Someone To Save You

Oleh LeoMoreno88

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Chloe Madsen é uma jovem de 17 anos que vê sua vida virar de cabeça pra baixo quando sua mãe perde tudo e a g... Lebih Banyak

The Way It Used to Be
New Beggining
Legacy
Brothers & Sisters
Bond
Counsciouness
Trouble Twins
Unbreathing
High Tension
Animal Instinct
Collateral Damage
Low and Down
The mighty's game
Fire Meet Gasoline
You're my Parabatai
Love to the Next
Just Friends
The Lady and the Tramp
A Day To Walter
Personagens e muito mais
The Dome
Run Boy Run
Un amor en Caribe
Problems In Heaven
Best Friend
@FiercyBitches
Brumby, here we go.
Charlie Ryles
Someone To Save You
I love you (+18)
Facing the Devil
Family Picture
Unliable Truth
Secrets in Plymouth Street
Dead or Alive
Cow down the cliff
The biggest love of all

Opposite Sides Of The Same Coin

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Oleh LeoMoreno88



Eu não me lembrava de ter ido a uma festa daquelas antes.

Tudo era incrível. As luzes, o lugar, as roupas, as bebidas, a decoração e os convidados. Me sentia nas festas que via com os filmes que costumava assistir com minha mãe todo domingo à tarde. A beleza vinculada ao poder e à influência.

– Não se deixe animar. – Harriet me avisou. – Isso é uma cesta cheia de cobras venenosas pronta pra dar o bote.

A festa da Versalle era realizada em um dos maiores centros de eventos de Sydney. O local tinha mais de seiscentos metros quadrados, com uma piscina tão grande que parecia ser olímpica. A água refletia as luzes neon da passarela em que o desfile aconteceria, e uma multidão já procurava seus lugares para ter uma bela visão da apresentação.

Do outro lado da piscina, vi Denise Sparks, a apresentadora do Gossip Show, arrumar os cabelos de uma garota loira, que tinha um andar e um rebolado tão exagerados que tinha certeza que se a conhecesse, não iria gostar nada dela.

– Aquela é Kimberly Sparks, filha de Denise Sparks. Ela é uma chata que só pensa em si mesma, quer dizer, isso se ela pensa. A mãe dela você já deve conhecer, e não, também não sei ela pensa. Deve pagar alguém pra fazer isso por ela. – Harriet me contou, e nós duas demos uma risada baixa. – Vem, enquanto o desfile não começa, vou te mostrar quem são as pessoas que sou obrigada a conviver todos os dias.

Ela me puxou pela mão, antes de roubar um coquetel de uma das mesas. Provavelmente já tinha um dono, mas Harriet parecia pouco se importar.

– Aquele ali. – Harriet apontou discretamente para um senhor elegante com um relógio que suspeitava ser de ouro puro. – Ferdinand Sparks, esposo de Denise e dono da emissora águas cristalinas, a maior aqui de Sydney. Eles são praticamente os donos da cidade, e os Turner beijam o chão que os Sparks pisam.

– Jura? Eles parecem ser tão antipáticos. – Harriet girou os olhos, parecendo irritada só de falar sobre eles.

– Ah, e são, essa família come ovo e arrota caviar, como diz minha tia Bárbara. – Eu dei uma risada.

– Preciso realmente conhecer sua tia Bárbara.

Passava das onze horas quando o desfile realmente começou. Por querer evitar atenção, eu e Harriet optamos por locais mais afastados, longe do enxame de empresários ricos e patricinhas fervorosas por um dos modelos. Quando eu digo modelos, estou querendo dizer as roupas, gente, calma.

Faltando menos de um minuto para apresentarem o desfile, um homem muito bonito, que aparentava uns 29 para 30 anos, chegou discretamente e ocupou um dos bancos da frente, afastando o paletó para não se sentar por cima. Não pude deixar de perceber o distintivo preso em seu cinto. Ao perceber que eu o fitava, ele deu um sorriso sedutor e disse:

– Boa noite.

Eu gaguejei, um pouco desconcertada.

– B-boa noite. – Ele assentiu, virando para curtir o show.

– Policial? – Cochichei para Harriet, que já tomava seu segundo coquetel.

– Sim, ele é o líder das forças especiais australianas. – Eu ergui a sobrancelha. – O que foi, acha que só a América e a Europa tem uma? Isso é Xenofobia, Madsen. Ok, tudo bem, talvez ele seja de Londres que nem você, mas as forças especiais são daqui, eu juro!

