muito especiais para mim. Mesmo conhecendo o Benjamin muito pouco eu já gosto bastante dele e o considero com um amigo. Hoje ele mostrou que é verdadeiramente meu amigo quando ficou comigo no hospital, pois amigos de verdade estão conosco quando tudo está bem o não.
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Espero que gostem...💙
Nos próximos capítulos vamos ter muitas surpresas.♥♥♥