Capítulo V

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No baile, Diana conhecera os irmãos Borges. Ambos eram atraentes e herdeiros de toda a fortuna da família, e isso mais do que nunca a animou extraordinariamente. Por isso a condessa de Montez armou um plano casamenteiro e convidou os dois jovens para um jogo de croquet que aconteceria no dia seguinte na propriedade do Sr. Hamilton.

- Ah, vovó eles virão mesmo? - Diana perguntou, enquanto penteava os cabelos já pronta para dormir.

- Claro que sim! - a velha respondeu, ríspida. - Estão loucos por você.

- Mas terei que escolher apenas um. Estou com muitas dúvidas. - Diana pensou por um momento. - Mas e o Sr. Hamilton? Eu deveria tentar agarrá-lo, não?

- Sim, mas se você não casa com um, casa com outro! - a condessa falou irritada antes de sair dos aposentos da neta e deixá-la a sós com Anabete.

A dama de companhia ficou em silêncio e engoliu em seco ao lembrar da condessa. Nunca tinha visto tanta hostilidade em uma pessoa só, aquela mulher com certeza era pior que o Sr. Hamilton.

- Amanhã será um dia interessante! - Diana foi para a cama. - Tente conquistar um dos Borges, Anabete. O mais velho disse-me que a achara bonita.

- Ele disse? - a jovem deitou em sua cama.

- Disse, sim, e tenho certeza que dirá de novo se usar seu charme.

Anabete riu.

- Acho melhor não. A condessa certamente não irá gostar de saber que estou de olho em um de seus pretendentes.

- Vovó não saberá de nada! - Diana soprou a vela em cima do criado-mudo ao seu lado. - Boa noite.

- Boa noite. - Anabete suspirou e enfiou a mão por debaixo do travesseiro, tocando a carta que quase lhe custara o emprego.

Ela ainda não havia conseguido se livrar dela.

~•~

O café da manhã não fora silencioso como o Sr. Hamilton gostava, pois Diana não ficava de boca fechada um só segundo, a condessa também tagarelava a todo momento e Gilberto ria de tudo como um asno. Além da presença dos Montez, os irmãos Borges trataram de chegar cedo e se deliciaram com a boa comida da casa. Anabete mastigava seu pedaço de pão quieta e educadamente, tentando não estressar ainda mais o patrão e lembrando do constrangimento da noite anterior quando ele quase vira a carta em seu decote que continuaria escondida debaixo de seu travesseiro até conseguir livrar-se dela.

Como dama de companhia, Anabete podia sentar à mesa e desfrutar das refeições, não precisando ficar de pé junto dos outros criados. Ela olhava para seu pai de vez em quando; o velho George Moreira servia ao Sr. Hamilton há anos e estava cansado pela idade. Anabete sentiu tristeza por estar tão confortável nos últimos dias enquanto seu pai trabalhava duro. Ela teve vontade de levantar e pedir para que ele ficasse em seu lugar.

Seria muito mais justo.

- E você, menina? - a voz da condessa chamou sua atenção.

- Perdão? - a olhou com dúvidas.

- De onde vem sua família? - a avó de Diana repetiu a pergunta que não fora escutada por Anabete.

- Minha mãe e meu pai nasceram aqui. - explicou ao mesmo tempo em que cortava um pedaço de bolo de seu prato com os talheres. - Meus avós faleceram antes mesmo de eu nascer e quando fiz quinze anos minha mãe ficou doente; pegou tuberculose e morreu dois anos depois. Meu pai tem uns primos na França e eles aceitaram ficar comigo. Me mudei para Paris e acabei ficando em um convento até que meu pai pediu que eu voltasse.

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