Eu o olhei discretamente. Os olhos verdes de uma cor musgo e os cachos castanhos indo para o loiro.

– Eu sei, ele é um gato. Daria tudo por aquele homem. Qual mulher não sente uma tremedeira quando cruza com o agente Harris? – A latina se abanou um pouco, e eu ri.

– Agente Harris?

– Vincent Harris. É o nome dele. Amigo muito próximo da Lyn. Parece que estudaram juntos ou algo assim. – Eu ainda não sabia porque diabos Denise apresentava o Gossip Show, quando Harriet parecia muito mais apta ao cargo.

Vi Lyn Turner sentar perto do agente Harris e cochichar algo a ele, que deu um sorriso e assentiu. Depois disso, todos aplaudiram enquanto ela subia ao palco e anunciava o começo do desfile.

– Senhoras e senhores, bem-vindos à Versalle! Há exatamente 7 anos, esse império nascia! E hoje, estamos aqui para comemorar esse sucesso. – Harriet tinha razão, aquela mulher era maravilhosa. – Seja livre. Seja você. Seja Versalle.

Uma música de batida viciante começou a tocar enquanto as modelos entravam no palco, exibindo suas roupas inusitadas e maravilhosas. Aquilo tudo era muito novo pra mim, e, ao mesmo tempo, lindíssimo. Harriet, por outro lado, não parecia muito empolgada, mas era compreensível, já que ela via aquilo todos os dias. É a mesma coisa que querer que um faxineiro fique empolgado ao ver sujeira.

Depois de um tempo, o desfile passou a se tornar repetitivo, e não achei nada demais em sair e ir ao banheiro. Havia tomado muitos coquetéis. Parecia que eu e Harriet não tínhamos a mesma resistência em nossas bexigas.

Saí em meio ao centro de eventos relativamente vazio, com a música do desfile ao fundo, procurando o banheiro. O centro de eventos era tão grande que não conseguia achar o lugar certo, e já estava para fazer xixi na piscina.

– Onde diabos é esse banheiro? – Perguntei a mim mesma, adentrando o jardim.

Eu já estava para dar a volta, pois provavelmente tinha entrado em uma ala que muito provavelmente era proibida.

– Você lembra do que é pra fazer? – Ouvi aquela voz fanha e irritante que passava na minha tevê aos domingos.

Denise Sparks estava no jardim com... Aquela era Alyssa? Minha meia irmã olhava para os lados nervosa, como se estivesse com medo de que estivessem sendo observadas. Azar o delas que esconde-esconde sempre foi meu jogo favorito quando era criança.

– Sim, senhora Sparks. – Alyssa assentiu, e percebi a insegurança em sua voz.

– Quero que coloque isso nas roupas da Lyn Turner. Essa mulher tem que parar de se meter no meu caminho. – Eu contive um grito. Aquilo era cocaína?

Alyssa guardou o pacote na bolsa que usava para combinar com o vestido e se afastou, enquanto eu ainda observava tudo, atônita. De repente, a vontade de fazer xixi ficou em segundo plano.

A perdi de vista quando entrou na multidão. Passei a olhar em volta, procurando qualquer sinal dela, mas Alyssa parecia ter evaporado. Eu estava esquecendo o real motivo de estar ali, mas minha conversa com Lyn poderia esperar. Precisava impedir que minha meia irmã fizesse uma besteira.

***

Senti que alguém lá em cima gostava de mim quando vi Alyssa na multidão. Ela estava ao lado de Kimberly Sparks, parecendo muito desconfortável. Harriet estava certa. Ninguém daquela família tinha caráter. Por falar nela, onde está Harriet?

Segui Alyssa até finalmente encontrar o toalete, que para minha sorte, foi onde ela entrou. Fui de fininho para um dos boxes, e enquanto fazia o que a natureza queria de mim, ouvia as duas rindo enquanto retocavam a maquiagem.

– Aquela Lyn é muito sem sal, não é? – Kimberly comentou, dando uma risada fanhosa como a da mãe. – A vaca nunca gostou de mim. Tenho certeza que o Dylan está estranho comigo por causa dela.

– Kimberly, você não está exagerando? Acho que se o Dylan está estranho com você deve ser por que... – Alyssa parou de falar de repente, e percebi que não era porque já tinha dado seu recado.

