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By ErikaGrecy

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EM REVISÃO Anabete Moreira passou anos em um convento na cidade de Paris após a morte da mãe. Porém, volta ao... More

Projeto Brasil
Personagens
Capítulo II
Capítulo III
Capítulo IV
Capítulo V
Capítulo VI
Capítulo VII
Capítulo VIII
Capítulo IX
Capítulo X
Capítulo XI
Capítulo XII
Capítulo XIII
Capítulo XIV
Capítulo XV
Capítulo XVI
Capítulo XVII
Capítulo XVIII
Epílogo
Alice e Hugo
Celina e Maurício
Mariene e Arthur
Danilo e Elaine
Agradecimentos
Sobre a Autora

Capítulo I

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By ErikaGrecy

Brasil, 1833

A carruagem fazia o corpo de Anabete Moreira balançar conforme os solavancos que aquela estrada causava. O som dos cascos do cavalo comandado por um velho barbudo já estava causando incômodo aos ouvidos da moça e ela só conseguia pensar em descer dali e pôr os pés no chão. Dias de viagem a deixara enjoada - fadigada demais - e ficar em pé sobre uma superfície que não chacoalhasse era o que mais ansiava naquele momento.

Ela olhou pela janela para tentar distrair-se e viu a enorme propriedade à distância. Finalmente estava chegando ao seu destino; a longa viagem estava quase no fim e sua nova vida iria começar. Os anos que passara em um convento parisiense fizeram de Anabete uma jovem culta e prendada, mas ela nunca tivera convivido em meio a sociedade, nunca fora cortejada em bailes e como vinha de família pobre, o mais próximo que conseguiria chegar de um homem rico seria como sua empregada. 

Mas Anabete não se incomodava com isso. Estava feliz com todas as surpresas que o destino poderia lhe revelar.

Chegando a propriedade Hamilton, a carruagem parou e Anabete nem esperou que o dono do cavalo a ajudasse a descer, ela mesma abriu a porta e admirou a casa enorme. Quando suas botas tocaram as terras do Sr. Hamilton, Anabete deu um sorriso e ajeitou a saia do vestido cor de carmim. Mal podia esperar para ver o lugar pelo lado de dentro.

- Anabete! - seu pai, George Moreira, falou empolgado. - Anabete! - desceu a grande escadaria e foi ao encontro da filha.

Ela o abraçou enquanto sorria, então se afastou e admirou o uniforme que o homem rechonchudo usara. Ele tinha um par de luvas macias e brancas, as calças iam até depois dos joelhos, meias brancas cobriam o restante de suas pernas e o casaco era preto e comprido na parte de trás. Estava bastante pomposo.

- Papai, está parecendo o último rei da França. - Anabete tocou as ombreiras do homem.

- O mordomo dele, você quis dizer. - riu. - Vamos entrar, o Sr. Hamilton deseja vê-la para lhe passar as tarefas que vai exercer.

Anabete acompanhou o pai e carregou a pequena mala que trouxera consigo.

O hall de entrada estava fazendo de Anabete uma exploradora, ela jamais tivera visto tanta beleza investida em colunas e pinturas, móveis e escadas. Muitas escadas.

Seguiram então por um corredor longo e claro, com estátuas em branco e desenhos de flores nas paredes. E ela se perguntou para onde todas aquelas portas gigantes deveriam levar e se imaginou explorando cada lugar da propriedade. Isso encheu seu peito de ansiedade, sentia-se como uma criança realizada.

- É aqui. - o Sr. Moreira bateu três vezes na porta de madeira escura.

- Entre, por favor. - falou uma voz carregada de um sotaque britânico, porém monótona e abafada, e eles obedeceram.

- Com licença, Sr. Hamilton. - disse o mordomo curvando-se em respeito ao homem sentado atrás de uma mesa. - Quero apresentar-lhe minha filha, Anabete Moreira. Ela está aqui para as tarefas que forem necessárias.

- É um enorme prazer ser recebida em sua bela casa, Sr. Hamilton. - Anabete o cumprimentou abaixando o corpo elegante e calmamente. - Espero que possa vir a realizar tudo o que me for pedido.

- Realmente espero isso também. - Robert Hamilton ficou de pé e aprumou os ombros largos, juntando as mãos atrás das costas em seguida. - Seu pai já pode levá-la para seus aposentos e após se instalar, traga-me uma xícara de chá. É preferível que já comece suas tarefas para que possa se acostumar com tal trabalho. - ele andou pelo escritório. - Sei que estava em um convento, então deve ter muito o que aprender para trabalhar nesta casa.

Anabete não se permitiu abaixar a cabeça para não demonstrar o quanto achara aquilo uma ofensa. Muito pelo contrário, ela abriu a boca e disse:

- Garanto que não terá motivos para reclamar.

Ele a olhou nos olhos finalmente.

- Melhor assim. - voltou para sua cadeira atrás da mesa. - Agora tenho muito o que fazer.

- Sim, senhor. - o mordomo curvou-se mais uma vez e guiou a filha para fora do escritório. - Com licença.

Ele fechou a porta e quando já se encontravam sozinhos no largo corredor, Anabete sussurrou:

- Ele é sempre assim?

- Ora, céus! - o homem andou até uma porta que levava para uma parte dos fundos da casa. - Ele é inglês e rico, tem obrigação de ser como é. - riu.

Ambos passaram pela cozinha, onde outros empregados faziam seus afazeres, e chegaram aos quartos. O Sr. Moreira mostrou onde a filha iria ficar e ela deixou a pequena mala em um dos cantos do cômodo simples.

- Faça o que o Sr. Hamilton pediu. - disse seu pai. - Instale-se e vá lhe servir um chá. Seu uniforme já está no armário. - ele beijou a testa da moça e se preparou para sair.

- Papai?

Anabete o chamou e ele parou para ouvi-la.

- Senti saudades.

- Eu também, querida. - sorriu. - Eu também.

O Sr. Moreira saiu do quarto e Anabete jogou-se na cama que tornara-se sua. Ela desejava desesperadamente conseguir atender aos pedidos de Robert Hamilton.

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