Zara estava furiosa, não acreditara que o próprio amigo tinha deixado a sereia ficar na embarcação. Ela conhecia várias lendas, inclusive daquela mulher que quase levava Dill as profundezas, ela estava com medo do que podia acontecer com os tripulantes. Jeff ela descartara já que ela concluiu que ele estava sobre o feitiço dela.
A sereia andava de um lado para o outro, curiosa, sempre perguntava o nome dos objetos e Jeff fazia questão de dize-las.
- Isso? - Apontou.
- É a vela.
- Para que serve?
E ele respondia todas suas perguntas.
Ela corre.
- Serena sabe. É pegador de peixes, pega os filhos do mar.
Ele ri.
- Está meio certa, mas isto não se chama assim.
- Como chama?
- Se chama rede. E serve para pegar os filhos do mar como você disse.
Dill observa tudo de longe, acreditou que ele esteja enfeitiçado que nem Zara havia lhe falado. E de acordo com o que ela disse, se coloca-la de volta ao mar, ele se jogará para ficar junto a sua amada.
Ele tem que arrumar um jeito de desgrudar os dois para que Jeff não sofra com sua partida e para isso, pede ajuda a Zara.
- O que podemos fazer?
- Que tal você o seduzir.
- Tomaste teu rum hoje? Eu, seduzir o Jeff? - Ela ri. - Isto nunca.
- Deixa de ser cabeça dura. É só para que ela veja e vá embora.
- Tudo bem mas antes, me embebede.
- Com todo prazer. - Ele ri.
》》》
Anoiteceu e o mar estava calmo. Havia festa dentro da navegação, homens festejando, bebendo e contando lendas de piratas que só eles sabiam contar. Jeff e a sereia estava em um canto, ela perguntava histórias do mar e ele sempre falava tudo o que sabia sobre a imensidão que estava abaixo de seus pés.
Zara chegou e todos os homens a olhavam espantados, ela trajava um vestido, coisa que era raro, pois ali, cercada de homens ela se sentia bem com as calças e acessórios masculinos. Era um vestido de sua amiga, que era nada mais nada menos do que a falecida irmã do Dill. Morgana.
- Você me paga. - Falou para Dill que acenou.
Jeff olhou diversas vezes para Zara que por sua vez, soltou um sorriso de vitória. Ela não estava totalmente embriagada, mas estava bêbada ao bastante para fazer a tal loucura.
Aproximou-se da mesa do casal e sentou-se sem ser convidada. Puxou a barra do vestido para deixar sua coxa direita a mostra. Jeff estava se segurando para não olhar, mas fracassou, pois Zara havia iniciado uma conversa com a sereia.
- O que estão conversando?
- Eu e Serena estavam os falando do mar. - Diz ele, um pouco desconcertado.
- Interessante, mas falando de que especificamente?
- Polvos gigantes. - Serena falou com entusiasmo.
- Incrível, eles são maravilhosos de longe, mas de perto, são demônios marinhos.
- Porque fala isso? - Serena pergunta curiosa.
- Ela nunca vira um polvo gigante Zara. - Conclui Jeff.
- Uma sereia que nunca viu um polvo gigante, irônico não? - Ela ri. - Sorte a sua, pois se viste um, fugiria.
- Eles são maus? - Pergunta.
- Muito. Eles caçam às navegações até que elas estejam no fundo do mar.
Serena sequer pisca o olho.
- Dei-me licença, vou respirar um pouco lá fora. - Jeff disse.
Zara assente e ele sai.
Ela fica conversando um pouco com a sereia que não parece estar entediada. Pede licença, e sai a procura de Jeff. Agora, a segunda parte do plano era fazer com que Serena pegasse os dois no flagra. Zara visualizou Jeff num canto, ele percebeu que alguém aproximava e vira instantaneamente. Era visível o olhar que ele tinha em Zara.
Um olhar selvagem.
Um olhar possessivo.
Um olhar de desejo.
Ela continuava a se aproximar e seu sorriso ficava cada vez mais largo, Jeff não podia controlar a vontade de agarra-la e faze-la sua por esta noite. Chegando ao seu lado, ele puxou-a para si e depositou nela um beijo de perder o ar. Porém, de uma forma repentina, seus músculos petrificaram ao perceber que Serena os olhava com curiosidade.
Zara comemorou.
O plano deu certo, a sereia viu e ficou tão decepcionada que desapareceu nas águas do mar. Pensou Zara.
Mas estava totalmente enganada.
- O que fazem?
Jeff iria responder mas Zara se adiantou:
- Estávamos nos beijando.
- Beijando. - Repetiu a sereia - Para que serve?
- Serve para demonstrar o que sente para pessoa que gosta.
Jeff se endureceu. Zara o amava?
- Então se beija ele é porque gosta?
Zara engoliu seco.
- Sim.
- E o que é gosta?
- Gostar é quando você quer que a pessoa fique bem, mesmo que para isso você tenha que ir embora, para sempre. É quando você não consegue viver sem olhar para o seu amado. É quando não para de pensar nele. - Zara fala pensando no seu verdadeiro amor que foi embora antes que percebesse.
Serena olhou para os dois por alguns instante e correu para dentro da navegação, deixando assim, Zara e Jeff a sós.
Ela corria quase que desesperada, parecia procurar por algo. Finalmente achou o que encontrava.
Abriu a porta da cabine e pulou em cima de Dill que teve um belo de um susto. Ele não fazia a menor ideia do que ela estava fazendo em seu colo. Abriu a boca para perguntar mas sua boca logo foi colada pelo de Serena.
Ela lhe roubara um beijo.
E como o beijo era bom. Aquela criatura tinha um beijo dos deuses. Pensou Dill.
Quando se deu por si, ele estava correspondendo ao beijo, a puxando para si desesperadamente.
Ora, como era esperado. Passou tanto tempo ao mar que estava quase para não suportar mais. Era uma coisa torturadora para Dill, logo ele, que era um "campeão" no assunto mulheres.
Mas ela é uma sereia. Seu subconsciente pensou por ele. Mas ele sequer a soltou de seu abraço. Era tão bom sentir um corpo feminino, mesmo que fosse de uma sereia.
Uma sereia que estava em corpo de humana.
Ela soltou-se de seus braços e saiu do seu colo. Ele por sua vez não acreditou no que havia acontecido, ele não acreditava que correspondeu ao beijo de uma sereia.
Isso era um absurdo.
Porém não tinha como esquecer o beijo daquela criatura,
Era tão profundo,
Doce,
Inesquecível.
Era um beijo avassalador que encheu com algo dentro de si.
Será que estava ficando enfeitiçado? Pensou.
Impossível.
Para Dill, ela já estaria fora de sua embarcação. Ou a mataria se fosse para vingar-se, mas nada adiantaria, ele queria a mulher que fez todos os seus pesadelos vir a tona.
Pinopia.
E ele fazia questão de dizer:
"Eu irei encontra-la e ter minha vingança coberta em sangue".
Aquilo era uma promessa.
E uma promessa de Dill sempre era cumprida.