– O que está insinuando, Alyssa? Que Dylan não me quer mais? Quem me recusa? Como se pode se cansar de mim? Se cansar de Kimberly Sparks! – A loira respondeu,e pensei que se ela quisesse, poderia dar muitos exemplos, em ordem alfabética. Eu só estava ali a cinco minutos com ela e já queria matá-la afogada na privada.

Não tenha ideias, Chloe, foque aqui.

– Eu não quis dizer isso...

– Ah é? Então fique calada! Sabe muito bem porque está aqui, sua inútil! Aquele idiota do Devon Turner faz tudo que a mulherzinha dele quer, e enquanto não nos livrarmos dela, não podemos colocar a mão na Versalle! – Eu coloquei as mãos na boca para não gritar.

Merda, Chloe, por que você sempre se mete nessas encrencas? Não poderia ficar bêbada e transar com um cara que não conhecia como uma adolescente normal? Talvez no pior dos casos pegar uma DST? Mas não, eu tinha de me envolver em um plano de sabotagem ardiloso.

– Eu vou distrair ela e você põe na bolsa, entendeu? – Eu fiquei nas pontas dos pés e espiei as duas. – Ótimo, agora vai.

Por um piso em falso no chão liso, acabei derrubando o suporte do papel higiênico no chão, fazendo um barulho agudo e estridente. Merda. Claro que isso ia acontecer. Quem era o meu anjo da guarda? Eu ia demitir esse vagabundo. Nitidamente, ele não estava fazendo seu trabalho de forma correta.

– Quem está aí? – Kimberly abriu de supetão a porta do boxe e eu sorri sem graça.

– Esses parafusos velhos, que coisa não é? Sabe de uma coisa menina, vou chamar o proprietário e reclamar... – Passei por ela de forma descarada, tentando sair dali o mais depressa que pude.

– Pare já aí! – Ela gritou, me prensando contra a parede e apertando meu rosto, com aquelas unhas de gato que Kimberly possuía. – O que você ouviu?!

Chega de fazer a sonsa. Nunca foi meu estilo. Tava na hora daquela patricinha ouvir umas verdades.

– A descarga. Não espera, era sua voz. – Provoquei e Kimberly ficou vermelha de ódio. – Desculpa, é que os sons são tão parecidos que achei que eram a mesma coisa!

– Está me provocando sua cretina?! Sabe quem eu sou?!

– Sei. Uma mentirosa que planta drogas nos pertences de inocentes, usando meninas ingênuas como a Alyssa! Você e sua mãe são criminosas! Devia contar tudo ao agente Harris. – Vi Kimberly me encarar com medo por um segundo. – Ele está aqui não está? Pois tenho muitos assuntos a tratar com ele.

Kimberly desceu sua mão para o meu pescoço, bloqueando minha traqueia e meu fôlego.

– Fique longe de mim, ruivinha, pois não sabe com quem está se metendo. – Kimberly me ameaçou, jogando todo o seu veneno em suas palavras.

Ela me soltou de repente, e passou a se arranhar. Arrancou uma parte do próprio vestido e bagunçou o cabelo.

– O que está fazendo, sua maluca?! – Perguntei, a vendo molestar o próprio rosto. Ela era oficialmente uma maníaca.

– SOCORRO! SEGURANÇA! UMA LOUCA ME AGREDIU! – Kimberly esbravejou, e eu dei um passo para trás. Como alguém mentia com tanta classe? Até lágrimas desciam de seus olhos! Que vadia mais falsa!

Eu queria muito ajudá-la a se bater, mas tudo que fiz foi correr, enquanto um monte de homens da altura de um edifício corriam atrás de mim. Me desculpei mentalmente com Harriet enquanto descia do salto(literalmente) e corria descalça.

– Peguem-na! – Ouvi Kimberly esbravejar, e coloquei ainda mais força nas minhas pernas, para aumentar ainda mais minha velocidade.

Com os seguranças do evento em minha cola, eu esbarrava em convidados e derrubava cadeiras, chamando a atenção de todos os presentes para a confusão. Uma hora ou outra, eu iria cansar e os grandalhões me alcançariam. Dei a curva duas vezes no mesmo corredor, chegando ao espaço em que o jantar estava para ser servido. Um garoto loiro, parecendo muito entediado, estava sozinho ao lado da mesa, olhando para o relógio, apreensivo.

