_ Você precisa fazer alguma coisa!- Jéssica exclamou irritada.- Ou eu farei alguma coisa!
_ Tudo que eu fizer agora poderá ser voltado contra mim. Não posso agir sem antes pensar, como.
_ Nada que uma boa surra não resolva.
Danilo murmurou.
_ Chega de violência.- Pedi.
Ele deu de ombros e relaxou o corpo no banco onde inicialmente me encontrava, agora ao lado de Lenon.
_ O que esse homem quer? O que você fez pra ele?- Daphine perguntou.
_ Ou não fez.- Sussurrou Lenon.
_ Nada, que eu saiba.- Afastei meus cabelos do rosto com as mãos.
Daphine olhou seu relógio de pulso.
_ Preciso ir pra aula agora, mas assim que você precisar de qualquer coisa, qualquer ajuda, me telefona.
A loira me abraçou de lado.
Apenas assenti com a cabeça.
_ Vamos, Jéss!
_ Ainda não terminamos isso aqui.- Jéssica apertou meu ombro.- Eu vou ficar de olho.
Ela piscou para mim e passou a percorrer o olhar por nossa volta.
_ Onde está Larissa?
_ A garota de cabelos castanhos? Saiu já faz um tempo.- Informou Danilo.
As meninas deram de ombro e se foram.
_ Quer continuar a conversa?
Danilo voltou a falar.
_ Não. Vão pras aulas de vocês, por favor.
Me sentei no meio dos rapazes sem me importar se era Lenon que estava do outro lado. Afinal, era provável que eles fizessem o que eu havia pedido.
_ Fica bem, Laura. Nos vemos mais tarde.- Danilo me beijou no rosto com muita intimidade.- Ah! Não tenho seu número!
Exclamou regressando.
_ Pegue o meu.- Tirou um papelzinho do bolso com seus dígitos já anotados. Me fazendo me perguntar se ele carregava papéis com seu telefone e distribuía pelo campus. Porém apenas agradeci.- Me liga!
E então Danilo saiu caminhando com tranquilidade e logo estava cercado de amigos, sumindo pelo gramado que logo estava pipocando de pessoas.
Então eu fechei os olhos e respirei fundo.
Finalmente so...
_ Laura.
Não, eu não estava sozinha. Apenas havia me esquecido da presença de Lenon. Mas ele ainda estava lá.
Como se tivesse se materializado do nada, com os olhos presos em meu rosto. E só então me dei conta da maneira assustada que o mirava.
Então virei a cabeça desviando o olhar.
_ Eu não queria ter agido como um idiota.
_ Você não fez nada.- Respondi de maneira rápida tentando encerrar o assunto que havia acabado de começar.
_ Me refiro a mais cedo.- Abri a boca mas logo fechei.- Eu estava te usando, você sabia disso.
_ Lenon...
_ Me deixe falar, porra!- Ele se levantou ficando à minha frente.- Por que isso, Laura? Por que me afastou? O que você tem com aquele cara? O que eu te fiz?
_ Nada!- Continuei sentada, me segurando firme no banco.- Não existe nada entre Steve e eu! Você não me fez nada! Eu não sei o motivo disso tudo, só precisava de um momento para focar em meus estudos. Estava perdendo meu objetivo, Lenon. E todos esses problemas não podem me impedir de retribuir da melhor forma, tudo que meus avós fizeram por mim.
_ Então você ainda me quer longe?
Ele abaixou o olhar.
Suspirei. Ele havia se mostrado um ótimo amigo, apesar de um pouco babaca. Mas não, eu não o queria longe.
Me levantei e o abracei apertado.
_ Não.- Ele supostamente já sabia a resposta, mas ainda assim precisava ouvir. Eu queria que ele soubesse que o queria por perto.
_ É errado eu dizer que te amo?
_ Tecnicamente, sim.- Respondi erguendo o olhar até seu rosto.- Você namora e eu...
