Mariene e Arthur

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Brasil, 1857

Mariene estava convencida de que seria uma freira!

Desde que sua irmã mais velha, Alice, casara com Hugo, filho de Diana Borges, melhor amiga de sua mãe, a jovem Hamilton não se apaixonara por mais ninguém. Mas a quem queremos enganar? Não havia chances de Hugo e Mariene ficarem juntos, pois ela sempre soube que ele estava destinado a Alice, estava escrito.

- Não vou mandá-la para um convento, Mariene. - Robert, seu pai, tirou os olhos de um livro de contabilidade que estava sobre sua mesa no escritório da fábrida de perfumes.

- Papai, não estou pedindo sua permissão, tenho 20 anos, sou uma mulher adulta. - ela levantou o queixo. - Estou avisando que, no final do ano estou partindo para Paris, ficarei no mesmo convento em que mamãe ficou.

- Tire esta asneira da cabeça, Mariene... - Robert apertou o nariz na altura dos olhos - Você é linda, jovem, inteligente - se levantou e se aproximou dela. - Ainda vai fazer inúmeras viagens, vai a trilhões de bailes - segurou em seus ombros. - E vai conhecer alguém especial, que a ame e que a faça feliz. - sorriu para a filha e ela o abraçou.

- Ah, papai. - ela suspirou. - Eu não acho que exista alguém para mim. O amor é tão raro.

- Como sua mãe sempre diz, Mariene. - Robert a encarou. - O felizes para sempre existe para aqueles de bom coração. - deu um beijo em sua testa.

Ela sorriu e disse:

- Posso ir até a cidade antes de voltar para casa? Quero comprar vestidos!

- Tudo bem, pode ir. - Robert voltou para sua mesa. - Use minha carruagem. Está lá fora, vai levar a Sra. Pereira até a cidade para resolver uns assuntos da fábrica. Pode aproveitar a viagem.

A Sra. Pereira tinha seus 55 anos e trabalhava na fábrica como secretária do Sr. Hamilton. De vez em quando Mariene aproveitava as idas da Sra. Pereira a cidade para ir até as butiques e comprar vestidos

- Tudo bem, então. Pelo menos terei com quem conversar durante o caminho. - ela se virou para sair. - Até mais tarde, papai.

- Até, Mariene.

Saindo da grande fábrica de perfumes da família, Mariene colocou seu chapéu e o amarrou abaixo do queixo. Avistou a carruagem de seu pai a sua espera e desceu o lance de escadas. Chegando até o transporte, o cocheiro abriu a porta e a ajudou a subir.

- Obrigada, senhor. - ela agradeceu e se preparou para cumprimentar a Sra. Pereira que deveria estar sentada a sua frente. - Bom dia... - foi nesse momento que Mariene viu que, sentado onde deveria estar a secretária de seu pai, havia um rapaz.

A carruagem começou a sair do lugar.

Ele tinha os cabelos negros penteados para trás e um rosto marcante pelo máxilar quadrado. O cheiro de loção para barbear preenchia o ambiente da pequena carruagem e Mariene enguliu em seco.

- Perdoe-me... - ela começou. - mas acredito que deve estar havendo algum engano.

- Creio que não. - o rapaz sorriu. - A Sra. Pereira teve uma pequena emergência em casa e precisou ir embora. Como esses documentos precisam ser registrados hoje, ela me pediu pessoalmente para que eu os levasse até o cartório da cidade. - mostrou a papelada em suas mãos. - Ela me avisou que a filha do Sr. Hamilton viria.

- Ah, entendi. - Mariene estava desconfortável. - Mariene Hamilton. Muito prazer, senhor...?

- Moreti. - ele falou. - Arthur Moreti.

- Italiano?

- Meu avô era italiano.

- Hum...

Silêncioso e perturbador, era assim que Mariene definia aquele momento.

Qualquer Negócio ✓Where stories live. Discover now