– Por favor, não diz a ninguém que eu estou aqui! – Implorei, já me agachando e entrando debaixo da mesa. Não tive tempo de olhar para o rosto dele, mas aposto que ele estava muito confuso.

Ouvi os passos frenéticos dos seguranças atrás de mim. Fechei os olhos e abracei as próprias pernas.

– Hey, garoto, viu um ruiva passar por aqui? – Uma voz grossa perguntou. O que era aquilo? Parecia que ele tinha engolido um órgão para ter aquele timbre.

– Err... Não senhor. – O ouvi responder, enquanto os passos se afastavam.

Esperei mais um tempo com a respiração presa, quando a toalha da mesa foi puxada e um par de olhos cor de mel me fitou.

– Hey... Pode sair agora. Eles já foram. – Levantei meio desajeitada, quase derrubando os talheres na ponta da mesa.

– Ah, muito obrigada. Se eles me pegassem o King Kong ali ia me esmagar viva. – O loiro riu, pondo a mão nos bolsos.

– Posso saber por que estava fugindo deles? – Ele perguntou, interessado.

– É uma longa história, melhor você nem saber. – Eu falei, ainda ofegante pela corrida.

Ele deu de ombros.

– Mistério. Gosto disso. – O loiro respondeu, dando um lindo sorriso.

– Acho que vi ela por aqui! – Ouvi a voz de Kimberly vindo no corredor. Aquela vadia. Ia bater a cabeça dela na parede um dia. Ah, se ia.

– Preciso ir. – Respondi, apressada. Peguei um vaso enorme de cristal acima da mesa e passei a correr pra longe.

– Hey! Espera! – O Loiro correu para me alcançar. – Meu nome é Nathan! Qual o seu?

Eu sorri para ele. Seria pedir demais envolvê-lo em tudo aquilo.

– Você não disse que gosta de mistérios? – Ele assentiu. – Então, vamos deixar que minha identidade continue sendo um. – O abracei sem saber o por quê. Tinha de parar com essa mania. – Obrigada, Nathan.

Ele assentiu, ainda confuso e eu corri para longe, com um vaso de cristal em frente ao meu rosto para que não fosse reconhecida.

Resolvi me misturar com a multidão, tentando ver se Alyssa estava perto de Lyn, mas não havia sinal de nenhuma, nem de Harriet, o que significava um Adeus a minha carona pra casa. Os brutamontes em forma de segurança já estavam quase me encontrando, e não poderia deixar que pusessem as mãos em mim.

Foi quando esbarrei com tudo em um rapaz e deixei o vaso cair. O joguei, pelo susto, para cima e ambos o acompanhamos com o olhar, o vendo subir aos poucos e depois começar a descer. Através do vidro do cristal, estava o rosto mais lindo que já havia visto.

Nas revistas, na televisão, no estúdio da Versalle, e por mais que eu tentasse convencer a mim mesma que era apenas nisso em que o havia visto, minha mente teimava em discordar, me mostrando aqueles olhos verdes penetrantes... Que agora pareciam muito familiares.

Não. Não pode ser. Não podia ser.

– Chloe? – Dylan perguntou, tão surpreso quanto eu.

O vaso de cristal tocou o chão e se partiu em mil pedaços.

Eu tentei falar, mas um grito do segurança King Kong me interrompeu.

– É ela! A garota! Peguem-na! – Olhei para Dylan apreensiva e ele me fitou com as orbes verdes, confuso.

– Me tira daqui, por favor! – Ele assentiu, me puxando pelo braço e correndo multidão a dentro.

-X-

Me deixei acalmar quando chegamos ao estacionamento.

Ele apertou o botão no chaveiro de suas chaves e o carro apitou, denunciando sua localização. Sua mão quente ainda segurava a minha, e não pude deixar de ficar sem graça.

Entramos o mais depressa que podemos no carro, desligando as luzes e fazendo silêncio, enquanto ouvia os seguranças ao longe passarem reto por nós. Havia despistado eles. HAHA! CHLOE 1. BRUTAMONTES 0. Chupa essa sociedade! Fica pra próxima, King Kong, volte a escalar seus arranha-céus que você ganha mais.

– Bom... – Dylan estava ofegante, como eu. – Foi legal. – Ele admitiu, sorrindo.

– Obrigada mesmo, Dylan. Desculpa por isso. – Ele riu.