_ Não dessa forma. Mas meu coração fica feliz com você por perto.
Repousou o queixo em minha cabeça.
_ Então, não. Também, é bom se sentir amado. Seja como for esse amor.
Senti seu rosto se ampliando em um sorriso.
Eu amava Lenon, assim como ele me amava. Era carinho. Fraternidade. Nossos corações jamais poderiam se pertencer. Ou seríamos ainda mais machucados.
Por melhor que fosse seu abraço, por mais aconchegante, ainda que nos encaixássemos.
Eu podia morar naquele abraço, mas ele não era meu lar.
---'--'-
Após as aulas da manhã, comi apenas uma barra de cereal e retornei para o período das aulas diurnas.
Ao anoitecer saí do prédio e caminhei em direção ao alojamento, uma garota uniformizada entregava folhetos na porta, peguei um e entrei e na fraternidade.
Felizmente, não havia ninguém me impedindo de me dirigir tranquilamente até meu quarto.
Entrei e havia um bilhete de Max em minha cama informando que passaria a noite fora.
Joguei seu bilhete na lixeira e li o folheto da garota na porta que dizia sobre uma recepção aos familiares na próxima semana.
_ Vocês virão?
Liguei para meus avós empolgada na mesma hora.
__ É difícil dizer, Laura. Mas tentaremos, sim?
_ Eu queria mesmo que viessem. Sinto falta de vocês.
__ Nós também meu bem, mas você entende que é difícil para nós, não entende?
_ Claro que sim, vovó.
Ouvi meu avô gritando por ela ao fundo.
__ Fica bem, Ok?
_ Vocês também.
Vovó me mandou beijos e logo desliguei.
Me joguei na poltrona de canto.
Ouvi uma batida na porta de meu quarto e me coloquei de pé assim que a mesma se abriu antes mesmo de eu autorizar.
A figura de Rachel se fez presente e ela adentrou o cômodo fechando a porta em seguida.
_ Como posso ajudar?
_ Quais são seus planos?
Levantei a sobrancelha.
_ Ainda não...
_ Não se faça de boba garota! Laura seu nome, não?
_ Acho que é como todos me chamam.
_ Steve está enlouquecendo, Lenon discute comigo por você! Muitos problemas começaram depois que veio parar aqui.- Rachel se aproximava.- Eu só fiz uma pergunta, quais são seus planos, diga de uma vez! Não vou perder pessoas que amo pra uma ninguém como você!
_ Eu não...
Antes mesmo que eu terminasse, a garota de cabelo vermelho vivo levou a mão de maneira pesada até meu rosto.
_ Você é uma vagabunda!
Ela quase gritou.
A empurrei e corri até a porta.
_ Eu não tenho ideia do que você está fazendo aqui e o porquê desta conversa. Você acha que pode simplesmente vir até meu quarto e me agredir?- Abri a porta.- Saia daqui!
A jovem riu fraco e caminhou até o lado externo, ainda na porta de meu quarto.
_ Eu sou a vice-presidente. Eu acho que posso fazer o que eu bem quiser. Já você...
Bati a porta e passei a chave.
Rachel Kim, permaneceu fazendo escândalo e dando socos durante alguns minutos, mas após gritar de maneira ensurdecedora pareceu se render e pude ouvir seus passos se afastando.
Eu não sairia do quarto. Estava decidido.
Tomei banho e vesti meu pijama. Cansada, me joguei na cama. A mesma vontade de ligar para John que me tomara algum tempo atrás, me invadiu novamente, mas decidi não me humilhar dessa vez.
Então fechei os olhos e dormi.
Era o melhor a se fazer.
_@_
Nossa que capítulo mais curtooo!
Mas o importante é que aqui estamos e continuaremos! Vou tentar liberar alguma coisa até amanhã, se eu conseguir e me satisfazer, sai hoje, mas sem promessas.
Obrigada por ler até aqui!
Beijos da Crazy.