– Tudo bem. Você sempre gostou de entradas fantásticas. – O Turner comentou. – Mas Chloe, o que você está fazendo aqui?

– Eu me mudei para a casa do meu pai. Estou morando com ele, minha madrasta, e meus irmãos de criação malucos. – Contei, ainda com o coração batendo a mil. Se era pela corrida ou por ter segurado a mão de Dylan Turner, eu não sabia.

– Nossa, legal. E por que não me ligou? Éramos amigos, você não lembra? Podia ter encontrado você...

– Eu, quer dizer, estava tudo uma correria só, e... Não sabia se você lembraria de mim. – Ou se eu me lembraria dele. – Quer saber? Deixa pra lá. Podemos sair daqui?

Dylan sorriu de canto e girou a chave, ligando o carro.

– Só se for agora.

***

Eu não tinha a menor ideia de onde ele estava me levando.

Fiquei imaginando quantas meninas amariam estar no meu lugar agora. Sozinha em um carro com Dylan Turner, o modelo internacional eleito um dos 100 homens mais bonitos do século. Sensação adolescente, astro teen, sorriso galanteador e... Eu. Broxante. Simplesmente broxante.

Estávamos passando sobre a enorme ponte metálica de Sydney, com suas cordas de ferro fazendo a estrada flutuando sobre a baía da cidade. Eu o observava de canto de olho, o vendo dirigir com a língua presa entre os dentes. Foi como se eu tivesse voltado a infância, jogando videogame com ele até tarde.

Seria o sofrimento? Talvez. Quando Dylan foi embora anos atrás, havia perdido meu único amigo, e foi como se meu mundo inteiro tivesse desabado. Eu passei dias em casa, sem sair, sem comer. Afinal, uma das pessoas mais importantes pra mim tinha ido embora e jamais voltaria. A dor devia ter sido tão grande que minha mente deve ter se desfeito de qualquer memória sobre ele. E agora, com ele ali de novo, ao meu lado, todos aqueles maus bocados que passei caíam com toda a força em minha cabeça novamente.

Tão imersa em meus pensamentos, não percebi quando Dylan estacionou o carro. Ainda estávamos sobre a ponte, com o carro estacionado de forma desajeitada no meio da rodovia. Por ser tarde da noite, o movimento de carros era pouco, e aquela "vaga" improvisada por ele não traria muita calamidade ao trânsito.

Ele me encarou com aquelas malditas orbes verdes e minhas pernas começaram a tremer como se tivesse 12 anos de novo.

– Podemos ficar aqui um pouco. – Ele avisou, destravando a porta do carro, a abrindo em seguida. – Vem. – Ele me chamou. – Você precisa ver isso.

Desci do carro ainda desconfiada, me perguntando o que diabos estava fazendo ali junto com ele. Não nos víamos fazia 6 anos! Eu havia mudado, assim como ele. Aquele garotinho que eu costumava brincar não era o mesmo cara de sorriso malicioso que está em minha frente, mas então porque ele age comigo como se nunca tivéssemos nos afastado?

– Não precisa ter medo. – Dylan deu um risada, percebendo que eu não queria me aproximar da ponta. – Ainda tem medo de altura? Vai, juro que não te deixo cair.

Ele me puxou levemente pela mão e foi como uma corrente elétrica cruzasse meu corpo inteiro. Meus olhos estavam fechados, ainda com medo que percebesse o quão alto nós dois nos encontrávamos.

– Chloe. – A voz rouca de Dylan me chamou. – Abre os olhos.

Abri meus olhos lentamente, me deparando com a vista mais linda que já vi. Toda a cidade de Sydney sobre a luz das estrelas, enquanto as próprias luzes da rua auxiliavam na beleza da paisagem. A Sydney Opera House brilhava mais que o resto, ainda se portando como o símbolo mais belo e poderoso do território australiano.

– É lindo. – Eu sussurrei, mas alto o suficiente para ele ouvir.

– Amo vir aqui quando estou na cidade. Gosto de estar aqui tarde da noite, admirar essa vista, me ajuda a pensar. – Senti seu olhar deixar de fitar a vista e cair sobre mim. – Você é a primeira que eu trago aqui, acho que nem o Nathan eu já trouxe.

– Nathan?

– Sim. Meu melhor amigo. Conheci ele ainda era muito pequeno. Acho que você estava na época. Lembra?

Eu lembrava do nome vagamente, mas não conseguia ligar um rosto a esse nome. Tinha certeza que o havia conhecido, mas suas feições não estavam mais gravadas em minha mente. Foi quando eu lembrei. O loiro da festa.

– Acho que eu o vi na festa. Ele me escondeu dos brutamontes, mas não pareceu lembrar de mim também. – Dei de ombros.

– Nathan pode ser meio irritante às vezes, mas acho que ele é o único motivo de eu não estar maluco hoje. – Seu olhar era distante, triste e um pouco melancólico. As orbes verdes estavam mais escuras, como se a felicidade não refletisse ali há tempos, diferentemente de quando éramos mais novos. – Mas e você? Quer me explicar direito o que está fazendo aqui em Sydney?

– É uma longa história. – Suspirei. Dylan sorriu de canto e se sentou no capô de seu carro, chamando-me para sentar ao seu lado.

– Estou com tempo. - Ele respondeu, e eu não pude evitar sorrir de volta.

Sentei ao seu lado e comecei a contar tudo que havia acontecido. Desde a demissão de minha mãe em Londres a mudança para a casa de meu pai na Austrália. Minha madrasta e os gêmeos também. Mencionei meu motivo de querer ir a festa da Versalle e de ter perdido Harriet durante a noite.

– Foi a Maisie. Ela é minha governanta. Estava fazendo o jantar e passou mal. Pedi a Harriet para levá-la para casa. – Dylan contou. – Mas por quê os seguranças estavam atrás de você?

Pensei em dizer a verdade, mas aí o que Harriet me falou voltou a minha mente. Kimberly era a namorada de Dylan. Falar algo daquele tipo para o namorado dela? Ele provavelmente me chamaria de louca e não acreditaria em mim.

– Eu... Arrumei uma briga sem querer. – Dylan ergueu a sobrancelha. – A baranga bateu em mim e me chamou de cega. Aí eu disse "pois a ceguinha aqui vai te dar uma porrada nessa sua cara rebocada de maquiagem." – Inventei, e Dylan deu uma risada tão divertida que tive de rir também.

Ficamos conversando sobre nossas vidas por mais algumas horas, até que percebi que era realmente hora de ir para casa.

– Já está tarde. Meu pai deve estar preocupado. – Eu falei, vendo Dylan ficar cabisbaixo.

– Tem razão. – Ele levantou do capô, batendo a calça para tirar qualquer poeira. – Vem, vou te levar pra casa.

A viagem se passou rapidamente, quando Dylan parou na esquina de minha casa. Ele me olhou novamente com aquelas suas orbes verdes e eu senti, de novo naquela noite, minhas pernas ficarem bambas.

– Obrigada.

– Foi um prazer. – Ele respondeu, sendo galanteador. – Gostei muito de te ver, Chloe.

– Eu também, Dyl. – O Turner sorriu de orelha a orelha.

– Dyl, faz séculos que ninguém me chama assim sem ser a Lyn. – Ele admitiu. – Eu gosto.

Eu sorri fraco.

– Boa noite. – Deixei o carro e acenei para ele, que religou o motor e girou a chave.

– Te vejo na escola? – Eu assenti tímida e ele piscou o olho. – Nos vemos lá então, Chlô.

O carro saiu em disparada pela rua e eu fiquei alguns segundos ali parada feito um poste, lembrando de cada detalhe da minha noite e o mais importante, de ter visto Dylan Turner novamente.

Subi os batentes da porta de entrada nas pontas dos pés, evitando fazer o mínimo de barulho. Girei a chave na tranca e abri a porta devagar, com todo cuidado para que não rangesse. A sala estava escura, mas pude ver pela luz da rua a chave do carro de Laura no gancho e o casaco de Alyssa no cabide atrás da porta de entrada.

Caminhei nas pontas dos pés até a escada, quando o abajur próximo a poltrona se acendeu de repente, iluminando o rosto de um Griffin nada amigável.

– Onde você estava? – Ele perguntou, me interrogando.

– Que susto, garoto! – Respondi, com a mão no peito. – E, dá licença, eu não te devo explicações da minha vida.

– Eu vi você chegar em um carro de luxo. Aquele era o modelo da Versalle? O irmão do Devon Turner? – Griffin interrogou.

– Não é da sua conta!

– Como é mesmo o nome dele? Dylan?

– Não interessa, Griffin! – Rebati.

– Então aquele é o famoso Dylan Turner? – Griffin indagou com um certo sarcasmo na voz. – Eu não gosto dele, não gosto mesmo.

– Eu já disse que não é da sua conta. – Respondi, já irritada com aquela intromissão. Quem ele pensava que era? – Boa noite, Griffin. – Subi as escadas irritada, depois disso.

Subi ao meu quarto e coloquei meu pijama de bolinhas roxas. Amava aquela roupa. Liguei meu abajur retrô em cima de meu criado-mudo e me deitei para dormir, quando a porta foi aberta com força e Alyssa praticamente se jogou ao meu lado na cama.

– Meus olhos me enganaram, ou você chegou aqui no carro do Dylan Turner? – Deixaria para conversar com Alyssa mais seriamente sobre o que ouvi na festa quando seu modo tiete estivesse desativado, assim como meu modo sono.

– Sim. – Respondi simplesmente, me virando.

– Ah, você não vai dormir, vai me contar detalhe por detalhe de como foi isso. Minha meia irmã saindo com Dylan Turner? Se a Kimberly souber...

– Alyssa! – Eu a interrompi. – Não me interessa!

– Ah, mas isso vai, Chloe! – Ela garantiu. – Por que adivinha? – Alyssa quase gritou pela segunda vez depois que invadiu meu quarto, com um sorriso enorme no rosto. – Dylan Turner está na nossa sala!

Eu pisquei duas vezes.

– Como?

– Isso mesmo. A Melanie contou pra Yasmin que contou para a Diana que falou para a Gina que falou pra mim. Não é maravilhoso?

– É... claro. – Dei um longo bocejo.

– Ah, Madsen, não dá para falar com você com esse sono. Nos falamos amanhã. – Alyssa se levantou irritada (porque muito direito de estar irritada, sentiram a ironia?) e me deixou sozinha no quarto, finalmente podendo dormir.

No dia seguinte, acordei mais cedo que o resto da casa. O rock pesado de Griffin não estava tocando, sinal que ele ainda dormia, assim como a chapinha de Alyssa ainda estava na gaveta abaixo da pia do banheiro, denunciando que ela também ainda estava adormecida. Passei pelo quarto de meu pai e Laura e a vi dormir serenamente. Coitada. Devia estar exausta.

Desci as escadas escutando a voz de meu pai ao telefone. Ele parecia nervoso.

– Sue? Recebi sua mensagem agora. – Ouvi Walter falar ao telefone. Era minha mãe. – Como assim quer que Chloe volte para Londres?;

Parei no lugar, sem saber o que pensar além de uma única coisa.

De como a vida me detestava.





No próximo capítulo, em

Someone To Save You:

O quê? Estou normal. – Nathan era um péssimo mentiroso. Mentia tão mal quanto dirigia.

(...)

Não é nada, é que eu não dormi direito ontem a noite. – Ele confessou, ligando o liquidificador e escondendo sua própria voz no barulho. – É que eu conheci uma garota ontem, e não consigo tirar ela da cabeça...

(...)

Tudo bem, e como ela é?

Nathan parou pra pensar um pouco, com a mão no queixo. Instantes depois, ele estalou os dedos.

Ruiva! – Ele respondeu sorridente. – Ela é ruiva!

(...)

Queria saber se a Chloe está em casa. Ela está? – Perguntei, não entendendo o ódio na voz dele.

Não. Se manda daqui. – Ele ia bater a porta, mas uma mão o impediu.

Griffin! – Alyssa surgiu na entrada, abrindo a porta completamente desta vez, arregalando os olhos ao me ver ali. – Dylan! O-oi! O que faz aqui? Quer dizer, o que o traz aqui? Entra!

(...)

Por quê você não gosta de mim? – Perguntei de repente, surpreendendo a mim e a ele. – Eu nunca fiz nada pra você, e parece me odiar com todas as forças.

Porque vocês famosos são todos iguais, adoram se achar melhor que os outros, mas adivinham, vocês são iguais a todos. – Griffin me atacou.

(...)

Pera, eu estou começando a compreender. – Ele disse. – Está dizendo realmente o que está dizendo?

Sim, Nathan. – Eu respondi. – Eu vou te ajudar. – Fiz uma pausa, sentindo aquele vazio novamente, enquanto via meu amigo sorrir.

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